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PERGUNTAS & RESPOSTAS

O “Perguntas & Respostas” que durante anos foi publicado no JB News e aqui reproduzido, está agora no “Blog do Pedro Juk” . Para visita-lo ou tirar suas dúvidas clique http://pedro-juk.webnode.com/ ou http://pedro-juk.blogspot.com.br

terça-feira, 21 de maio de 2024

SAUDAÇÃO AO DELTA DO ORIENTE

(republicação)
Em 17/05/2017 o Respeitável Irmão Bernardo Bosak de Rezende, Loa Sephira, 447, Rito Azul (?), GORGS, (COMAB), Estado do Rio Grande do Sul, pede esclarecimentos para o seguinte:

DELTA DO ORIENTE

Primeiramente, gostaria de dizer que sou muito fã da sua obra. Adquiri vários exemplares do livro Exegese Simbólica para o Aprendiz Maçom e estou sempre incentivando os nossos aprendizes a estudarem por ele. É um livro bastante lúcido e objetivo! Você é um dos meus escritores maçônicos prediletos, junto com Castellani, Xico Trolha e o Kennyo Ismail e é um prazer poder questioná-lo!

Bem, em minha Loja praticamos o Rito Azul (também conhecido aqui no GORGS como M∴L∴A∴A∴ - Maçons Livres Antigos e Aceitos). É um Rito que foi criado pelo GORGS, mas basicamente é o REAA praticado pelas Grandes Lojas estaduais, ou seja, o azul (infelizmente no Brasil temos bastante essa deterioração do padrão ritualístico do REAA). 

Minha dúvida é a seguinte: o nosso ritual prega a utilização de dois triângulos no Oriente: um equilátero com o IOD dentro (preso no dossel) e outro isósceles com o Olho da Providência (atrás do Trono de Salomão). Neste caso, qual dos dois "deltas" devemos saudar quando cruzamos o eixo e por qual motivo? Procurei em várias fontes para compreender a diferenciação dos dois símbolos, algumas dizem que no fundo remetem ao mesmo simbolismo, outras dizem que são diferentes, outras que um pode substituir o outro, outras que dizem que podemos substituir a letra G pelo olho, e por aí vai... Porém, nunca encontrei a informação de qual delta saudar quando ambos se fazem presentes dentro do templo.

Para facilitar, anexo abaixo o trecho do ritual que orienta a utilização de ambos:

“O dossel do Trono é formado por duas CCol∴ Compósitas, uma de cada lado do Trono, ligadas por um arco revestido de tecido azul celeste, com franjas de prata ou brancas, do centro do qual penderá um triângulo equilátero, em cujo centro estará, presa por arame invisível, a letra hebraica Iod.

Na parede do fundo, no Or∴, em um painel, são pintados ou bordados os astros do dia (o Sol), no lado S∴, e da noite (a Lua, em quarto crescente) no lado N∴ tendo, no meio dos dois, um triângulo isósceles com o Olho Onividente ou Olho da Providência, com fundo azul e raios luminosos.”.

CONSIDERAÇÕES:

SINAIS COM INSTRUMENTOS DE TRABALHO

Paulo Roberto Marinho
Grande parte dos Rituais impressos do R∴E∴A∴A∴ proíbe, na dinâmica da ritualística, fazer quaisquer sinais com instrumentos de trabalho. Por mais absurdo que pareça, as Luzes da Loja – Ven∴ Mestre e VVig∴ –, em tempos passados, costumavam executar o sinal gutural, o sinal de aclamação e apontar, tudo, com os Malhetes e não com a mão que é a maneira correta; o M∴ de CCer∴ e DDiác∴ batiam com os bastões no chão, quando da execução das baterias (Que era o correto e passou a ser incorreto); o G∴ Templo apontava e fazia o sinal da aclamação estendendo o braço com a Espada empunhada. Daí transformaram uma clara frase disciplinadora – “Não se faz nenhum sinal COM os instrumentos de trabalho” – em outra complicadora – “Não se faz nenhum sinal PORTANDO instrumentos de trabalho”.

Não há nada de errado em executar a saudação portando quaisquer objetos na mão esquerda – não sendo ferramenta de trabalho simbólico ou litúrgico –, tais como, Rituais, Livros ou objetos de uso pessoal. Basta para isso estar parado, com os PP∴ em Esq∴ e com o corpo ereto. Há exceção para o sinal de Comp∴ pois este sofreu um enxerto no passado; um complemento usando a mão esquerda, copiado do sinal de súplica do Rito York, e, que faz também a alegria de alguns Maçons ocultistas, pois, argumentam que é uma clara alusão à quiromancia – mostrar nas linhas das mãos o “M” de Maçonaria, “triângulos” e outros significados quiméricos.

No R∴E∴A∴A∴ genuíno executava-se o Sinal de Ordem, mesmo portando instrumentos ou ferramentas na mão esquerda. Existem hoje, alguns procedimentos que são inexplicáveis justamente por terem sido modificados sem fundamentação, por exemplo, por que se porta a Espada com a mão esquerda quando o neófito recebe a Luz? Somente porque é o lado do coração? Vejamos o que diz um Ritual da Grande Loja do Rio de Janeiro editado na década de 60:

“O Neófito e novamente vendado e conduzido ao Templo, ... todos voltam para seus lugares, onde permanecem de pé e à Ordem, com a Espada na mão esquerda.

Isto é o que diz, também, o Vade-Mecum Iniciático do saudoso Irmão Nicola Aslan:

“No decorrer de todas estas Cerimônias, os Maçons seguram as Espadas com a mão esquerda, a mão direita permitindo-lhe pôr-se à Ordem..” (Comentários ao Ritual de Aprendiz – Editora A Trolha)

Cabe aqui um comentário para reflexão: sempre culpamos Mário Behring por todos os enxertos no R∴E∴A∴A∴, mas a grande verdade é que nossos Rituais sofreram mais nos últimos 25 anos com adequações desprovidas de fundamentação do que todo o período sob a influência de Behring.costumes;

Fonte: Revista Arte Real nº 8

segunda-feira, 20 de maio de 2024

DÚVIDA SIGNIFICADO

(republicação) 
O Respeitável Irmão Rivadavia Zimermam Borges, Loja Três Malhetes, 1.886, REAA, GOB, sem declinar o nome do Oriente (Cidade) e Estado da Federação, apresenta a seguinte questão: 
rivazb@yahoo.com.br 

Eu já há bastante tempo, venho com uma dúvida razoável na nossa ritualística. Certo Irmão de minha Loja Três Malhetes, um muito bom Irmão por sinal, sustenta de que a nossa resposta quando indagados sobre a Palavra Sagrada de Aprendiz, quando respondemos devemos dizer: seguinte ou segunda. Dai-me a Palavra Sagrada. Não v∴p∴d∴s∴sol∴d∴ a p∴l∴q∴e∴v∴ a seg∴. Pergunto, para que possamos também ter uma definição abalizada pelos altos corpos. O que é exatamente “Seg∴”. Ele sustenta que gramaticalmente tem de ser SEGUINTE. 

CONSIDERAÇÕES:

A questão parece subjetiva. Se a Palavra é conhecida dos maçons, por conseguinte o número de letras que a compõe, a pergunta que trata de como transmiti-la, no meu modesto entender tanto faz – segunda ou seguinte. 

Assim, “segunda” (feminino do numeral ordinal), ou seguinte (adjetivo de dois gêneros), não encerram a Palavra, já que entre os protagonistas exaram-se ainda uma terceira e uma quarta letra para completa-la. 

Nesse caso o adjetivo “seguinte” (que se segue; que vem ou ocorre depois, imediato; subsequente) como parte final da sentença poderia estar mais próprio. 

Ocorre que, talvez de modo coloquial, a palavra “segunda” é praticamente unânime nos nossos costumes. 

Talvez algum Irmão que opere como professor de português pudesse melhor esclarecer essa questão. 

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.118 - Florianópolis (SC) – terça-feira, 24 de setembro de 2013

PATRONO OU PADROEIRO

Ir∴ Osvaldo Novaes
ARLM Fraternidade Sergipense nº 11

NA MAÇONARIA, consideramos São João Batista (ou o Batista) como nosso patrono, e mesmo considerando São João Evangelista como também nosso padroeiro, não o invocamos regularmente, vez por outra é apenas referido. No caso de João Batista, escrevemos um artigo para o Jornal da Cidade, de Sergipe, com as informações pertinentes à sua ligação com a Maçonaria. Se for o caso, nosso site poderá publicar o artigo na íntegra, conforme o espaço disponível, podendo ser em duas vezes.

ENCONTRAMOS rituais (1998, 2007, 2012), da GLMESE onde é referido o nome de São João como “Padroeiro” e não como “Patrono” da Maçonaria. Mas, se usasse qualquer das palavras, nada se alteraria, pois no fundo significam a mesma coisa: Defensor, Protetor. O problema talvez resida naquilo que os Espíritos guias de Allan Kardec disseram: “Procurem entender-se com sua linguagem. Por que não tem uma palavra apenas para cada coisa?”, e assim a comunicação entre as pessoas fosse melhor assimilada. Veja um exemplo: matéria na escola é uma disciplina; em física, química, aquilo que constitui uma coisa; na palestra, é um tema a discutir; no jornal, tema de reportagem ou notícia. Pode?!!

