A INICIAÇÃO E A CÂMARA DAS
REFLEXÕES
Ir∴ Antonio Douglas Zapolla , M∴I∴ ARLS Luz de Brodowski 072
Tida
e havida como uma das mais sérias instituições do nosso mundo, de origem
desconhecida, que vai desde os primórdios do mundo, ou desde os tempos de
Jesus Cristo, também tida como fundada em 1717, a MAÇONARIA hoje em dia
continua tendo uma aura de secreta, de misticismo, de esoterismo, de uma
crendice impar, que a torna desde respeitada até odiada.
Neste
trabalho, porém, não queremos abordar este lado da nossa Sub∴ Inst∴,
sobre a qual já existem centenas de historiadores e milhares de livros que
tratam do assunto.
Queremos,
no entanto nos apegar aos dias de hoje e abordar uma das coisas mais
importantes, ou pelos menos, uma das mais importantes, que é a INICIAÇÃO de
profanos, já que somente com o ingresso de novos adeptos, neste constante
renovar, é que a Inst.´. continuará tendo vida e sendo respeitada.
Para
isso, precisamos cada vez mais selecionar os profanos escolhidos em nossas
comunidades para serem mais um daqueles que irão dar continuidade a tudo que
a Maçonaria representa como uma escola de aperfeiçoamento Moral, Social,
Cultural e Humana.
Também
não queremos abordar neste trabalho a seleção de candidatos. Acreditamos que
cada Loja deve estar consciente da importância dessa seleção e faz da melhor
maneira possível esta sua seleção, evitando que pessoas despreparadas ou
simplesmente curiosas, ou ainda por interesse de algum obreiro menos avisado
, sob todos os pontos de vistas, entrem em nossos quadros de obreiros. Mesmo
sabendo que ainda há um certo paternalismo, uma certa proteção, um certo
interesse político ou social, queremos acreditar que as Lojas procuram
escolher os melhores em cada comunidade para virem ser realmente um IRMÃO.
Queremos,
sim, neste trabalho, abordar o processo de INICIAÇÃO do lado prático. Após o
nome de um candidato ser devidamente analisado e aprovado, é que queremos
iniciar este nosso trabalho.
Em
nossos Temp∴ de Estudos, em nossas palestras, em nossos seminários, em
nossas sessões, quando o assunto INICIAÇÃO é abordado, ele sempre é citado
com uma das coisas mais fundamentais da vida futura de qualquer profano, após
ingressar na Sub∴ Or∴.
Nos
discursos feitos nas sessões de Inic∴ é comum ouvir todos dizerem que o
neófito deu o passo mais importante de sua vida, que ele deve estudar
maçonaria, que ele deve sabe interpretar e entender todo o nosso simbolismo,
toda a nossa filosofia, que ele deve considerar aquele dia como o dia mais
sagrado de sua vida.
Porém,
voltemos um pouco, pelo menos, um mês antes do dia marcado para a Sessão de
Iniciação e vamos analisar o comportamento de uma grande parte de nossos
Irmãos, sejam AAp∴, sejam CComp∴ ou MM∴.
Como
é comum ver o futuro iniciado ser provocado, ser “gozado”, ser alvo de
brincadeiras sem sentido, cujo teor destas brincadeiras de mau gosto nem é
preciso citar, mesmo havendo decretos e atos de nossos Grãos Mestres
proibindo tal prática.
Algumas
dessas "brincadeiras de mau gosto" chegam às raias do absurdo, da
total falta de consideração tanto com o neófito como com a Maçonaria de um
modo em geral.
E
se tudo na Maçonaria tem sentido, se tudo na Maçonaria tem significado, tem
simbolismo, qual seria então o sentido destas brincadeiras de tão mau gosto
que muitos profanos são vitimas antes de suas iniciações???
Quando
se prepara um futuro irmão com indagações condizentes com a nossa condição de
ser humano imperfeito, quando se procura, conversando com ele, mostrar algo
que realmente tenha um sentido prático, útil, filosófico, que o leve a pensar
no passo que irá dar ao entrar para a Ordem Maçônica, estamos ai sim
preparando uma pessoa para ser um verdadeiro IRMÃO MAÇOM.
Este procedimento pré Iniciação já é totalmente condenável,
porém não acaba ai, nestes dias que antecedem à iniciação em si.
Continua depois, quando se busca o candidato para a
cerimônia, quando é levado para dentro do templo, e mais absurdamente ainda,
quando é colocado na Câmara das Reflexões, e quando está sendo submetido a
certas partes dos rituais, que servem para muitos desses irmãos incautos,
como um momento de gozação, de descontração, de sarcasmo, de riso e piadinhas
de mau gosto.
