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PERGUNTAS & RESPOSTAS

O “Perguntas & Respostas” que durante anos foi publicado no JB News e aqui reproduzido, está agora no “Blog do Pedro Juk” . Para visita-lo ou tirar suas dúvidas clique http://pedro-juk.webnode.com/ ou http://pedro-juk.blogspot.com.br

sábado, 31 de julho de 2021

SESSÃO PÚBLICA

SESSÃO PÚBLICA
(republicação)

Em 10/05/2017 o Respeitável Irmão Marcio Pelegrini, Loja Luz da Verdade, 2.678, REAA, GOB-PR, Oriente de Chopinzinho, Estado do Paraná, solicita considerações sobre o que segue:

Agradeço a atenção do Irmão e aproveito sua boa vontade para colocar mais uma questão. Assisti a uma sessão pública de estudos em uma Loja coirmã há alguns anos. Houve uma palestra de 40 minutos com a presença de profanos. 

Listo, abaixo, o procedimento que assisti:

1 - Abertura Ritualística Normal em Sessão de Aprendiz.
2 - Leitura da Ata da última sessão.
3 - Expediente e Saco de propostas e informações foram suprimidos (foi direto para Ordem do dia).
4 - Ordem do Dia: foi anunciada a palestra; o Venerável Mestre pediu que os Irmãos retirassem os paramentos; foram introduzidos o palestrante e demais visitantes; a palestra foi realizada; a palavra foi aberta para perguntas e comentários.
5 - O Templo foi coberto aos profanos e os Irmãos recolocaram os paramentos.
6 - Foi suprimido o Tronco de Beneficência e o Venerável Mestre pediu para que na retirada dos Irmãos do Templo o Hospitaleiro ficasse junto a coluna "B" recolhendo os donativos, sendo que o "tronco" ficaria lacrado até a próxima sessão.
7 - Foi concedida a palavra à bem da Ordem e do quadro em particular de modo normal.
8 - Encerramento Ritualístico Normal.
O Irmão poderia fazer a gentileza se o procedimento foi correto? Na época me foi dito que as adaptações objetivaram agilizar a sessão para focalizar no estudo. Além disso, houve um ágape após a sessão e o Venerável Mestre não quis deixar os convidados aguardando por muito tempo, por isso procedeu do modo descrito na hora do tronco de beneficência e, ainda, avisou os Irmãos para serem breves no uso da palavra.

CONSIDERAÇÕES:

1  OK.

2  OK, desde que tenha sido a da última sessão pública realizada pela Loja.

3  OK.

4  Em parte está correta. O Venerável faz a advertência que com a presença de profanos, estão abolidos os sinais; abre a Ordem do dia e comunica a finalidade da sessão. Não se tiram os paramentos. Dá-se entrada aos não iniciados. O Mestre de Cerimônias os conduz e a Loja recebe os convidados em pé – as do sexo feminino ocupam o Sul (Beleza) e os do sexo masculino o Norte (Força). Ingressam primeiro as mulheres. Encerrada a finalidade da sessão (palestra, homenagem, etc.) com a presença dos convidados, o Venerável passa a palavra nas Colunas para eventuais manifestações dos visitantes (apenas eles). O Orador faz-lhes a saudação em nome da Loja e os convidados se retiram conduzidos pelo Mestre de Cerimônias – por primeiro as mulheres, por fim os homens.

5  Como não se tiram os paramentos, o item 5 fica prejudicado.

6  A Loja aguarda a saída dos convidados em pé. Após a retirada dos não iniciados, o Venerável encerra a Ordem do Dia (volta-se a composição dos sinais) e faz circular o Tronco de Beneficência com as formalidades ritualísticas. Prevendo-se a lisura da sessão, não se lacra o Tronco. Ele é conferido na forma de costume.

7  Concedida a palavra aos Irmãos ela será somente sobre o ato que acaba de ser realizado. Usa-se objetivamente a mesma e somente se ela tiver importância inadiável. Deve-se agir com brevidade em respeito aos visitantes que aguardam na Sala dos Passos Perdidos para as despedidas e cumprimentos, ou à convivência no ágape.

8  OK.

Não se tapa o sol com a peneira sacrificando à ritualística. É importante que algum Irmão permaneça com os visitantes até o encerramento dos trabalhos e o uso da palavra seja realmente disciplinado sem o ranço dos pronunciamentos repetitivos e intermináveis.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br

MAÇONS FAMOSOS

INICIAÇÃO MAÇÔNICA DE D’ALEMBERT

JEAN LE ROND D’ALEMBERT (Paris, 16 de novembro de 1717 — Paris, 29 de outubro de 1783). Filósofo, matemático e físico francês. Participou na edição da Encyclopédie, a primeira enciclopédia publicada na Europa. A Loja “Lês Neuf Soeurs” em Paris decidiu coincidir com a cerimônia fúnebre dedicada a Voltaire, com a iniciação de Condorcet, Diderot d'Alembert e o pintor Greuze.

INICIAÇÃO MAÇÔNICA: 02 de junho de 1778 (Terça-feira).

Loja: Les Neuf Soeurs, Paris, França.

Idade: 61 anos.

Oriente Eterno: Faleceu aos 65 anos de idade, vítima de uma doença na bexiga urinária.

Fonte: famososmacons.blogspot.com

LANDMARQUES, O QUE EU PENSO A RESPEITO

LANDMARQUES, O QUE EU PENSO A RESPEITO
Hercule Spoladore – Loja de Pesquisas Maçônicas “Brasil”

A Maçonaria tem no seu acervo de palavras, no seu vocabulário de uso cotidiano uma complexa terminologia, repleta de figuras, idéias, princípios, explicações, lendas, alegorias, conceitos, sínteses filosóficas, ensinamentos, frases lapidares, etc. que se consubstanciam em termos tais como Iniciação, ritos, graus, emblemas, símbolos, Lojas, Potências, Obediências, Irmãos, Arte Real, isto só para citar alguns poucos, das centenas de vocábulos que por assim dizer, constituem uma verdadeira linguagem superposta à nossa linguagem comum se tornando especial concretizando-se assim a língua maçônica, que é semelhante à língua normalmente falada no país, mas que quando falada por maçons tem outro significado e só estes a entendem.

Esta é uma infinidade de conceitos, leis princípios aparentemente muito complexos que se imbricam como um verdadeiro quebra-cabeça, e somente são acessíveis aos Iniciados, cujas interpretações são de natureza diversa e bastante heterogênea, pois cada adepto tem a sua própria maneira de assimilar os ensinamentos de acordo com as suas concepções mais íntimas, quer sejam agnósticos, deistas ou teistas. Mas de qualquer forma esta linguagem e suas significações são o meio de comunicação e os vetores de suas mensagens, pelas quais os maçons se comunicam.

Para tornar mais democrática e livre esta busca, a Maçonaria lança mão das metáforas, das deduções, da meditação introspectiva, das analogias, e especialmente das dúvidas. Para dar ênfase especial à dúvida, a Maçonaria ensina seus adeptos a usar a Dialética que é a arte de se discutir qualquer assunto até a última gota de afirmação e contradição que ele possa oferecer. É uma maneira de se buscar, pesquisando. Para um Maçom estudioso as contradições as incongruências, as polêmicas e os assuntos ainda não esclarecidos ou resolvidos, passíveis de discussões, são o reino de seu aprendizado, que é em última análise a procura incessante de seu autoconhecimento, aliás, fato este que a grande maioria de Irmãos desconhece. Convém ressaltar que se a Maçonaria fosse matemática, isto é, com explicações, chavões muito certos, muito corretas, possivelmente ela não sobreviveria, porque ela tiraria a beleza da dúvida e atrelaria o Irmão a aceitar princípios que não poderiam ser contestados. O maçom é um contestador nato, no bom sentido.

