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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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quinta-feira, 10 de março de 2022

ALGUNS GRANDES ERROS DO "MAÇONÊS", A LINGUAGEM MAÇÔNICA

ALGUNS GRANDES ERROS DO “MAÇONÊS”, A LINGUAGEM MAÇÔNICA (*) 
Ir∴ José Castellani (1937-2004) 

Como qualquer instituição, agrupamento social, ou atividade profissional, a Maçonaria também tem o seu jargão, o seu linguajar próprio, que pode - com o perdão pelo neologismo - ser chamado de maçonês. Lamentavelmente, o maçonês, assim como o próprio idioma vernáculo, é massacrado, todos os dias, nas Lojas, nas falas de oradores, na imprensa maçônica e até em atos e decretos de autoridades, sem que os erros sejam sanados, o que faz com que se perpetue, influenciando os mais novos iniciados que irão repeti-los "ad nauseam". Alguns desses erros são, simplesmente, erros idiomáticos, enquanto que outros são de avaliação, ou de colocação. Entre os primeiros, podem ser alinhados os seguintes: 

FILOSOFISMO 

Vocábulo comumente usado para designar o universo dos Altos Graus, nos ritos que os possuem, por uma pretendida similaridade com a palavra simbolismo, é alta mente impróprio, pois filosofismo é um termo depreciativo, que significa falsa filosofia, mania de filosofar. Como tal, não deveria, jamais, ser usado para designar, globalmente, os graus e ensinamentos das Oficinas Chefes de Rito. São preferíveis as expressões Altos Graus, ou Graus Filosóficos. 

ARTESATA 

Muito usado, em escritos, ou em peças oratórias, para designar o Presidente de um Sublime Capítulo Rosa-Cruz; é um termo absolutamente errado, pois o correto é ATERSATA, palavra que significa "governador" e que tem origem bíblica, pois foi o título dado a Neemias, quando este deixou, com seu povo, a Babilônia, após o exílio subseqüente à tomada e destruição de Jerusalém (586 a.C.), para retornar à Palestina e reconstruir o templo (o que foi feito por Zorobabel). 

VENERANÇA 

Termo largamente usado - mais do que se imagina - para designar o cargo do Venerável Mestre de uma Loja, é totalmente incorreto, embora se trate de um neologismo maçônico. E, como tal, acabou sendo assimilado a ''vereança'', pa lavra derivada do termo vereador, quando a correta similaridade seria com as palavras terminadas em "al" ou "el", como, por exemplo, general, coronel, etc., as quais geraram os termos derivados generalato e coronelato, respectivamente, usados para designar as atribuições do cargo. O correto, portanto, mesmo sendo um neologismo, é VENERA LATO, onde há uma apócope, com supressão de duas letras ("v" e "e"), como há, por exemplo, em relação ao termo que designa o antigo posto militar de condestável. 

GRÃOS-MESTRES 

Se o dirigente máximo da Obediência maçônica tivesse, em nosso vernáculo, o título de Grande Mestre, o plural seria Grandes Mestres. Todavia, como se usa a forma apocopada "Grão", com hífen, o correto é GRÃO-MESTRES. Na realidade, além da forma apocopada de grande (do latim: grandis), e, o vocábulo grão (com outra etimologia, do latim: granum), designa a semente de cereais, o pequeno corpo arredondado (por extensão), o bocado mínimo de qualquer coisa (no sentido figurado) e, até, no sentido chulo, o testículo dos mamíferos, na bolsa escrotal. No primeiro caso, grão é adjetivo como grande; no segundo caso, é substantivo masculino. Neste, ele passara ao plural "grãos", designando mais de uma semente de cereal, mais de um pequeno corpo arredondado, ou ambos os testículos. Na expressão "Grãos-Mestres" é isso que significará sem designar o que o singular expressa.

ESCOCISMO 

Termo largamente empregado nas referências ao Rito Escocês, é, entretanto, incorreto, já que o correto é juntar, ao termo "Escocês", o su fixo "ismo", formador de nomes de seitas, escolas artísticas, doutrinas, profissões, vícios, doenças, etc .. Isso é o que acontece, por exemplo, com os termos francesismo (e não francismo), referente ao termo francês, inglesismo, referente ao inglês, portuguesismo (portuguismo), seria horrível, referente ao português, e assim por diante. Desta maneira, o correto é ESCOCESISMO. 

