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PERGUNTAS & RESPOSTAS

O “Perguntas & Respostas” que durante anos foi publicado no JB News e aqui reproduzido, está agora no “Blog do Pedro Juk” . Para visita-lo ou tirar suas dúvidas clique http://pedro-juk.webnode.com/ ou http://pedro-juk.blogspot.com.br

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

O QUE ESPERAR PARA A MAÇONARIA BRASILEIRA NO SÉC XXI?

The Ancient Days
William Blake
2019

O QUE ESPERAR PARA A MAÇONARIA BRASILEIRA NO SÉC XXI?
Contribuição do Ir.’. Antônio Juliano Breyner *

A maçonaria no Brasil desde o seu início documentado em 1822 quando a obediência denominada GRANDE ORIENTE DO BRASIL se estabeleceu, caminhou tortuosamente, principalmente não por condições próprias, mas esse caminho foi obstaculizado principalmente por aqueles que a esse grupo de homens de preto faziam oposição, atacando a ordem de várias formas e dentre esses grupos, seguindo orientação dos superiores certamente estavam os membros do clero apostólico romano. Não podemos duvidar das dificuldades que a Ordem Maçônica deve ter sofrido por ataques daqueles que dominavam todos os setores da educação e tinham supremacia sobre os governantes. Apesar disso os bravos irmãos fundadores das Lojas caminhavam, em sua maioria tendo sido suas participações na Sublime Ordem veladas pela discrição e mesmo pelo secretismo da participação, isto porque, as perseguições eram muitas e podiam alcançar os familiares, mesmo assim entre “trovoadas e relâmpagos de bulas e declarações verbais dos oponentes a esse grupo de homens de preto” as Lojas caminhavam e, a história é testemunha por períodos de suspensão do direito de reunir, lembremo-nos da determinação de suspensão das reuniões por Dom Pedro e posteriormente e mais recentemente a suspensão das reuniões por ordem do ditador Getúlio Vargas. Mesmo com todos os obstáculos e percalços bravamente os irmãos continuaram a jornada e convictos da oportunidade de tornarem homens de bem, melhores ainda.

Apesar de todos os percalços e acusações de diversos matizes contra a maçonaria como sociedade, inicia-se os próprios conflitos internos, cisões dentro da própria ordem, cisões baseadas em rompimento de princípios que os próprios obreiros defendiam em seus discursos e regiam os regulamentos e asseguravam as Leis da Ordem Maçônica. Despojados da tolerância, do respeito para outrem, quebra de solenes juramentos, inúmeras acusações, rompe-se o já atacado e frágil alinhamento de princípios e em 1927 ocorre a grande primeira cisão na OBEDIÊNCIA do GRANDE ORIENTE DO BRASIL. Esta cisão da origem a outra OBEDIÊNCIA em solo brasileiro, constituem as GRANDES LOJAS. Agora sim, os adversários e detratores da ORDEM MAÇÔNICA tinham munição para torpedear as colunas da MAÇONARIA, já que os que formam e dão sustentação a essas colunas, eles mesmos, com suas próprias atitudes, com suas próprias vaidades e egocentrismos aflorados, estavam por dilapidar as estruturas, fragilizando ainda mais a já bombardeada Ordem Maçônica.

As distancias entre as obediências agora regulares eram nítidas, acusações e desmoralização de ambos os lados ocorriam, fogo “amigo” intenso faziam jubilar os detratores de oficio. E nesse quadro já tão ruim para a Ordem, em 1973 ocorre a segunda grande cisão no seio do já ferido GRANDE ORIENTE DO BRASIL, por questões políticas, por vaidades, por egocentrismo, por ganância pelo poder, GRANDES ORIENTES ESTADUAIS rompem com a OBEDIÊNCIA DO GRANDE ORIENTE DO BRASIL e formam a COMAB (Colégio Maçônico Brasileiro). Mais um golpe profundo na maçonaria brasileira. Agora não tínhamos mais duas obediências e sim três obediências regulares. Então o século XX foi duramente marcado no Brasil, em relação a Ordem maçônica, pela dissensão.