Para complicar este interessante e lindo trajeto que o maçom percorrerá durante sua vida, ele deparará com uma série de termos, sobre os quais já se escreveram e ainda se escrevem verdadeiros tratados, muitas das vezes sem se chegar às conclusões satisfatórias tais como regularidade, potências, ecletismo, landmarques (landmarks ou lindeiros), leis, rituais etc. Nesta caminhada as vezes ele parecerá estar na “terra do faz de conta”, mas poderá usar com toda liberdade todos os recursos imagináveis quando poderá ocorrer que ele até duvide de um axioma, que como todos sabemos trata-se de uma verdade indemonstrável, a qual não terá que ser questionada ou provada, e em outras ocasiões, ele procurar outros caminhos, ele poderá até sofismar para poder ter uma pista a mais para perquirir suas verdades e acabar por provar para si que um sofisma sempre será um sofisma e baseia numa premissa falsa. Logo, não poderá um sofisma ter valor. Mas é um caminho que o maçom as vezes adota erradamente. Tais são as opções deliciosas que um Maçom inteligente tem para se encontrar. Neste trajeto místico e intelectual ele não terá que provar nada a quem quer que seja. Ele só terá que provar algo a si mesmo. Eis um dos maiores ensinamentos da Ordem.

Mas então com toda esta mixórdia como é que a Ordem sobrevive? Ora, ela sobrevive e vai muito bem. Talvez por saber adequar todos os elementos contraditórios mencionados, e por não se reger pelos princípios cartesianos que regem outras instituições afins que se dizem seculares. A Maçonaria tem a sua maneira própria de ser e isso é que a torna linda e intrigante. Não há uma metodologia ser seguida para seu estudo. É a lei do coração, da emoção que fala mais alto. Mas, não podemos abandonar a razão. Isso é muito importante, para evitar os achismos e invenções.

Dentro deste raciocínio, os tais de landmarques mencionados constituem um dos terrenos mais contraditórios e, atualmente se questiona e muito até que ponto eles tenham algum valor real para a Maçonaria moderna. Se formos analisá-los, já de início, teremos dificuldades para escolher qual a classificação que abordaremos para estudo, pois existem mais de sessenta. Qual a verdadeira? Qual merecerá ser levada a sério? A de Albert Gallatin Mackey? Porque? A classificação dele está repleta de incongruências.

Temos até uma classificação de um maçom brasileiro com 14 artigos, ou seja, a de Joaquim Gervásio de Figueiredo. Existem ainda entre as inúmeras classificações as de Albert Pike, Bob Moris, Jean Pierre Berthelon.

Segundo Castellani os landmarques de um modo geral deveriam ser reduzidos a quatro artigos, que seriam as regras principais usadas pela Maçonaria Operativa.

Costuma-se citar que os landmarques ou lindeiros são oriundos dos manuscritos antigos também chamados de Old Charges. São apenas apresentados como provindos daqueles documentos, pois não havia landmarques na Maçonaria Operativa. Logo, eles não existiam. Foram inventados, não resta a menor dúvida. Comparando-se o que se lê nestes documentos antigos, ou seja, nos Old Charges ou Antigas Obrigações ou Manuscritos e o que se pratica na Maçonaria que atualmente professamos há apenas alguma semelhança vaga com relação aos nossos caminhos atuais. O conteúdo de um dos mais importantes, talvez o maior em importância, o Poema Régio, não vemos como encaixar dentro daquilo que está escrito, na maioria dos artigos da classificação de Mackey e de outros autores, ou mesmo com o que praticamos na Maçonaria atual.

Tomamos os landmarques de Albert G. Mackey como referência, feito por um americano para americanos. Ressalte-se que maioria das 50 Grandes Lojas Americanas nem se manifestaram a respeito deles.

Entretanto, muitos brasileiros os tem como verdades imutáveis, como se fossem uma verdadeira bíblia. Ressalte-se mais uma vez que existem mais de sessenta classificações de landmarques espalhadas pelo mundo afora.

Modernamente a Maçonaria inglesa adota oito princípios, que são suas regras particulares, adequados a ela como potência que não são landmarques, mas, que são princípios próprios da Grande Loja Unida da Inglaterra. Ela não adota os chamados landmarques.

Seria muito mais inteligente e sincero admitirmos que os ingleses no início da fase especulativa da Ordem, quando criaram a união de Lojas que antes eram livres, e inventaram o termo “Obediência” tiveram que elaborar uma espécie de estatuto para, evidentemente colocar ordem sobre os maçons e lojas sob o comando da Grande Loja de Londres. E estes estatutos ou constituições ou enumeração de deveres e direitos foram baseados nos estatutos das corporações de ofício, e das guildas que já existiam, e principalmente nos estatutos destas corporações, verdadeiras precursoras dos atuais sindicatos e cooperativas, pois os landmarques têm muito mais a ver com estes estatutos do que com os Old Charges. É só ler esta documentação e compara-la, que teremos a evidência desta afirmação. São obrigações e direitos.

E assim nasceu o termo “landmark, ” inventado por George Payne em 1720, aparecendo pela primeira vez quando ele compilou o Regulamento Geral da Maçonaria Inglesa. No Brasil chamam-se landmarques. Anderson em sua Constituição de 1738, menciona o termo pelo menos duas vezes.

Interessante que o conceito de landmarque que temos é que seria uma lei, um marco, uma linha intransponível, que todo maçom não deveria transpô-la, mas que no dia a dia, o que vemos é justamente a transposição deste limite, especialmente pelos dirigentes das potências. Em seu nome mudam-se rituais, ocorrem cisões na Ordem, expulsam-se Irmãos, outros são chamados de irregulares, perjuros e outros tantos epítetos. Os landmarques ajudam muito hoje em dia, esta autofagia maçônica, pois são muito invocados pelas autoridades maçônicas a todo instante quando querem punir algum Irmão ou uma Loja que não siga a linha política do seu Grão-Mestre.

Enfim, na realidade landmarque é uma palavra mágica. Serve para tudo e não serve para nada. Depende de quem a manipule.

Todavia, como se fosse uma verdadeira bíblia faz parte do contexto maçônico como tantos outros segmentos da Ordem que atualmente não teriam mais razão de ser. Poderemos aboli-los pura e simplesmente? Talvez não. Se tirarmos os landmarques, da Ordem teremos que repensar e retirar outras lendas outros segmentos esdrúxulos que até então temos sido obrigados a aceita-los. Valeria a pena? Possivelmente não. Estaríamos destruindo em parte uma das nossas fantasias mais bonitas. É uma das peças de toda a terminologia maçônica atual. É bonito pronunciar esta palavra.

