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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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domingo, 4 de fevereiro de 2018

BENEFICÊNCIA

BENEFICÊNCIA, FILANTROPIA, SOLIDARIEDADE E (PRINCIPALMENTE), CARIDADE NA MAÇONARIA
Irmão Bruno Torres Satler,
Loja Acácia Viçosense,
Viçosa, Minas Gerais.
Maçonaria na Intimidade (Ir⸫ Adalberto Rigueira Viana)

Segundo o dicionário, beneficência é a inclinação à prática do bem. É a ação de fazer bem a alguém. Comportamento da pessoa que busca ajudar ou fazer bem ao próximo. Ato de beneficiar a outrem. Bem-fazer; tendência para o bem. 

O princípio da beneficência estabelece a obrigação moral de agir em benefício dos outros. São considerados sinônimos de beneficência: caridade, filantropia e humanidade. Beneficência, filantropia ou caridade significam amor à humanidade, ao contrário do amor a si próprio ou egoísmo.

Outros dicionários definem filantropia como a ação voluntária, gratuita, beneficente e assistencial desenvolvida por altruísmo, solidariedade, fraternidade e amor ao próximo. Filantropia é um tempo de origem grega que significa “amora humanidade”. Se diferencia da caridade porque esta seria por compaixão, e do assistencialismo porque este seria para provimento imediatista nas questões conjunturais contingências. 

Para ilustrar os conceitos ou diferenças entre solidariedade e caridade vejamos um pequeno texto retirado do site “Cidade Maçônica”:

“O carro de um vendedor que viajava pelo interior quebrou e, conversando com um fazendeiro de um campo próximo eles descobrem que são “irmãos”.

O vendedor está preocupado porque tem um compromisso importante na cidade local. “Não se preocupe, diz-lhe o fazendeiro. Você pode usar o meu carro. Vou chamar um amigo e mandar consertar o carro enquanto você vai ao seu compromisso. 

E lá se foi o vendedor e duas horas mais tarde ele voltou, mas infelizmente o carro precisava de uma peça que chegaria somente no dia seguinte. 

Sem problemas, diz o fazendeiro, use o meu telefone e reprograme seu primeiro compromisso de amanhã, fique conosco hoje, e providenciaremos para que o seu carro esteja pronto logo cedo!. 

A esposa do fazendeiro preparou um jantar maravilhoso e eles tomaram um pouco de malte puro em uma noite agradável. O vendedor dormiu profundamente e quando acordou, lá estava o seu carro, consertado e pronto para ir. Após um excelente café da manhã, o vendedor agradeceu a ambos pela hospitalidade. 

Quando ele e o fazendeiro caminhavam para o seu carro, ele se voltou e disse ao irmão, muito obrigado, mas preciso lhe perguntar, você ajudou-me porque sou Maçom? 

Não, foi a resposta do fazendeiro. Eu ajudei você porque EU sou maçom 

Com a resposta do fazendeiro estamos então diante de um ato de solidariedade ou de um ato de caridade? Se o vendedor não tivesse feito a pergunta, certamente ele sairia dali com a certeza de ter sido ajudado por ser maçom, afinal, tendo sido reconhecido como tal pelo fazendeiro, o compromisso assumido em seu juramento, na cerimônia de iniciação, o teria levado ao ato de ajudar a um irmão necessitado. 

Entretanto, a resposta do fazendeiro revela que o que o levou a ajudá-lo não foi a solidariedade maçônica, mas a caridade. 

O dicionário Aurélio nos revela que caridade, no vocabulário cristão quer dizer “o amor que move a vontade à busca efetiva do bem de outrem e procura identificar-se com o amor de Deus. Ágape, amor- caridade. E ainda: “benevolência, complacência, compaixão”. 

