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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

SOIS MAÇOM?

SOIS MAÇOM?
Ir∴ Francisco Geraldo Fernandes de Almeida
Colaboração Ir∴ Deusdeth de Menezes Costa (Rio Branco)

Lembrava daquela forte dor no peito. Como viera eu parar aqui? O ambiente me era familiar. Já estivera aqui, mas quando?

Caminhava sem rumo. Pessoas desconhecidas passavam por mim, contudo, não tinha coragem de abordá-las. Mas espere! Que grupo seria aquele reunido e de terno preto?

Lógico! Não estariam indo e vindo de um enterro; hoje em dia não é tão comum pessoas irem a velório com roupa preta. É claro! São irmãos! Aproximei-me do grupo. Ao me verem interromperam a conversa.

Discretamente executei o sinal de Aprendiz, obtendo resposta.

A alegria tomou conta de mim. Estava entre amigos.

Identifiquei-me.

Perguntei ansioso o que estava acontecendo comigo.

Responderam-me com muito cuidado e fraternalmente que havia desencarnado.

Não tinha mais dúvidas. Estava no Oriente Eterno.

Fiquei assustado.

E a minha família, meus amigos, todos, como estavam?

- Estão bem, não se preocupe. No seu devido tempo você os verá, responderam.
Ainda assustado indaguei sobre o motivo de suas vestes.

- Estamos nos encaminhando ao nosso Templo Maçônico, foi a resposta.

- Templo Maçônico? Vocês tem um?

- Sim claro, por que não?

Senti-me mais à vontade, afinal, sou um grande ins[petor geral e com certeza receberei as honras devidas a meu grau.

Pedi para acompanhá-los, no que fui atendido.

Ao fim de pequena caminhada divisei o Templo. Confesso que fiquei abismado, sua imponência era enorme. As Colunas do Pórtico eram majestosas, nunca vira nada igual. Imaginei como deveria ser seu interior e como me sentiria tomando parte nos trabalhos.

Caminhos em silêncio. Ao chegar no salão de entrada verifiquei grupos de irmãos conversando animadamente, porém, em tom respeitoso.

O que parecia o líder do grupo que me acompanhava chamou um irmão que estava adiante:

- Irmão Experto! Acompanhai o irmão recém chegado e com ele aguarde.

Não entendi bem. Afinal, tendo mostrado meus documentos, esperava, no mínimo, uma recepção mais Calorosa.

Talvez estejam preparando uma surpresa à minha entrada. Para um irmão Grau 33, não poderia se esperar nada diferente.

Verifiquei que os irmãos formavam o cortejo para entrada no Templo.

À distância, não pude ouvir o que diziam, no entanto, uma luminosidade esplendorosa cercou a todos.

Adentraram silenciosamente no Templo. Comigo ficou o Irmão Experto.

De tanta emoção não conseguia dizer nada. O tempo passou...não pude medir quanto.

A porta do Templo se entreabriu e o Irmão Mestre de Cerimônias encaminhando-se a mim comunicou que seria recebido. Ajeitei o paletó, estufei o peito, verifiquei se minhas comendas não estavam desleixadas e caminhei com ele.

Tremia um pouco, mas quem não o faria em tal circunstância?

Respirei fundo e adentrei ritualisticamente no Templo.

Estranho...esperava encontrar luxuosidade esplendorosa, muito ouro e riqueza. Verifiquei, rapidamente, no entanto, uma simplicidade muito grande. Uma luz brilhante, vinda não se sabe de onde, iluminava o ambiente.

Cumprimentei o Venerável Mestre e os Vigilantes na forma usual.

Ninguém se levantou à minha entrada. Mantinham-se calados e respeitosos.

Não sabia o que fazer...aguardava ordens...e elas vieram na voz firme do Venerável Mestre:

- Sois Maçom?

Reconhecendo a necessidade do telhamento em tais circunstâncias, aceitei respondê-lo.

Estufei o peito, estiquei o corpo e respondi:
- MM∴II∴C∴T∴M∴RR∴

Aguardei, seguro, a pergunta seguinte. Em seu lugar o Venerável Mestre dirigindo-se aos presentes perguntou:

- Os Irmãos aqui presentes o reconhecem como Maçom?

Assustei-me. O que era isso? Por que tal pergunta? O silêncio foi total.

Dirigindo-se a mim, o Venerável emendou:

- Meu caro irmão visitante, os irmãos aqui presentes não o reconhecem como Maçom.

- Como não? Disse eu. Não vêem as minhas insígnias? Não verificaram os meus documentos?

- Sim, caro Irmão, retrucou solenemente o Venerável Mestre, Contudo não basta ter ingressado na Ordem, ter diplomas ou insígnias. Para ser um Maçom é preciso, antes de tudo, ter construído o “seu Templo”.

E verificamos que tal não ocorreu com o Irmão. Observamos, ainda, que apesar de ter tido todas as oportunidades de estudo e de ter galgado ao maior dos graus, não absorveu seus ensinamentos. Sua passagem pela Arte Real foi efêmera.

Não pude agüentar mais. Retruquei:

- Como efêmera? Vocês que tudo sabem não observaram minhas atitudes fraternas? Fui interrompido.

- Irmão, vejamos então sua defesa...

Automaticamente desenhou-se na parede algo parecido com uma tela imensa de televisão e na imagem reconheci-me junto a um grupo de irmãos tecendo comentários desairosos contra a administração de minha loja. Era verdade. Envergonhei-me, Tentei justificar, mas não encontrava argumentos. Lembrei-me então, de minhas ações beneficentes.

Indaguei-os sobre tal.

E mudando a imagem como se trocassem de canal, vi-me colocando a mão vazia no tronco de beneficência. Era fato e, costumeiramente, o fazia por achar que o óbulo não seria bem usado.

Por não ter o que argumentar me calei e lágrimas de remorso brotaram-me nos olhos, iniciei a retirar-me cabisbaixo e estanquei ao ouvir a voz autoritária e ao mesmo tempo fraterna do Venerável.

- Meu Irmão, reconhecemos suas falhas quando pó orbe terrestre e na Maçonaria, contudo, reconhecemos, também, que o irmão foi iniciado em nossos augustos mistérios. Prometemos em suas iniciações protegê-lo e o faremos.

O Irmão terá a oportunidade de consertar seus erros, afinal, todos nós aqui presentes já os cometemos um dia.

Descanse neste plano o tempo necessário e, ao voltar à matéria para novas experiências, nós o encaminharemos novamente para a ordem Maçônica.

Sua nova caminhada com certeza será mais promissora e útil.

Saí decepcionado, mas estranhamente aliviado.

Aquelas Palavras parecem ter me tirado um grande peso. Com certeza ali eu desbastara um pedaço de minha pedra bruta.

Acordei, sobressaltado e suando.

Meu coração disparado.

Levantei-me assustado com certa alegria no peito. Havia sonhado!

Dirigi-me ao guarda-roupa. Meu terno ali estava.

Instintivamente retirei do paletó as medalhas e insígnias e as guardei em uma caixa, para nunca mais usar.

Ainda emocionado e com os olhos molhados de lágrimas dirigi-me à minha mesa e com as mãos trêmulas e cheio de uma alegria enlevante, indescritível, retirei o Ritual de Aprendiz-Maçom e decidi começar tudo de novo.

Devemos fazer de tudo, meus irmãos, para que esse pesadelo não se transforme em realidade na outra dimensão!!!

Fonte: JBNews - Informativo nº 103 - 16/12/2010

2 comentários:

  1. 🔨🔨🔨👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼

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  2. J.'. E perfeito. 🔨🔨🔨

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