Nós, entretanto, arriscaríamos a colocá-los como folclore maçônico. Argumentemos. Oque é folclore? Entre as várias definições uma delas é o estudo e conhecimento das tradições de um povo, expressas nas suas lendas, crenças canções e costumes. Achamos que ficaria bem, pois estaríamos ainda que, sem razão, pois eles não existiam, mas estão romanticamente ligados à Maçonaria Operativa a qual sempre os entendidos a invocam como tradição ligada às chamadas lendas antigas o que agrada a todos, pois dá aquela sensação de antigüidade. E já é uma situação que data desde os primeiros anos da Maçonaria Obedencial, ou seja, quando criaram a chamada potência tendo, portanto, uma duração de mais ou menos três séculos. Não será fácil simplesmente aboli-los. Vamos, pois, considera-los, como se fossem uma tradição, pois já faz tanto tempo que foram inventados. Coloca-los como folclore, fica ameno e romântico, não os destrói. Se lermos estas classificações de landmarques que existem no mundo maçônico e os acharmos folclóricos não teremos compromisso com a veracidade daqueles enunciados, os quais são na sua maioria contraditórios, pois cada autor afirma o que quer, e ainda todos aqueles textos entremeados de muitos deveres direitos e ameaças de punições se porventura, infringirmos aquilo que se considera como os seus famosos limites intransponíveis. Se os acharmos folclóricos, vamos ter a sensação ou a ilusão de estarmos tendo acesso a relatos muito antigos e que nossa Ordem é milenar, e esta fantasia faz muito bem a maioria dos maçons. Então, porque destruí- la?

Entretanto, não esqueçamos que a Maçonaria como qualquer organização, como qualquer firma, tem que ter regras e princípios para seu perfeito funcionamento, e no caso, boa parte destas regras são baseadas em regras antigas da organização que foram sendo modificadas com o passar do tempo, adequadas à modernidade.

Hercule Spoladore
Loja de Pesquisas Maçônicas Brasil – Londrina –PR^

Fonte: Revista Triponto nº 1

sexta-feira, 30 de julho de 2021

S∴ S∴S∴ - SIGNIFICADO

S.∴S∴ S∴ - SIGNIFICADO
(republicação)

Considerações que solicita o Respeitável Irmão Alisson Marcos, Loja Acácia do Sudoeste, GOB-PR, Oriente de Francisco Beltrão, Estado do Paraná 
Contato: alissonmarcos82@gmail.com

A significação das três letras acima tem sido deturpada pela maioria dos Irmãos. Alguns a traduzem por "saúde, saúde, saúde" e outros por "salve, salve, salve". Nem uma nem outra cousa. As três letras significam as três colunas do Templo que assim se escreviam em latim: “SAPIENTIA, SALUS, STABILITAS” Em outras palavras: a Sabedoria (Sapientia) que é o Venerável Mestre; a Força (Salus) que é o 1º Vigilante; e a Beleza (Stabilitas, ou "estabilidade moral" ou beleza moral) que é o 2º Vigilante. Em um Templo inteiramente composto se vêm, por isso, as três colunas de Minerva, de Hércules e de Vênus. Isto é, a Sabedoria, a Força e a Beleza, ou Sapientia, Salus, Stabilitas, representadas por S∴S∴S∴. Resta lembrar a todos os Maçons que praticam o R∴E∴A∴A∴ que, estas palavras são pronunciadas com vigor ao encerrar a cadeia de União e apostas no início de documentos maçônico. Ao contrário de muitos Maçons que por desconhecerem o ritos existentes e suas origens, usam de forma errônea as palavras “S∴F∴U∴”.que significam, “Saúde, Força e União”. Estas palavras nunca pertenceram e não pertencem ao R∴E∴A∴A∴, e sim ao Rito.de Emulação (York), portanto jamais devem ser usadas e pronunciadas no Rito Escocês Antigo e Aceito. Os que assim o fazem se expõe ao ridículo perante outros que tem o conhecimento da origem e de que rito que ambas pertencem.

CONSIDERAÇÕES:

S∴S∴S∴ - Corresponde a uma dentre tantas tríades de saudação usadas pela Maçonaria e, no sentido do termo, herdada da fase transitória da nossa Ordem. Destas, “Sabedoria, Saúde e Estabilidade”, é uma saudação que está abreviada em latim – “Sapientia, Salute (Salus), Stabilitate (Stabilitas)”.

Sapientia – Sapiência. Em português como substantivo feminino revela a qualidade de ser sapiente (sábio) – de “saber” do latim sapere = conhecer, ter juízo, designa o caráter do que é dito ou pensado sabiamente; o saber, a doutrina da totalidade do conhecimento adquirido; o juízo, a retidão, a justiça. Também está relacionado à sabedoria divina. Como adjetivo, do latim sapiente, é o conhecedor das coisas divinas e humanas, também o sabedor, o sábio, o erudito. Veja ainda o termo sapientíssimo muito usado no tratamento maçônico (do latim sapientissimu), superlativo abstrato do que é sapiente e sábio.

Salute – Salus - (salvação, conservação da vida) – Saúde palavra tomada como substantivo feminino, em português exprime o estado do que é sadio ou são. Força, robustez, vigor. Como interjeição expressa o sentido de ter saúde excelente. Tomada ainda mais uma vez por interjeição, porém como a palavra “Salve” (do latim salve – segunda pessoa singular do imperativo presente de salvere – passar bem, ter saúde), manifesta o desejo de quem saúda alguém. O sentido de salvação possui também elo com a influência religiosa de tempos passados na Maçonaria (salvação da alma). É também o voto, ou a saudação feita em solenidade, bebendo a saúde de alguém; o brinde. As saúdes, ou os brindes, votos, ou saudações estão presentes nas Sessões de Loja de Mesa em Maçonaria.

Stabilitate – Stabilitas - Estabilidade. Em português como substantivo feminino indica a qualidade do que é estável. Exprime firmeza, solidez, segurança. Como saudação a tríade é também tomada com desejo expresso numa correspondência de um maçom dirigida para outro; nesse caso, uma forma bastante usada é S∴S∴S∴ que significa Salus, Sapientia, Stabilitas, (Saúde, Sabedoria, Estabilidade).

Em última análise, devo alertar que a saudação e o seu conteúdo não são de origem ou propriedade maçônica, cabendo, nesse sentido o esclarecimento de que muitas vezes a Maçonaria se fez, ou se faz valer de expressões hauridas da diversidade das manifestações do pensamento humano, sobretudo a partir do Século XVIII.

A despeito dessas considerações, a tríade que compõe um dos pilares da moral maçônica é a alegoria da “Sabedoria, Força e Beleza” e não pode ser confundida com a tríade que evoca a saudação (S∴S∴S∴).

A alegoria “Sabedoria, Força e Beleza” está composta na Tábua de Delinear dos trabalhos ingleses, presentes nas Lições Prestonianas.

Alguns autores tentam fazer uma ginástica mental associando os vocábulos pelo fato de que o Venerável, emissário simbólico da Sabedoria, é representado classicamente pela a ordem grega de arquitetura Jônica.

Assim também equivocadamente fazem comparação com o vocábulo “saúde” no que designa o que é sadio, forte e robusto para o Primeiro Vigilante. Isso não é verdade, pois o termo se enquadraria melhor na estabilidade, na solidez e na segurança o que atribui também de forma clássica à ordem grega de arquitetura Dórica que simboliza a Força. 

Por fim, e de maneira também enganosa querem outros agregar o pilar da Beleza do Segundo Vigilante com a estabilidade. Ora, esse pilar é bem representado pela ordem grega de arquitetura Coríntia e complementa a Sabedoria e a Força, já que a estabilidade e a solidez da moral maçônica estão estabelecidos no equilíbrio de se ser sábio, se ser forte e se ser belo. 

Uma virtude sempre complementará a outra e nunca subsistirá pela falta de uma delas - Sabedoria, Força e Beleza. 

Na Tábua de Delinear (assim é chamado o painel na Inglaterra “Tracing Board”) se apresentam alegoricamente esses três pilares e em cada um deles estão presentes respectivamente três letras – “W, S, B”. Wisdom = sabedoria; Strong = força, forte, resistente; Beauty = beleza.

