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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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terça-feira, 16 de abril de 2019

HARMONIA - EXECUÇÃO DE MÚSICA AO VIVO NA SESSÃO

Em 23/11/2018 o Respeitável Irmão Francisco Kennedy Campêlo, Loja Estrela da Fronteira, 2.024, REAA, GOB-MS, Oriente de Novo Mundo, Estado do Mato Grosso do Sul, apresenta a seguinte pergunta:

HARMONIA AO VIVO

Pode o Mestre de Harmonia tocar algum instrumento musical para servir de Harmonia durante uma sessão? 

Obviamente essa musica, seria apenas instrumental. Ou somente pode ser tocada musicas através de CDs, PC, etc.?

CONSIDERAÇÕES:

Tradicionalmente, na época em que não existiam aparelhos eletrônicos e de reprodução musical, era comum a Coluna de Harmonia contar com música apropriada ao vivo. Na Inglaterra, Irlanda e Escócia, principalmente, algumas Lojas ainda preservam esse costume, sobretudo nas ocasiões apropriadas, destacando-se a beleza dos antigos órgãos de tubo ainda utilizados na reprodução musical (costume herdado das igrejas, provavelmente).

No tocante à Coluna de Harmonia da Moderna Maçonaria e os rituais brasileiros, embora em alguns exista o Oficial designado para esse ofício, cada Loja, nesse sentido, têm se virado como pode isso porque muitos rituais pouco, ou mesmo nada determinam sobre atividades para o Mestre de Harmonia, mesmo que ele faça parte do quadro de oficiais, inclusive tendo lugar indicado na planta do Templo.

Obviamente que dentro dos costumes maçônicos, com respeito e gosto apropriado, é bastante salutar que o Mestre de Harmonia exerça o seu oficio nos ritos que o adotam.

Infelizmente vivemos em uma geração de maçons que vê a Coluna da Harmonia apenas como algo que serve só para acender e apagar luzes e proferir ruídos iniciáticos, tudo no melhor estilo do contra-regra que atuava nas antigas novelas da radiofonia. Desafortunadamente poucos sabem que o Mestre de Harmonia ali é colocado para exercer e destacar a sexta ciência das Sete Artes e Ciências Liberais – a Música – matéria de estudo da Maçonaria.
 
Aproveito a oportunidade para citar aqui alguns aspectos relativos à Coluna da Harmonia. Alguns rituais de Investidura e Posse dos Oficiais e Dignidades da Loja, que infelizmente atualmente são praticamente desconhecidos, mencionam o seguinte no tocante ao Mestre de Harmonia: 
“Ven\ Mestre para o Irm\ M\ de Harm\ - Empossando-vos na Col\ da Harm\, vos revisto com a joia do seu cargo – a Lira”. 
José Castellani in Dicionário Etimológico Maçônico, p. 127 expõe:
“Lira, substantivo feminino (do grego: Lya, pelo latim: Lyra), designa o instrumento musical de cordas usado na Antiguidade Clássica e que tinha a forma de uma letra U, cortado no alto por uma barra, onde se fixavam as extremidades superiores das cordas. A Lira é geralmente a joia do Mestre de Harmonia (responsável pela trilha sonora de uma sessão), existente em alguns ritos”. 
Ainda a respeito, o Mestre Theobaldo Varolli Filho se refere no Ritual do Primeiro Grau do REAA (capa vermelha):
“A Coluna da Harmonia e a Música. 1 – O Mestre de Harmonia só deve interromper a música quando terminada a frase musical. Os Veneráveis devem respeitar essa regra; 2 – Prefere-se musicas maçônicas, ou de autores maçons; 3 – Ainda é tradicional a execução de trechos da ópera A Flauta Mágica, do nosso Irmão Mozart, que é também o autor da imprescindível Marcha Maçônica. Esta pode ser substituída pelo Hino da Maçonaria do nosso Irmão Dom Pedro I; 4 – Coros, Orquestras (o grifo é meu) e Quartetos são permitidos; 5 – Órgão antigo ou o elétrico é o melhor instrumento de música para as sessões maçônicas”.
No mesmo ritual, o autor ainda sugere uma sequência de músicas apropriadas para uma sessão maçônica. 

Devo mencionar também a obra do Irmão Zaly Barros de Araújo intitulada a Coluna de Harmonia, cuja mesma tem conteúdo importante para o estudo sobre esse assunto (veja na editora maçônica A Trolha).

Assim, tudo o que fora aqui comentado e reproduzido sugere que a Coluna de Harmonia é uma peça importante para liturgia maçônica, onde ela existir, sobretudo no que diz respeito à reprodução de músicas apropriadas durante as sessões maçônicas, destacando-se delas as iniciações e elevações.

Por fim, no que diz respeito ao Mestre de Harmonia produzir música ao vivo, desde que com qualidade e bom senso, eu não vejo nenhum problema. Todavia alerto: sempre existirão os “do contra” e os adoradores do “onde está escrito”. Inquestionavelmente esses, antes de construir, certamente irão produzir ferozes críticas. Nesse caso, que cada um vista a carapuça se ela lhe servir.

P.S – As obras, textos e rituais mencionados nessas considerações possuem apenas o caráter de ilustrar didaticamente a resposta e não afrontar a ritualística do ritual que o consulente pratica na sua Loja. 

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br

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