Valdemar Sansão –M⸫ M⸫
“Quando te desviares para a direita e quando te desviares para a esquerda, os teus ouvidos ouvirão atrás de ti uma palavra, dizendo: Este é o caminho, andai por ele”. (Isaias 30:21).
Deus deixa ao homem a escolha do caminho. Tanto pior se tomar o mau; sua peregrinação será maior. Se não houvesse montanhas, o homem não compreenderia que se pode subir e descer.
Para o Maçom, o trabalho é o caminho da humildade. É na porta estreita do serviço humilde que encontramos o espírito das individualidades superiores, já despidos de vaidades e preconceitos. A humildade é o caminho do perdão. O perdão é o caminho do amor. O amor é o caminho da perfeição. A perfeição é o caminho da divinização. A Maçonaria é o caminho do homem justo e perfeito.
A Maçonaria tem como um de seus Princípios Básicos o melhoramento moral, espiritual e intelectual do homem, visando tornar melhor a humanidade.
A força da Maçonaria está no agrupamento de seus Iniciados, que atuam isolados e conjuntamente, para “cavar masmorras ao vício e erguer templos à virtude”.
Na grande caminhada há pedras e tropeços que nos impedem continuar a viagem. Mas outras existem que nos ajudam a prosseguir mais rapidamente; observe quantos ao seu lado caminham, com o mesmo objetivo que o seu, e oferece-lhes a mão benéfica que ajuda e sustenta.
Louvado no que lhe foi prometido naquele dia de glória da Iniciação na Sublime Instituição, proclamado Maçom, reconhecido como tal, pois veio para auxiliar nos trabalhos, cultivar afeições fraternais e também socorrer seus Irmãos necessitados, tudo devemos decidir com firmeza. Porém, enquanto não puder caminhar com as próprias pernas, deve usar muletas, que no sentido comum, equivale recorrer ou aceitar o incentivo prometido, o alento, o auxílio e o socorro em todas as ocasiões que necessitar.
Um Templo Maçônico possui apenas a Porta de entrada colocada na parte ocidental da Loja; essa Porta permanece constantemente vigiada por dentro pelo Cobridor Interno e, do lado de fora, pelo Cobridor Externo. Diz-se que a Loja está a coberto quando a porta estiver fechada, isso no sentido material; “estar a coberto” significa, porém, que no Templo está presente o Grande Arquiteto do Universo, com seu poder protetor que a todos “cobre”.
O mês de Janeiro, derivado de Janus, o poderoso deus da Mitologia, significa “porta”; janeiro é a porta do ano. No sentido espiritual, Jesus, o Cristo, foi considerado, porque assim se autodenominava, a “porta”, significando que somente por Ele o ser humano alcança o Pai, ou seja, o Reino dos Céus.
Larga é a porta de entrada e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e há muitos que por ela entram; e como a porta para a vida maçônica é pequena e o caminho que a ela conduz é estreito, poucos a encontram.
Muitos arriscam o caminho difícil, a caminhada pedregosa da ascensão; mas só os melhores alcançam o fim, porque possuem fôlego para a subida íngreme.
Nem todo caminho que leva ao lugar desejado é o certo. Homens há que por vezes seguiram caminhos tortuosos, íngremes, escuros, pedregosos e movediços; mataram e foram mortos por suas crenças e segredos; conspiraram, amaram e odiaram; inquiriram e foram inquiridos; subornaram e convenceram; falaram e foram ouvidos; torturaram e foram torturados. Mas, exauridos e esgotados à entrada pela porta estreita, e apesar de extraordinários esforços, não tiveram ânimo, energia de vontade e virtudes para bom êxito.
Não esqueçamos que nossa trajetória pelo mundo segue dois caminhos: o da materialidade e o da espiritualidade. Não são caminhos paralelos, mas de qualquer forma, unidos de forma mística.
Cuidar do espírito significa cuidar dos valores que dão rumo à nossa caminhada e praticar virtudes que encham de sentido nossa vida.
É sempre a Dualidade, caráter ou propriedade do que é duplo, do que contém em si, duas naturezas, duas substâncias, ou dois princípios. Representa, pois, o antagonismo, a negação e, por conseguinte, o obstáculo, as forças de resistência, o mal, mas representa também a diferenciação de dois princípios complementares, como o macho e a fêmea, a força e a matéria, etc.