KADOSCH 

O termo é largamente escrito des sa maneira, para designar a Oficina Litúrgica escocesa que trabalha nos graus de 19 a 30 e, também, o obreiro colado no 30° grau do escocesismo. Trata se, todavia, de grafia incorreta, pois o certo é KADOSH, palavra hebraica derivada da raiz "Kodesh", que significa santo, sagrado. Pode-se notar que a palavra não tem a letra "c", assim como outras também derivadas de "Kodesh": Kadish (prece pelos mor tos, na liturgia hebraica), Kidush (bênçãos referentes aos vinho e ao pão), Kedushá (oração nos serviços litúrgicos da manhã e da tarde). Com esse incômodo "c", muda até a pronúncia da palavra ("cadósqui", ao invés de "cadóshi"). Tendo, a palavra KADOSH, o sentido de sagrado, também não é muito correto designar a Câmara do 30° grau de Conselho de Kadosh, mas, sim, de CONSELHO KADOSH (Conselho Sagrado e não Conselho de Sagrado). 

Entre os outros, podem ser distinguidos os seguintes: 

CANDELABRO DE SETE VELAS 

Expressão largamente encontrada - assim como candelabro de três, ou cinco velas - em rituais e trabalhos de Lojas, ela é, todavia, incorreta, pois, na realidade, o candelabro, um castiçal múltiplo, não tem velas, mas, sim, braços, ou ramos, já que as velas são, simplesmente, acessórios do candelabro. O correto, nesse caso, é CANDELABRO DE SETE BRAÇOS, o qual poderá conter uma quantidade variável de velas (de uma a sete), sem que deixe de ter sete braços, embora nem sempre tendo sete velas. 

EXCLAMAÇÃO 

Presente em diversos rituais, para designar, em vários ritos, o bra do dos obreiros, na abertura e no fechamento dos trabalhos, após a bateria, o termo é incorreto, já que o que se faz, nesse momento, é a ACLAMAÇÃO. Aclamar (do latim: acclamare) significa clamar, aplaudir, ou aprovar por meio de brados, proclamar, saudar, enquanto que exclamar (do latim: exclamare) significa pronunciarem voz alta, em tom exclamatório ou de admiração, não sendo uma saudação, ou uma aprovação. 

A COBERTO

Expressão correta, quando se refere aos obreiros que estão, no templo e que estão, portanto, a coberto. Mas é incorreta quando - como ocorre em muitos rituais - se refere ao templo, pois este pode estar coberto, mas não a coberto. Assim, quando o Venerável Mestre pergunta: "Estamos a coberto?", ele está certo; mas, quando pergunta se "o templo está a coberto", ele está errado, pois O TEMPLO ESTA COBERTO. Quando, o templo está devidamente coberto - ou seja, livre de profanos e de maçons sem condições de assistir aos trabalhos - os obreiros estarão, evidentemente, a coberto, pois o próprio templo é a cobertura. 

PEDRA POLIDA 

O trabalho do Aprendiz é desbastar a pedra bruta, informe, esquadrejando-a e transformando-a num cubo, que é o sólido geométrico que se encaixa, perfeitamente, nas edificações, sem deixar espaço entre si e outros sólidos congêneres. Embora esse trabalho seja um polimento da pedra, não é correto rotular - como fazem muitos rituais - esse sólido de pedra polida, simplesmente, porque ela pode ser polida e não ter o formato cúbico exigido. Assim, o correto é PEDRA CÚBICA, podendo-se, também, designá-la como Pedra Polida Cúbica. 

