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PERGUNTAS & RESPOSTAS

O “Perguntas & Respostas” que durante anos foi publicado no JB News e aqui reproduzido, está agora no “Blog do Pedro Juk” . Para visita-lo ou tirar suas dúvidas clique http://pedro-juk.webnode.com/ ou http://pedro-juk.blogspot.com.br

domingo, 13 de dezembro de 2020

PERGUNTAS & RESPOSTAS

PERGUNTAS & RESPOSTAS
(republicação)

Em 22/10/2016, o Respeitável Irmão Hugo Schirmer, Loja Honra e Verdade, 439, GORGS (COMAB), Oriente de Santa Maria, Estado do Rio Grande do Sul, atendendo a solicitação de um Irmão de uma Grande Loja Estadual que questiona uma resposta dada pela minha pessoa para um Irmão do REAA, Grande Oriente do Brasil, ao Oriente de Mossoró no Estado do Rio Grande do Norte em junho do corrente ano sobre a saudação ao Venerável Mestre ao se ingressar e se retirar do Oriente. Na oportunidade, dei a seguinte resposta, cujo conteúdo deu margem a questão seguinte: schirmer.hugo@gmail.com

A pergunta do Irmão de Mossoró – “Ao ingressar e sair do Oriente qual o lugar certo em que se saúda o Venerável Mestre?”.

A resposta publicada no JB NEWS dada pelo Irmão Pedro Juk – “Ao entrar no Oriente (nordeste), assim que se ingresse, isto é, na linha da balaustrada que é o limite com o Ocidente. Ali o obreiro para, fica à Ordem e saúda o Venerável Mestre pelo Sinal. Em seguida prossegue no seu deslocamento. Ao sair do Oriente (sudeste), antes de descer, na linha da balaustrada o obreiro volta-se para o Venerável Mestre, fica à Ordem e o saúda pelo Sinal. Ato seguido volve-se e prossegue no seu deslocamento. Se na oportunidade da entrada ou saída do Oriente o obreiro estiver empunhando (segurando) um objeto de trabalho, ele não fará Sinal, senão apenas uma parada rápida e formal, sem inclinação com o corpo ou qualquer maneio com a cabeça. T.F.A. PEDRO JUK”.

A questão enviada ao Respeitável Irmão Hugo e por ele repassada para minha pessoa sobre a resposta que eu dei:

“Boa noite”. Amado Irmão estou lhe passando a questão acima publicada por mais de uma vez a posição da Loja, de como se a enxerga, ou que a olha ao de quem está lá dentro. Pois uma hora uns dizem A e outros dizem B.

- As GGLL Estaduais procurando fazer seus Templos sempre colocando o Oriente da Loja na posição geográfica de Leste para Oeste faz sentido?

- Agora se o terreno está em outra posição e o sentido tem de ser Norte Sul?

- Então ao adquirirmos por compra um Imóvel teremos de escolher qual o sentido geográfico?

- E se recebermos em doação, seja a que titulo e não interessa quem seja o doador, vamos escolher sentar na janela e dirigir?

Já frequentei e frequento Lojas que geograficamente o imóvel está posicionado em várias direções, e daí?

Assim, pondera ainda o Irmão que faz a questão:

“Em primeiro lugar as posições geográficas da Loja, estão em qual posição?”.

a) Quem olha da frente (entrada) da Loja para os fundos (Oriente) onde está oVenerável;

b) Ou quem olha do fundo, Venerável onde ele está sentado? Olhando do Fundo (Oriente), para frente (Ocidente)?

c) Acho que para dirimir tem que se colocar explicitamente qual a posição, se é de quem olha ou de quem está ali!

d) Se seguirmos o que o Juk diz a Nordeste e a Sudeste é quem está ao fundo e não de quem olha para o interior da Loja;

e) Ao você olhar o mapa do Brasil, você o está olhando e não se colocando dentro dele, onde está o NORDESTE? A direita de quem olha o Sudeste está na mesma posição, no mapa do Rio Grande do Sul eu o olhando vejo que a minha cidade Santa Maria está ao centro, mas se eu me colocar dentro dela ela continuará a ser o centro;

f) Então estamos certos que estamos olhando e vendo as coisas de quem entra ou de quem vê da frente.

g) No giro em Loja, se faz o giro em sentido destrocêntrico, ou seja, deixando o lado direito para o centro do Templo (Painel do Grau).

h) Ao partir do Ocidente, você rompe a marcha indo pelo lado esquerdo do Templo e adentra ao Oriente pelo lado NOROESTE, ou seja, pelo lado em que você se acha e se dirige à esquerda do Venerável (sempre de quem olha), mas chegará ao lado do direito dele ali sentado e então teremos outra visão, ou seja, dupla visão?