PADROEIRO é comumente usado designando um Santo da Igreja Católica que abençoa, protege. Na Inglaterra, é São Jorge; em Nova York é São Patrício; no Rio de Janeiro, temos São Sebastião; Santo Eloi é padroeiro dos ourives; São Pedro é padroeiro das viúvas ; São Cristóvão é padroeiro dos motoristas; Santo Ivo é padroeiro dos Advogados. Os santos Cosme e Damião são protetores das crianças. E por aí vamos... SERÁ INTERESSANTE que se uniformize a denominação, que se escolha Padroeiro ou Patrono; que rituais, revistas, sites, jornais de natureza maçônica das Lojas em geral (no nosso caso, das Grandes Lojas, através de recomendação feita pela CMSB) adotem uma única denominação. Evitar-se-ia a diversidade, a dúvida, a hesitação na hora de invocação: “será padroeiro ou patrono?”, mesmo sendo São João Batista uma coisa e/ou a outra, isto é, protetor e exemplo na Maçonaria.

Fonte: https://fraternidadesergipense.mvu.com.br

domingo, 19 de maio de 2024

QUESTÕES SOBRE RITUALÍSTICA

(republicação)
O Respeitável Irmão Gilmar Dietrich, Venerável Mestre da Loja Perseverança e Vigor, 2.638, GOB, REAA, Oriente de Rio Claro, Estado de São Paulo apresenta as questões seguintes: 
gil@cr.cnt.br 

Gostaríamos de esclarecer, para que não incorramos em erros ou desrespeitos, e por isso solicitamos vossa ajuda. Conforme o “Manual de Dinâmica Ritualística”, editado pelo GOB, fruto de um trabalho consciente e sério da Grande Secretaria Geral de Orientação Ritualística, então, dirigida pelo Eminente Irmão Álvaro Gomes dos Santos, com a inestimável colaboração do Poderoso Irmão Fuad Haddad, Grande Secretário Geral Adjunto da mesma Grande Secretaria, especificamente, na parte “NORMAS GERAIS DE COMPORTAMENTO RITUALÍSTICO”, no paragrafo 23 consta: “23 -Aprendizes e Companheiros não podem ter acesso ao Oriente (exceto na Iniciação e Elevação) que é o fim da escalada iniciática, só acessível aos Mestres. Da mesma maneira, os Aprendizes não devem ter acesso à Coluna dos Companheiros; perguntamos: 

Em ocasiões em que os Aprendizes e Companheiros, devam receber certificado (ex. Certificado de conclusão do ERAC, ou outra coisa qualquer, como um mimo) efetuado em Loja, os mesmos deverão se postar entre Colunas, ou em seus devidos lugares, ou seja, Coluna do Norte aos Aprendizes e Coluna do Sul aos Companheiros? Entendemos ser totalmente errado, coloca-los no Oriente! 

Outro ponto que estamos em dúvida é quando da circulação do Saco de Propostas e Informações e ou Tronco de Beneficência, quando o Irmão Mestre de Cerimonias ou Hospitaleiro são auxiliados pelos seus adjuntos. Ao término do giro, o Mestre de Cerimonias ou Hospitaleiro devem permanecer entre colunas “aguardando” ordens. Nesses casos os Adjuntos que auxiliaram na circulação, devem permanecer entre Colunas em Pé e a Ordem, ou podem retornar diretamente aos seus lugares, permanecendo entre Colunas somente o titular? 

E ainda sobre a circulação do Saco de Propostas e o Tronco, o primeiro a depositar é sempre o Venerável, depois os Vigilantes e assim por diante. Quando temos além do Venerável, o Ex Venerável sentado ao lado, deve ser colhido dele, junto com o Venerável, ou deve-se respeitar a circulação e apenas depois recolher do Ex Venerável?

CONSIDERAÇÕES:

1 - Realmente Aprendizes e Companheiros em Loja aberta não têm ingresso no Oriente. Essa questão de apenas na Iniciação e Elevação é resquício ainda das extintas Lojas Capitulares que no seu bojo ritualístico elevaram o Oriente e o dividiram por uma balaustrada nos primórdios do Século XIX. Após a sua extinção, infelizmente as coisas não voltaram ao normal no simbolismo, permanecendo a balaustrada e o desnível do Oriente. Sob essa premissa ainda permanece essa desculpa de que apenas na Iniciação e Elevação há essa possibilidade. Em linhas gerais a boca se entortou conforme o hábito do cachimbo. Realmente Aprendizes e Companheiros lá não ingressam por ser o final da escalada iniciática – o Oriente é privativo dos Mestres. Como permaneceu consuetudinariamente a balaustrada e o Altar dos Juramentos fica verdadeiramente bem próximo e na frente do Altar ocupado pelo Venerável, à contradição virou a desculpa de que lá adentram os dois primeiros graus somente nas respectivas cerimônias de Iniciação e Elevação – se não existisse essa divisão de quadrante não existiria esse ato equivocado. O primeiro ritual simbólico do Rito Escocês datado de 1.804 na França mostra perfeitamente a realidade (a não existência de degraus e balaustrada no limite do Oriente – apenas o sólio se eleva por três degraus). Também pelo formato iniciático está o fato de os Aprendizes se posicionarem na Coluna do Norte e Companheiros na Coluna do Sul. É nesse sentido que os cargos em Loja são ocupados apenas por Mestres. Assim, Aprendizes tomam assento no topo do Norte e os Companheiros no topo do Sul. Obviamente que a regra do bom senso deve prevalecer, já que na hipótese do Templo ser coberto aos Aprendizes, eles em retirada passam pelo Sul (circulação), o que não significa que eles venham permanecer iniciáticamente na Coluna do Sul. 

2 – Somente se houver necessidade pelo grande número de Irmãos presentes, aplicada à ação do bom-senso, o procedimento de auxiliares adjuntos para o Mestre de Cerimônias e Hospitaleiro podem exercer ofício. Nesse caso, primeiro o titular completa os seis cargos de costume para em seguida o auxiliar executar assistência no ofício. Há que se observar uma disposição que não se contraponha ao ato do giro horário de uma para outra Coluna. Dadas essas considerações e concluída a circulação, ambos se posicionam entre Colunas (do Norte e do Sul) no extremo do Ocidente. O auxiliar, ou adjunto entrega a sua bolsa ao titular e retorna ao seu lugar. Estando de posse das bolsas o titular, o Segundo Vigilante informa conforme disposto no ritual. 

3 – Não importa quem esteja porventura sentado ao lado do Venerável. Durante a circulação da bolsa, o titular aborda primeiramente os que detêm os respectivos malhetes por ordem hierárquica, posteriormente o Orador, o Secretário e finalmente o Cobridor Interno. Ato seguido todos os do Oriente, a começar por aquele que porventura esteja tomando assento ao lado do Venerável. Na sequência conclui-se então a circulação no Ocidente na forma de costume. É oportuno salientar que os primeiros seis cargos mencionados não possuem qualquer relação com uma pretensa estrela de seis pontas, símbolo este que nem mesmo é abordado Maçonaria de vertente francesa. À bem da verdade os primeiros seis cargos abordados referem-se às cinco Dignidades na Maçonaria francesa (Luzes, mais o Orador e o Secretário) somadas ao cargo tradicional do Cobridor. Esses seis cargos mais o Oficial circulante compõem os Sete Mestres para abertura de uma Loja. Infelizmente aqui no Brasil, além de ainda se mencionar a tal “estrela de seis pontas” (difícil de desenha-la pelos cargos percorridos) ainda somam o Chanceler e o Tesoureiro como Dignidades. O equívoco em relação às verdadeiras cinco Dignidades e os primeiros cargos estão em confundir outros dois eletivos com Dignidades da Loja. Dignidades legitimamente são cinco, nunca sete. Sete verdadeiramente é o número mínimo de Mestres para a abertura de uma Loja. Finalizando não me furtaria aqui a mencionar o belíssimo trabalho elaborado pelos Irmãos Álvaro e Fuad. 

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.116 - Florianópolis (SC) – domingo, 22 de setembro de 2013

BREVIÁRIO MAÇÔNICO

O ASTRAL

O astral é um plano cósmico entre a Terra e o limiar do que é celestial.

Mundo invisível, onde se movimentariam as almas desencarnadas. A origem da palavra vem de "astro", que é o corpo que gravita no espaço; contudo, com o acesso do homem a esses "corpos" no Cosmos, o astral distancia-se do que passa a ser visível e corpóreo.

Os cabalistas denominam de luz astral, o AUR, a "alma do mundo", de onde tudo teria se originado.

Em linguagem hindu, o homem possui em si um veículo de matéria astral denominado Kamarupa, que é o elemento intermediário entre o "corpo mental" e o corpo físico; o "corpo mental" possui centros de consciência denominados chacras.

Maçonicamente, nenhuma influência possui o astral.

Apenas se tem dado valor aos chacras, por serem "pontos vitais de referência".

O maçom crê em Deus e em uma vida futura, não perambulando por um astral, mas localizada em um Oriente Eterno.

Trata-se de um dos Landmarks a que o maçom está sujeito, seja por tradição ou por compromisso.

Breviário Maçônico / Rizzardo da Camino, - 6. Ed. – São Paulo. Madras, 2014, p. 57.

VENCER MINHAS PAIXÕES

No Telhamento o V∴M∴ indaga: 

- O que vindes aqui fazer?

Segue-se a resposta do interrogando: 

- Submeter minha vontade, vencer minhas paixões e fazer novos progressos na Maçonaria.

Como alcançar esses objetivos?

Vez por outra vemos ou ouvimos que o maçom é um agente de transformação social. Penso que o melhor caminho para ser um transformador é o exemplo.

Adiante alguns trechos do livro Pense de Novo, de Adam Grant:

Enquanto pensamos e falamos, é comum assumirmos a mentalidade de três profissões: pastor, advogado ou político. Em cada um desses modos, assumimos uma identidade específica e usamos um conjunto diferente de ferramentas.