Como se pode notar, as tríades são completamente distintas, daí não se confundir os dísticos “Sabedoria, Força e Beleza” com “Saúde, Sabedoria e Estabilidade”. 

A título de ilustração esse equívoco horroroso, por exemplo, aparece em certos dicionários como o “Dicionário Ilustrado de Maçonaria” de Sebastião Dodel dos Santos, na página 218, onde o autor cita equivocadamente que a saudação S.'.S.'.S.'. significa Sabedoria, Força e Beleza. 

Há também que se precaver contra certos endereços eletrônicos, pois, sem subestimar a Internet que concentra, sem dúvida, um grande avanço nas comunicações globais prestando inestimável serviço à cultura e educação, entretanto, não raras vezes, também é um repositório de lixo e escritos contra a cultura.

Nas considerações finais devo salientar alguns tópicos citados pelo Irmão que devem ser repensados: Na Inglaterra não se adotam ritos, esse termo não é aplicado na Maçonaria Inglesa, daí não é Rito de Emulação, porém Trabalho de Emulação, dentre outros existentes na Grã Bretanha; Saúde, Sabedoria e Estabilidade não é apanágio da Maçonaria Britânica; Saúde, Força e União é uma saudação mais própria da Maçonaria Francesa (latina) e nunca do Trabalho de Emulação que, diga-se de passagem, também não é o Rito de York; a Cadeia de União feita no Rito Escocês Antigo e Aceito (rito que é filho espiritual da França), somente é composta para a transmissão da Palavra Semestral, não existindo nela orações, preces, pedidos de melhoras e outras coisas do gênero; também nela não se faz qualquer saudação, seja ela Saúde, Força e União; Saúde, Sabedoria e Estabilidade; Saúde, Força e Beleza, etc., etc. 

Ratifico, não existe esse procedimento no Rito Escocês. Quando da necessidade para que seja composta a Cadeia para a Transmissão da Palavra Semestral os Obreiros, após o encerramento dos trabalhos, assim o fazem reunidos em forma de círculo, dão-se apenas às mãos na forma de costume e procede-se a transmissão. 

Estando a palavra correta, simplesmente se desfaz a Cadeia sem quaisquer outras delongas e procedimentos que envolvam prece, pronunciamento, oração, gestos, ou outros artifícios desnecessários. 

Outros atos que não estão previstos no ritual em vigência no GOB para o rito em questão é puro enxerto do faz de conta e devem ser rigorosamente extirpados e coibidos.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 504 Florianópolis (SC) 14 de janeiro de 2012.

EXEMPLO DE ATITUDE MAÇÔNICA

EXEMPLO DE ATITUDE MAÇÔNICA

Em14/01/1869, o nosso Ir∴ Maçom, então Marquês de Caxias, oficiou ao Imperador D. Pedro II o fim da Guerra do Paraguai.

O Imperador e o Comando da Tríplice Aliança não aceitaram aquela decisão.

Ordenaram ao velho Marechal que continuasse a guerra até a liquidação total do Paraguai e a captura do ditador Solano López. 

Expressão do nosso Ir∴ 

"Não serei coveiro de mulheres e crianças, demito-me do Comando das tropas. López jamais se entregará vivo, e, para matá-lo, teremos de liquidar com o que restou do povo paraguaio, até chegar a ele. O Exército paraguaio não existe mais, e eu só combato tropas! Sou um soldado e não um assassino de mulheres e crianças".

Nota:

O Conde d'Eu, genro do Imperador, o substituiu no Comando das Tropas Brasileiras. (Fonte: A República dos Bugres, de Ruy Reis Tapioca, pg 317)

Fonte: JBNews nº 138 - 12/01/2011

quinta-feira, 29 de julho de 2021

SESSÃO CONJUNTA: INSTALAÇÃO E MAGNA FESTIVA

SESSÃO CONJUNTA: INSTALAÇÃO E MAGNA FESTIVA
(republicação)

Questão apresentada pelo Respeitável Irmão Antonio Raia, GOB, sem declinar o nome da Loja e o Oriente.
antonio_raia@hotmail.com

Não havendo ainda no GOB livros que nos oriente quanto à ritualística, tomo a coragem de vos solicitar ajudas para melhor orientar aqueles que vamos ensinar. Fomos convidados para uma Sessão Magna de Instalação e Posse, conjugada com uma Sessão Magna festiva de aniversário da Loja, e nos deparamos com estes fatos; A instalação foi musicada nos graus 1, 2, e 3. Sabendo-se que em CM não deve haver musica, (o Ritual de Mestre não fala de musica), e aí tenho duvida. Como devemos fazer? Após a Instalação, saímos todos do Templo e adentramos novamente para a Sessão festiva de aniversário, a qual foi aberta e fechada com golpe de malhete. Pode ser feito assim? Mesmo justificando devido ao adiantado da hora?

CONSIDERAÇÕES:

Se no ritual em vigor não está previsto música (harmonia), evidentemente ela não pode ser produzida, inclusive se deve observar o que exara o ritual de Instalação e Posse do Grande Oriente do Brasil. O que não está previsto não pode ser inserido. Ritual é para ser cumprido na forma como está aprovado.

Quanto a Sessão Magna Festiva penso eu que nem deveria existir após o encerramento do cerimonial de Instalação. Uma Sessão Maçônica só pode ser assim considerada com a abertura e encerramento da Loja na forma de costume e de acordo com um ritual previsto.

T.F.A.
PEDRO JUK
jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 498 Florianópolis (SC) 08 de janeiro de 2012.

FRASES ILUSTRADAS

 

A LENDA DO PELICANO

A LENDA DO PELICANO
Autor: Irmão João Anatalino

Conta uma lenda medieval que um pelicano saiu de seu ninho em busca de comida para os seus recém-nascidos filhotes. Não notou que por perto se escondia um predador, só esperando a sua ausência para atacar o ninho.

Mal o pelicano desapareceu no horizonte, o danado atacou os coitadinhos, que ainda não tinham aprendido a voar e nem a se defender. O predador devorou a todos, só deixando como sobra as pequeninas ossadas com as penas que mal começavam a despontar.

Quando o pelicano voltou ao ninho viu a tragédia que ocorrera. Atirando-se sobre os corpos dos filhos chorou horas e horas, até que suas lágrimas secaram.

Sem mais lágrimas para chorar pelos filhos mortos, começou a bicar o próprio peito, fazendo verter sobre o corpo dos pequeninos o sangue que jorrava dos ferimentos que ele mesmo provocara com aquela mutilação. No seu desespero não percebeu que as gotas do seu sangue, pouco a pouco iam reconstituindo a vida dos seus filhos mortos. E assim, com o sangue do seu sacrifício e as provas do seu amor, a sua família ressuscitara.

SÍMBOLO DE AMOR E SACRIFÍCIO

Provavelmente foi a partir dessa lenda que o pelicano se tornou um símbolo de amor e sacrifício. Durante a Idade Média eram vários os contos e tradições em que esse pássaro aparecia como representação da piedade, do sacrifício e da dedicação á família e ao grupo ao qual se pertencia. Essa terá sido também, a razão de os cátaros, os rosa-cruzes, os alquimistas e outros grupos de orientação mística o terem adotado em suas simbologias.

Para os alquimistas o pelicano era um símbolo da regeneração. Alguns operadores alquímicos chegaram inclusive a fabricar seus atanores ― vasos em que concentravam a matéria prima da Obra ― com capitéis que imitavam um pelicano com suas asas abertas. Tratava-se de captar, pela imitação iconográfica, a mesma mágica operatória que a ave possuía, ou seja, aquela capaz de regenerar, com seu próprio sangue, os filhotes mortos.

