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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

O PERFIL DO NOVO MAÇOM

O PERFIL DO NOVO MAÇOM
Ir Anatoli Oliynik, ex-V.M.

Na Maçonaria, existem basicamente três tipos característicos de Maçons: 1) os que trabalham;  2) os que fazem trabalhar; 3) os que dão trabalho.

Aliás, estes tipos de pessoas existem em todas as organizações. Portanto, não é um privilégio exclusivo da Maçonaria.

É por causa dos Maçons que não trabalham, mas que dão um trabalho danado para os Veneráveis Mestres, que estamos buscando fórmulas no sentido de encontrar um perfil ideal de pessoa que possa atender aos interesses da maçonaria brasileira e cumprir aos seus desígnios.

Na verdade, não existem fórmulas mágicas; não existem receitas milagrosas.

Para estabelecermos o perfil do novo maçom, precisamos, antes de qualquer coisa, mudar os nossos paradigmas.

Paradigmas são as lentes através das quais vemos o mundo e determinamos o nosso modo de pensar e de agir. Como conseqüência, vemos o mundo não como ele é, mas como nós somos, ou seja, como estamos condicionados a vê-lo. Os resultados da pesquisa demonstram isso com muita clareza.

Para mudar os paradigmas e com isso alterar os nossos processos mentais, resultando comportamentos diferentes, precisamos analisar e entender como esses comportamentos e atitudes são gerados.

Tanto o relacionamento, quanto o comportamento humano, são campos muito delicados de serem tratados.

O comportamento é um dos pontos que requer muita habilidade, pois ele é um somatório de vários itens, entre os quais podemos citar: educação, personalidade, temperamento, estágio de desenvolvimento, entre outros.

É comum observar nas respostas dos candidatos à iniciação, a citação de que pretendem entrar para a maçonaria para obter maior desenvolvimento pessoal. Entretanto, os candidatos não respondem, e nós nunca perguntamos a eles, o que eles pretendem realmente fazer com tal desenvolvimento.

À medida que eles avançam, agora Aprendizes, depois Companheiros e mais tarde Mestres, vamos distinguindo, com muita clareza, aqueles que alcançaram o que pretendiam, daqueles que ficaram somente na intenção.

O processo de maturidade das pessoas é construído por meio da alteração do estado de dependência para o estado de independência, e desta para a interdependência.

A trajetória (dependência - independência) inicia-se na infância. A criança precisa ser alimentada e cuidada, aprende a andar, falar, ler, escrever, e segue paulatinamente rumo à provável independência.
Digo provável, porque a maturidade física nem sempre é acompanhada da maturidade emocional e muitas pessoas mantêm-se dependentes mesmo na fase adulta, o que as impede de vivenciar a interdependência.

A imaturidade emocional concentra-se em alguns focos de dependência: a família, a esposa, o dinheiro, o trabalho, o prazer, os bens, a igreja, são alguns exemplos.

O objetivo dessa digressão não é o de dar uma aula sobre maturidade emocional, mas demonstrar como este aspecto é importante na análise do perfil do futuro maçom, senão vejamos:

1. A família, a esposa do candidato, ou ambos, não vêem a maçonaria com bons olhos, mas acabam concordando com o seu ingresso. Este fato, por si só, coloca o candidato numa situação de dependência.

2. O candidato não ganha o suficiente para manter a sua família, quanto mais assumir novos compromissos financeiros que a Maçonaria lhe impõe. Temos aqui uma nova situação de dependência.

3. O padre da paróquia que o candidato, a sua família, os seus amigos e vizinhos freqüentam, hostiliza a Maçonaria com freqüência. Se o mesmo for iniciado, acabará se tornando dependente do preconceito, pois jamais revelará aos seus amigos, vizinhos e pároco, a sua condição de maçom.

Este mesmo raciocínio se aplica a outros fatores correlatos.

Talvez, o primeiro e mais importante requisito para definir o perfil do novo maçom seja avaliar o grau de dependência e de independência do candidato para estabelecer o seu grau de maturidade, não só física, mas também emocional.

Os nossos processos de sindicâncias não estão preparados para possibilitar esta análise. Também tenho dúvidas se nós mesmos, como sindicantes, estamos aptos para fazê-lo.

Por isso precisamos mudar os nossos paradigmas quanto ao processo utilizado para recrutar candidatos, trocar as lentes através das quais vemos o mundo e alternar os nossos processos mentais.

Uma coisa é certa: só a pessoa independente pode agir de forma interdependente!!!

São pessoas com alto grau de interdependência, que a maçonaria precisa.

Por isso, quando se fala em dinheiro como aspecto importante na definição do perfil do novo maçom, não estamos falando no sentido de tomá-lo do candidato, mas no sentido de avaliarmos um dos componentes do grau de dependência ou independência do candidato.

O mesmo raciocínio se aplica ao grau de instrução.

Uma pessoa com baixo nível de escolaridade é um dependente da sua própria ignorância. Tem dificuldade de interpretar textos e idéias, tropeça nos significados das palavras, sente-se inferiorizado nas discussões mais elevadas, tem dificuldade de abstrair, substanciar, concluir idéias e expressar pensamentos.

Entendo que o candidato deva ser:

- participativo;
- colaborador;
- realizador.

Estes atributos conduzem o indivíduo ao comprometimento. No entanto, não basta apenas ser; é preciso, também:

- Ter capacidade de pensar sistematicamente, de ver o todo, de abstrair, de criar e inovar, de chegar à essência das coisas, de fazer acontecer, de se comunicar, de se relacionar, de iniciar mudanças, de energizar pessoas, de observar, de ler, entender e extrair.

- Ter notório saber cuja capacidade cultural esteja relacionada a conhecimentos gerais, atualidades, conexões com o ambiente atual, participação em conferências, grupos de discussão, grupos sociais, curiosidade com relação a outras culturas e modos de vida e adaptação às tecnologias disponíveis.

- Ter estabilidade financeira para que possa ser um indivíduo independente, neste quesito, e exercer a interdependência nos seus relacionamentos, sem ostentação ou superioridade.

CONCLUINDO:
As Lojas precisam definir o seu papel na sociedade, pois somente a partir da definição da sua missão (qual a finalidade da loja? para que a loja existe?), que poderão definir o perfil do novo maçom, de modo que os candidatos atendam as necessidades fundamentais da loja.

Para este mister as lojas precisam operacionalizar o seu planejamento estratégico. Já existe a metodologia, já existe a orientação formal dada pelo Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil - Paraná, para que as Lojas implementassem no mais curto período de tempo o seu planejamento estratégico.

A questão sobre o assunto foi exaustivamente tratada, já no IV Congresso realizado há 2 anos atrás (2000) no Oriente de Maringá. O que falta agora, é fazer. É preciso fazê-lo com urgência, pois já não é mais possível continuar postergando tão importante iniciativa para as próprias lojas, para o Grande Oriente do Brasil - Paraná e para a Maçonaria Brasileira.

Palestra realizada em 2002.
Com a fraternal saudação do Ir. Rui Jung Neto, ex-V.M. da
Cinq. Ben. A.R.L.S. "Concordia et Humanitas" Nr. 56 - ao Or. de Porto Alegre - RS
Fundada em 24/06/1958 - Rito Schröder - M.R.G.L.M.E.R.G.S.

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