Entramos no modo pastor quando nossas crenças sagradas são desafiadas: fazemos pregações para proteger e promover nossos ideais.

Passamos para o modo advogado quando reconhecemos falhas no raciocínio de outra pessoa: apresentamos argumentos para desbancar teorias contrárias e ganhar o caso.

Vamos para o modo político quando tentamos conquistar uma plateia: fazemos campanha e lobby pela aprovação dos eleitores.

O risco disso é nos tornarmos tão envolvidos em pregar nossas crenças certas, em argumentar contra as crenças erradas dos outros e em discursar em busca de apoio que não nos damos ao trabalho de repensar nossas visões.

Qualquer exemplo baseado nos três modos indicados, cedo ou tarde será desacreditado. Certamente não será um bom exemplo a ser dado para quem se arroga na condição de transformador social.

Então, qual seria a alternativa?

Se você for um cientista profissional, repensar é essencial ao seu trabalho. A ciência exige uma percepção constante dos limites da sua compreensão. Espera-se que você duvide do que sabe, tenha curiosidade a respeito do que não sabe e atualize suas opiniões diante de novos dados. Só no último século, a aplicação de princípios científicos gerou um progresso enorme. Biólogos descobriram a penicilina. Cientistas espaciais nos levaram para a Lua. Cientistas da computação criaram a internet.

Mas ser cientista não se trata apenas de uma profissão. É um estado de espírito – uma forma de pensar diferente de pregar, de advogar e de fazer política. Entramos no modo cientista quando buscamos a verdade: fazemos experimentos para testar hipóteses e encontrar conhecimento. As ferramentas científicas não são exclusivas de pessoas com jaleco branco e tubos de ensaio, e não precisamos passar anos com um microscópio e uma placa de Petri para utilizá-las. As hipóteses pertencem à nossa vida tanto quanto aos laboratórios. Experimentos podem nos revelar nosso processo de tomada de decisão cotidiano.

Enquanto o maçom não olvidar as profissões pastor, advogado e político, dificilmente conseguirá vencer suas paixões. Consequentemente não estará fazendo novos progressos na maçonaria e não será um transformador social.

Sim, é um processo lento e gradual, que se aperfeiçoa a cada momento da vida do maçom e não apenas naquelas duas (2) horas semanais horas dedicadas a uma sessão. 

Assim, volvemos aos preceitos fundamentais: o desbaste da pedra bruta e o livre arbítrio. Sem eles, não se chega a lugar algum.

Concluo: A Maçonaria não é para os fracos.

sábado, 18 de maio de 2024

INSTALAÇÃO

(republicação)
O Respeitável Irmão Geraldo Silva de Luna, sem declinar o nome da Loja, Rito e Oriente (Cidade), GLEAC, apresenta dúvida seguinte: 
geraldodluna@bol.com.br 

Estou com uma duvida, pode algum irmão ser Mestre Instalado sem ter sido Venerável, pois aqui na GLEAC tivemos três.

CONSIDERAÇÕES:

Embora originalmente só exista Instalação nos costumes do Craft inglês, e por extensão no americano, aqui no Brasil enxertaram essa prática em ritos de vertente francesa, como é o caso do Rito Escocês Antigo e Aceito. 

Assim, o que genuinamente deveria acontecer é que o ato de se Instalar alguém seria privativo daqueles que foram regularmente eleitos para o cargo de Venerável Mestre. 

Nesse sentido, algumas Obediências, adotam também a Instalação para o Grão-Mestre e algumas ainda também o Grão-Mestre Adjunto quando estes não tenham ainda exercido o cargo de Venerável Mestre. 

Embora até pareça estranho um Grão-Mestre ser eleito sem que antes tenha sido Venerável, o fato pode acontecer. 

No tal do “tira e põe” é isso que tem acontecido na Maçonaria Brasileira. Assim, em linhas gerais, só é instalado aquele que tenha sido eleito para o cargo de dirigente de uma Loja. 

Como um Grão-Mestre é tradicionalmente o Venerável de todas as Lojas da sua jurisdição, nada mais justo que ele seja também instalado (se ainda não tenha sido). 

Agora, instalar Irmãos que não tenham o objetivo do dirigente da Loja (empunhar o primeiro malhete) é ato altamente equivocado e sem sentido algum. 

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com 
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.111 - Florianópolis (SC) – terça-feira, 17 de setembro de 2013

MAÇONS FAMOSOS


JAMES CECIL DICKENS, nome de batismo de Little Jimmy Dickens (Virginia, EUA, 1920 - Tennessee, 2015). Músico e cantor de música country americano.

Começou sua carreira musical nos anos 1930, tocando em uma estação de rádio enquanto frequentava a West Virginia University e abandonou os estudos para seguir carreira musical em tempo integral. Ficou famoso por suas canções humorísticas, seu pequeno tamanho, 1,50m de altura, e seu roupas cravejadas de strass e brilhos. Em 1965, ele lançou seu maior sucesso, "May the Bird of Paradise Fly Up Your Nose", alcançando o primeiro lugar na parada country e o 15º lugar na parada pop.

INICIAÇÃO MAÇÔNICA: 1971.

Loja: Hiram nº 4, em Franklin, Tennessee, EUA.

Idade que foi iniciado: 51 anos.

Faleceu aos 94 anos de idade, vítima de hemorragia cerebral.

Fonte: Facebook_Curiosidades da Maçonaria

VAMOS MUDAR!

Adroaldo Lamaison
Há sempre mais gente para comer o bolo do que gente para fazer o bolo. E às vezes aqueles que só comem bolo reclamam do gosto, mas continuam comendo e não ajudando. Sempre há mais gente para almoçar e menos gente para lavar a louça. Mais gente para assistir e reclamar do espetáculo do que gente para montar a sala, carregar as cadeiras, varrer, limpar, organizar etc.

Se hoje há sombra e fruto é porque alguém plantou uma árvore e o ato de plantar implica um ato de fé, acreditar que vai nascer, que vai crescer e que vai dar frutos. Alguém precisar cavar a terra, plantar, enfim dá trabalho. Hoje temos a sombra. Mas há sempre mais gente para sentar e usufruir da sombra e dos frutos do que gente para plantar. Precisamos de gente para plantar, gente para ajudar a fazer a bolo, gente para lavar a louça e para montar o espetáculo. Veja bem: SE VOCÊ QUER PARTICIPAR DOS RESULTADOS, ENTÃO AJUDE A PENSAR, AJUDE A MELHORAR AS COISAS ai na sua empresa, no seu setor, no seu bairro, na sua família.

Ajudar a pensar é ver as coisas como sua. Sim. Sentir-se dono. Como podemos melhorar o atendimento, como podemos diminuir os custos, como podemos aumentar a produtividade. Sentir-se dono e pensar. Trazer idéia, sugestões e comprometer-se para que essas idéias funcionem. Há pessoas que infelizmente só usam os braços, a voz e os dedos dentro da empresa. Mas não usam a mente, não usam a inteligência. Aqueles que só usam os braços logo logo serão substituídos por uma máquina. Logo irão inventar uma máquina que fará o trabalho dele. Mas aquele que pensa o trabalho, aquele que traz idéias para melhorar, aquele colaborador que está comprometido e empenhado para ajudar a trazer os resultados para sua empresa, a esse, máquina nenhuma irá substituí-lo. Esse cresce, aprende, desenvolve-se. Aprender é um processo de elaboração e acontece de dentro para fora, ou seja, com aquelas pessoas que pensam, que testam e aplicam aquilo que pensam e por isso aprendem. É preciso envolvimento, comprometimento, PENSAR-SENTIR E AGIR. Há muita gente sentada na arquibancada da vida vendo as coisas acontecerem, reclamando das coisas que não acontecem e querendo participar das coisas, mas não entram em campo para jogar, não pensam e não ajudam o time a ganhar.

VOCÊ MEU PREZADO AMIGO, que tipo de pessoa é. Ajuda? Colabora? Pensa? Dá o melhor de si? Ajuda a fazer o bolo ou é daquelas pessoas que senta na mesa e fica esperando alguém lhe servir uma fatia? Construa, acrescente. Você é capaz.

Fonte: http://jamilkauss24.blogspot.com

sexta-feira, 17 de maio de 2024

INSTALAÇÃO CONJUNTA

(republicação)
O Respeitável Irmão Paulo Tomimatsu, Loja de Pesquisas Brasil, Trabalho de Emulação, GOP-COMAB, Oriente de Londrina, Estado do Paraná, apresenta a questão que segue: 
ptomimatsu@sercomtel.com.br

Caríssimo Ir. Pedro Juk. Sou membro da Loja de Pesquisas Brasil, e acabei de receber o ritual do Trabalho de Emulação do GOP. Gostaria de dirimir uma duvida. No próximo dia 27 de junho estaremos realizando a cerimonia de posse dos oficiais da Loja. Isto porque aqui na região de Londrina foi realizada INSTALAÇÃO CONJUNTA da delegacia de Londrina. Como a maioria das Lojas praticam REAA foi realizada segundo ritual do REAA. E a partir dai cada uma das 13 Lojas da regional vão realizar as respectivas cerimonias de posse dos oficiais. Na nossa Loja, onde praticamos TRABALHO DE EMULAÇÃO, estou montando o ritual de posse. O Ir. Hercule está meio desgostoso porque ele queria que fosse realizada cerimonia completa de INSTALAÇÃO E POSSE segundo TRABALHO DE EMULAÇÃO. Mas para não cansar os irmãos visitantes, uma vez que são 13 Lojas e irmãos visitam todas as sessões. Acho que, no meio destas sessões (todas as noites durante 13 dias), se colocássemos uma sessão completa de instalação e posse, os visitantes sentiriam muito cansados. De qualquer forma, estou montando o ritual de posse sem instalação, e vejo que a ritualística da procissão de ingresso é diferente em relação ao REAA. A minha duvida agora é, devemos cantar hino nacional após o ingresso dos irmãos visitantes e autoridades? No Trabalho de Emulação não há abobada de aço, nem estrelas, nem a procissão da bandeira. Só gostaria da ajuda do irmão para que a nossa cerimonia não ficasse sob criticas, visto que eu vou comandar como Diretor de Cerimonias, todo o transcurso da cerimonia.