Para a solidariedade o mesmo dicionário nos ensina: “laço ou vínculo recíproco de pessoas ou coisas independentes; adesão ou apoio à causa, empresa, princípios, etc., de outrem; sentido moral que vincula o indivíduo à vida, aos interesses e às responsabilidades de um grupo social, de uma nação, ou da própria humanidade; relação de responsabilidade entre pessoas unidas por interesses comuns, de maneira que cada elemento do grupo se sinta na obrigação moral de apoiar os outros”.

A solidariedade advém de uma opção, a caridade adquire-se na formação, na criação. A solidariedade tem valor específico, presume a reciprocidade; a caridade é gratuita e desinteressada. São de raízes distintas, de classes diferentes, entretanto podem ser alternativas, ou seja, um mesmo ato pode ser realizado solidária ou caridosamente. 

Externamente podem expressar-se da mesma forma, o que as distingue é a condição interior de quem as pratica. Não quero aqui depreciar a solidariedade em favor da caridade. Ambas são atitudes louváveis e necessárias, cuja prática distingue seu autor. 

Recentemente formos chamados a praticar a solidariedade com o triste episódio de rompimento da barragem de Fundão em Bento Rodrigues/Mariana, em campanhas de iniciativa de vários grupos. Entretanto o que se pedia, de fato, era um ato de caridade, não de solidariedade. 

Caridade e solidariedade não são atitudes sinônimas. Cada uma carrega o seu significado intrínseco, distingui-las e adequá-las a cada ocasião é muito mais que uma escolha racional,mas uma atitude espontânea e natural. Quando ficamos em dúvida frente a uma oportunidade de sermos caridosos ou solidários, fatalmente erramos. Seja lá qual for a nossa atitude. 

A caridade (tema central deste trabalho), é definida como: Amor de Deus e do próximo. Benevolência, bondade, bom coração, compaixão. Beneficência, é uma das sete virtudes do Cristianismo e uma das três virtudes teologais.

1. Castidade (latim: castitas - se opõe à luxúria. Pureza, simplicidade, sabedoria. Abraçar a moral de si próprio e alcançar pureza de pensamento através de educação e melhorias.

2. Caridade (latim: caritas – se opõe à avareza. Generosidade, auto- sacrifício. Dar sem esperar receber, uma notabilidade de pensamentos. 

3. Temperança (latim: temperantia – se opõe à gula. Autocontrole, moderação, justiça. Constante demonstração de uma prática de abstenção. 

4. Diligência (latim: industria – opõe-se à preguiça – Persistência, ética, decisão e objetividade. Ações e trabalhos integrados com força, disciplina e motivação.

5. Paciência (latim: patientia – opõe-se à ira. – Serenidade, calma, paz. Resistir o que é quase insuportável com paciência e dignidade. Resolver pacificamente os conflitos e as injustiças, ao contrário der utilizar a violência.

6. Bondade (latim: benevolentia – opõe-se à inveja - Autossatisfação, compaixão, amizade – Empatia e confiança sem preconceito ou ressentimento. Amar sem egoismo e ser voluntariamente bom sem rancor.

7. Humildade (latim: humilitas – opõe-se à vaidade. – Modéstia, respeito. Humildade não é pensar menos em si mesmo, mas pensar menos em si mesmo.

1. Fé. Através dela, os cristãos crêem em Deus, nas aus verdades reveladas e nos ensinamentos da Igreja, visto que Deus é a própria Verdade.

2. Esperança por meio dela, os crentes, por ajuda da graça do Espírito Sant, esperam a vida eterna e o Reino de Deus, colocando a sua confiança perseverante nas promessas de Cristo.

3. Caridade (ou amor):por meio dela, “amamos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos por amor de Deus. Jesus faz dela o mandamento novo, a plenitude da lei”.

Pode ser interpretada como “amar ao próximo como a si mesmo”. A partir desse excerto da máxima do Cristo “amara a Deus sobre todas as coisas e aos próximo como a si mesmo”, podemos compreender a caridade como uma via de mão dupla, porquanto para se amar ao próximo, há a necessidade de o indivíduo amar a si mesmo. 

