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PERGUNTAS & RESPOSTAS

O “Perguntas & Respostas” que durante anos foi publicado no JB News e aqui reproduzido, está agora no “Blog do Pedro Juk” . Para visita-lo ou tirar suas dúvidas clique http://pedro-juk.webnode.com/ ou http://pedro-juk.blogspot.com.br

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

FRASES ILUSTRADAS

SEMICÍRCULO E ILUMINAÇÃO ESPECIAL

Em 28.05.2025 o Respeitável Irmão Paulo Fernando Leuckert, Loja Venâncio Aires II, e Honra e Virtude, 3834, REAA, GOB-RS, Oriente de Venâncio Aires, Estado do Rio Grande do Sul, apresenta o que segue:

SEMICÍRCULO NA INICIAÇÃO

Segue uma pergunta feita mais por curiosidade:

Na última Iniciação ocorrida, mesmo com o novo Ritual 2024, os Irmãos estavam fazendo o semicírculo em frente ao Irmão que veria a LUZ, tive que discretamente, chamar a atenção de que não se fazia mais isto. Que o correto eram as duas fileiras, pois, ao cair a venda, o novo Irmão deveria ver o maior emblema da Maçonaria (meu ponto de vista): o Altar dos Juramentos onde estão o Livro da Lei, o Compasso e o Esquadro.

Bem, sentado ao lado de um Irmão um pouco mais jovem do que eu, que tenho 72 de idade, disse, naquele momento de escuridão, que lindo seria que houvesse, no momento da queda da venda, uma iluminação direta sobre o ARA (de cima para baixo). Pensamos até em pedir a um Irmão nosso, eletricista, que nos desse uma opinião sobre como isto poderia ser feito. Até na possibilidade de ser uma luminária portátil somente para a ocasião e que fosse removida após a sessão...

Entretanto, sabemos que isto não consta na Planta do Templo...

Pergunto então: estaríamos procedendo de uma maneira ilegal caso fizéssemos esta iluminação?

CONSIDERAÇÕES:

Vamos partir do seguinte princípio: o que não estiver previsto no ritual não deve ser praticado. Ritual em vigência, aprovado por Decreto do Grão-Mestre Geral, é para ser cumprido na íntegra.

Assim, no caso desse semicírculo composto por IIr voltados para o candidato na cerimônia de Iniciação é procedimento totalmente irregular quando se tratar do REAA.

Vale ressaltar que o próprio ritual alerta para inserções indevidas, as quais serão tratadas como delito maçônico. 

No caso do apontar espadas para o Candidato, está bem claro no ritual que os Mestres Maçons que ocupam as fileiras frontais de assentos nas Colunas, o fazem dos seus lugares, sem nenhuma formação de semicírculo.

No tocante à iluminação especial direcionada para o Alt dos JJur é a mesma coisa. Não está na descrição dos elementos que decoram o Templo do REAA, simplesmente não existe.

Vale ressaltar que as Três Grande Luzes Emblemáticas da Maçonaria não carecem de iluminação especial sobre o Altar para melhor percepção do iniciado. Certamente ele compreenderá o seu alto significado quando receber as devidas instruções em Loja. 

Não obstante a tudo isso, é prudente não se confundir percepção iniciática com percepção religiosa.

T.F.A.
PEDRO JUK - SGOR/GOB
jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

PÍLULAS MAÇÔNICAS

nº 123 - Rosa – Cruz e a Maçonaria

O pessoal mais antigo da Maçonaria é frequentemente questionado pelos maçons mais jovens, sobre a ligação entre a Maçonaria e o Rosacrucianismo.

A pergunta mais freqüente é se a Rosa-Cruz nasceu na Maçonaria, ou vice versa. Se têm muita coisa em comum, etc.

Na verdade elas são instituições totalmente diferentes, com origens diferentes.

É difícil dizer que não tem nada em comum, pois a Maçonaria tem uma parte “mística”, apesar da Maçonaria Especulativa, atual, ser uma construtora social, atuando no terreno político-social. Por sua vez, a Rosa-Cruz é uma instituição muito “mística”, num sincretismo de diversas correntes filosófico-religiosas: desde alquimia, gnosticismo cristão, cabalismo judaico até o hermetismo egípcio (Castellani).

Sobre a origem da Maçonaria já foi falado em diversas Pílulas anteriores.