CONSIDERAÇÕES:

Infelizmente eu não tenho muito que comentar, senão dar toda razão ao meu estimado Irmão Hercule Spoladore. 

O mais tragicômico de toda essa pantomina é que um Trabalho (assim se denomina do Craft inglês) que verdadeiramente possui Instalação, como é o caso do de Emulação tem que se sujeitar aos ditames de instalação do Rito Escocês Antigo e Aceito que tradicionalmente não possui essa cerimônia. 

Aí aparecem abóbadas, estrelas, ingresso de bandeira e outras coisas mais que sujeitam um Trabalho do Craft tradicional a inserir práticas nele simplesmente alienígenas. O que fazer? Realmente fica difícil se esses procedimentos são comuns aqui no nosso Brasil. 

Penso que nesses casos a Obediência através da Secretaria competente venha previr essas situações inusitadas. 

Ainda sobre o caso, é também de péssima geometria fazer Instalação em grupo. Como dizia o meu saudoso amigo e Irmão José Castellani: “criaram instalação em ritos que neles não existe a prática e ainda por cima a realizam como um verdadeiro mercado de peixes”. 

Se a Instalação no Brasil virou fato consuetudinário em ritos de vertente francesa (REAA), que pelo menos a individualizasse por Loja. 

Também se a Instalação é feita em um Trabalho na qual ela é verdadeira, pelo menos que respeitassem aquilo que é correto - até mesmo como base de instrução e esclarecimento – Instalação, Indução e Posse dos Oficiais. 

Infelizmente essa “mania de ganhar tempo” tem causado sérios prejuízos à ritualística e liturgia maçônica. 

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com 
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.109 - Florianópolis (SC) – domingo, 15 de setembro de 2013

MAÇONARIA: DO PASSADO RUMO AO FUTURO

Rui Bandeira
Convencionou-se a data de 24 de junho de 1717 como o marco de partida da moderna Maçonaria Especulativa. Sabemos hoje que nesse dia ocorreu a formalização da Grande Loja de Londres, em sessão ocorrida na taberna Goose and Gridiron, sendo essa formalização decorrente de trabalhos e contactos preparatórios entre quatro das Lojas então existentes na região de Londres e Westminter. O marco faz sentido, pois a criação da Premier Grand Lodge marcou a assinalável expansão da Maçonaria, primeiro no Reino Unido e rapidamente em toda a Europa e no resto do mundo.

Esta moderna Maçonaria Especulativa evoluiu a partir da então decadente estrutura de oficinas operativas que enfrentavam o espetro da obsolescência, em face da evolução das técnicas de construção e da própria sociedade.

Do velho e caduco fez-se novo, pujante e diferente. A Maçonaria Especulativa deu corpo, estrutura de enquadramento e divulgação e meios à ideologia racionalista, iluminista, experimentalista, que se afirmava em substituição do conhecimento escolástico herdado da Idade Média e apenas abanado pelo Renascimento. Constituiu também o cadinho de desenvolvimento da harmonização entre a Ciência e a Crença, entre a Razão e o Espírito, entre a Dedução e a Intuição.

A Maçonaria Especulativa é um dos elementos de derrube do Antigo Regimeideológico vigente na Europa, resultante de séculos de prevalência do Poder Eclesiástico sobre o Poder político, de organização política e social estratificada em classes estanques que inviabilizavam ou dificultavam a mobilidade social, assente na prevalência dos ditames religiosos sobre tudo o resto.

Os 300 anos desde então decorridos mostraram que a evolução em que se inseriu a Maçonaria especulativa, a ideologia que cultivou e divulgou e defende correspondeu à necessidade de evolução das sociedades. Da sociedade estratificada feudal ou pós-feudal então existente, evoluiu-se para novas formas de governo (Monarquias constitucionais e Repúblicas substituindo o Absolutismo, universalização dos princípios da separação de poderes e do exercício da soberania em representação do Povo, entendido como o conjunto englobando todos os cidadãos insertos numa dada unidade política), para novas e ainda em evolução formas de produção e distribuição económicas (Liberalismo, Capitalismo, Estado-Providêmcia, Desregulamentação, Globalização, etc.), para novas e cada vez mais avançadas e complexas formas de aquisição e divulgação do Saber, em todos os campos da Ciência.

A evolução da Ciência criou em muitas mentes, num primeiro (mas longo…) momento, o entendimento da existência de oposição entre a Ciência, o Conhecimento Científico, o Saber de experiência feito e a Religião, a Crença, o Espiritual. Para esse entendimento, o inevitável avanço da Ciência necessariamente constituiria o recuo, o declínio, a extinção da Religião. Neste aspeto, a Maçonaria atravessou toda a recente evolução humana, social e científica com outra postura ideológica, a da Harmonização final da Ciência e da Religião, do Saber e da Crença. A dicotomia, a diferença, a aparente oposição entre Ciência e Religião resultam muito mais do que (ainda) o Homem não sabe do que daquilo que já aprendeu! Claro que o avanço da Ciência expõe os erros existentes em muitas crenças. Evidentemente que a Ciência expõe, à medida que avança, os limites da Crença e obriga a repensar ditames religiosos. Mas também existem limites à Ciência, à capacidade humana de tudo desvendar, de tudo revelar, de tudo aprender – e esses limites são expostos pela Religião, pela Crença!

Há trezentos anos atrás, as sociedades europeias laboriosamente percorriam o caminho de saída da conceção dogmático-religiosa do mundo. Hoje exploram as fronteiras do Conhecimento, buscando o horizonte para lá do horizonte, cada geração desvendando mistérios e aprofundando conhecimento como a geração dos seus pais não tomava por possível e a dos seus avós nem sequer imaginava.

A Ciência investiga o palpável, o concreto, o material. O espiritual, o intangível não é (ainda?) o seu campo. No entanto, cada vez mais cientistas vão adquirindo a noção de que esse intangível existe. Só que não (ainda?) acessível segundo os meios da Ciência.

Quanto às diversas crenças, vão evoluindo, também laboriosamente, muitas delas a contragosto, em função do que o Homem vai conhecendo.

A Maçonaria, que tem como um dos seus princípios ideológicos a compatibilização da Ciência e da Religião, deve, em cada momento, procurar efetuar essa harmonização. A Ciência avança, mas continua a ter limites que não consegue (ainda?) ultrapassar. As Crenças devem reconhecer e integrar o Conhecimento que os avanços da Ciência proporcionam, revendo as suas proposições em função disso.

No entanto, a Maçonaria, ao longo dos últimos trezentos anos, não se limitou à busca da preservação dos meios e caminhos e vontades de compatibilização entre a Ciência e a Religião. No domínio da organização das sociedades abraçou e divulgou os princípios da Liberdade e da Igualdade. Muitos dos seus obreiros lutaram para fazer vingar nas suas sociedades esses princípios. Desde o parlamentarismo europeu ao presidencialismo americano, desde a implantação de sistemas políticos favorecendo o bipartidarismo ao favorecimento de regimes privilegiando o multipartidarismo. Desde a opção pelo Regime Monárquico Constitucional até à preferência pelo Regime Republicano, em todas as latitudes a Maçonaria e os seus obreiros expressaram-se em favor da Liberdade e da Igualdade e defenderam o princípio da Separação de Poderes como meio indispensável para as concretizar.

Hoje, trezentos anos passados, temos a ilusão de que a Liberdade e a Igualdade, de que a Separação de Poderes, enfim, a Democracia estão implantadas e são irreversíveis. Continua a competir à Maçonaria alertar para o facto de que, em matéria de organização social nada é nunca definitivo e tudo tem, em cada momento, de ser defendido. A Liberdade, a Igualdade, a Separação de Poderes, a Democracia, estão hoje implantadas nos países desenvolvidos socialmente, mas cumpre alertar e providenciar para a sua defesa, para que não se perca o que a muitos custou muito sangue a obter.

Mas a Maçonaria não confunde, não pode nem deve confundir, a defesa destes princípios essenciais com as formas de os concretizar e aplicar. No respeito por estes princípios essenciais há uma variada panóplia de regimes, de opções, de formas de organização e gestão dos Estados e do Poder político que só aos respetivos povos e estruturas de decisão dizem respeito. Aí, a Maçonaria não se deve imiscuir. É campo, não já dos princípios essenciais, mas da Política, que, sendo nobre, implica escolhas entre várias hipóteses admissíveis no plano dos Princípios essenciais. Deve a Maçonaria resguardar-se e não se imiscuir – até porque, legitimamente, o normal é que haja maçons defensores das várias hipóteses possíveis.

Sem se imiscuir no plano das escolhas políticas concretas, deve a Maçonaria sempre defender, divulgar, apoiar, praticar e exigir que se pratiquem os princípios essenciais da Liberdade, da Igualdade, da Separação de Poderes, em suma, da Democracia. Este foi um profícuo campo de atuação da Maçonaria nos últimos trezentos anos. Deverá continuar a sê-lo nos próximos trezentos.

