Irmão Luis Mario Luchetta (Or∴ de Curitiba, Paraná)
Publicado na revista A Trolha, no 231, janeiro de 2006
01 – A Ordem Maçônica
A Ordem é, hoje, o que seus
membros são hoje!
A crise reside em cada um dos
membros.
A Ordem não entra em crise, já é
ordenada por natureza.
02 – a Maçonaria não é...
Democracia – É um sistema
hierarquizado, onde todos se comprometem a subir todos os degraus possíveis da
perfeição simbólica, espiritual e moral;
Sistema de Fé – É um sistema de
atitudes e comportamento. Há que se ter cuidado para não cair em contradições;
Sistema Filosófico – É mais uma
escola de filosofar em que todos buscam perfeição, ecletismo e melhoras gerais;
Escola de Psicologia – Permite
que o Obreiro conheça a si mesmo e modifique sua conduta inadequada;
Metafísica – Dado que a doutrina
e o simbolismo apontam para reflexões sistemáticas e objetivas.
03 – O Começo é Difícil
Os primeiros passos no caminho da
sabedoria são os mais estafantes, porque nossas almas fracas e teimosas
detestam o esforço e o desconhecido, sem a garantia completa da recompensa. Á
medida que progredimos nossa decisão se fortalece e o aprimoramento pessoal
torna-se progressivamente mais fácil. Aos poucos passa a ser até difícil deixar
de fazer o que melhor para nós.
O compromisso firme e, ao mesmo
tempo paciente, de remover as crenças nocivas de nossas almas confere-nos,
pouco a pouco, a habilidade de ver com mais clareza, através de nossos frágeis
temores, nossa desorientação nas questões amorosas e nossa falta de
autocontrole. Paramos de nos esforçar para impressionar os outros. Um belo dia
percebemos com satisfação que não estamos mais representando para platéia
alguma.
04 – Depende Exclusivamente de
Cada Irmão.
Ninguém ensina Maçonaria para
ninguém.
Isso ocorre em qualquer escola
Iniciática, aonde cumpre ao Recipiendário praticar a Ritualística (munido do
Ritual), absorver cada palavra e cada símbolo e, vivenciá-lo na sua existência.
À medida que pratica e vivencia o
ritual, o homem incorpora-se no símbolo e integra-se ao mito.
O mito rememora os feitos
virtuosos e o rito os celebra, repetindo-se periodicamente.
Dizer que não nada há de
substancial na repetição do rito é rejeitar uma verdade subterrânea que tem
contribuído secularmente para o aperfeiçoamento da humanidade.
O neófito que não encontra nada é
porque não encontrou muita coisa em relação ao que buscava com os olhos
profanos.
A Maçonaria só pode oferecer
ferramentas, utensílios e trabalho.
Como a Ordem não é feita à altura
das fantasias, ilusões e quimeras do candidato, não pode oferecer mudança
imediata e renovação súbita de sua personalidade. O que está posto é um caminho
árduo de auto-percepção.
A Maçonaria quer dar ao Obreiro
de hoje, tal como fez para aquele de ontem, os utensílios que lhe permitam
encontrar sua verdade e sua liberdade individuais.
A iniciação permite o ingresso
nesse caminho, mas toca a cada um trilhar. Só com esforço, empenho próprio,
paciência, tolerância e vontade é que se passa da iniciação fictícia e
teatralizada para a iniciação real, aquela que transforma a promessa em
realidade, a esperança em certeza e um caminho de conhecimento ritualístico em
caminho de vida.
Pitágoras, ao constatar que não
havia nada de assombroso no templo de sua iniciação, ao invés de decepcionar-se,
verificou que não havia nada em si mesmo, apenas desejos e ilusões. Ai
então começou o seu caminho para a sabedoria. O Irmão que chega neste ponto já é
um maçom.
05 – Cuidados a Tomar.
Ausência de trabalhos sobre
simbologia, lendas, mitos e ritualística.
Descumprir interstícios e
formação típica de graus.
Dar “asilo político” a Irmão. (Há
sempre alguém querendo que a Loja interfira a seu favor).
O mundo profano ignora os graus e
o nível de conhecimento do irmão. Portanto, maçom é maçom, logo, a postura,
comportamento e respeito devem estar sempre presentes.
A missão do obreiro é lapidar a P∴ B∴
A Oficina trabalha em um tempo
simbólico; é atemporal.
A Oficina trabalha em um espaço
sagrado; é não espacial.
Isso tudo implica: ritualística,
liturgia, símbolos; a ordem fundamenta-se na experiência iniciática, que requer
reflexão e vivência comuns.
06 – Lema do Maçom:
Liberdade: coloca o homem numa
posição do querer e do poder.
Igualdade: infunde no homem a
obrigação de respeitar seu semelhante, seja ele quem for.
Fraternidade: dá ao homem uma
maneira certa de cultivar o amor.
07 – Depoimentos
A) Voltaire: "A Maçonaria é
a entidade mais sublime que conheci. É uma instituição fraternal, em que se
ingressa para dar e que procura os meios de fazer o bem, exercitar a
beneficência.”