PAVIMENTO DE MOSAICO 

A expressão pode ser encontrada muitas vezes, para designar o pavimento de quadrados brancos e negros, o qual cobre todo o solo do templo, em vários ritos. Embora o mais comum, pelo menos em Obediências européias, seja o uso da expressão Pavimento Quadriculado, o vocábulo mosaico é um adjetivo relativo a Moisés, graças à lenda segundo a qual o patriarca hebreu teria assentado pequenas pedras coloridas no chão do Tabernáculo, durante o êxodo (e o Tabernáculo é o precursor do templo de Jerusalém). Sendo um adjetivo, a Presença da preposição "de" é incorreta, pois, nesse caso, "mosaico" seria substantivo e designaria as obras de arte feitas com pedras coloridas justapostas, que não têm qualquer relação com esse adorno dos templos. Assim, o correto é PAVIMENTO MOSAICO (podendo-se, para evitar confusões, apelar para o Pavimento Quadriculado dos operativos). 

FLAMÍGERA 

Palavra usada para designar uma espada especial e a Estrela que brilha nos templos maçônicos, significa o que gera, ou apresenta chamas. Esse não é, todavia, o caso desses dois símbolos maçônicos, pois eles são, na realidade, flamejantes. Flamejar significa brilhar, resplandecer e, no caso da Estrela, o vocábulo flamejante teria o significado de vistosa, ostentosa. A espada sinuosa (serpenteante), lembrando o raio, ainda poderia ser rotulada como, flamígera, embora não gere chamas. O mais correto de qualquer maneira, principalmente em relação à Estrela é o termo FLAMEJANTE, ou FLAMANTE (ou Rutilante, como registram alguns ritos).

PRANCHEAR 

O termo, um neologismo, é, mui tas vezes, utilizado para designar o envio de carta a um obreiro, a uma Loja, ou a uma Obediência. Prancha, do francês: planche designa, entre outras coisas, a chapa de metal, a lâmina de gravura e é, maçonicamente, usada para designar cartas e circulares. 

A expressão, muitas vezes ouvida, "pranchear ao irmão Fulano" é, todavia, incorreta, mesmo sendo um neologismo maçônico, pois seria sinônimo de "cartear" a alguém, o que, decididamente, não é aceitável. O correto, portanto, é ENVIAR PRANCHA, ou EXPEDIR PRANCHA. 

TROLHAMENTO 

O termo, um neologismo maçônico, existe, mas é usado de maneira incorreta, para designar o exame de alguém, através dos toques, sinais e palavras, para aquilatar a sua qualidade maçônica e o seu lugar na escala iniciática. Na realidade, esse exame, que é uma cobertura contra fraudes, realizado, portanto, pelo Cobridor, é, com mais propriedade, denominado TELHAMENTO, pois cobertura se faz com telhas e não com trolhas. Tanto que, muitas vezes, o Cobridor Externo é também chamado de Telhador, como ocorre nos países de fala inglesa (Tyler, de tile = telha), de fala francesa (Tuileur, de tuile= telha), de fala italiana (Tegolatore, de tegola = telha) e as sim por diante. Trolhar, por sua vez, significa outra coisa: como a trolha é a desempenadeira, ou desempoladeira, destinada a aparar as rugosidades da argamassa espalhada pelo pedreiro, o trolhamento é o apaziguamento de obreiros em litígio, ou seja: é, figuradamente, o alisamento das arestas, das rugosidades, que são as divergências existentes entre aqueles que se pretende colocar em paz. 

(*) PESQUISA: Ser∴ Irmão JOSÉ ROBSON GOUVEIA FREIRE, M∴I∴, Gr∴ 33, Membro Correspondente da Academia Paraibana de Letras Maçônicas, Gr∴ Secret∴ da Magna Reitoria do Sob∴ Supremo Conclave do Brasil e Membro Ativo das AA∴ RR∴ LL∴SS∴ Libertadores das Américas nº 3380 e Pioneiros de Brasília nº 2288, Jurisdicionadas ao G∴O∴D∴F∴ (Rito Brasileiro); Fé e Progresso nº 2956 (R∴E∴A∴A∴) e Obreiros da Justiça nº 3209 (Rito Brasileiro) – Jurisdicionadas ao Grande Oriente do Estado da Paraíba. É Membro Honorário das AAug∴ RResp∴ LLoj∴SSimb∴ Arca da Aliança nº 2489, Or∴ de Porto Alegre-RS e Presidente Juscelino Kubitscheck nº 3530, Or∴ de Brasília-DF.

Fonte: JBNews - Informativo nº 0163 - 06/fevereiro/2011

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