A Maçonaria, ela própria, dentro de uma matriz essencial evoluiu com assinaláveis diferenças em diferentes áreas geográficas e em diferentes épocas. No Reino Unido, cedo se afirmou integrante das instituições sociais, integrando-se harmoniosamente no establishment. Em França veio a adquirir uma conotação mais social, política, revolucionária até. Nos dias de hoje, ambos os ramos da Maçonaria assumem em França um papel mais interventivo na coisa pública do que na maior parte das outras zonas do globo. Nos Estados Unidos, a vertente filantrópica da Maçonaria assumiu uma importância notável, essencial e certamente diferenciadora em relação a outras paragens.

Após as I e II Guerras Mundiais, a Maçonaria viu crescer enormemente o número dos seus obreiros. Os soldados que sobreviveram aos conflitos, desmobilizados, encontraram na Maçonaria a camaradagem, o espírito de fraternidade que os ampararam nas trincheiras e nas duras batalhas na Europa, no Norte de África e no Pacífico. Toda uma geração se reviu na Maçonaria e nos seus princípios. Atenuada a memória desses conflitos, as gerações seguintes não se reviram com a mesma intensidade na Fraternidade que unira os seus pais e avós e, nos mesmos espaços onde a Maçonaria vira duplicar, triplicar e quadruplicar os seus obreiros, começou a definhar. Noutras paragens, porém, a Maçonaria expandia-se.

Qualquer observador minimamente informado repara nas diferenças de estilo e de atuação que existem dentro da realidade global e essencialmente semelhante que é a Maçonaria. Qualquer interessado anota a flutuação de número de obreiros da Maçonaria ao longo dos tempos e nas diferentes latitudes. Estas variações e flutuações têm a ver com a natureza de instituição social que a Maçonaria adquiriu e com a importância que, enquanto instituição, as várias e sucessivas sociedades nela vão reconhecendo. Sempre existiram e sempre existirão e terão mais a ver com as mudanças e condições sociais do que com a Maçonaria ela própria.

A natureza essencial da Maçonaria é, no entanto, a mesma em todas as latitudes e em todas as épocas. Coloca em confronto o Homem consigo mesmo. O Homem com a Ética. O Homem com a noção da Perfeição, sua inatingibilidade, mas a compulsão humana para a procurar. O Homem com o Transcendente. Nesse confronto, o maçom procura, antes de mais, conhecer-se, como base indispensável para determinar o que e como tem de melhorar. Procura, sempre, aperfeiçoar-se. Em matéria de conhecimento, mas sobretudo em termos éticos. Anseia superar-se. Como pessoa, como homem de família, como ser social, como profissional. Em termos morais e espirituais. Mesmo sabendo que lhe é impossível atingir a Perfeição, busca aproximar-se dela tanto quanto lhe for possível. Porque assim a sua natureza o compele a proceder, na perspetiva do encontro e do diálogo com o Transcendente. Encontro e diálogo nos quais a valia da vida de cada um se apura em face da concretização de cada um do potencial que imanentemente lhe foi outorgado.

Este confronto essencial do Homem não é novo. Já o Oráculo de Delfos ordenava Conhece-te a ti mesmo. Inúmeras correntes místicas e escolas religiosas nasceram em torno dele. O que de diferente ele assume na Maçonaria é o particular método de o concretizar. Já não em retiro de eremita ou seguindo diretrizes de líder espiritual. Mas cada um, como entidade própria, digno, igual a todos os demais, livre, inserido no seio de iguais. Cada um trilhando o seu caminho, sem julgar os trilhos dos demais. Cada um pondo em comum o que aprende, o que conquista, o que descobre, mas também aquilo em que falhou, a dificuldade com que deparou, o obstáculo que tem de transpor. Cada um beneficiando do que os demais em comum, como ele, põem. E, agora sim, ajuizando do confronto da sua experiência com as dos demais, o melhor trilho a seguir, o próximo passo a dar, o patamar a atingir. Cada um navegando o seu próprio caminho, mas todos bolinando à vista uns dos outros.

Este método de ser único no meio da comunidade, de partilhar a sua individualidade com os demais da comunidade e de recolher em seu benefício o que de útil para si encontra nas partilhas dos demais, esse, sim, é próprio e essencial da Maçonaria. Esta é a essência que, em todas as latitudes, com todas as diferenças, a Maçonaria e cada maçom devem preservar.

Esta a essência que vem de há trezentos anos e que informou os maçons em cada tempo e em cada lugar segundo as necessidades do maçom, do tempo e do lugar. Tempos houve em que o preciso foi adquirir e treinar o conhecimento científico e deixar para trás a escolástica dos tempos medievais. Tempos houve em que o indispensável foi garantir a Liberdade, a Igualdade, a Separação de Poderes, a Democracia. Tempos houve em que o necessário foi curar profundas feridas de sobreviventes de inimagináveis horrores, manter acesa a chama da Fraternidade e apaziguar consciências com a prática da Filantropia. Tempos houve em que foi possível estudar em conjunto, especular por si e em grupo, aprender, experimentar, tentear, buscar o melhor Ser que há em si, sem atenção ao Ter de cada um. Tempos houve para tudo isso. Tempo é de tudo isso. Tempos haverá para tudo isso.

Os tempos e as sociedades mudam. Os maçons não se reúnem já nas tabernas como há trezentos anos. Hoje comunicam entre si e com as sociedades em que se inserem utilizando as Tecnologias de Informação que o engenho humano concebeu e agora disponibiliza. Desengane-se quem pensar que essas circunstâncias exteriores obrigam à mudança da Maçonaria. Desiluda-se quem pretender que a Maçonaria mude o seu rumo em face de críticas, aceitações, reservas ou discordâncias. A identidade da Maçonaria não muda – ou transformar-se-ia em outra coisa diferente, apenas porventura usando o mesmo nome…

Desde há trezentos anos que a essência da Maçonaria é o nobre confronto do Homem consigo mesmo, buscando a maior aproximação possível à inatingível Perfeição, em face do Transcendente, confronto esse levado a cabo por cada um no seio de um grupo com que partilha avanços e recuos, vitórias e desaires, e beneficiando das partilhas dos demais.

Isto é a Maçonaria – desde há trezentos anos. Isto será a Maçonaria – nos próximos trezentos anos, e mais!

Fonte: http://a-partir-pedra.blogspot.com.br

quinta-feira, 16 de maio de 2024

ORIENTAÇÃO DE BATERIA

(republicação)
Questão apresentada pelo Respeitável Irmão Heronides Eufrásio Filho, membro da Loja Jeremias Pinheiro Moreira, 2.099, GOB, Oriente de Brasília, Distrito Federal solicita a orientação através do Irmão Ari de Souza Lima, Secretário Geral Adjunto para o Rito Schröeder – GOB. 
heronidesfilho@gmail.com 
sousa.ari@gmail.com

Onde posso encontrar matéria sobre as batidas na Porta do Templo, de respostas, do Cobridor Interno quando um Irmão chega atrasado. Nos três Graus. 

CONSIDERAÇÕES:

FRASES ILUSTRADAS

VALE A PENA LER DE NOVO

OS NOSSOS TRABALHOS VOLTAM A ADQUIRIR FORÇA E VIGOR.
ESTANDO TUDO JUSTO E PERFEITO, VAMOS RECORDAR ALGUMAS REGRAS QUE NÃO DEVÍAMOS ESQUECER NUNCA!

Qual o estado de ânimo do maçom ao chegar a Loja?

1º - Cumprimentar seus irmãos com alegria e ser amável ao abraçar cada um, demonstrando a satisfação em participar daquela reunião.
2º - Se necessário, ajudar na preparação da loja e aproveitar a oportunidade para ensinar aos aprendizes os porquês de cada objetivo e seu significado.
3º - Procurar cumprir e estimular os Irmãos para que a reunião tenha início no horário previsto.
4º - Abandonar os problemas ditos "profanos" antes de entrar na sala dos passos perdidos.
5º - Tudo o que for realizar, faça com amor e gratidão, pois muitos desejariam estar participando e não podem.

Lembre-se: MAÇONARIA ALEGRE E CRIATIVA DEPENDE DE VOCÊ (SABER-QUERER-OUSAR-CALAR)

Você pretende ir à Loja hoje?

1º - Sua participação será sempre mais positiva quando seus pensamentos forem mais altruísticos.
2º - Participação positiva será daquele que, com poucas palavras, conseguir contribuir muito para as grandes realizações.
3º - Ao falar, passe pelo crivo das "peneiras", seja sempre objetivo e verdadeiro em seu propósito. Peneiras: 1) Verdade 2) Bondade 3) Altruísmo.
4º - Às vezes um irmão precisa ser ouvido; dê oportunidade a ele para manifestar-se.

5º - Falar muito quase sempre cansa os ouvintes e pouco se aproveita. Fale pouco para que todos possam absorver algo de importante e útil que você tenha a proferir.

Entendendo meus irmãos.

1º - Eu não posso e não devo fazer julgamentos precipitados daqueles que comigo convivem. 
2º - Estamos todos na escola da vida aprendendo a relacionar-nos uns com os outros, e o discernimento é diferente de pessoa para pessoa.
3º - Quanta diversidade existe nas formações individuais. Desejar que o meu Irmão pensa como eu é negar a sua própria liberdade.
4º - Temos a obrigação de orientar, ensinar, mas nunca impor pontos de vista pessoais inerentes ao nosso modo de ver, sentir e reagir.
5º - Não é por acaso que nos é sempre cobrada a tolerância. Devo aprender a ser tolerante primeiro comigo mesmo e, então, estende-la aos demais.

Dia de reunião! Voasse já sabe o que tem a fazer?