B) Albert Eyler, (Grão Mestre da
Pensilvânia): "A maior necessidade do mundo é de homens. Homens que não
podem ser comprados nem vendidos. Homens honestos no mais intimo de seus
corações. Homens que não temem chamar o pecado por seu nome. Homens cuja
consciência é tão fiel ao dever como a agulha magnética do pólo. Homens que
fiquem com o direito embora o céu caia. E o objetivo de uma Loja Maçônica é
criar homens.
08 – Privacidade
O pensamento científico não nos
permite sonhar, mas o homem sabe se exaltar, sabe se embriagar ao contato dos
coloridos suntuosos e com o perfume das flores, com a complexidade da pedra,
com essas lufadas de amor que emanam de toda essa natureza com a qual
convivemos e cujas profundas leis permanecem desconhecidas para nós. A
Maçonaria comunica esse impulso do coração, ela pede também ao homem que se
analise, que se busque interiormente. Ela quer que cada um conserve o seu
particularismo, que saiba continuar a ser ele mesmo, sabendo também se integrar
entre os outros. Cada um deve poder se realizar por si mesmo, com a ajuda
daqueles a quem se associa. Existe então uma troca contínua entre os Irmãos, um
impulso de amor. Daí nasce essa enorme corrente de fraternidade, que não escapa
à concepção religiosa do humano.
09 – Quando um Homem é Maçom?
Quando pode olhar por sobre os
rios, os morros e o distante horizonte com um profundo sentimento de sua
própria pequenez no vasto panorama das coisas que o rodeiam e, assim mesmo,
ainda conservar a fé, a coragem e a esperança – que são as raízes de toda
virtude.
Quando sabe simpatizar com os
homens em suas tristezas, sim, mesmo em seus pecados, sabendo que cada homem
luta duramente contra muitos óbices em seu caminho.
Quando sabe que, no fundo de seu
coração, todo homem é nobre, tão vil, tão divino e tão solitário como ele mesmo, e
procura conhecer, perdoar e amar seu semelhante.
Quando aprendeu como fazer amigos
e conservá-los, e sobretudo, como conservar seu próprio amigo...
Quando nenhuma voz de desespero
atinge seus ouvidos em vão e nenhuma mão procura sua ajuda sem obter resposta.
Quando achar um bem em toda fé
que ajuda qualquer homem a ver as coisas divinas e a perceber significações
majestosas na vida, qualquer que seja o nome desta crença.
Quando conserva a fé em si mesmo,
em seus companheiros, em seus irmãos, em seu Deus, em sua mão uma espada contra
o mal, satisfeito em viver, mas não temendo morrer.
Tal homem encontrou o único real
segredo da maçonaria, aquele que ela procura transmitir ao mundo inteiro.
(citação de Joseph F. Newton)
10 – Sigilo
É incontestavelmente, o sigilo, a
pedra de toque inestimável que dá com segurança o caráter do Maçom. Não que o
sigilo seja sempre necessário pela natureza dos assuntos tratados em Loja, mas
porque habitua o Maçom à circunspeção, corrige a leviandade e a tagarelice.
Pitágoras exigia dos postulantes longos mutismos, de anos, por vezes. Era
maneira de corrigir o pendor natural das palavras irrefletidas. Pensar com
segurança, meditar com paciência, julgar com imparcialidade, agir com firmeza,
são preciosas qualidades que todo Maçom se esforçará em adquirir,
infatigavelmente. As recompensas não existem para o Maçom, trabalha por um
grato e salutar dever consciente, não pede aplausos, não almeja agradecimentos.
Suas ações generosas, esquece-as, não as proclama. O ato de beneficência fica
entre o que dá e o que recebe. Sabe o Maçom que ficará ignorado. O bem não é
vaidade, é o móvel de suas ações. Guardar sigilo é poupar ao indigente o rubor
da esmola, é merecer para a Ordem a confiança e as bênçãos das vitimas do
infortúnio. Sigilo é também um degrau de honra. (ensinamento de Dario Velozzo)
11 – Significado de Ser Mestre
Maçom
Ser Mestre Maçom significa ser
Mestre em si mesmo, trabalhar com inteligência e força de vontade em si mesmo,
no seu próprio aperfeiçoamento, tendo sempre em mente o fato de que nada mais
somos do que simples aprendizes do Grande Mistério, mesmo que nos denominemos
mestre.
Ser Mestre é aceitar que não nos
pertencemos, mas à coletividade, e que por isso mesmo sua inteligência e sua
vontade devem estar sempre a serviço dessa coletividade.
Ser Mestre é acender luzes pelo
caminho por que passa, luzes de amizade e sabedoria, de bondade e justiça, de
harmonia e compreensão, de solidariedade e fraternidade.
Ser Mestre é aceitar um conselho,
para ser ajudado. É retribuir com ternura aos que o odeiam.
Ser Mestre é ser perfeito nas
mínimas realizações. (ensinamento de Manoel Gomes).
Bibliografia:
BAYARD, Jean Pierre. A
Espiritualidade da Maçonaria. São Paulo: Madras.
GOMES, Manoel. Manoel do Mestre
Maçom. Lunardelli.
GUIMARÃES, João Francisco.
Maçonaria e Filosofia do conhecimento. São Paulo-Madras.
RODRIGUES, Raimundo.
Sutilezas da Arte Real. Londrina-PR. A TROLHA.
Fonte: JBNews - Informativo nº 0066 - 05/11/2010
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