Inicia-se o século XXI e esperávamos que a paz reinasse entre as administrações da OBEDIENCIAS REGULARES DA MAÇONARIA BRASILEIRA, que acordos de intervisitação e tratados de “respeito mútuo” seriam proporcionados aos obreiros, ledo engano, em 15 de agosto de 2014 a administração federal do GRANDE ORIENTE DO BRASIL proíbe a intervisitação entre os obreiros do GRANDE ORIENTE DO BRASIL e LOJAS jurisdicionadas a OBEDICIENCIAS não listados no List of Lodges, com isso ficam os obreiros pertencentes aos GRANDES ORIENTES ESTADUAIS filiados a COMAB impedidos de ingressarem nos templos das LOJAS filiadas e jurisdicionadas ao GRANDE ORIENTE DO BRASIL. Posteriormente ocorre a terceira grande cisão dentro do GRANDE ORIENTE DO BRASIL, novamente problemas em eleições para o GRANDE ORIENTE DO BRASIL na esfera FEDERAL e o GRANDE ORIENTE DE PERNAMBUCO e de SÃO PAULO desfederalizam do GRANDE ORIENTE DO BRASIL. Já tanto perseguido e com inúmeros detratores e difamadores, não era necessário uma efervescência desagregadora dentro da própria Ordem maçônica. E nesses primeiros anos do século XXI assistimos perplexos os conflitos dentro de nossa própria Ordem, conflitos oriundos da desvirtuação dos nossos próprios princípios basilares como: tolerância, liberdade, igualdade e fraternidade.

Recentemente a CONFEDERAÇÃO MAÇONICA INTERAMERICANA fez uma pesquisa entre fevereiro e março do corrente ano com 12.818 maçons no Brasil, pertencentes às obediências regulares: COMAB – GOB – GL. Em todos os setores a pesquisa entre os “usuários – membros” são de fundamental relevância, isto porque, demonstra a opinião de uma parcela e estatisticamente essas considerações representam a opinião do todo. E lendo os fatores de insatisfação dessa oportuna pesquisa, certamente remete-nos a uma busca de um futuro mais promissor, de um futuro mais seguro para a ORDEM MAÇÔNICA, que todos que sustentam suas colunas são depositários de uma vida longa a SUBLIME ORDEM.

Vamos colocam em ordem os fatores de insatisfação dos pesquisados, todos os maçons regulares: 1º Conflito entre as Obediências; 2º Brigas por poder em Loja e Obediência; 3º Profanos de avental; 4º Donos de Loja; 5º Desinteresse geral dos irmãos; 6º Falta de conteúdo das reuniões; 7º Custo alto para pouco benefício; Falta de preparo dos dirigentes. Vamos discutir cada um desses fatores, sendo que, como buscador da verdade não a possui em sua totalidade, mas tenho o direito de refletir e opinar, e juntos, com nossas reflexões e opiniões em Loja, em nossas reuniões dentro e fora dos Templos, podemos talvez, buscar um caminho com menos dificuldades para seguirmos. Jamais podemos nos abater, os nossos irmãos antepassados não se vergaram ao medo e as perseguições de todas as partes, por isso estamos aqui, discutindo nossas insatisfações com o intuito de preservar a SUBLIME ORDEM MAÇÔNICA.

O conflito entre as obediências devem cessar, uma deve estender “as mãos” à outra, para que realmente se tornem respeitosas uma para com a outra. Um passo espetacular foi dado pela GRANDE LOJA DE MINAS GERAIS que firmou um tratado de intervisitação e compartilhamento territorial com o GRANDE ORIENTE DE MINAS GERAIS – GOMG – (COMAB). Talvez em um futuro possam as consideradas TRÊS OBEDIÊNCIAS REGULARES e outras que são consideradas IRREGULARES (no Brasil temos mais de CEM OBEDIÊNCIAS MAÇÔNICAS) que possuam os princípios e sigam as Leis da MAÇONARIA INTERNACIONAL, constituírem um organismo que representem as OBEDIêNCIAS REGULARES. Existe uma dificuldade político-administrativa e financeira, mas não podemos nos abater com essas dificuldades e dar um passo por vez para criar uma única ORGANIZAÇÃO que nos represente nacional e internacionalmente.