Quanto a origem do Rosa-Cruz, apesar de alguns escritores ufanistas, dizerem que essa Instituição nasceu no Egito antigo, escritores sérios, com documentos concretos, como Frederico Guilherme Costa, demonstram que, na verdade, ela nasceu na Idade Média.

No livro “Maçonaria Dissecada” o escritor citado, nos diz que a primeira menção histórica da Rosa-Cruz, data de 1614, quando apareceu o documento “Fama Fraternitatis”, relatando as fantásticas viagens pela Arábia, Egito, Marrocos feitas pelo germânico Christian Rosen Kreuz.

Nesses países, adquiriu seus conhecimentos místicos e que foram, posteriormente, espalhados pelos quatro cantos do mundo, através de seus seguidores.

M.'.I.'. Alfério Di Giaimo Neto
CIM 196017

Fonte: pilulasmaconicas.blogspot.com

AS TRÊS BATIDAS DISTINTAS

As Três Batidas Distintas (The Three Distinct Knocks), O ritual dos antigos(*)

Steven C. Bullock, professor de história no Instituto Politécnico de Worcester em Massachussets (EUA) e autor do livro “Revolutionary Brotherhood: Freemasonry and the Transformation of the American Social Order, 1730-1840”, qualifica a exposição de rituais maçônicos como “o mais importante gênero antimaçônico”. Embora tenha sido esta a intenção, temos que considerar a importância destes documentos históricos para o conhecimento maçônico atual e a possibilidade de pesquisas através deles.

O primeiro ritual exposto como um livro, chamado “A Maçonaria Dissecada” (Masonry Dissected) por Samuel Prichard, publicado em 1730.

Esse livro, a divulgação, é um documento de grande importância para historiadores, pois fornece as primeiras descrições do grau de Mestre Maçom, e para eles essa documentação é inestimável. No entanto, para um maçom, a idéia de uma divulgação de seus rituais era de se preocupar e foi tomado como uma traição de sua confiança.

Mas e se esses historiadores, além de o serem, também forem maçons?

Arturo de Hoyos, um historiador e maçom, em seu livro “Light on Masonry: The History and Rituals of America’s Most Important Masonic Exposed”, escreve: “O grande segredo de historiadores maçônicos é que muitos de nós se apaixonam por divulgações. Como em outros assuntos do coração, isso é excitante, mas também pode se tornar um relacionamento de amor e ódio. Por um lado, sabemos que o resultado de traição, pode ser desconfiança, mas por outro lado, nos apresenta a possibilidade de uma autenticidade que pode nos ensinar muito sobre a evolução dos rituais maçônicos”. Em outras palavras, embora seja o resultado de uma traição, se usado com cuidado pelos historiadores, pode traçar algumas das mudanças e desenvolvimentos dos rituais maçônicos.

The Three Distincts Knocks (As Três Batidas Distintas), é uma das descobertas mais importantes da tradição maçônica inglesa.

Uma divulgação é um texto destinado ao público em geral. Isso deve ser entendido em oposição a outros documentos maçônicos ou referentes à Maçonaria, que são documentos particulares. 

O estudo das divulgações e a sua recepção, são recentes. Os primeiros pesquisadores interessados, há mais de meio século, inicialmente os consideraram duvidosos e pouco confiáveis ​​em termos da veracidade de seu conteúdo.

Aliás, esses textos não teriam sido publicados com a intenção de prejudicar a Maçonaria?

O autor da mais famosa das divulgações, Samuel Prichard, escreveu que “De todos os abusos que aparecem entre os homens, nenhum é tão ridículo quanto o mistério da Maçonaria (…). Espero que (esta divulgação) dê plena satisfação e tenha o efeito desejado com a prevenção de tantas pessoas ingênuas que estão interessadas em uma sociedade tão perniciosa”. 

Deve-se reconhecer que certas revelações são de fato falsas e tiveram o propósito deliberado de semear dúvidas na mente do público. Este é o caso de duas revelações francesas de 1744: Le Parfait Maçon e La Franche-Maçonne. Estas duas revelações foram publicadas por Johel Coutura, no livro “Le parfait maçon, les débuts de la maçonnerie française (1736-1748)”.

Com o progresso da pesquisa, ao comparar as divulgações com os textos inéditos, os estudiosos estabeleceram a coerência da maioria dessas publicações e as consideraram como fontes seguras.