CONSIDERAÇÕES:

a) Evidentemente, a orientação topográfica da Loja não é a mesma das convenções internacionais de cartografia e do sistema de posicionamento global (GPS).

Em se despindo de tantas definições fantasiosas que assolam a Maçonaria, a Loja, em alusão aos nossos ancestrais da Francomaçonaria Operativa, representa simbolicamente um canteiro de obras especulativo que alegoricamente se situa sobre o Equador terrestre na forma de um segmento retangular, cujo comprimento vai do Oeste (Ocidente) para o Leste (Oriente) e largura que vai do Norte para o Sul. Essa prática de orientação está de acordo com a senda iniciática do Maçom – partindo do Ocidente, o Iniciado vai à busca da Luz no Oriente. Devido a essa tese iniciática, convencionou-se que a frente (testada, fachada) do Templo Maçônico é vista (enxergada) a partir do Átrio da Loja, isso porque aquele que estiver dentro de um recinto precisa antes nele ter entrado e, quem vai entrar, por primeiro enxerga a frente do edifício que abriga o recinto. Assim, em se tratando da Loja (se as Colunas B∴ e J∴ estiverem corretamente posicionadas no Átrio) quem vai entrar vê à direita da porta a Coluna Solsticial (Vestibular) J∴, correspondente ao Trópico de Capricórnio, ao Sul e, à esquerda, vê a Coluna Solsticial (Vestibular) B∴ que corresponde ao Trópico de Câncer, ao Norte. A posição dessas duas Colunas, aproveitadas na alegoria maçônica a partir da Bíblia, pode ser verificada no Livro de Reis e no Livro de Crônicas e Paralipômenos.

A título de ilustração e antes de qualquer especulação, um edifício é visto por primeiro pelo seu lado externo, assim, nesse caso, estando de frente para ele, a sua lateral direita corresponde ao lado do ombro direito do observador e a sua esquerda, ao lado do ombro esquerdo – primeiro a garrafa, depois a rolha.

Sob essa óptica, a testada (fachada) do Templo é onde se localiza a porta de entrada do recinto, no Ocidente, e os fundos é o Oriente. Assim, adentrando na sala e parando sobre o eixo do Templo no extremo do Ocidente, à esquerda do observador está a Coluna do Norte e à sua direita a Coluna do Sul.

Nesse sentido, por convenção iniciática, o observador logo que adentra vê por primeiro, à sua frente, o Oriente da Loja, tendo à sua retaguarda a porta localizada na parede ocidental, daí o Norte e o Sul correspondem ao seu ombro esquerdo e direito respetivamente.

b) Referências que envolvem observação do Oriente para o Ocidente são apenas pontuais, orientativas ou explicativas, quando necessárias para explicar procedimentos ritualísticos. A referência convencional, explicada pela senda iniciática, é sempre aquela vista do Ocidente para o Oriente (de quem entra).

c) Geralmente nos meus comentários eu tenho mencionado se a questão é de quem vê ou está de frente para, ou ainda, de quem entra ou de quem sai. Agora, quando não existir qualquer menção, vale a regra convencional iniciática – do Ocidente para o Oriente (é como o Iniciado vê a Luz na Iniciação).

d) Penso que o Irmão está equivocado na sua observação, pois os pontos cardeais do recinto não mudam em hipótese alguma. Nele o Norte (topo do setentrião) fica a esquerda de quem entra ou a direita de quem sai; o Sul (topo do meridião) à direita de quem entra, ou a esquerda de quem sai. Assim o Leste (Oriente) fica aos fundos e à frente de quem entra, ou à sua retaguarda no caso de retirada. O Oeste (Ocidente) fica às suas costas se estiver entrando ou à sua frente se saindo. Veja: o Norte, o Sul, o Leste e o Oeste são pontos cardeais referenciais fixos na Loja tal qual o é na geografia da Terra. O que pode mudar é a referência da frente, da retaguarda, da esquerda e da direita do observador, dependendo da sua posição de visão (exemplo: o observador virou de frente para...).

Assim também ocorre com os pontos colaterais – nordeste, noroeste, sudeste e sudoeste. Antes, porém, cabe um comentário. Os pontos colaterais, ou rumos, são definidos a partir da variação de 0º até 90º para a esquerda ou para a direita a partir do Norte (ou o observador de frente para o setentrião) - rumo nordeste à direita e rumo noroeste à esquerda. Do mesmo modo ocorre com a variação a partir de 0º até 90º para a esquerda ou para a direita a partir do Sul (ou o observador de frente para o meridião) – rumo sudeste à esquerda e rumo sudoeste à direita.

Assim, imagine-se um quadrilátero como fosse ele a planta do templo, cujos lados maiores são as laterais e os lados menores a sua frente e os fundos respectivamente. Nesse quadrilátero da Loja, o seu lado menor, oposto ao da entrada, aos fundos, fica o extremo do Oriente (Leste), enquanto que o outro lado menor, o da entrada, é o extremo do Ocidente (Oeste).