O radical da palavra “caritas”, deriva de “carus”, que por sua vez significa de alto valor, querido, caro. Entretanto, caridade não nasce na semântica. Nem na etimologia, mas sim do coração humano que se volta para amar o próximo sem fins de lucro ou como forma de acalmar a própria consciência perante o que nos rodeia. Significa o mesmo que Ágape (amor fraternal, desinteressado). 

O compêndio do catecismo da Igreja Católica firma ser essa virtude, “o vínculo da perfeição e o fundamento das demais virtudes, que ela anima, inspira e ordena”. 

Passando ao que interessa, o que eu realmente gostaria que fosse refletido intimamente por todos é a seguinte questão: “o que vem a ser realmente a caridade”? 

Cada um de nós possui uma interpretação bem pessoal quanto ao seu significado, embora, de uma maneira geral achemos que seja praticar “boas ações” uma poucas vezes ao ano, como no Natal, na Páscoa, e,m campanhas para arrecadação der alimentos ou roupas. Poderia ser também, dar esmola ao necessitado; dar de comer a quem pede; comprar uma rifa beneficente; contribuir mensal e mecanicamente para a manutenção de entidades filantrópicas de ajuda; depositar um óbolo na bola de beneficência; dar o que nos sobre aos carentes. 

Pergunto ainda: qual a forma como isso é feito? O é de coração? Simplesmente serve para nos dar consciência tranqüila do dever cumprido como cristãos? Ou para garantirmos a indulgência que nos levará diretamente ao Oriente Eterno? Com que frequência praticamos a caridade? 

Esses atos acima podem até ser considerados atos caritativos, mas, de forma alguma exprimem a grandiosidade desta virtude que deveria ser praticada mais amiúde, por todos nós. Assim da forma como acima demonstrado, será que conseguiremos atingir a “meta” de caridade esperada por Deus? 

A caridade deve ser vivida diuturnamente e não praticada esporadicamente de acordo com a oportunidade ou a conveniência de cada um. A caridade não está em uma despensa, para ser pega, usada e devolvida. Ela tem de estar com você, em você, dentro do coração. Todas as pessoas devem ser olhadas com bons olhos, com amor, com compaixão. 

A caridade não deve ser apenas material, essa é a mais fácil de ser praticada. O que devemos atentar é para a prática diária da caridade moral, aquela que materialmente nada custa, e, não obstante é a mais difícil de ser posta em prática. Entre outras coisas, a cidade moral consiste também em saber calar quando outro mais tolo que nós não o faz. Em fazer-se de surdo quando palavra irônica escapa de boca habituada a caçoar. Em desconsiderar o sorriso desdenhoso que por vezes se recebe de pessoas que se consideram superiores às outras. 

O não se incomodar com as faltas alheias também é uma modalidade de caridade. Uma não deve impedir a prática da outra. As duas se necessitam e se complementam. 

Dois preceitos que se encontram presentes em todas as religiões, em toda a moral, deveriam ser cantados como mantras diários em nossas vidas: “amarmos uns aos outros” e “fazer ao próximo o que gostaríamos que nos fosse feito”. Se assim nos policiássemos e agíssemos, não mais haveria ódio, ressentimentos, cobiça, inveja, guerras, enfim, os “pecados”, as “picuinhas diárias”, os vícios seriam encerrados em masmorras profundas. 

Na Bíblia, o Livro Sagrado, adotado pela maior parte do Ocidente – há uma passagem em que o apóstolo Paulo, em carta aos Coríntios, exprime sucintamente e de forma maravilhosa o que vem a ser a verdadeira caridade: permitiam-me substituir apenas a palavra amor, pela palavra caridade (caridade é talvez a manifestação suprema do amor). O texto não perde o sentido, pelo contrário, tica tão belo quanto o original. 

