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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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terça-feira, 31 de janeiro de 2017

A CÂMARA DAS REFLEXÕES II

A CÂMARA DAS REFLEXÕES II
Fernando Tullio Colaciono Sobrinho 

Este trabalho tem o objetivo de esclarecer sobre os significados da Câmara de Reflexões, local esse que somos recolhidos logo após a nossa chegada a Loja, quando temos os nossos olhos vendados. A Câmara de Reflexões por sua decoração se torna um ambiente apropriado ao recolhimento e a introspecção, sendo esse um dos seus principais objetivos, ou seja, fazer com que o candidato reflita sobre sua vida passada, o momento que está vivendo e sua nova vida após ser aceito na Maçonaria.

No intuito de reforçar esse momento e marcar essa "passagem" é solicitado ao candidato que preencha um testamento, fato esse que caracteriza a morte próxima ou seja, morrer para dar início a uma nova fase, e esse testamento moral e filosófico que o candidato deve preencher, que é ao final assinado por ele, contem as seguintes questões:


Quais os deveres do Homem para com Deus?
Quais os deveres do Homem para com a Humanidade?
Quais os deveres do Homem para com a Pátria?
Quais os deveres do Homem para com a Família?
Quais os deveres do Homem para consigo mesmo?

Inicialmente para o candidato esse local pode se mostrar um pouco assustador, mas após receber a "Luz" e com os ensinamentos que serão recebidos, percebe então que essa foi uma das principais fases de sua Iniciação.

Uma iniciação maçônica é uma morte simbólica e um renascimento, ou, um novo nascimento. Por isso, o candidato fica encerrado durante algum tempo, num compartimento isolado, como uma caverna, de onde ele sai, num determinado momento do ritual iniciático, como se saísse do útero para a luz.

Em Maçonaria, esse compartimento recebe o nome de Câmara de Reflexões, onde o candidato permanece em meditação, antes de ser conduzido ao templo, para a cerimônia de iniciação. Tudo nessa Câmara lembra a morte, a enfermidade da matéria e a eternidade do espírito. Assim se desconsiderarmos as pequenas diferenças entre os ritos, uma Câmara contém:

- Um esqueleto humano, a mostrar que todos ficam reduzidos a mesma condição, após a morte, sendo, portanto, vãs e fúteis as distinções feitas em vida.

- Uma ampulheta, ou relógio de areia, que, por registrar pequenos espaços de tempo, mostra que a vida é efêmera e deve ser usada na concretização das grandes obras do espírito humano.

- Sal, enxofre e mercúrio, os três elementos necessários à grande Obra da Alquimia – que é a transmutação dos metais inferiores em ouro, sendo também chamada de Arte Real, graças à lenda segundo a qual o rei Midas teria recebido, do deus grego Dionísio, o poder de transformar em ouro tudo o que tocasse. A Grande Obra, para a alquimia oculta, consiste no constante renascer, para que o iniciado percorra o caminho do conhecimento e do aperfeiçoamento, até chegar a comunhão com a divindade. Assim, os metais inferiores simbolizam as paixões humanas e os vícios, que devem ser combatidos e transformados em ouro do espírito, que é o objetivo da Grande Obra, ou Arte Real.

- Um pedaço de pão de trigo que simboliza o alimento da fertilidade da terra, fecundada pelo Sol, e uma bilha com água que simboliza o alimento do espírito, por ser o símbolo da purificação mostrando que é importante o nutrimento do corpo, sendo o do espírito tão importante quanto ou até mais.

- O galo, em posição de canto, saudando a nova aurora, o renascer do candidato, para uma nova existência com uma ampulheta abaixo com as palavras - Vigilância e Perseverança.

- Uma taça de líquido doce e uma de líquido amargo, simbolizando que a vida é feita de altos e baixos, de bons e maus momentos e que o homem deve acatar sua sorte, resignadamente.

- A palavra VITRIOL, que é a sigla de uma máxima alquímica: Visita Interiore Terrae Rectificando que Invenies Ocultum Lapidem (Visitar o interior da Terra e, seguindo em linha reta, encontrarás a pedra oculta), a qual alude a procura da pedra filosofal da Alquimia. Para a alquimia mística, porém, a frase é um convite a introspecção, à procura do eu interior, como a expressão inscrita no frontispício do templo de Apolo, em Delfos: Nosce te ipsum (Conhece-te a ti mesmo).

Sobre as paredes deve haver, em caracteres legíveis, as inscrições que seguem:

Se a curiosidade aqui te conduz, retira-te.
Se queres bem empregar a tua vida, pensa na morte.
Se tens receio que se descubram os teus defeitos, não estarás bem entre nós.
Se és apegado às distinções mundanas, retira-te; nós aqui, não as conhecemos.
Se fores dissimulado, serás descoberto.
Se tens medo, não vás adiante.

Esse renascer constante, a partir da morte simbólica, associado a toda escalada iniciática, no caminho que vai das trevas à luz, pode ser assimilado às sucessivas mortes e ressurreições da natureza, mostrada pelo ciclo imutável dos vegetais, em todos os anos. E esse ciclo é mostrado pelos signos zodiacais, que simbolizam todo o aperfeiçoamento do candidato, desde que ele é encerrado na Câmara de Reflexão, até que, como iniciado, ele percorre o caminho do conhecimento, que o leva à visão da Luz total, simbolizada pelo Sol, no Oriente.

Os signos zodiacais relacionados com o grau de Aprendiz Maçom são: Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão e Virgem; relacionado com o grau de Companheiro Maçom , está o signo de Libra; e os inerentes ao grau de Mestre Maçom são os signos de Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes.

BIBLIOGRAFIA:

Assis Carvalho - Caderno de estudos maçônicos (O Aprendiz Maçom Grau 1)

José Castellani - Maçonaria e Astrologia
José Castellani - O Grau de Aprendiz Maçom
Rizzardo da Camino - O Aprendiz Maçom
Edição 1999 - Ritual do Grau de Aprendiz

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