Os rosa-cruzes em sua origem, em sua maioria eram alquimistas. Daí o fato de terem adotado o pelicano como símbolo da capacidade de regeneração química da matéria não é estranho. E é compreensível também que em suas imaginosas alegorias eles tenham associado essa simbologia com aquela referente ao sacrifício de Cristo, cujo sangue derramado sobre a cruz era tido como instrumento de regeneração dos espíritos, medida essa, necessária para a salvação da humanidade. Daí o pelicano tornar-se também um símbolo cristão, representativo das virtudes retificadoras do cristianismo, da mesma forma que a rosa mística e a fênix que renasce das cinzas[1].

OS CÁTAROS

Porém, quem mais contribuiu para que o pelicano se tornasse um símbolo místico por excelência foram os cátaros. Os sacerdotes dessa seita, que entre os séculos XI e XII se tornaram os principais opositores da Igreja Católica na Europa, chamavam a si mesmos de “popelicans”, termo de gíria francesa formado pela contração da palavra pope (papa) com pelican (pelicano). Significa, literalmente, “pais pelicanos”, numa contra facção com os sacerdotes da Igreja Católica que eram considerados os predadores da lenda(no caso uma serpente, como conta Leonardo da Vinci em sua versão da lenda[2].

De certa forma, os cátaros, com suas tradições místicas e iniciáticas, se tornaram irmãos espirituais dos templários e antecessores dos rosa-cruzes e dos maçons. Condenados pela Igreja Romana por suas idéias e práticas heréticas, eles foram exterminados numa violenta cruzada contra eles movida pela Igreja em meados do século XIII[3].

Os cátaros chamavam a si mesmos de filhos nascidos do sacrifício de Jesus. Eles diziam possuir o verdadeiro segredo da vida, paixão e morte de Jesus, que para eles não havia ocorrido da forma como os Evangelhos canônicos divulgavam. Na verdade, eles não acreditavam na divindade de Jesus nem na sua ressurreição, mas tomavam tudo como uma grande alegoria na qual a prática do exemplo de Cristo era a verdadeira medicina da ressurreição. E dessa forma eles a praticavam, sacrificando a si mesmos em prol da coletividade a qual serviam. Dai serem eles mesmos pelicanos[4].

O CAVALEIRO DO PELICANO

A Maçonaria adotou a lenda do pelicano por influência das tradições rosa-cruzes que o seu ritual incorporou. Por isso é que encontraremos, no grau 18, grau rosa-cruz por excelência, o pelicano como um dos seus símbolos fundamentais. O próprio título designativo desse grau é o de Cavaleiro do Pelicano ou Cavaleiro Rosa-Cruz.

O Simbolismo do pelicano é uma alegoria que integra, ao mesmo tempo, a beleza poética da lenda, o apelo emocional do mistério alquímico e o romanticismo do sacrifício feito em nome do amor. Tanto o Cristo quanto a natureza amorosa vertem seu sangue para que seus filhos possam sobreviver. José de Alencar, grande expressão do romanticismo brasileiro utilizou esse tema em um de seus mais conhecidos trabalhos, o poema épico Iracema. Nesse singelo poema a índia Iracema, sem leite em seus seios para alimentar Moacir, o filho dos seus amores com o português Martim, rasga o próprio seio e o alimenta com seu sangue. Assim, o filho da aborígene com o colonizador torna-se o protótipo do homem que iria povoar o novo mundo, a “nova utopia”, a civilização renascida, fruto da interação da velha com a nova civilização. Seriam esses “filhos renascidos” do sacrifício da sua mãe que iriam, na visão do escritor cearense, mostrar ao mundo uma nova forma de viver.

Tudo bem maçônico. A propósito, José de Alencar também era maçom[5].

NOTAS

[1] – Símbolos também muito caros à Maçonaria.
[2] – Leonardo da Vinci também reconta essa estória, que segundo alguns autores, seria uma fábula de Esopo.
[3] – BAIGENT, Michael, LEIGH, Richard, LINCOLN, Henry. The Holly Blood and The Holly Grail, Ed. Harrow, Londres, 1966. Veja também a nossa obra Conhecendo a Arte Real, Madras São Paulo, 2007
[4] – Veja no romance O Pêndulo de Foucalt, de Humberto Ecco, um interessante jogo de palavras com esse termo e o segredo dos templários.
[5] – Em outra de suas obras indigenistas José de Alencar faz do seu herói, o índio Ubirajara, um verdadeiro cavaleiro medieval numa santa cruzada em defesa da honra, da coragem e da perfeição moral. Isso mostra o quanto a Arte Real influenciou o trabalho desse grande escritor brasileiro

Fonte: https://opontodentrocirculo.com

quarta-feira, 28 de julho de 2021

PRÁTICAS SIGILOSAS DO MESTRE E O LUGAR DO PAVILHÃO NACIONAL NA LOJA

PRÁTICAS SIGILOSAS DO MESTRE E O LUGAR DO PAVILHÃO NACIONAL NA LOJA
(republicação)

Em 10/05/2017 o Respeitável Irmão Gilberto Martins da Rocha, Loja Fraternidade Carmelitana, 2.185, REAA, GOB-MG, Oriente de Carmo do Rio Claro, Estado de Minas Gerais, solicita os seguintes esclarecimentos:

No ritual de aprendiz, página 22, diz que à direita do trono do Venerável Mestre ficam a Bandeira do Brasil e a Bandeira do GOB Estadual, e à esquerda a Bandeira do GOB e o Estandarte da Loja.
Já no ritual de mestre, página 18, diz que ficam à direita a Bandeira do Brasil e o Estandarte da Loja, e à esquerda a Bandeira do GOB e a Bandeira do GOB Estadual.
Queremos crer que se trata apenas de um erro de impressão. Se nossa avaliação estiver correta, qual das duas posições está certa?
Na página 132, do ritual de Mestre, logo após o Respeitabilíssimo Mestre informar a palavra sagrada, tem no parágrafo seguinte (Depois de vos fazerdes conhecer...) uma instrução que não conseguimos entender. Gentileza explicar como se faz e o que significa.

CONSIDERAÇÕES:

Quanto à primeira parte da questão, é realmente um erro de impressão. O Pavilhão Nacional fica à direita do Venerável Mestre que fica voltado para o Ocidente. Assim, a bandeira do GOB, por consequência, fica à sua esquerda e à direita do Estandarte da Loja.

No que diz respeito à segunda parte da questão, esse tem sido um procedimento muito pouco explicado, mas de grande importância, sobretudo para que os Mestres não formem aleatoriamente a G∴ sem que antes seja observada a prudência necessária antes de executá-la.

O que está errado no ritual - isso para não fugir a regra - é texto que nele está escrito. Vou demonstrar onde se encontra a contradição, mas usando de abreviaturas maçônicas pelo que espero possa haver entendimento, ao tempo que eu não seja crucificado pelos puristas de plantão.

Assim, no texto está escrito: “(...) com a m e\ sobre a c, form uma e Faz-se depois a g (...)”.
Leia-se então: “(...) com a m e sobre a c, form\ com os pés uma e Faz-se depois a g (...)”. O que faltou na frase é o que está grifado e em negrito. Penso que agora faça sentido o procedimento.

