(republicaçÃO)
Em 24/06/2016 o Respeitável Irmão Igor Diehl Porto, Loja Obreiros da Pedra, 118, GLRGS, Oriente de Canoas, Estado do Rio Grande do Sul, solicita a seguinte informação: igordp@beckerediehlporto.com.br
Procurei na literatura, inclusive em suas respostas algo acerca do sinal de socorro do Mestre Maçom, mas encontrei pouca literatura. O Irmão poderia informar qual a origem de tal sinal e sua exegese?
CONSIDERAÇÕES:
Sinais Maçônicos têm sido na Moderna Maçonaria tratada como um segredo inviolável para o Maçom, até porque um não iniciado de posse do seu conhecimento poderia ter acesso aos trabalhos maçônicos que são passíveis de cobertura.
A origem dos Sinais maçônicos está no período do Ofício quando as guildas de construtores medievais da pedra calcária, precursoras da Francomaçonaria, os seus membros eram instruídos com métodos de reconhecimento, já que, sob a proteção da Igreja-Estado da época, os artífices podiam se deslocar livremente para a contratação e execução de obras. Em síntese, um obreiro regular de uma guilda de construtores de posse de Sinais, Toques e Palavras podia ser reconhecido sem ter que passar horas e horas no desbaste de uma pedra para provar a sua habilidade.
É verdade, porém, que havia na época uma enorme quantidade de Sinais, o que pode ser averiguado através dos Manuscritos – conhecidos como Antigas Obrigações – e também nas revelações contidas nas obras espúrias, a exemplo do Masonry Dissected de Samuel Prichard datado de 1.730.
Não raras vezes, as confrarias de construtores possuíam suas particularidades regionais, de tal modo que muitos dos Sinais se diferenciavam entre uns e outros, embora na sua grande maioria sempre estivessem nos seus movimentos relacionados aos instrumentos do ofício (Esquadro, Nível e Prumo).
Assim, ao longo dos anos, muitos procedimentos acabaram por se perder e outros evoluíram junto com a Ordem, desde o seu período Operativo (de Ofício), ao Especulativo e por fim na Moderna Maçonaria, sendo que nessa última, os Ritos absorveram e qualificaram os Sinais de acordo com a quantidade dos seus Graus.
Na questão prática e genérica, os Sinais de reconhecimento sempre foram pautados pela discrição, de modo que não pudessem ser facilmente percebidos e interpretados pelos Cowans. O termo Cowan se deriva de um dialeto no norte da Escócia e significa “aquele que constrói muros de pedra sem argamassa” e se refere ao construtor picareta, sem qualificação, já que sem o cimento para ligar o assentamento, as pedras só empilhadas simplesmente se constituem numa parede frágil e sujeita à fácil destruição – em tese, na atual Maçonaria seriam os não iniciados (profanos).
À bem da verdade, os Sinais sempre fizeram parte dos segredos da arte de construir na Sublime Instituição e alguns deles, além do reconhecimento pessoal, serviam também para pedir ajuda nas necessidades prementes, sobretudo quando um membro do ofício estivesse em perigo e precisasse ser conduzido a porto de salvamento.
Assim o Sinal de Socorro também foi muito utilizado pelos integrantes da Ordem nas conquistas sociais, sobretudo nos movimentos libertários que envolviam vez por outra escaramuças armadas e sentenças de morte – vale a pena conferir que não raras vezes maçons estiveram presentes em ambos os lados da contenda, a exemplo do que aconteceu na Revolução Francesa.
Atualmente, conservando também a tradição iniciática, a Maçonaria adota os Sinais, Toques e Palavras de reconhecimento como prática haurida dos nossos ancestrais operativos. Nesse interim, muitos Ritos mantém a prática de ensinar aos seus membros que alcançaram a plenitude maçônica (Grau de Mestre) um Sinal que serve para pedir ajuda numa real necessidade. No caso do REAA∴ temos um gesto dos mais tradicionais (além da sua variação), cuja postura e forma de proceder envolvem discrição e atenção, já que o maçom que pede ajuda, também deve estar atento e pronto ao perceber pedido de socorro de um Irmão necessitado.
No que diz respeito à interpretação do Sinal de Socorro no REAA∴, bem como a sua variação (S∴, C∴ e J∴, ambos são hauridos da Lenda do Terceiro Grau e de uma antiga lenda noaquita (Noé e seus três filhos). À bem da verdade essa relação está na alegoria da Natureza e a morte do Sol que deixa a mãe Terra viúva uma vez por ano (a m∴ oo∴ ff∴ da v∴). É uma relação deísta e iniciática que sugere um Sinal de Aflição que é dado em caso de perigo de morte.
Conforme Allec Mellor in Dictionaire des Franc-Maçons et de La Franc-Maçonnerie, muitos autores citam casos em que maçons puderam salvar suas vidas desta forma diante do inimigo ou de uma insurreição.
Quanto a sua exegese, o Sinal de Socorro denota simbolicamente um gesto de pavor e desespero diante de uma situação.
Concluindo, remeto-o a uma competente Peça de Arquitetura de autoria do Respeitável Irmão Hercule Spoladore com o título de “Sinais Maçônicos Antigos”, cujo escrito segue anexo para auxiliá-lo na compreensão do fato.
T.F.A.
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 2.323– Florianópolis (SC), quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017
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