Iº - Hoje é dia de reunião, vou dar uma lida no meu ritual para não esquecer os detalhes!
2º - Mesmo que eu já saiba de cor o ritual, não devo negligenciar meu cargo ou minha função em Loja.
3º - Se o irmão cometer alguma falha, corrija: se possível, com discrição, sem fazer disso motivo de chacota e gozação.
4º - Quando a cerimônia é desenvolvida por todos de forma consciente e com amor, todo o ambiente reflete a atmosfera de paz e tranqüilidade entre todos.
5º - O ritual deve ser cumprido em todos os seus detalhes. Quando participado com boa vontade, tudo fica mais belo, sem falhas, sem erros, proporcionando um bem estar geral.

Como devo me apresentar em loja?

Iº - O templo é o lugar onde acontece a reunião dos Irmãos imbuídos do desejo de evoluir e contribuir para a evolução dos demais.
2º - Valorizar a reunião, apresentar-se com sua melhor roupa, ou seja: Despido de toda maldade, manter os pensamentos nobres e altruísticos, valorizando cada Irmão e cumprindo com todas as regras existentes.
3º - Traje limpo, com bom aspecto, revela a personalidade de quem o usa e influenciará diretamente no relacionamento entre os participantes daquela reunião. Tomemos cuidado, pois!
4º - Aquele que é fiel no pouco será fiel no muito, aquêle que é infiel no pequeno será igualmente infiel no grande. Cuidado com os relapsos, eles não respeitam nem a si próprio!
5º - Bom seria que todos fossem responsáveis; cabe a cada um de nós criticar construtivamente, visando sempre ao progresso do Irmão imaturo cujo comportamento nos causa constrangimento.

Elegância.

1º - Como é gratificante constatarmos a elegância de um Irmão; verificar em seu comportamento a expressão de uma educação fina e irrepreensível.
2º - É um dom que vai muito além do uso correto dos talheres e que abrange bem mais do que dizer um simples obrigado diante de uma gentileza.
3º - A elegância deve nos acompanhar desde o acordar até a hora de dormir; devemos manifestá-la sempre, nos mais simples relacionamentos, onde não existam fotógrafos nem câmeras de televisão.
4º - Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece, é quem presenteia fora das datas festivas, é quem cumpre o que promete e, ao receber uma ligação, não recomenda à secretária que pergunte antes quem está falando para só depois mandar dizer se atende.
5º - Se os amigos, os Irmãos, não merecem uma certa cordialidade, os inimigos é que não irão desfruta-la. Educação enferruja por falta de uso. E, detalhe, não é frescura.
É A ELEGÂNCIA DO COMPORTAMENTO...

O Iniciado

1º - Quando vossos olhos se abriram para a verdadeira luz, uma infinidade de objetos, novos para o vosso entendimento, atraiu a vossa atenção.
2º - As diversas circunstâncias que rodearam a vossa recepção, as provas a que fostes submetidos, as viagens que vos fizeram efetuar e os adornos do templo em que vos encontraste, tudo isso reunido deveria ter excitado a vossa curiosidade, e para satisfazê-la não há outro caminho senão o da busca do conhecimento e da verdade.
3º - A maçonaria, cuja origem se perde na noite dos tempos, teve sempre por especial escopo agremiar todos os homens de boa vontade que, convencidos da necessidade de render sincero culto à virtude, procuram os meios de propagar o que a doce e sã moral nos ensina.
4º - Como esses homens desejam trabalhar nessa obra meritória com toda tranqüilidade, calma e recolhimento, reúnem-se para isso nos Templos Maçônicos.
5º - Os verdadeiros Maçons trazem constantemente na sua memória não somente as formas gráficas dos símbolos maçônicos, como, e muito principalmente, as grandes verdades morais e científicas que os mesmos representam. Sejamos então todos verdadeiros.

Livre e de bons costumes.

1º - Para que um candidato seja admitido à iniciação, a maçonaria exige que ele seja "livre e de bons costumes".
2º - Existindo os servos, durante a idade média, todas as corporações exigiam que o candidato a Aprendiz para qualquer ofício tivesse nascido livre", visto que, como servo ou escravo, ele não era dono de si mesmo.
3º - De bons costumes por ter orientado sua vida para aquilo que é mais justo, mais elevado e perfeito.
4º - Essas duas condições tornam o homem qualificado para ser maçom e com reais possibilidades de desenvolver-se a fim de tornar-se um ser perfeito.
5º - Verdadeiro Maçom é: "Livre dos preconceitos e dos erros, dos vícios e das paixões que embrutecem o homem e fazem dele um escravo da fatalidade.

O que não devo esquecer.

1º - A maçonaria combate a ignorância, de todas as formas com que se apresenta.
2º - Devo cultivar o hábito da leitura para enriquecer em conhecimento, ajudar de forma consciente todos aqueles que estão a minha volta.
3º - Estar atento e lembrar sempre a meus irmãos que um maçom tem de ter uma apresentação moral, cívica, social e familiar sem falhas ou deslize de qualquer espécie.
4º - Não esquecer: as palavras comovem, mas os exemplos arrastam! Tenho, como Maçom que sou, de servir sempre de exemplo, em qualquer meio que estiver.
5º - Lutar pelo princípio da eqüidade, dando a cada um, o que for justo, de acordo com a sua capacidade, suas obras e seus méritos.

O tronco de beneficência.

1º - Possui várias denominações, como: Tronco de solidariedade, de Beneficência, dos Pobres, da Viúva, etc.
2º - A segunda bolsa é conduzida pelo Hospitaleiro, que também faz o giro, obedecendo a hierarquia funcional; oferece a bolsa aos Irmãos sem olhar para a mão que coloca o óbolo.
3º - Contribuir financeiramente para a beneficência é um dos deveres mais sérios de todo maçom, uma vez que, junto com o seu óbolo, lança os "fluidos espirituais" que o acompanham, dando afinal muito mais que os simples valores materiais.
4º - "Mais bem aventurado é o que dá, do que o que recebe", é um preceito bíblico que deve estar sempre em nossa mente.
5º - Quando colocamos o nosso óbolo, devemos visualizar o destinatário, enviando-lhe nosso carinho e votos de prosperidade.

PENSE NISSO, E PROCURE SER UM MAÇOM DIGNO DE PERTENCER À SUBLIME ORDEM.

Fonte: JBNews - Informativo nº 238 - 23.04.2011

quarta-feira, 15 de maio de 2024

ENTRADA E SAÍDA NA LOJA

(republicação)
O Respeitável Irmão João Vanderlei da Silva, Loja Acácia Guarantaense, 2.777, REAA, GOB, sem declinar o Oriente (cidade) e Estado da Federação, apresenta a dúvida seguinte:
joaovanderleidasilva@hotmail.com

Venho solicitar que nos ajude a tirar uma duvida que nos surgiu da entrada e saída de Loja. Quando da entrada os Irmãos que irão ocupar a Coluna do Sul precisam circular o Painel da Loja ou entram em fila dupla e já tomam seus lugares sem fazer a circulação, do mesmo modo na saída depois de encerrados os trabalhos os Irmãos da Coluna do Norte precisam fazer a circulação? 

CONSIDERAÇÕES:

Ingresso no Templo antes dos procedimentos de abertura da Loja – Todos dispostos no Átrio conforme especifica o Ritual, devem ingressar sem circulação, cada qual pela sua Coluna e permanecem em pé de frente para o eixo da Loja. Os do Oriente para lá se dirigem por sua vez e diretamente ao quadrante oriental. 

A partir do momento em que o Venerável toma assento, dá um golpe de malhete e profere: Irmãos. Ajudai-me a abrir a Loja, significa que se iniciam os procedimentos de abertura. Somente a partir daí a circulação horária é obedecida. 

O que está verdadeiramente abolido até a Loja ser declarada aberta são os Sinais Penais, salvo aqueles de reconhecimento com a verificação do Primeiro Vigilante, ou de ambos conforme o Grau. 

Em resumo: até o Venerável tomar assento não existe circulação. Assim que ele solicite ajuda para abrir a Loja, procede-se com a circulação. 

Depois de encerrados os trabalhos e os Obreiros em retirada na ordem inversa da entrada, a circulação estará abolida. 

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.106 - Florianópolis (SC) – quinta-feira, 12 de setembro de 2013

PÍLULAS MAÇÔNICAS

nº 47 - Ahiman Rezon

Vamos falar de um assunto pouco comentado, mesmo porque não é do interesse dos descendentes dos ingleses fundadores da Grande Loja de Londres em 1717, que se tornou a “Loja Mãe” de toda comunidade Maçônica mundial. Ou seja, se uma Obediência quer ser reconhecida no meio Maçônico mundial, tem que ser reconhecida pela Grande Loja Unida da Inglaterra (GLUI). Apesar de que, e são pedras no sapato da GLUI, as grandes Lojas dos EUA, estão reconhecendo as Obediências com o mesmo valor da GLUI.

Ahiman Rezon foi um caprichoso nome dado por Laurence Dermott para o “Livro da Constituição” da Grande Loja dos Antigos, primeiramente publicado em 1756. Muita tinta e papel tem sido gasto para se saber a origem, o significado e a interpretação desse titulo, apesar de que atualmente não tem tido tanta importância, como teve no passado. Essa importância se diluiu com a formação da Grande Loja Unida da Inglaterra (GLUI) em 1813.

Abrindo parênteses sobre essa “união” da Grande Loja dos Antigos (1751) e da Grande Loja dos Modernos (1717), não se iludam os mais afoitos, pois o fato de que os Grãos Mestres das duas Grandes Lojas, apesar de irmãos de sangue, tenham se unido, não foi, aparentemente, um rasgo de fraternidade. O que realmente ocorreu foi que Napoleão estava nos calcanhares da Inglaterra e toda e qualquer união deveria ser feita para enfrentar o “Grande Conquistador”. Dessa união foi formada a Grande Loja Unida da Inglaterra.