Embora pouco divulgada, essa é uma regra de prudência para o telhamento e que antecede o questionário para a formação dos C∴ PP∴ PP∴ da Maç∴ que é o T∴ do Mestre. Esse questionário é feito e respondido pelos protagonistas com as suas mãos direitas dadas em forma de g.'., mas não sem antes de se certificar se quem está sendo verificado é realmente possuidor do grau de Mestre Maçom.

Deste modo, a primeira verificação do Mestre é a que consta na página 132 do ritual e que ocorre logo após a comprovação pelo grau do Companheiro.

No rigor da tradição, o T∴ do Mestre é composto pelos C∴ PP∴ PP∴ como vai descrito na página 133 do mesmo ritual e não só pela g.'. que é um dos C∴ PP∴ PP∴ É só depois que se completam os C∴ PP∴ que é transmitida a Pal∴ Sagr

De toda a prudência que envolve os segredos do Mestre, a primeira é a cautela para que não se forme a g∴ com alguém que não seja comprovadamente um Mestre Maçom.

Como mais um elemento contraditório do ritual em vigência, na pagina 40, ao descrever o T∴, aparece ao final da explicação uma variação que volt∴ os ppul∴ por t∴ v∴ Isso é outra invenção que não deveria nem estar no ritual, pois a mesma atenta contra toda a prudência aplicada na execução dos C∴PP∴ PP∴ e a transmissão da Pal∴ Sagr∴ Esse é um exemplo do famoso “jeitinho” de burlar a tradição e satisfazer as mentes preguiçosas.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br

MINUTO MAÇÔNICO

DEGRAUS

1º - Em Maçonaria, são os degraus da escada do conhecimento e das virtudes necessárias para atingir a Sabedoria.

2º - Assim, para alguém passar do Ocidente para o Oriente, precisa subir por quatro degraus, cujo significado simbólico é: Força, Trabalho, Ciência e Virtude.

3º - Aquele que pretende alçar-se até o trono do Venerável, ou o trono da Sabedoria, precisa subir mais três degraus que são: Pureza, Luz e Verdade.

4º - Esotericamente, eles representam as três etapas da vida: juventude, madureza e velhice.

5º - De acordo com Plantagenet, os sete degraus que devem ser galgados pelo Mestre, representam sete Virtudes maçônicas e simbolizam: a Lealdade, a Coragem, a Paciência, a Tolerância, a Prudência, o Amor e o Silêncio.

Fonte: http://www.cavaleirosdaluz18.com.br

QUEM É MEU IRMÃO?

QUEM É MEU IRMÃO?
Autor: Ir∴ Valdemar Sansão • M∴ M∴

“Senhor, se meu Irmão pecar contra mim, quantas vezes eu deverei perdoar-lhe? Até sete vezes? – Disse-lhe Jesus: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete” (Mat. l8:21-22)

É sabido que só os Irmãos de sangue possuem características comuns que conduzem ao afeto sólido e desinteressado, cultivando o amor familiar.

A Maçonaria resolveu sugerir aos seus iniciados o tratamento cordial e afetuoso de “irmão”, que o receberam com todo o agrado, sem nenhuma restrição, passando a ser uma norma obrigatória nos diversos Corpos da Instituição.

Já no Poema Regius, também chamado de “Manuscrito de Halliwell’ do ano de 1390, o mais antigo que se conhece, recomenda o tratamento de “caro irmão” entre os maçons. Por isso o tratamento de Irmão dado por um Maçom a outro, significa reconhecimento fraternal, como pertencente à mesma família. De fato, traduz uma maneira de proceder muito afetiva e agradável a todos os corações dos que militam em seus augustos Templos. Assim passaram os iniciados ao uso desse tratamento em todas as horas, quer no mundo profano, quer no maçônico. Há um certo grau de satisfação quando nas Lojas maçônicas, partilhamos de momentos gratificantes de bem estar espiritual para o convívio em união. É na verdade uma extensão da nossa própria família e os laços de amizade e fraternidade ali estabelecidos, só poderão ser comparados aos do mesmo sangue.

A essência da Fraternidade é o amor; os maçons dedicam muito amor uns para com os outros; é essa prática que funde o sangue para que haja no grupo uma só criatura.

O bem-querer, a tolerância e a Fraternidade dentro da Loja transformam o homem em criatura dócil, espontânea e fiel, apta a desempenhar a cidadania no mundo profano.

A rigor, o amor fraternal deveria estender-se a toda a humanidade; no entanto, ainda não estamos preparados para isso.

Fisiologicamente, os Irmãos provindos dos mesmos pais são denominados de “germanos”, que em latim significa “do mesmo germe”. Na Maçonaria não há esse aspecto; porém, a Fraternidade harmoniza os seres por meio da parte espiritual; diz-se que os maçons são Irmãos porque provêm da mesma Iniciação, os mesmos modos de reconhecimento e foram instruídos no mesmo sistema de moralidade; morrem na Câmara da Reflexão para renascerem produzidos ou procriados por meio do germe filosófico que transforma integralmente a criatura, refletindo-se no comportamento posterior.

Os Maçons, qualquer que seja o seu grau, dão-se o tratamento de Irmão. Este tratamento existe em todas as sociedades iniciáticas e nas confrarias, onde o seu significado é a condição adquirida com a participação de um mesmo ideal baseado na amizade. É o tratamento que se davam entre si os Maçons operativos.

Além da amizade fraternal que deve uni-los, os Maçons consideram-se irmãos por serem, simbolicamente, filhos da mesma mãe, a Mãe-Terra, simbolizada pela deusa egípcia Ísis, viúva de Osíris, o Sol, e a mãe de Hórus. Assim os Maçons são, também, simbolicamente, irmãos de Horus e se autodenominam Filhos da Viúva.

Os membros de nossa Ordem são estimulados a praticarem um modo de vida que produza um nível elevado em suas relações com seus Irmãos, assim como, com toda a humanidade. Em outras palavras, é preciso não perder o significado e emprestar dignidade à expressão IRMÃO, desprezando as futilidades mundanas e amando o próximo; que cada um de nós se torne útil segundo as capacidades e os meios que o Grande Arquiteto do Universo nos colocou nas mãos para nos provar; que o forte e o poderoso devem apoio e proteção ao fraco, pois aquele que abusa de sua força e de seu poder para oprimir seu semelhante faz desaparecer o sentimento da personalidade.

Quando os homens tiverem se libertado do egoísmo que os domina, viverão como irmãos, não se fazendo nenhum mal, ajudando-se mutuamente pelo sentimento natural da solidariedade; então o forte será o apoio e não opressor do fraco, e não se verão mais homens desprovidos do indispensável para viver, porque todos praticarão a lei da justiça.

Para melhor descrevermos a importância do tratamento “Irmão”, é preciso mencionar a egrégora, atuação da força-pensamento coletiva de pessoas reunidas num local, emitindo vibrações fortes e idênticas, pensamentos da mesma natureza, animado de força boa ou má, conforme o gênero dos pensamentos emitidos. Cada Loja possui a sua egrégora. Em muitas Lojas se forma uma antiegrégora. É quando os Irmãos lá vão para aparecer, disputar primazia, brigar, discutir cargos, assumir a postura divina de donos da verdade, etc.

Membro ativo é o maçom que frequenta assiduamente a Loja e cumpre com as obrigações estatutárias. A Loja conta com a presença assídua de seus associados. É dever do maçom dar assistência à sua associação, sob pena de enfraquecê-la e até adormecê-la.

Membro adormecido é o maçom que deixa de frequentar a Loja, licenciado ou eliminado, com a chance de sempre poder retornar à frequência.

