Ir∴ José Castellani (Maçom e
Escritor)
Os três graus da Maçonaria
Simbólica simbolizam a senda iniciática, quando o candidato, vindo das trevas do
Ocidente, caminha, como iniciado, em direção à Luz do Oriente.
A luz, nesse caso, não é aquela
originária de corpos materiais, mas, sim, a Luz da Ciência, do Progresso, do
conhecimento, simbolizada pelo Sol, o Apolo dos gregos, Mitra dos persas, Rá
dos egípcios, a fonte da vida e a causa dos principais mitos religiosos da
antiguidade.
Como Aprendiz, o iniciado
dedica-se ao desbastamento da pedra informe, da pedra bruta, que é um trabalho
material.
Como Companheiro, já lhe cabe um
trabalho intelectual, para a concretização da pedra cúbica, como elemento
fundamental das construções.
E, finalmente, como Mestre Maçom,
cabe-lhe o trabalho espiritual, determinado, claramente, na sua
missão de espalhar a Luz, de reunir o que está disperso, de partir do
simples para o composto, da causa para o efeito, do princípio para as
conseqüências.
Consagrado à firmeza de caráter e
à moral intransigente, o grau de Mestre Maçom deve libertar o iniciado
das paixões, dos preconceitos e das convenções sociais, para que
possa, com plena consciência do seu dever, pesquisar e ir à procura da
Verdade.
Morrendo, simbolicamente, para os
vícios, para os erros e para as fraquezas humanas, o Mestre renasce com o
espírito limpo e puro, no Amor, que lhe dá energia, na Virtude, que
engrandece, e na Verdade, que dignifica, para que possa, cumprindo o seu dever de
iniciado, que conheceu a Verdadeira Luz, dar o seu quinhão de trabalho pela
evolução da Humanidade.
Todas as lições embutidas na
ritualística da exaltação ao grau de Mestre, convergem para um ponto comum,
através de uma lenda, que mostra o milagre da ressurreição, como o Sol, que
renasce, todos os dias, no Oriente, e como os vegetais, que, em seu ciclo
eterno e imutável, renascem anualmente, das cinzas de sua morte anual.
Os três graus simbólicos, comuns
a todos os ritos, representam, na realidade, a essência total de
toda a doutrina maçônica.
Síntese do universo maçônico,
eles mostram a evolução racional da espécie humana, ou seja: intuição
(Aprendiz), análise (Companheiro) e síntese (Mestre).
O Aprendiz, ainda inexperiente, embora
guiado por seus Mestres, realiza seu trabalho de forma empírica,
através apenas da intuição, representando o alvorecer das civilizações,
marcadas pelo empirismo.
O Companheiro, já tendo um método
de trabalho analítico e ordenado, simboliza uma fase mais avançada
da evolução da mente humana.
E o Mestre, juntando, através da
síntese, tudo o que está disperso, para a conclusão final da obra,
representa o caminho derradeiro da mente, na busca da perfeição.
O maçom, ao atingir o grau de
Mestre, deverá possuir, já, a plenitude do conhecimento iniciático moral,
social e metafísico, necessário e pertinente aos objetivos da Ordem maçônica,
restando-lhe, então, o trabalho, sempre constante, na busca da perfeição,
nunca atingida, mas sempre buscada, pois
ela é o estímulo onipresente, na
vida do ser humano.
Terá, então, o Mestre, a
humildade de prostrar-se perante os grandes mistérios da vida e os
insondáveis escaninhos da Natureza, despojando-se de todas as vaidades, incluindo-se,
entre elas, a busca da ascensão, a qualquer custo, numa escala, que, quase
nunca reflete um conhecimento apreciável e um desejável mérito pessoal.
Deverá, o Mestre, lembrar-se,
sempre, que a verdadeira beleza é a interior, mesmo que o exterior não seja
coruscante e não brilhe em faíscas de ouro e prata, pois o maçom, o verdadeiro
maçom, o maçom integral, é um Mestre pelas suas qualidades mentais e
espirituais e não por sua posição na escala, ou por seus brilhantes paramentos e
condecorações.
O hábito não faz o monge, diz a
velha sabedoria popular.
E se pode, até, acrescentar que
um muar ajaezado de ouro e prata nunca poderá ser confundido com um
cavalo de alta linhagem.
Nas Lojas simbólicas, verdadeira
e única essência da Maçonaria universal, o iniciado percorre um longo
caminho desde as trevas do Ocidente até à Luz do Oriente, tendo o seu lugar de
acordo com as suas aptidões e a sua ascensão de acordo com os seus méritos,
concretizando as sábias lições da lenda do terceiro grau.
Ele terá o seu aumento de salário
depois de um certo tempo de aprendizado e mediante a apresentação de
trabalhos, que permitam aquilatar a sua evolução mental e cultural.
A sua ascensão não deverá, nunca,
ser devida a favores pessoais, a apadrinhamentos, a rapapés
bajulatórios, ou ao poder corruptor dos metais, expedientes, esses, tão comuns na
sociedade profana, mas excluídos, pelo menos em suas leis, da verdadeira
Maçonaria, desde os seus primórdios, nos velhos tempos em que só existiam
Aprendizes e Companheiros, usando um simples avental de couro, símbolo
humilde do trabalho, sem as riquezas flamejantes de uma nababesca
farrambamba.
Fonte: JBNews - Informativo nº 068 - 07/11/2010
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