As brigas por poder em Loja e Obediência sempre existiu, muitas Lojas surgiram de dissidência, alguns não aceitam resultados de eleições ou atitudes de dirigentes e se afastam e com seu grupo formam principalmente outras Lojas, sempre jurisdicionadas a outra OBEDIÊNCIA, e esta nova LOJA com seus OBREIROS são recebidos com júbilo pela OBEDIÊNCIA que agora a da regularidade, certamente a captação de recursos financeiros seja talvez a única propriedade causadora de jubilo. Decididamente o ensinamento basilar da maçonaria em nada adiantou, jogamos na “lata do lixo” nossa moralidade e ética, nossa tolerância e respeito, nossa liberdade e igualdade e soterramos por vez nossa fraternidade.

A insatisfação “profano de avental” é por si só deselegante para com a ORDEM MAÇÔNICA. Nenhum membro deveria ser iniciado se não preenche as prerrogativas que avocamos para adentrar e compartilhar de nossos usos e costumes. Muitos profanos procuram a ORDEM para tirar proveito, para igualar no mundo profano a seus pares de outras organizações, para assegurar que serão protegidos contra infortúnios produzidos pelo mundo profano. Essas atitudes não condizem com o maçom. Nesta insatisfação está expressa em sua totalidade a iniciação de homens da sociedade que não possuem um perfil para pertencer a SUBLIME ORDEM MAÇÕNICA, a busca por pessoas sabidamente sem qualidades, ocasionam distúrbios futuros. Homens que são corruptos ou corruptores, homens que são pertinazes em atos ilícitos, homens que desviam profissionalmente da ética, homens que sabidamente não possuem valores morais – NÃO PODEM SER INICIADOS – e os que são INICIADOS e não cumprem com os deveres e obrigações instituídos por nossas LEIS, devem ser convidados a se retirarem, porque mais dia menos dia causaram sérios abalos em nossas colunas.

Os donos de Loja. Esse tipo de maçom é aquele que após receber o cargo de administrador e exercendo esse cargo pelo período regimental, não consegue deixar de influenciar as outras administrações com seus ditames. Querem continuar a administrar, mesmo que seu também já se esgotou, normalmente são homens cuja vaidade é latente e o egocentrismo é pertinente. Devemos sempre deixar outros seguir livremente, repetir é um erro crasso, quando um venerável, grão mestre e outros terminam seu período administrativo, deveriam nunca mais retornar a exercê-lo, sua contribuição já foi dada a Ordem, todos o respeitarão profundamente pelos tempos findos e aqueles que pretendem retornar muito rápido ao cargo deveriam repensar nos conceitos basilares que nos dão alicerce.

O desinteresse geral dos irmãos e falta de conteúdo das reuniões, nos remete a uma reflexão individual, o que esperamos da SUBLIME ORDEM, o que esperamos da LOJA? Nós a constituímos, participamos de todo processo laboral em Loja. Devemos buscar em nós as propostas de produzir maior interesse em nossas reuniões. Devemos impregnar o ambiente com boas novas, com bons fluidos e ajudar a administração em fomentar assuntos interessantes a serem estudados, a serem discutidos e revisados em Loja. Somos vorazes críticos aos administradores de nossas Lojas, mas pouco contribuímos para mudar o quadro que se apresenta, criticar é muito fácil, apontar caminhos e estar disposto a produzir novos assuntos é difícil. Devemos ter muito cuidado ao apontar defeito naqueles que por um determinado período administram as LOJAS – OBEDIENCIAS… Esses vão dedicar uma boa parte de seu tempo com os problemas advindos dessas administrações, enquanto nós, obreiros estamos despreocupados em nossos afazeres. Então vamos colaborar participar e dar nosso trabalho em prol de uma melhor dinâmica das reuniões. Não depende só da administração, o fulgor e beleza das reuniões dependem de cada um de nós, independentemente da posição que ocupamos momentaneamente em nossas LOJAS.