Harry Carr, um dos mais notórios investigadores maçônicos ingleses, produziu um excelente trabalho publicando pela primeira vez as divulgações maçônicas francesas.

Hoje em dia, levando em conta todas essas conclusões, é possível realizar uma releitura desses textos e considerar um dos problemas fundamentais da história maçônica do século XVIII. De fato, a pesquisa maçônica, como qualquer pesquisa, consiste em reformular regularmente as mesmas questões e produzir novas respostas.

A principal divulgação maçônica, “A Maçonaria Dissecada” de Samuel Prichard, data de 1730. É a divulgação que apresenta um sistema em três graus. Esse texto conheceu tal sucesso durante todo o século XVIII (dezenas de edições), que a questão de saber se revelava ou não a verdade, não foi levantada.

Devido à magnitude de sua disseminação, essa divulgação se converteu de fato em uma fonte de rituais maçônicos, pois, por um lado, é muito difícil compará-lo com textos contemporâneos e, por outro lado, que os textos imediatamente posteriores o copiaram!

As lojas usaram o texto de Prichard como uma ajuda de memória, o que significa que a Maçonaria de Londres da década de 1730 estava de acordo com essa revelação.

Pode-se também pensar que a mesma maçonaria que apareceu em Paris naqueles anos, é provavelmente a que veio de Londres.

Primeira divulgação importante em inglês, a Maçonaria dissecada também será a última, na Inglaterra, por um longo tempo. Na França, a situação é muito diferente, desde o final da década de 1730, inúmeras divulgações foram aparecendo.

Alguns são da linha de Samuel Prichard (La Reception Mysterieuse, 1738 e Le Sceau Rompu, 1745) atestam as mesmas preocupações, os mesmos interesses, as mesmas necessidades e sem dúvida, a mesma prática maçônica dos irmãos da outra costa do Canal.

Outros, Le Secret des Francs-Macons, Le Catechisme des Franc-Macons, LÓrdre des Francs-Macons Trahi, dos anos 1744-1745, propõem uma Maçonaria que se referencia na Inglaterra.

Em 1751, ainda assim, Le Macon Demasqué é apresentado como uma tradução francesa de um ritual usado por uma loja de Londres.

Assim, dos anos de 1730 a 1750, os usos maçônicos dos irmãos ingleses e franceses para os graus azuis (simbólicos) eram substancialmente idênticos.

Em 1751-1753, ocorre um evento que modificará consideravelmente a situação.

Trata-se da aparição, na Inglaterra, de uma segunda Grande Loja, distinta da Grande Loja de Londres, tanto em seu ritual quanto em sua concepção da Maçonaria.

Foi de fato uma criação original de irmãos da Irlanda, que trouxeram com eles seus costumes e tradições maçônicas muito diferentes dos costumes de Londres.

Surgindo em 1751, esta maçonaria não terá o título de Grande Loja até 1753, quando Robert Tuner Esq., foi eleito Grão-Mestre dos Antigos, pelas 12 lojas que formavam o grupo.

A “Grande Loja dos Maçons de acordo com as Antigas Constituições”, mais tarde chamada de Grande Loja dos “Antigos”, conhecerá seus primeiros movimentos em oposição à Grande Loja de Londres ou à primeira Grande Loja, mas Laurence Dermott, seu principal animador, chegará ao nível de seu concorrente e até excedê-lo até o final do século XVIII.

Será neste contexto, que em 1760, após trinta anos de silêncio documental na Inglaterra, surgem novas divulgações:

Em primeiro lugar, “A Master Key to Freemasonry”, tradução muito próxima de “L’Ordre des Francs-Macons Trahi”. Esta divulgação demonstra uma forte identidade entre os maçons franceses e ingleses dentro da tradição dos “Modernos”.

Um pouco mais tarde, “The Three Distinct Knocks” (As três batidas distintas) são publicadas. Este texto é apresentado como um ritual que permitiria ao leitor se passar por maçom e penetrar nas lojas maçônicas.

Em 1762, “Jachim e Boaz” aparece com conteúdo muito próximo da revelação anterior. De qualquer forma, essa divulgação surge como uma revelação dos “Antigos”, embora Jachim e Boaz sejam declarados falsamente como “Modernos”.