Vejamos: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse caridade, seria como o metal que soa ou como o sino que tine”. “E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência e ainda que tivesse toda fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse caridade, nada seria”. “E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse caridade, nada disso me aproveitaria”. 

“A caridade é sofredora, é benigna; a caridade não é invejosa, não trata com leviandade, não se ensoberbece”. “Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mai. Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade”. “Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”. “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e a caridade.Mas a maior destes á a caridade (Paulo, I Coríntios, cap. XIII, vers. 1 a 13). 

Reflitam: “a maior destas é o amor” (ou caridade). Paulo nos afirma, nessas poucas linhas, que a CARIDADE é um conjunto de atributos morais e intelectuais, que proporciona ao nosso Espírito ser dono de seu próprio destino. 

A caridade-amor é uma dádiva de si mesmo, é oposto de “usar”, é um sentimento ou ação altruísta, o ajudar sem esperar recompensa, é amar plenamente seu próximo, é ser benevolente, bondoso, compassivo. Não é somente um sentimento, mas sim a capacidade de agir mediante a expressão profunda do desejo de exercer o bem ao próximo, porquanto todo ser humano, possui a fagulha divina que o anima, e, se cremos e amamos verdadeiramente a Deus, devemos reverenciá-la em nosso semelhante, indo de encontro a ele, servindo-o e amando-o como ele é. Esta deve ser, unicamente a nossa recompensa, estar presente, como se pode, junto a quem é órfão de amor. 

Ninguém espera que sejamos santos, nem o esperou o apóstolo Paulo, tampouco Jesus. O ensinamento da caridade, assim como os demais ensinamentos cristãos (sem mencionar os ensinamentos virtuosos pregados em outras doutrinas religiosas) existem de forma a proporcionar ajuda para a autosuperação. 

“Caridade é, sobretudo, amizade. Para o faminto, é o prato de sopa. Para o triste, é apalavra consoladora. Para o mau, é a paciência com que nos compete auxiliá-lo. Para o desesperado, é o auxílio do coração. Para o ignorante, é o ensino despretensioso. Para o ingrato, é o esquecimento. Para o enfermo, é a visita pessoal. Para o estudante, é o concurso no aprendizado. Para a criança, é a proteção construtiva. Para o velho, é o braço irmão. Para o inimigo, é o silêncio. Para o amigo, é o estímulo. Para o transviado, é o entendimento. Para o orgulhoso, é a humildade. Para o colérico, é a calma. Para o preguiçoso, é o trabalho. Para o impulsivo, é a serenidade. Para o leviano, é a tolerância. Para o deserdado da Terra, é a expressão de carinho (Francisco Cândido Xavier). 

Creio que o que era e é esperado de nós, enquanto seres religiosos, e principalmente enquanto maçons, seja o esforço constante em nossa autoanálise moral, de forma que, sempre que nos percebamos fora dos atributos da caridade, possamos erguer a nossa cabeça e recomeçar o caminho sem ansiedade ou desespero, porém, a passos firmes e corajosos. 

Se como indivíduos que vivem e praticam a caridade, conseguirmos possibilitar meios para que a sociedade construa uma vida mais democrática, justa e saudável para si, sem que um ser humano não necessite viver da caridade do outro, poderemos descansar. 

Acredito plenamente que seja isso que o Grande Arquiteto do Universo espera de cada um de nós. 

Bibliografia:

Allan Kardec - O Evangelho segundo do Espiritismo.
Bíblia Sagrada – Epístola de Paulo aos Coríntios
Salgado, Elizabeth - A caridade,
Wilkipédia, a enciclopédia Livre - Verbetes caridade, virtude e virtudes teologais.
Site Cidade Maçônica – http//cidademaconica.blogspot.com/2007/07/eu soumaçom.html
Andrade, Renato Vieira de. O maçom entre a solidariedade e a caridade.

Fonte: JB News – Informativo nr. 2.071

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