Mesmo tendo todas as Obediências Maçônicas normas severas
para que a cerimônia de iniciação seja a mais séria, as mais responsáveis, as
mais simbólicas possíveis, certos absurdos ainda acontecem. E o que é pior,
com a anuência do Ven∴ Mest∴, do Or∴, das Luzes, que deveriam ser os
primeiros a zelarem para a seriedade do ato realizado, e no entanto, em
muitos casos, ajudam e colaboram para os desatinos que são realizados e que
colocam o profano em situação de vexame, de dúvida sobre o que está
acontecendo.
Vejamos, na continuidade, o que acontece na Câmara das
Reflexões. E o que é a Câmara das Reflexões?
Todos dizem e faz parte do Ritual que é o local sagrado
onde o neófito deve ficar enclausurado para meditar sobre o passo que está
tomando, para pensar sobre a fragilidade da vida humana, vendo e analisando
os elementos que compõem esta Câmara de Reflexões e pense na seriedade da
Instituição que está ingressando, nos valores da nossa vida profana, e ali
então, no silencio e no clima de reflexão a que está submetido, possa
realmente sentir e meditar sobre aquilo que a Maçonaria lhe irá exigir como
ser humano, como Maçom, como HOMEM.
E isto, ele, o neófito só ira conseguir, ficando sozinho,
em meditação, em reflexão, em conexão com o Infinito, com DEUS, com a sua
consciência.
E na pratica, o que acontece, meus irmãos???
Nem vamos entrar em detalhes sobre o que ouvimos e vemos
acontecer com a grande maioria que é colocada naquele local sagrado. Vamos
apenas perguntar como queremos que o nosso futuro irmão se concentre, medite,
reflita sobre a sua vida, sobre a morte, sobre a fragilidade humana, sobre os
nossos conceitos, sobre o nosso futuro, enfim, sobre tudo aquilo que a
Maçonaria quer que ele reflita naquele momento solene e importante de sua
vida, se depois que ele está lá, dentro da Câmara das Reflexões, o local
chega a virar nem sei o que, com tantas idas e vindas de irmãos que ali vão para
"brincar", para "gozar" o profano, quando o correto é
deixar o neófito sozinho com seus pensamentos e reflexões.
E como queremos que ele responda, depois, já no decorrer da
sess∴, aquela famosa pergunta (QUE PENSAMENTOS VOS OCORRERRAM....) que é
parte integrante de nossos rituais ?? Já ouvimos respostas ousadas, sinceras
que, se analisadas profundamente por todos aqueles que contribuíram para
estas respostas e para os desencontros, deveria ser para cada um desses que
fazem da Inic∴, que fazem do preparo da Inic∴, que fazem da Câmara de
Reflexões um palco de brincadeiras de mau gosto, um motivo de vergonha, de
arrependimento, por ter causado tamanha desvirtuação desse ato tão solene.
Por tudo isso, por considerarmos a importância da
preparação do candidato, do ato em si, é que estamos tentando fazer este modesto
trabalho, que é apenas a vontade de chamar a atenção de nossos irmãos, de
nossos Veneráveis Mestres, do Irmão Exp∴, estes em especial, sem querer
citar Lojas ou Potencias, sem generalizar também, para que reflitam sobre o
que eles querem oferecer àquele que vai ser o nosso futuro IRMÃO e qual será
a sua primeira e decisão impressão sobre a instituição que está ingressando.
Sabemos que existem muitos irmãos que também são solidários
com este nosso modo de pensar, que também procuram evitar estes "usos e
costumes" e a estes a nossa homenagem, esperando que o exemplo e a
verdadeira concepção e simbologia de uma VERDADEIRA INICIAÇÃO comecem a dar
frutos e que tenhamos cada vez mais sessões magnas iniciáticas dignas das
tradições de nossa milenar instituição, onde o respeito, a disciplina, a
ordem sejam a tônica de nossos trabalhos litúrgicos. Leiam com atenção e se
acharem válido, façam das próximas sessões de Iniciação, verdadeiras aulas de
maçonaria, de respeito ao ser humano, de respeito a um ideal milenar, de
orgulho em contribuir para que seja oferecida a um amigo a oportunidade de se
aperfeiçoar, a oportunidade de ser, a partir da sua Iniciação, um verdadeiro,
um leal, um integro, um verdadeiro IRMÃO MAÇOM.
Fonte: JB News – Informativo nº 136 - 10/01/2011
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