Em 1764 “Hiram” foi publicado, revelação muito parcial que se refere às “Três Batidas Distintas” e faz alusão ao Arco Real (grau muito importante para os “Antigos”) e em 1765, surgem o “Mystery of Freemasonry Explained” (versão abreviada de Jachim e Boaz). ) e o “Shibboleth”.

Mas, nesta série de publicações, o mais importante é, sem dúvida, “As Três Batidas Distintas”.

Antes de iniciar a leitura crítica do texto, devemos rever os problemas que encontraremos no decorrer de nosso estudo.

1. Quais são as diferenças exatas entre os rituais dos “Modernos” e dos “Antigos”?

No Ahiman Rezon, livro das Constituições dos “Antigos”, Laurence Dermott havia estabelecido uma lista do que reprovava nos “Modernos”.

Esse catálogo consistia em elementos mais ou menos justificados.

Está bem provado que os “Modernos” não consideravam o grau do Arco Real, embora alguns deles o tenham praticado. Esse grau havia sido trazido pelos irmãos irlandeses (os antigos) e, embora as fontes não fossem conhecidas, defendiam-no como um quarto grau.

Outra reprovação era que eles (modernos) haviam abandonado a cerimônia de instalação (secreta) do Venerável Mestre o que, sem dúvida, era verdadeiro.

Mas, embora essa cerimônia não seja descrita no texto de Samuel Prichard, ela é encontrada nas “Três Batidas Distintas” e deve-se notar que entre essas duas revelações há um espaço de trinta anos e um certo número de eventos na França pouco relacionados à Cerimônia de Instalação, de modo que hoje não podemos ser tão afirmativos como L. Dermott, com relação a esse assunto.

Por outro lado, a reprovação por terem abandonado as orações no ritual não é pertinente. De fato, não há nenhuma oração em Samuel Prichard, mas pode-se dizer que os Modernos os abandonaram? E se eles nunca tivessem praticado?

E acima de tudo, o enorme problema da ordem das Palavras.

É verdade que os Modernos no começo praticaram a ordem B e J, que eram os mesmos que os Antigos, e isso mudou depois para J e B. 

Esta mudança provocou as mais violentas disputas. Ainda hoje, obediências e ritos maçônicos divergem sobre a ordem dessas duas palavras, cada um pensando que pratica a ordem correta.

2. Que tipo de relação poderia ter existido entre a França e a Inglaterra justamente na década de 1760?

Após a segunda edição das Constituições da Grande Loja de Londres, tem-se a impressão de que em 1738 a Maçonaria Francesa, que recebera um Grão-Mestre Francês, foi separada da Maçonaria Inglesa e a partir daí a incompreensão entre os dois está instalada. 

Mas parece que essa visão é imprecisa e que a separação real se estende por várias décadas.

Certamente o estudo dos altos graus permite esclarecer esta questão, mas uma releitura das divulgações nos levará a considerar o ponto de vista dos graus simbólicos praticados, que sem dúvida, se manteve muito mais próxima do que se acredita e justamente na década de 1760 na Inglaterra e na França.

Em outras palavras, a separação entre as tradições maçônicas, inglesa e francesa, seria relativamente tardia.

Quais foram às relações reais entre os irmãos das duas Grandes Lojas?

Oficialmente e em uma lógica de obediência maçônica, não há relacionamento, mas era frequente irmãos mudarem de obediência, como ilustrado por William Preston. Na maçonaria do século XVIII havia grande liberdade para os irmãos trocarem de loja, até mais do que hoje.

Por outro lado, essas trocas foram proveitosas, já que na década de 1760 e sob a influência dos Antigos, os Modernos criaram um Capítulo do Arco Real independente da Grande Loja.

Quais foram às influências entre as divulgações em inglês e francês?

O Maçonaria Dissecada (1730) foi adaptado para o francês em 1738. Por outro lado, Franc-Macons Trahis (1745) foi traduzido para o inglês em 1760.

Dito isso, devemos reconhecer que é difícil avaliar o impacto dessas traduções e adaptações.

Já vimos que o sistema maçônico exposto nesta divulgação é o dos “Antigos”. Depois dos “Modernos”, é o segundo sistema simbólico que aparecerá na Inglaterra. 

Esses sistemas têm muitas diferenças, tanto por seu status quanto de conteúdo.