Voltando ao nosso Ahiman Rezon, é interessante notar que esse titulo tem sido explicado numa grande variedade de interpretações, tais como: “A Vontade de Irmãos Selecionados”; “A Lei para Irmãos Preparados”; “Segredos de um Irmão Preparado”, etc, e nenhuma decisão satisfatória foi obtida até agora. O nome é supostamente de origem hebraica, provavelmente inspirada em alguma tradução Bíblica, na qual Dermott esteve interessado. Mas há diversas outras hipóteses.

Nicola Aslan nos revela em seu “Grande Dicionário Enciclopédico”:

“Foi esse o nome dado ao Livro das Constituições da Grande Loja dos Antigos Maçons da Inglaterra, que resultou da dissidência iniciada, por volta de 1745, pelo irlandês Laurence Dermott, autor do “Ahiman Rezon”, contra a primeira Grande Loja da Inglaterra que ele passou a chamar “dos Modernos”. Essa dissidência teve como finalidade o reerguimento da Maçonaria Britânica, que, felizmente, após varias décadas, conseguiu realizar.

O livro cuja primeira edição foi lançada em 1756 tinha, segundo o costume da época, o seguinte título prolixo e propagandístico: “Ahiman Rezon: ou um Auxílio a um Irmão; mostrando a excelência do segredo, e a primeira causa ou motivo da Instituição da Maçonaria; os Princípios da Ordem; e os benefícios que se obtém da estrita observância dos mesmos; também os antigos e novos regulamentos. Pelo irmão Laurence Dermott, Secretário”

Assim, no próprio titulo do livro, o autor dá a verdadeira interpretação de Ahiman Rezon, o seja, “um auxilio a um Irmão”.

Fonte: pilulasmaconicas.blogspot.com0

MAÇONARIA EXTROVERTIDA

Ir∴ Thiago Frasson
Agora é meio-dia, é hora de refletirmos no quanto estamos colaborando para que a Ordem sempre permaneça de pé, é hora de pensarmos se sempre que estamos em loja realizamos tudo o que deve ser feito e da maneira como deve ser. Não podemos deixar as nossas tradições se perderem tão rapidamente, devemos seguir â risca a ritualística sem deixar cada traço do rito se perder. É admirável chegar a uma loja e observar que o Venerável Mestre fàz questão de que Iodas as formalidades sejam seguidas, de que todos os cumprimentos e ações sejam executados com perfeição.

Hoje, com a abertura dos templos aos olhos dos não-maçons. podemos desmistificar alguns pensamentos e devaneios que eram alimentados desde tempos longínquos e que agora devem terminar. Mas ao mesmo tempo com essa abertura dos templos acontece um movimento de extroversão dos Irmãos, que sem perceberem, ou por pensarem já que "as portas estão abertas·', não se limitam em relatar nas suas conversas informais sobre acontecimentos que deveriam apenas ficar dentro das portas de uma Loja legalmente constituída.

Há muito notamos que a Maçonaria vem se tornando "extrovertida", cuidadosamente por alguns e displicentemente por outros. Não é raro encontrar indivíduos ("goteiras") nas ruas, que não fazem parte da Ordem, relatando fatos que só deveriam ser do conhecimento dos Irmãos. Então a atenção tem de ser redobrada e cada Irmão deve ser policiar no tocante aos assuntos discutidos sobre a Ordem.

Agora é meia noite, e feliz será o dia em que a Maçonaria, pedra perfeita, será unida universalmente, e que todos os Maçons possam depois de uma reunião, retornar aos seus lares e refletir sobre o que aprenderam naquele dia. E que as informações recebidas, mesmo que usadas para reconhecimento ou não dos Irmãos, sejam segredos que fiquem apenas com os mesmos. Será que essa apresentação vem acontecendo de forma adequada ou será que deveríamos seguir com mais cautela?

A resposta com certeza nos trará uma Arte mais apurada em sem tantos atos "extrovertidos".

Fonte: omalhete.blogspot.com

terça-feira, 14 de maio de 2024

SINAL E O INSTRUMENTO

(republicação)
Dúvida apresentada pelo Respeitável Irmão Osni Adres Lopes, Loja Fraternidade Londrinense, sem declinar o nome do Rito e Obediência, Oriente de Londrina, Estado do Paraná. - osnilopes7@hotmail.com

Solicito vossos costumeiros bons préstimos no sentido de esclarecer o seguinte: Estando a empunhar um instrumento, o Irmão não faz sinal de ordem, até porque assim o sinal ficaria "pela metade". É isso mesmo? Pois bem. E quando ao proceder a uma leitura, e para isso estiver utilizando ao menos uma das mãos? (refiro-me especificamente à abertura e encerramento dos trabalhos).

CONSIDERAÇÕES:

A questão está mesmo relacionada em não se usar um instrumento de trabalho para compor um Sinal Penal. Trocando em miúdos, significa que o Obreiro que estiver empunhando (segurando) um objeto, não faz com ele o Sinal. 

Se na oportunidade o instrumento, como é o caso da espada, estiver embainhado, o Sinal é feito normalmente com a mão (ou mãos se forem o caso). 

A questão tem se confundido por um costume de se intitular um Sinal Penal como “sinal de Ordem”. 

À bem da verdade o que existe mesmo é o ato de se “estar à Ordem”, o que significa que aquele que estiver em Loja aberta em pé e parado, estará com o corpo ereto e os pés em esquadria. Em qualquer situação nesse caso o Obreiro compõe o Sinal Penal. 

Essa regra se aplica então a todos os presentes em Loja aberta. Por exemplo, o Venerável e os Vigilantes à Ordem pousam os respectivos malhetes e compõem o Sinal na forma de costume. 

Se por dever de ofício o titular estiver empunhando (segurando) o instrumento de trabalho e não tiver como repousá-lo, ou mesmo cumprindo o que exara o Ritual, ele mantém o corpo ereto e os pés em esquadria sem fazer o Sinal, já que nessa oportunidade ele está ocupando a(s) mão(s) por dever de ofício. 

Isso geralmente acontece com o Mestre de Cerimônias e o bastão e a bolsa; com Cobridor e a espada; com o Hospitaleiro e a bolsa; com as comissões de recepção e guarda de honra, dentre outros e conforme alguns rituais. 

No caso de um Obreiro carecer de ler um texto, é recomendável que ele, com o corpo ereto e os pés em esquadria, o segure com as duas mãos. 

Se o Irmão estiver se referindo à abertura dos trabalhos da Loja no tocante a leitura do texto bíblico, esse seria o procedimento correto – segurar o Livro da Lei com as duas mãos. Não existem Sinais pela metade. 

T.F.A. PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com 
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.104- Florianópolis (SC) – terça-feira, 10 de setembro de 2013

A CONSAGRAÇÃO

Conduzido novamente ao altar diante do qual deve, como antes, postar-se em atitude coerente com a importância do ato que será realizado deve o recipiendário confirmar novamente suas obrigações, após o que o Ven∴Mestre com a espada flamejante sobre a cabeça daquele, pronuncia a fórmula da consagração, acompanhada pelos golpes misteriosos do grau. Isto feito faz com que se levante e abraça-o, dando-lhe por primeira vez o título de Irmão, dizendo ao cingir-lhe o avental:

"Recebe este avental, distintivo do Maçom, mais honroso que todas as Condecorações humanas, porque simboliza o trabalho, que é o primeiro dever do homem e a fonte de todos os bens, ele que dá o direito de sentar-vos entre nós, e sem o qual nunca deveis estar em Loja"

A espada flamejante, emblema do Magistério, e o avental de pele, que caracteriza todo maçom, são dois símbolos que merecem toda a nossa consideração.

Encontramos tanto este como aquele nos versículos 21 e 24 do terceiro capítulo do Gênesis, aonde foi dito que o Eterno fez túnicas de pele para Adão e sua mulher e os vestiu. E depois de ter expulsado o homem do Jardim do Éden "para que trabalhasse a terra" colocou no Oriente do mesmo Jardim do Éden uns querubins, que mostravam uma espada flamejante, "para custodiar o Caminho da Árvore da Vida".

É evidente que as túnicas de pele, às quais aqui se faz menção, simbolizam o corpo físico do homem, do qual se reveste a consciência individualizada (Adão) e seu reflexo pessoal (sua mulher) ao serem enviados do estado de beatitude edênica (o mundo mental ou interior) sobre a terra (ou realidade objetiva) para trabalhá-la, ou nela expressar suas qualidades divinas.

Da mesma forma, a espada flamejante que se encontra com os querubins anjos ou Mensageiros do Divino no homem no Oriente, ou origem do Mundo Mental ou interior da consciência, é um símbolo manifesto do Poder Divino, "que é poder criador" latente em todo ser humano, e que é privilégio do Magistério realizar, ou recuperar, manifestando assim as mais elevadas possibilidades da vida, cujo Caminho abre e custodia.

O avental que recebe, e com o qual se reveste todo maçom, é um emblema do próprio corpo físico com o qual vimos para trabalhar sobre a terra, com o objetivo de adquirir aquelas experiências que nos transformarão em artistas verdadeiros e acabarão por dar- nos o magistério ou domínio completo sobre nosso mundo.