O custo alto para pouco benefício é uma insatisfação preocupante. Devemos primeiramente buscar em nosso âmago a resposta a uma pergunta importante: O que esperamos da maçonaria? De posse dessa resposta podemos propugnar por nossa permanência nos quadros da instituição. Se formos analisar pelo aspecto financeiro, tenho certeza que dispendemos um valor para manter as LOJAS e OBEDIÊNCIAS. A captação para a LOJA e OBEDIêNCIA é um dever. Todas têm seus contratos financeiros e nós que participamos dessa associação somos unicamente responsáveis pela manutenção da mesma. Porém temos em dias atuais um descalabro, mesmo uma afronta ao valor médio que perfaz o montante que o brasileiro recebe mensalmente e tem que contribuir com a LOJA + OBEDIÊNCIA. Algumas LOJAS cobram um valor muito alto em suas admissões, fazendo com que muitos indivíduos não podendo arcar com esses gastos, deixam de pertencer a ORDEM MAÇÔNICA. Somos cientes que para participar de associações devemos possuir condições financeiras que as mantém e que tenhamos condições de manter também nossos compromissos no mundo profano, mas vejo com muita preocupação os altos valores cobrados nas mensalidades das LOJAS, e principalmente, nas iniciações. A MAÇONARIA não tem por objetivo o lucro, esse lucro abissal é que leva muitos a perpetuar no poder e se corromper, então devemos repensar nossas obrigações pecuniárias, tendo valores compatíveis para as iniciações e mensalidades. O que nos chama também a atenção é que a grande parte de nossos obreiros, cuja idade média é de 57 anos (segundo a pesquisa da CMI) não possui um plano de saúde, esse benefício não seria interessante? As OBEDIÊNCIAS não poderiam fazer um trabalho junto às empresas que patrocinam planos de saúde e buscar um acordo que possa beneficiar os obreiros? Não seria uma forma fraterna de colaboração entre os irmãos?

O fator de insatisfação quanto a falta de preparo dos dirigentes e fator indiscutível na maçonaria. Esse desconhecimento se apresenta cristalino em várias LOJAS, onde os dirigentes não possuem conhecimentos da ritualística empregada nas reuniões, desconhecem os REGULAMENTOS que regem a ORDEM, sendo os responsáveis pelo “achismos” que os conhecedores e buscadores do conhecimento também discutem. O fator primordial para que o obreiro atinja a direção de uma LOJA certamente é que o mesmo participe de todos os cargos e dedique uma parte do seu tempo em estudar os aspectos filosóficos e administrativos pertinentes a cada cargo. Sendo que esse estudo é fundamental para que o obreiro se prepare para ocupar o cargo que ora se apresenta. Muitos são aqueles que sem conhecimento das Leis, sem conhecimento da ritualística, se arvoram em administrar suas oficinas, certamente em sua maioria ocorrerá sérios problemas, temos tempo, devemos nos preparar para ocupar os cargos em nossas oficinas e, os obreiros devem buscar sempre o equilíbrio, buscar sempre nomes que posam contribuir para que nossos princípios e Leis sejam respeitados e as oficinas conduzidas em benefício do melhoramento diuturno do que fazem parte e da sociedade como um todo.

Devemos voltar nosso olhar para a integração da família junto a Loja. Essa participação é fundamental para que possamos satisfazer nossas prerrogativas sociais. Nossa família é a célula principal da sociedade, não nascemos para ficarmos isolados e a participação da família nos momentos oportunos das Lojas é de suma importância para que possamos ter sucesso no desenvolvimento e no futuro da ORDEM MAÇONICA. Devemos aprender com os erros do passado e não voltarmos a cometê-los, sermos fortes no presente para que possamos ter um futuro espetacular. Cabe a cada um de nós fazer sua parte, amar profundamente o que faz e buscar constantemente a verdade. Que a maçonaria no Brasil seja longeva e forte.

Bibliografia:

FIGUEIREDO. Carlos. 100 discursos históricos. 5º ed. Belo Horizonte. Leitura. 2002

ISMAIL, Kennyo. Desmistificando a maçonaria. São Paulo. Universo dos Livros. 2012

MORIVAL. Calvet Fagundes. A maçonaria e as forças secretas da revolução. Ed. Maçônica. Ano n/d

SIRC. O futuro da maçonaria na Inglaterra. Documento em pdf. Tradução de José Filardo. 2012

www. gob.org.br/resolução da CMI

* Obreiro da ARLSB Luz e Caridade 14 – Oriente Três Pontas – Minas Gerais

Fonte: https://bibliot3ca.com

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