A primeira distinção reside no fato de que a tradição dos “Modernos” foi introduzida na França e no continente, enquanto o sistema dos “Antigos” permaneceu, em sua lógica e funcionamento, como um sistema profundo e fundamentalmente Inglês ou Anglo-saxão.

Uma segunda distinção se refere ao problema das fontes de ambas as tradições.

Embora você possa identificar aqueles da tradição dos “Modernos”, o mesmo não acontece com os dos “Antigos”.

Comparando a divulgação de Prichard (1730) com os mais antigos documentos escoceses do grupo Haughfoot (o manuscrito dos arquivos de Edimburgo, o manuscrito Chetwode Crawley e o manuscrito Kewan, 1696-1714), é possível estabelecer uma associação entre estes dois textos. Nestes textos escoceses existem alguns elementos rituais importantes que nos permitiriam pensar que eles são uma das fontes identificáveis ​​e certas da primeira maçonaria inglesa.

Não existe tal coisa com a Maçonaria dos “Antigos” e as fontes da revelação que nos interessam, são desconhecidas. As hipóteses que podem ser avançadas com prudência, são tentativas. Por exemplo, podemos notar que nenhum testemunho do ritual dos “Antigos” é conhecido na Inglaterra antes do ano de 1750.

No entanto, os “Antigos” eram essencialmente de origem irlandesa. 

Poderíamos deduzir que o ritual dos “Antigos” foi inspirado por um sistema maçônico que teria surgido na Irlanda, a partir de fontes indeterminadas?

Apenas o estudo da história da primeira maçonaria irlandesa responderá a essa pergunta.

Sabe-se da existência de uma loja (ou pelo menos de certa atividade maçônica), que está registrada no discurso do Trinity College em Dublin, em 1688.

Alguns pesquisadores consideraram que a primeira maçonaria irlandesa poderia ser uma espécie de maçonaria paleo-inglesa na medida em que a Maçonaria foi introduzida naquela terra católica por colonos ingleses e protestantes.

Com o tempo, estes últimos estavam se tornando anglo-irlandeses e irlandeses, e assim que esta Maçonaria, agora irlandesa, seria o testemunho vivo de um primeiro sistema maçônico inglês do final do século XVII.

Tal sistema teria desaparecido da Inglaterra, substituído pelo dos “Modernos”, duradouro e em desenvolvimento apenas na Irlanda. Infelizmente, essa hipótese sedutora atualmente não se baseia em nenhum documento.

Vamos abordar agora, mas de outro ângulo, os mistérios das “Três Batidas Distintas” estudando o próprio texto.

No primeiro nível a ser abordado, descobrimos sua extraordinária estranheza e novidade com referência ao sistema revelado por Samuel Prichard. De fato, existem muitas diferenças importantes entre essas duas tradições.

  • A posição dos Vigilantes 

No texto de Prichard, que parece retomar um uso antigo e simples da Maçonaria Escocesa, o Venerável Mestre está no Oriente e os dois Vigilantes no Ocidente. 

Esse sistema “moderno” se expandirá pelo continente e é baseado no eixo leste-oeste (oriente-ocidente).

Na Maçonaria dos “Antigos”, os três oficiais se localizam de uma maneira diferente: um Vigilante está localizado no ocidente e outro no sul.

Além disso, o texto do ritual de abertura, associa o local dos oficiais às três posições do sol: Oriente para o Venerável; o Ocidente para o primeiro Vigilante e o Sul para o segundo Vigilante.

  • A posição dos 3 grandes candelabros.

Em Prichard, há dois candelabros no leste (oriente) e apenas um no oeste (ocidente), uma posição evidentemente encontrada no rito francês. Estes candelabros não estão associados aos oficiais e representam o Sol, a Lua e o Mestre da Loja (Venerável Mestre).

Por outro lado, no sistema dos “Antigos”, esses candelabros estão associados a cada um dos três oficiais e as virtudes: Sabedoria, Força e Beleza.

  • As três grandes luzes

Segundo os “Modernos”, essas luzes são o Sol, a Lua e o Mestre da Loja. 

Para os “Antigos”, eles são o Volume da Lei Sagrada, o Esquadro e o Compasso ou as “Três Grandes Luzes”. O Sol, a Lua e o Mestre da Loja são considerados como as três luzes menores.

  • A posição das palavras sagradas.

Esta questão é muito complexa e a diferença entre as duas tradições pode não ser tão fundamental como já foi dito. 