Outro elemento de vida e valor que deve ser observado e ocorre com muitos Maçons em Lojas e Potências podemos chamá-lo “chorão”. É o que vê a vida como um terremoto: o chão ameaçando a abrir, o mundo caindo sobre ele. Corre desesperado para lugar algum ao encontro do nada. Não devemos receber esses estados depressivos, com a idéia de que estaremos ajudando o Irmão a
carregar seu fardo.

A rigor, o amor fraternal deveria estender-se a toda a humanidade; no entanto, ainda não estamos preparados para isso.

Há, também, o “desagregador”, criador da discórdia e do sofrimento. Sua atmosfera mental fica carregada de uma força destruidora. Vai à Loja dominado por sentimento de angústia, de obrigação institucional, com ódio, melindres e ressentimentos para gerar culpa ou acusações ou tentar criar tensões nos demais e jamais se entender com os que divergem de suas opiniões. Planta a semente da desintegração nos que são suscetíveis às suas influências. Sua mente se torna como que uma nuvem escura que encobre a luz e o poder da verdade. Ele abafa sua alma com pensamentos maus. Regozija-se com o mal de seus irmãos, pois, no seu orgulho, imagina que o não afetará. Aqueles que se deixam fascinar pelas suas falsidades, não podem ver a verdade e são levados a crer que o falso é justo, que só a vontade egoísta triunfa. Suportar este tipo de Irmão em Loja não é aconselhável, pois ele está tirando o valor da vida dos Irmãos e impondo a sua. Não os condenem, esses por si se destroem.

Outro problema na Loja maçônica são Irmãos “Cometas” com aparições inesperadas, trocam a festa, a TV, o passeio, a viagem, pela tarefa que assumiram livremente. Quando o Venerável lhes cobra comportamento responsável, zangam-se. O argumento usado é que eles dão a sua colaboração à Loja e têm o direito de comparecer quando lhes convier. Afinal, trabalham de graça e têm seus compromissos particulares para atender. Se o dirigente for rigoroso, é comum que se afastem da Oficina, procurando abrigo no pedido de licença ou até do quite placet. É da máxima importância que todos aprendamos a conhecer o poder dos que podem causar males, assim como para fazer o bem.

Estamos todos sujeitos a cometer erros. Ninguém alcançou a alta posição em que se ache tão livre do erro, que possa julgar com retidão todas as causas que levaram seu Irmão ao erro, e quando alguém chega a esse estado, não condena; compadece-se das condições limitadas de seu Irmão e procura fazer-lhe mais fácil a vida pela alegria e a bondade. Perdoemos nossos erros, pois até o direito de errar é sagrado, desde que corresponda ao intransferível dever de assumir a consequência do que se praticou.

Saibamos reconhecer os nossos defeitos para vencê-los. É ao estudarmos o que nos desagrada em nossos Irmãos que chegaremos a eliminar os nossos defeitos, que são muitas vezes semelhantes. Isto nos incitará à benevolência. Sejamos tolerantes para com as opiniões e os atos dos nossos semelhantes. Aprendamos a perdoar as ofensas que nos são feitas. Não tenhamos senão sentimentos, atos e pensamentos positivos.

Esqueçamos nossas desavenças, nossas dificuldades, passemos ao entendimento mútuo, e nos irmanemos em torno do bem e da tolerância.

Fonte: http://www.brasilmacom.com.br

terça-feira, 27 de julho de 2021

TRÍADE S.F.U. - CONTRADIÇÕES NA INTERNET

TRÍADE S.F.U. - CONTRADIÇÕES NA INTERNET
(republicação)

Em 08/05/2017 o Respeitável Irmão Sanges Picinati, Loja Mario Rodrigues Freitas, REAA, GOB-ES, Oriente de Serra, Estado do Espirito Santo, formula a seguinte questão:

Você tem alguma coisa sobre a sigla S∴FU? Lendo esses dias, achei a informação que SFU, que significam SAÚDE, FORÇA e UNIÃO, nunca pertenceram e não pertencem ao REAA e sim ao Rito de Emulação (York) e, portanto, jamais devem ser usadas e pronunciadas no Rito Escocês Antigo. Entretanto, fui explicar a um irmão que me disse o seguinte: Meu Irmão, creio que há alguma confusão na matéria. Pois no REAA utiliza-se esta saudação "SFU" na cadeia de união. Então, seria utilizada no rito. Agora preciso de sua ajuda para saber o que está certo.

RESPOSTA:

Veja no meu blog – Blog do Pedro Juk – http://pedro-juk.blogspot.com.br
Procure em Perguntas e Respostas – maio de 2017 – As bobagens da Internet – S.S.S. ou S.F.U.

Reeditei essa resposta que provavelmente se trata do mesmo assunto e do mesmo blog referência.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br

A RÉGUA DE 24 POLEGADAS

A RÉGUA DE 24 POLEGADAS

Régua, Segundo o dicionário é uma peça longa, fabricada de madeira, marfim, celulóide, metal, etc. de superfície plana e arestas retilíneas, usada para traçar linhas retas ou para medir.

Polegada, Menor unidade de distância no sistema de medidas dos países anglo-saxônicos. Um pé contém 12 polegadas, e uma jarda equivale a 36 polegadas. Qualquer distância menor que uma polegada é medida em frações de polegada. Já o sistema métrico mede pequenas distâncias em centímetros e milímetros. Uma polegada equivale a 2,54 cm.

A polegada é uma medida antiga que se afastou do sistema métrico Francês; contudo, ainda é usado, posto que esporadicamente, é utilizado por nós brasileiros. A maçonaria adota porque simboliza o dia com suas 24 (vinte e quatro) horas. O Tamanho da régua já sugere que é um instrumento destinado à construção, filosoficamente, o maçom deve pautar a sua vida dentro de uma determinada medida, ou seja, deve programá-la corretamente e não se afastar dela.

segunda-feira, 26 de julho de 2021

ESQUADRO SOBRE O LIVRO DA LEI - POSIÇÃO

ESQUADRO SOBRE O LIVRO DA LEI - POSIÇÃO

Em 08/05/2017 o Respeitável Irmão Marcelo Oliveira Falcão, Loja Caridade Palmense, 3.903, REAA, GOB-PR, Oriente de Palmas, Estado do Paraná, solicita o seguinte esclarecimento.

Por favor, me esclareça uma pequena dúvida: o esquadro que temos, em nossa Oficina, para trabalharmos na abertura do Livro da Lei, possui um ramo menor que o outro. Quando do posicionamento do mesmo, na colocação sobre o Livro da Lei, o ramo menor deve ser orientado para a direita do Irmão Orador, ou o contrário?

CONSIDERAÇÕES:

Embora esse Esquadro, tido como uma das Grandes Luzes Emblemáticas devesse possuir ramos iguais (sem cabo), justamente por ele não representar uma ferramenta operativa, mas sim um dos maiores emblemas da Loja, o ritual de Aprendiz Maçom em vigência (2009) do GOB equivocadamente ainda prevê o contrário.

Como ritual é para ser cumprido, mesmo que ele possua alguns elementos contraditórios, impreterivelmente adota-se o que nele estiver indicado. Assim, conforme previsto na página 18 do ritual mencionado, à sua página 18, consta que: “Com o vértice voltado para o Ocidente e o seu lado menor (o grifo é meu) voltado para o lado Norte, o Esquadro será disposto sobre o Compasso”.