A percepção deste avental, ou túnica de pele, como simples traje ou envoltório exterior, assim como da essência de nosso próprio ser, é conseqüência da visão espiritual que conseguimos através da busca da Luz, desde o Ocidente dos sentidos ao Oriente da Realidade. Mas isto não deve conduzir-nos a desprezá-lo, por ser parte integrante e necessário à perfeita manifestação do homem na vida terrestre, mediante a qual deverá ir depurando-se, escalando graus em prol de uma existência divina.

Nota do Editor - Magistério refere-se à arte de ensinar. Todo Mestre Maçom, teoricamente, seria um professor. Todavia, o manuseio da Espada Flamejante é exclusivo de Mestres Instalados e não de Mestres somente diplomados. O sentido de “Emblema do Magistério” que o autor quis dar a Espada Flamejante, possivelmente, seja pelo fato do Venerável, como representante da coluna da Sabedoria ser, de fato, o MESTRE da Loja.

*Matéria extraída do site da Sociedade das Ciências Antigas.
Uma colaboração do nosso Irmão Renato Burity

Fonte: Revista Arte Real nº 8

segunda-feira, 13 de maio de 2024

MUDANÇA DE RITUAL

(republicação)
Questão apresentada pelo Respeitável Irmão Dalmo Luiz, Primeiro Vigilante da Loja Concórdia 0368, GOB, sem declinar o nome do Rito, Oriente (cidade) e Estado da Federação, apresenta a questão que segue:
dalmo.luiz@imcopa.com.br

Em conversa com Irmão Renê da nossa Loja, informou que estão sendo elaboradas várias mudanças na ritualística. Hoje em nossa Loja o Primeiro Vigilante é que dá as instruções para os Aprendizes e o Segundo Vigilante dá as instruções para o Companheiro. Tal procedimento está correto?

CONSIDERAÇÕES:

A questão não é de nenhuma mudança na ritualística, porém o seu aprimoramento e consertos em contradições, além de algumas explicações necessárias. 

Na questão da instrução, se for o caso do Rito Escocês Antigo e Aceito, o Segundo Vigilante instrui os Aprendizes e o Primeiro os Companheiros conforme disposto do Ritual de Aprendiz em vigência – está correto! 

O Rito Escocês Antigo e Aceito é um dos Ritos que conserva na sua tradição essa regra haurida da Maçonaria Operativa, quando nos tempos dantes o Iniciado era recepcionado pelo Segundo Vigilante que o instruía nos procedimentos. 

Infelizmente na Moderna Maçonaria (Especulativa) alguns Irmãos não entendem esse costume conservado e acham que pelo Aprendiz tomar lugar na Coluna do Norte essa obrigação é do Primeiro Vigilante. 

A regra é de tradição, uso e costume, levando-se em conta de que qualquer Mestre Maçom tem o direito, ou mesmo obrigação de instruir, não importando o espaço que ele ocupe no Canteiro (Loja). 

Ainda na questão de hierarquia, também essa obrigação está dividida entre os Vigilantes – Primeiro Vigilante para os Companheiros e Segundo para os Aprendizes. 

É comum nos Ritos Maçônicos oriundos de vertentes nascidas no Hemisfério Norte encontrarmos também os Vigilantes invertidos, porém Aprendizes em qualquer situação sempre tomam assento no Norte, enquanto que os Companheiros no Sul. 

Na questão do Ritual de Aprendiz em vigência no GOB e relacionado ao Rito Escocês, a questão é bastante clara no tocante a quem instrui, muito embora as justificativas sejam as que mereçam uma correção, pois as constantes no texto (ficar de frente para os Aprendizes, por exemplo) são pobres e desprovidas de uma afirmativa acadêmica. 

Finalizando vossa questão, se vossa Loja estiver praticando o Rito Escocês Antigo e Aceito, o procedimento citado está incorreto e desrespeitando o que exara o Ritual legalmente aprovado. 

Carece ao Orador da Oficina fazer cumprir a Lei. 

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com 
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.102- Florianópolis (SC) – domingo, 08 de setembro de 2013

A MAÇONARIA NEGRA DO BRASIL IMPÉRIO

Conforme observado por Françoise Jean de Oliveira Souza e Marco Morel, no livro "O poder da maçonaria. A história de uma sociedade secreta no Brasil." A maçonaria no Brasil do século XIX carregava em si elementos próprios de modelo de sociabilidade, pois era uma sociedade de ajuda mútua, iniciática, acrescida de outros elementos como a ritualística e o segredo compartilhados por aqueles que nela ingressam.

Tínhamos aí uma espécie de “apadrinhamento maçônico”, novidade que atrairia, sobremaneira, jovens estudantes, carreiristas iniciantes, bem-nascidos, mas também homens remediados, das camadas menos privilegiadas. As possibilidades vislumbradas na maçonaria atrairiam também personagens negros importantes como Francisco Gê Acaiaba Brandão de Montezuma (1794-1870); Joaquim Saldanha Marinho (1816-1895), Luiz Gama (1830-1882), José do Patrocínio (1853-1905), André Rebouças (1838-1898) Francisco Glicério (1846-1916) Eutíquio Pereira da Rocha (1820-1880) tantos outros, cujas identidades étnicas maçônicas não nos foram reveladas.

O fato é que para esses homens negros constantemente preocupados em estarem na vanguarda das novas correntes de pensamento, tais como o republicanismo, anticlericalismo e o abolicionismo, de inspiração europeia e norte-americana, a maçonaria serviu como esteio às suas ambições. Ela aglutina pessoas com posições políticas distintas, consolidando-se como espaço para o diálogo, ambiente propício à discussão. Assim sendo, esses homens trataram logo de se incorporarem a esse formato de organização.

Segundo Margaret Jacob, o iluminismo maçônico propunha que a “igualdade natural” fosse substituída pelo mérito individual e direitos humanos. Assim sendo, seria proibido em espaço maçônico haver distinção por raça, cor, religião ou origem social entre os irmãos. Todos deveriam ser vistos como iguais e, quando iniciados à maçonaria, os irmãos deveriam abandonar as diferenças impostas pela sociedade e seguir adiante considerando tão somente os talentos e virtudes dos confrades. Sendo assim, a posição ou prestígio que, porventura, o irmão viesse a adquirir ao longo de sua trajetória maçônica dependeria estritamente de suas habilidades.

Isso permitiria que um homem desprovido de posses, fora da maçonaria, pudesse no interior do círculo maçônico ocupar cargos de prestígios, tais como o de venerável, primeiro vigilante, segundo vigilante, orador e tesoureiro. No interior da maçonaria a posição hierárquica de um indivíduo era determinada segundo os graus maçônicos, seguido de acordo com os ritos adotados por suas respectivas lojas. O rito Escocês Antigo e Aceito, trazido e difundido por Montezuma, era o mais professado.

As ordens maçônicas nos Estados Unidos impunham restrições raciais por acreditarem que os brancos eram superiores aos negros, motivo mais que suficiente para que esses homens não se cruzassem em espaço maçônico, a exemplo do que já ocorria no espaço profano. Já no Brasil os militantes da causa Maçônica não eram afastados por motivos de cor.

Muitas lojas, registrou-se a iniciação de “homens de cor”, cujas identidades raciais eram socialmente reconhecidas: Joaquim Saldanha Marinho, Francisco Paula Brito, José do Patrocínio (Loja Tradição e Virtude), Eutíquio Pereira Rocha (Loja Harmonia), Francisco Gê Acayaba Montezuma, Serafim Antônio Alves e João Cândido Soares Meirelles. Vale ressaltar a declaração pública feita pelo padre maçom Eutíquio Pereira Rocha a um desafeto: “sou um negro arrojado e atrevido".

Chama a atenção o fato de a maioria dos maçons de “cor” terem ocupado posições de relevo na organização. Luiz Gama, por exemplo, destacou-se como líder da Loja América por anos consecutivos; Ferreira de Menezes ocupou as funções de representante da loja no Rio de Janeiro e ainda desempenhou os cargos de orador e primeiro vigilante; Joaquim Saldanha Marinho encabeçou o movimento que resultou na criação da obediência maçônica do Grande Oriente dos Beneditinos, que vigorou entre os anos de 1863 a 1882; o baiano Eutíquio Pereira Rocha tornou-se uma referência na maçonaria do Pará depois de ocupar os cargos de venerável e assumir a chefia do jornal maçônico O Pelicano; Gê Acayaba Montezuma marcou a história da organização ao introduzir no Brasil o Rito maçônico Escocês Antigo e Aceito que se tornou um dos ritos mais populares. Esses maçons "de cor" estavam na vanguarda do Movimento Abolicionista, como Luiz Gama e André Rebouças e do Golpe Republicano de 1889, como José do Patrocínio e Francisco Glicério, que enxergavam o regime Monárquico como uma fase histórica do Brasil a ser superada.

Já no período pós-abolição como verifica-se nos registros de ata das Lojas, havia explícita resistência a iniciação de “homens de cor” e isso certamente colaborou para que a presença do grupo na maçonaria diminuísse sensivelmente.

O aumento de lojas maçônicas no Segundo Reinado e de iniciações modificou sensivelmente o perfil dos iniciados que passaram a ser também destacados das camadas mais empobrecidas da sociedade, especialmente depois da década de 1870. A disputa entre as ordens maçônicas provocou a abertura temporária dos templos aos grupos sociais menos abastados, culminando portanto no ingresso de “homens de cor”, nascidos livres e libertos.

No entanto, com o avanço das décadas, o desprestígio gerado pelo ingresso “descontrolado” de novos membros, na percepção dos próprios membros, levaria as ordens maçônicas a diminuírem a iniciação de grupos marginalizados"

Fonte: Maçonaria: um lugar para a sociabilidade de homens de cor, nascidos livres e libertos. Renata Ribeiro Francisco