Prichard dá duas palavras, J e B do primeiro grau, enquanto os “Antigos” apenas uma, o B.

Sem entrar em detalhes, deixe-nos observar uma crítica voltada para os “modernos”, segundo o qual eles teriam invertido as palavras sagradas, o que na verdade, está longe de ser comprovado e, de fato, parece muito mais plausível, que as duas palavras haviam estado originalmente associadas (como dito pelo texto de Prichard e depois dissociado).

Isto poderia explicar porque os “Modernos” teriam escolhido a palavra em J e os “Antigos”, a B. Em todo caso, será o J que se encontra no primeiro grau do sistema francês tirado dos “Modernos”, e B no segundo grau, embora no sistema dos “Antigos”, seja B no primeiro grau e J no segundo.

Essa diferença será de consequências incalculáveis.

Por mais de 60 anos, as duas grandes lojas rivais disputaram essa questão e esse debate foi perpetuado no continente até hoje.

Finalmente, outras diferenças poderiam ser levantadas: por exemplo, a abertura que é mais curta entre os “Modernos” do que para os “Antigos”, uma vez que declinam as funções dos oficiais, de modo que a arquitetura do primeiro grau dos “Modernos” é profundamente diferente dos “Antigos”. 

Deve-se notar que no “Três Batidas Distintas”, é o oficial “inferior” que anuncia o local na loja do próximo em uma sequência até o Venerável Mestre, assim como encontrado no “Guia dos Maçons Escoceses”. O 2º diácono anuncia o local do 1º diácono e este, anuncia o local do 2º Vigilante, que segue anunciando em sequência o 1º Vigilante e este o Venerável Mestre da Loja.

Com a união de 1813, esse sistema é simplificado e cada oficial indica a si mesmo e seu próprio local.

Para propor uma hipótese sobre a origem da tradição dos “Antigos”, devemos considerar, apesar de todas essas diferenças e paradoxalmente, os pontos comuns de ambos os rituais.

Pode-se perceber aqui que existe na maçonaria anglo-saxônica do início do século XVIII, um certo número de temas pertencentes aos Modernos ou aos Antigos: Os oficiais (Venerável e Vigilantes), as palavras em J e B, as luzes, a Bíblia, Esquadro e Compasso, as pedras, as jóias, os 4 pontos cardeais e etc.

Também é possível avançar a hipótese de que esses invariantes estão dispostos de maneiras diferentes e específicas, para formar os dois sistemas que conhecemos.

De fato, no final do século XVIII, o conteúdo simbólico da maçonaria anglo-saxônica (ritual, cerimônia e instruções) era extremamente simples e reside essencialmente no juramento e na Palavra.

No início do século XVIII, a Maçonaria se estrutura. É bem possível que essa vontade de organização tenha assumido diferentes formas na Inglaterra e na Irlanda.

As estruturas ainda eram embrionárias e a disposição do material simbólico básico, poderia ficar a critério das circunstâncias, dos interesses locais, das idéias, dos gostos e da imaginação de cada um.

Nesta perspectiva, é evidente que a interpretação simbólica do significado fundamental dessas escolhas é muito relativa como a encenação coerente de todos esses elementos, que poderia oferecer um número de possibilidades infinitas.

As soluções retidas sem dúvida são aquelas que pareciam as mais interessantes, as mais confortáveis e até as mais bonitas, sem um significado específico de um para o outro.

Por outro lado, para se ater à questão da ordem das palavras sagradas, vale a pena distinguir a diferença de significados de acordo com as palavras dadas em uma ordem ou outra!

Finalmente, não nos esqueçamos de que é apenas com Hutchinson, com a publicação do livro “O espírito da maçonaria”, em 1775, que a Maçonaria Inglesa realmente acessa o status de maçonaria especulativa e simbolista, o que não era o caso anteriormente, quando eles se contentavam em harmonizar elementos muito simples. William James Hutchinson se deu o título de “pai do simbolismo maçônico”. O texto recebeu a sanção da Grande Loja da Inglaterra e passou por nove edições durante sua vida. Seu trabalho foi um dos primeiros a conectar aspectos religiosos, filosóficos e espiritual, ao propósito e a profundidade do significado da Maçonaria.

Para coroar tudo, a mistura desses dois sistemas, uma vez constituída, irá agravar, se ainda fosse possível, a confusão inerente àquelas associações, a ponto de torná-la quase caótica.