É sempre a dualidade maçônica que todo maçom deve observar. Ambos os caminhos percorrem linhas retas. Procure o seu caminho. Mas não magoe ninguém nessa procura. Esse é um passo para trilhar o caminho da perfeição que o maçom deve perseguir com pertinácia, investigação, pesquisa, busca e assim, obterá resultados. Espera e crê porque entrever e compreender o infinito é caminhar para a perfeição.
A Maçonaria abre o caminho para a Iniciação, isto e, ao Conhecimento, e seus símbolos dão ao Maçom a possibilidade tanto de acesso quanto de entendimento dessa cultura.
Pode acontecer, e não é incomum, que certos candidatos depois de terem sido Iniciados, infelizmente, continuem na condição de profanos, mas tais casos não devem fazer perder de vista o caráter sublime da Maçonaria.
O Maçom não poderá jamais desviar-se do caminho correto para alcançar qualquer objetivo. Seu caminho deve ser o da retidão de caráter, pela honestidade de atos, colaborando para a grandeza do grupo em que está inserido.
Os que transpuseram esse acesso, o fizeram com grandes esforços sobre si mesmos para vencer suas paixões e más tendências, tomaram seus lugares no Oriente e no Ocidente, na Coluna do Norte (Setentrião) e na do Sul (Meio-Dia) e poucos a isso se resignam; é o complemento da máxima: “Há muitos os chamados e poucos escolhidos”.
Jamais um Maçom deverá praticar atos desonestos, impuros, denegrir a imagem de outrem, obstruir o caminho de alguém em proveito próprio, utilizar meios de aliciamento de opiniões, corromper consciências, aproveitar de ligações pessoais a seus superiores para buscar seu crescimento em detrimento de um colega ou de todo o grupo. Em tempo nenhum deverá praticar atos que levantem suspeitas de seu procedimento moral ou da conduta da Ordem.
Por que essa porta tão estreita, que é dada ao menor número transpor?
Porque nem todos aqueles que são admitidos, e fazem parte do grupo, têm consciência daquilo para que foram chamados e em seus corações não “despertou”, uma “nova criatura”, destinada a uma “nova vida” ou “vivência”, entre Irmãos, ou seja, entre iniciados.
O Iniciado não sobrevive isoladamente; tem necessidade de manter contato com um grupo, pois tem deveres a cumprir em Loja, dentro do cerimonial. Iniciado, não permanece um “anônimo”, não se oculta, mas sobressai pelas suas virtudes; ele difere do homem comum, uma vez que assumiu um novo modo de vida, uma novel filosofia de comportamento.
O destino nos apresenta a amigos que nos fazem felizes pela simples casualidade de haverem cruzado nosso caminho. Alguns percorrem o caminho ao nosso lado. Muitos deles denominamos “amigos de alma, de coração...“ São sinceros e verdadeiros. Sabem quando estamos bem, sabem o que nos deixa felizes. Mas também têm aqueles amigos só por um tempo, talvez por umas férias, ou uns dias, umas horas.
Um Maçom que atenta contra a moral, é dado à extravagâncias, a atos que lhe comprometem o nome e deslustram a família, não cumprindo seus deveres e obrigações na vida profana, é leviano e perdulário, não é bom pai, não é bom esposo, leva uma vida desregrada, embora assíduo às reuniões de sua Loja e contribua com seus auxílios financeiros a quem a Maçonaria procura amparar, não é digno do nome de Maçom, nem de pertencer aos seus quadros de Obreiros. Infelizmente não há como saber quais dos Iniciados são especiais e fazem a diferença. Só o tempo é capaz de mostrar isso.
Contudo, uma coisa é certa: se não tentarmos ser especiais em tudo que fazemos; se não tentarmos fazer tudo o melhor possível; se não cultivarmos os princípios morais e a filosofia social e espiritual; se não comparecermos assiduamente aos trabalhos e se deles não participarmos com entusiasmo, de nada serve crer, pois a vivência maçônica não será aproveitável apenas com a leitura mecânica dos Rituais e a frequência formal às Sessões.
Nunca fazemos nada em segredo. Duas testemunhas nos observam sempre: O Grande Arquiteto do Universo e a nossa consciência.
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