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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

PODEMOS DIZER QUE EXISTE A LUZ QUE A TUDO INUNDA

Ir∴ Luiz Felipe Brito Tavares

Críticas vazias e lacunas preenchidas

Podemos dizer que existe a luz que a tudo inunda.

Podemos dizer que foi dado ao homem o poder de enxergar a luz.

Podemos dizer que a luz pode ser refletida e propagada pelo homem.

Cegos quando por cirurgia voltam a adquirir a capacidade de enxergar, necessitam de grande permanência na penumbra para só então, após adaptação necessária, terem o acesso não doloroso à luz de maior intensidade.

De a mesma forma quando nós que já “enxergamos” ficamos muito tempo nas trevas, necessitamos de forma semelhante de algum tempo para que nossa pupila se adapte a maior claridade.

Se pensarmos em um Deus justo e perfeito, Este dotaria a todos os seres humanos do mesmo potencial a ser desenvolvido, e a todos igualmente dotaria da possibilidade real em desenvolver tal potencial em sua plenitude.

Fomos criados simples e ignorantes, desprovidos de experiências, de virtudes e de sabedoria.

Desprovidos do estado de árvore, mas portadores da semente latente.

Nosso aprendizado se faz em sucessões coerentes, onde cada degrau nos capacita a acessar degrau superior.

Nada ocorre aos saltos na natureza, e adquirimos nossas capacidades a custo de muito tempo e esforço.

Não obstante sabermos que a luz vem de mais alto, costumamos por vezes deixar que a vaidade nos cegue, esquecendo de agradecer a dádiva recebida.

Tal cegueira nos leva a esquecer todas as dificuldades por que passamos para polir a pedra bruta, e permitimos que nosso coração endureça.

A frieza de um coração pétreo nos leva a menosprezar e a adjetivar de forma pejorativa irmãos que se encontrem ainda em estágio menos evoluído.

Dizemos muitas vezes que tais irmãos, que enganosamente consideramos inferiores, possuem defeitos terríveis; e por vezes ainda não satisfeitos, confrontamos suas imperfeições com nossas pretensas virtudes ostentadas.

Porém seriam defeitos autênticos, ou seja, seriam essencialmente elementos negativos que tais irmãos possuem, ou seriam apenas lacunas a serem preenchidas?

Qual a diferença? Talvez toda diferença!

Se considerarmos Deus como

perfeito, como poderíamos conceber elementos essencialmente maus na criação? Ou como poderíamos conceber o “mau” gerado propositalmente?

Se assim o fosse talvez Deus de fato não fosse perfeito. Bem provavelmente nossa visão estaria equivocada.

Porém a perfeição divina retornaria a condição autêntica se considerássemos as imperfeições apenas como lacunas potenciais, ou ausências a serem preenchidas devidamente no tempo certo, através do esforço meritório de cada um.

Seriam então as imperfeições, apenas estados embrionários das verdadeiras virtudes futuras.

O mau de fato não existe em essência.

O mau é circunstancial, e não essencial, justamente por ele ser apenas a representação de uma virtude potencial a ser desenvolvida.

O mal seria apenas e nada além de uma percepção equivocada, decorrente do contraste entre diversas intensidades de uma mesma cor. Entre diversos momentos evolutivos.

Só haveria o bem em essência. O bem potencial e o bem realizado.

A diferença então entre defeitos essenciais e imperfeições transitórias muda totalmente a perspectiva, pois acaba com toda dúvida sobre a perfeição e justiça do criador.

Da mesma forma coloca por terra todo vão sentimento de superioridade, que alguns possuem, e com a arrogância que se arvoram no direito de ostentar.

Se Deus cria de toda a eternidade então existem almas em diferentes estados de evolução. Algumas já existentes há mais tempo, ou seja, já estão a percorrer há mais tempo o caminho de aprendizado, tempo suficiente para “ralarem” bastante os joelhos com suas inúmeras quedas.

Tais entes portadores de maior bagagem acabam por aprender, digamos assim de forma compulsória, as leis da existência, predispondo-se então a desenvolver as virtudes que lhes permitirão melhor e de forma mais eficiente navegar no mar da existência.

Claro que existe o mérito do esforço em melhorar, porém tal mérito também será um dia compartilhado por aqueles que ainda estão mais atrasados. A boa vontade e o esforço também são virtudes a serem desenvolvidas.

Naturalmente para um ser que já desenvolveu grande habilidade, um ser com métodos ainda rudimentares lhe parecerá portador de graves defeitos.

Comparação equivocada.

Quando nos indignarmos com alguém que ainda não possua o grau de virtude que já possuímos, reflitamos que em passado, talvez não muito distante, já provavelmente estivemos em posição equivalente.

Não deveríamos, portanto ressaltar o que já é óbvio, pois se um irmão de caminhada ainda não preencheu a lacuna, não devemos


ficar apontando para o espaço vazio, mas sim ajudá-lo, de forma gentil e humilde, a preenchê-lo.

Não podemos criticar algo que não foi edificado.

Realçar o contraste que existe, somente apontando inadequações é perda total de tempo, e é também demonstração de que ainda não compreendemos de fato, as leis da existência.

Virtude “possuída” é virtude morta. Virtude é graxa a dar vida e fluidez ao movimento de existir.

Só ajudando nossos irmãos de caminhada é que daremos sentido às nossas próprias virtudes.

Devemos diminuir distancias e não aumentá-las. Devemos, pela responsabilidade adquirida com o progresso, observar em nossos irmãos que espaços poderemos ajudá-lo a preencher. Lembremo- nos que cada um está em degrau diverso. Não podemos ensinar equações para quem não sabe somar.

Usemos nosso precioso tempo, em lugar de criticar e apontar vazios, em estudar o que podemos e como podemos ajudar nossos irmãos no desenvolvimento de suas potencialidades. Lembrando que não devemos esperar por resultados, pois que tal dependerá do grau de boa vontade e de amor ao esforço que tais irmãos já tenham desenvolvido.

Fonte: JBNews - Informativo nº 283 - 07.06.2011