Pelo que exara o ritual, o lado menor (sic), que deveria corretamente ser denominado como “ramo”, fica disposto à esquerda do Orador no momento em que ele estiver abrindo o Livro da Lei (coincide com o sua mão esquerda), a despeito de que a Dignidade mencionada estará na oportunidade de costas para o Ocidente. Em síntese é o lado Norte do Oriente se é que assim se pode dizer.

Se bem compreendida fosse a Arte, isso não importaria, pois se esse Esquadro Emblemático possuísse ramos iguais não haveria nenhuma observação para tal.

Sem generalizar, infelizmente os denominados “fazedores de rituais” que geralmente quase nada conhecem do ofício e nem da história da Maçonaria (senão serem meros copistas), arrumaram uma desculpa para mais essa invenção, justificando-a como que o lado menor (ramo) do Esquadro, pasme, deva coincidir com o lado dos Aprendizes, o que é pura bobagem, pois com o Livro da Lei corretamente colocado no Oriente, à esquerda de quem o lê, o máximo que se poderia dizer é que está lá a cátedra do Guarda da Lei e os assentos que coincidem com uma das paredes que contornam o Oriente. Além do mais, os Aprendizes ficam mais à retaguarda e antes do Oriente; ao Ocidente e no Topo da Coluna do Norte - que termina na balaustrada do Oriente.

Na verdade esses equívocos acabam perpetuando outros, pois a discussão voltará à tona no Segundo Grau com outra altercação irrelevante, pois além do cabo do Esquadro, agora ainda tem as hastes do Compasso que alimentam a dúvida sobre qual delas ficará livre.

Dados esses comentários e ao mesmo tempo justificando-os, o Esquadro de ramos desiguais (o com o ramo menor sugerindo um cabo) é aquele conhecido por ser um instrumento de trabalho operativo e deveria ser o que corresponde a joia do Venerável Mestre, cujo cargo relembra a ancestralidade do Mestre da Obra de ofício à época dos canteiros medievais, nossos antecessores. Então, em termos simbólicos, existem entre os dois Esquadros diferenças que constroem uma parte importante da liturgia maçônica. Um deles, o de ramos iguais, é o emblema da Loja, da retidão e da ética que vai sobre o livro da Lei Moral junto com o Compasso. O outro, o de ramos desiguais, é o que relembra do Ofício de cantaria e as construções erigidas com pedras esquadrejadas – é o resultado.

Concluindo, não raras vezes encontramos rituais invertendo procedimentos como se tudo fosse igual no arcabouço doutrinário maçônico, o que não é bem assim. Existem detalhes sutis que podem encontrar a chave para se desvendar a mensagem propagada (é a arte do simbolismo). Note que na imensa maioria das gravuras e imagens de Esquadros unidos aos Compassos encontrados no meio maçônico, deles o Esquadro possui ramos iguais, já que esses instrumentos unidos representam a Loja e, quando separados se constituem em instrumentos simbólicos de trabalho utilizados na Loja.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br

A CADEIRA DE SALOMÃO

A CADEIRA DE SALOMÃO
Rui Bandeira

Denomina-se de Cadeira de Salomão a cadeira onde toma assento o Venerável Mestre da Loja quando a dirige em sessão ritual.

Em si, não tem nada de especial. É uma peça de mobiliário como outra qualquer. É como qualquer outra cadeira. Porventura (mas não necessariamente) um pouco mais elaborada, com apoio de braços, com maior riqueza na decoração, com mais cuidado nos acabamentos. Ou não...

Como quase tudo em maçonaria, a Cadeira de Salomão tem um valor essencialmente simbólico. Integra, conjuntamente, com o malhete de Venerável e a Espada Flamejante (esta apenas nos ritos que a usam), o conjunto de artefatos que simbolizam o Poder numa Loja maçónica. Ninguém, senão o Venerável Mestre, usa o malhete respetivo. Ninguém, senão ele, utiliza a Espada Flamejante. Só ele se senta na Cadeira de Salomão.

A Cadeira de Salomão destina-se, pois, tal como os outros dois artefatos referidos, a ser exclusivamente utilizada pelo detentor do Poder na Loja. Assim sendo, importante e significativo é o nome que lhe é atribuído. Não se lhe chama a Cadeira de César ou oTrono de Alexandre. Sendo um atributo do Poder, não se distingue pelo Poder. Antes se lhe atribui o nome do personagem que personifica a Sabedoria, a Prudência, a Justa Sageza. Ao fazê-lo, está-se a indiciar que, em Maçonaria, o Poder, sempre transitório, afinal ilusório, sobretudo mais responsabilidade que imperiosidade, só faz sentido, só é aceite, e portanto só é efetivo e eficaz se exercido com a Sabedoria e a Prudência que se atribui ao rei bíblico.

Quem se senta naquela cadeira dispõe, no momento, do poder de dirigir, de decidir, de escolher o que e como se fará na Loja. Mas, em maçonaria, se é regra de ouro que não se contraria a decisão do Venerável Mestre, porque tal compromisso se assumiu repetidamente, também é regra de platina que, sendo-se livre, não se é nunca obrigado a fazer aquilo com que se não concorda. O Poder do Venerável Mestre é indisputado. Mas, para ser seguido, tem de merecer a concordância daqueles a quem é dirigido. E esta só se obtém se as decisões tomadas forem justas, forem ponderadas, forem prudentes. O Poder em maçonaria vale o valor intrínseco de cada decisão. Nem mais, nem menos.

A Cadeira de Salomão é pois o lugar destinado ao exercício do Poder em Loja, com Sabedoria e Prudência. Sempre com a noção de que não é dono de qualquer Poder, que só se detém (e transitoriamente) o Poder que os nossos Irmãos em nós delegaram, confiando em que bem o exerceríamos.

Não está escrito em nenhum lado, não há nenhuma razão aparente para que assim tenha de ser. Mas quase todos os que se sentaram na Cadeira de Salomão sentem que esta os transformou. Para melhor. Não porque esta Cadeira tenha algo de especial ou qualquer mágico poder. Porque a responsabilidade do ofício, o receber-se a confiança dos nossos Irmãos para os dirigirmos, para tomar as decisões que considerarmos melhores, pela melhor forma possível, por vezes após pronúncia dos Mestres da Loja em reunião formal, outras após ter ouvido conselho de uns quantos, outras ainda em solitária assunção do ónus, transforma quem assumiu essa responsabilidade. A confiança que no Venerável Mestre é depositada pelos demais é por este paga com o máximo de responsabilidade. Muito depressa se aprende que o Poder nada vale comparado com o Dever que o acompanha. Que aquele só tem sentido e só é útil e é meritório se for tributário deste.

A primeira vez que um Venerável Mestre se senta na Cadeira de Salomão não lhe permite distinguir se é confortável ou não. Não é apta a que sinta que se encontra num plano superior ou central ou especial em relação aos demais. A primeira vez que um Venerável Mestre se senta na Cadeira de Salomão vê todos os rostos virados para ele. Aguardando a sua palavra. Correspondendo a ela, se ela for adequada. Calmamente aguardando por correção, se e quando a palavra escolhida não for adequada. A primeira vez que um Venerável Mestre se senta na Cadeira de Salomão fá-lo instantaneamente compreender que está ali sentado... sem rede!

E depois faz o seu trabalho. E normalmente faz o seu trabalho como deve ser feito, como viu outros antes dele fazê-lo e como muitos outros depois dele o farão. E então compreende que não precisa de rede para nada. Que o interesse é precisamente não ter rede...

Quem se senta na Cadeira de Salomão aprende a fazer a tarefa mais complicada que existe: dirigir iguais!"

Fonte: http://a-partir-pedra.blogspot.com.br