Esse foi o caso da Inglaterra em 1813, mas também o caso da França, cerca de dez anos antes, com o “Guide des Macons Ecossais”, que combinava a tradição dos Antigos com os usos franceses dos Modernos.

Concluindo:

Uma comparação entre os sistemas maçônicos escocês e irlandês seria, sem dúvida, muito instrutiva, devido às relações muito antigas entre esses dois países. No século VI, os irlandeses colonizaram a Escócia. Navegadores corajosos, povoaram entre outros, os mosteiros do norte da Europa.

A Grande Loja da Escócia fundada em 1736, estabeleceu um relacionamento muito bom com a Grande Loja dos “Antigos”. Essa Maçonaria dos Antigos, rapidamente se tornou uma maçonaria inglesa, o que certamente facilitou a abordagem dos “Modernos”.

Pode-se ver que os mistérios desta divulgação dos “Antigos”, “As Três Batidas Distintas”, expõe os problemas sobre a origem da Maçonaria Britânica. Por outro lado, teve um impacto fundamental nos sistemas maçônicos contemporâneos. São os “Antigos” que moldaram, em grande parte, o aspecto da maçonaria inglesa de hoje e é difícil encontrar o que resta da herança dos “Modernos” nos rituais ingleses, mas não podemos dizer o mesmo sobre os rituais franceses.

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Adaptado e traduzido por Luciano Rodrigues e Rodrigues, a partir do texto “O Mistério das Três Batidas Distintas”, da William Preston Research and Study Lodge.

Fonte: https://www.oprumodehiram.com.br

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

FRASES ILUSTRADAS

SAGRAÇÃO (INAUGURAÇÃO) DE TEMPLO MAÇÔNICO

Em 27.05.2025 o Respeitável Irmão Sílvio Scofield, Loja Deus, Luz e Caridade, 0970, Rito Brasileiro, GOB BAIANO, Oriente de Caravelas, Estado da Bahia, apresenta a seguinte questão:

 SAGRAÇÃO DE TEMPLO

 Nossa dúvida de hoje é a respeito de em qual momento o Templo deve ser sagrado.

Teremos em breve a fundação de uma nova Loja, que será do Rito Brasileiro.

Não localizei nada significativo nem na Constituição nem no Regimento G. F.

Podemos ter sessão, com os irmãos paramentados em um templo antes dele ser sagrado?

CONSIDERAÇÕES:

Sagração, ou Consagração de Templo, é o mesmo que inauguração do recinto preparado para receber os trabalhos litúrgicos e ritualísticos de uma Loja maçônica. Significa conferir dignidade ao espaço, nada tendo a ver com cerimônias religiosas ou cultos de uma igreja.

Por exemplo, no GOB há um ritual genérico vigente para todos os ritos, próprio para a cerimônia de Sagração de Templo. O mesmo encontra-se no volume de Rituais Especiais (Sessões Exclusivas), edição 2016.

Um detalhe interessante deste cerimonial é que os Grão-Mestres e seus Adjuntos não podem presidir sessão de Sagração (Consagração) de Templo, a despeito de que não lhes é permitido ingressar em templos maçônicos que não tenham sido ainda inaugurados - não podem nem mesmo participar dos trabalhos de consagração.

Nesse contexto, o ritual acima mencionado prevê, na sua página 80, título Preliminares, segundo parágrafo, o seguinte: É vedado ao Grão-Mestre Geral, Grão-Mestre Geral Adjunto, Grão-Mestre Estadual, Distrital e respectivos Adjuntos e ao Delegado do Grão-Mestre Geral, participar da Comissão de Sagração e ter ingresso no Templo antes de sua Sagração (os grifos são meus)”.

Com isso, necessariamente é preciso que o templo tenha sido inaugurado para só depois receber o Grão-Mestre.

Uma nova Loja pode receber sua carta constitutiva e trabalhar normalmente em um espaço de outra Loja, cujo Templo já tenha sido consagrado.

Nesse sentido, cerimônias para Sagração de Templo ocorrem em ambientes de edificações novas que nunca tenham sido anteriormente inaugurados (consagrados), ou totalmente demolidos e reconstruídos.

T.F.A.
PEDRO JUK - SGOR/GOB
jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

JOSÉ DO PATROCÍNIO