Nesse contexto, porém com o observador de frente para o Oriente, ao seu lado esquerdo está a lateral, ou o lado esquerdo da sala (na Loja é o Norte) e ao seu lado direito está a lateral, ou lado direito da sala (na Loja é o Sul).

Mas, como então determinar os pontos colaterais na sala a partir do ponto de vista daquele que, sobre o eixo do Templo, está de frente (olhando) para o Oriente?

Para que não haja nenhum equívoco, prefiro os mencionar como os quatro cantos da Sala da Loja. Assim, o canto do recinto que é formado pela parede oriental (Leste) e a setentrional (Norte) é o canto nordeste, enquanto que o canto formado pela parede ocidental (Oeste) e a setentrional (Norte) é o canto noroeste. Já os outros dois, o formado pelas paredes oriental (Leste) e a meridional, é o canto sudeste, enquanto que o outro, o formado pelas paredes ocidental (Oeste) e meridional (Sul), é o canto sudoeste. Note que nada mudou, a esquerda de quem olha para o Leste continua o sendo o Norte e à sua direita continua sendo o Sul.

É daí a minha referência nordeste e sudeste dada para entrada e saída do Oriente, já que a entrada do Oriente está para a banda Norte e Leste e a saída para a banda Sul e Leste. Ratifico que a orientação dos pontos cardeais relativos à Loja está de acordo com as paredes que a contornam e são apenas simbólicos. Não há necessidade, por exemplo, de se ter que fazer coincidir exatamente o Leste da Loja (parede dos fundos) com o Leste geográfico da superfície da Terra. Volto a frisar, os pontos cardeais da Loja são imaginários, bastando apenas que eles sigam a mesma disposição dos geográficos conhecidos (Norte – Sul e Leste – Oeste).

e) O padrão universal de leitura de mapas e cartas topográficas sejam elas por coordenadas geográficas ou pela Unidade Transversa de Mercator (UTM), o Norte estará sempre orientado apontando para a parte de cima do mapa, ou da carta. Entretanto, os limites topográficos e as toponímias de uma Loja Maçônica (Templo) não carecem obedecer literalmente ao padrão dessa leitura (sempre com o Norte para cima) e nem é necessária à coincidência exata com os pontos cardeais orientados pelo ponteiro de uma bússola, já que a principal orientação maçônica na Loja, por motivos iniciáticos, desde que siga a mesma sequência dos pontos cardeais geográficos, é o Oriente. Apenas para exemplificar, seria o mesmo que se colocar a planta da Loja sobre um mapa fazendo com que os pontos cardeais de ambos coincidissem - o Norte da Loja com o Norte do Mapa, o Leste com o Leste, etc. Há então que se observar que nada muda na sua essência, senão a particularidade de que na Loja se ingressa a partir de Oeste para Leste e, vice-versa para dela sair, enquanto que os mapas, ou cartas topográficas são desenhados ou impressos sempre com o Norte para cima.

Em resumo, sob a orientação geográfica, quer nos mapas ou nas estações terrenas, a convenção é a de que à frente estará o Norte (setentrião), às costas o Sul (meridião), à direita o Leste (oriente) e à esquerda o Oeste (ocidente). Entretanto, numa Loja Maçônica convenciona-se que à frente estará o Leste (Oriente) às costas o Oeste (Ocidente), à direita o Sul (meridião) e à esquerda o Norte (setentrião). Há que se notar que o que muda é apenas o ponto de vista do observador, pois na orientação geográfica convenciona-se que esse ponto parte de quem olha para o Norte, já na Loja é de quem olha para o Leste (Oriente).

O que me parece estar causando equívoco no ponto de vista do Irmão é que os pontos cardeais da Loja estão sendo relacionados como coincidentes aos da posição do mapa. Obviamente que eles não coincidem, pois isso só aconteceria se coincidentemente a sua Loja estivesse sido implantada e construída no terreno de acordo com a ordenação geográfica do planeta Terra – Leste com o Leste, Norte com o Norte, etc.

f) Isso é tão óbvio que em relação à Maçonaria e os seus Templos, sempre que é mencionado deslocamento para ingresso no recinto, esse é feito de frente para o Oriente e a sua retirada (em direção à porta) é feita de frente para o Ocidente.

Essa é a razão pelo apontamento relativo ao canto oriental da Loja (para o lado do ombro direito do Venerável com ele olhando para Oeste) é o nordeste da Loja, enquanto que o outro (para o lado do ombro esquerdo do Venerável com ele olhando para Oeste) é o sudeste da Loja. Assim esses rumos sugerem aproximadamente a direção da entrada e saída do Oriente, já que nele quem ingressa (sobe) o faz vindo da Coluna do Norte (norte + leste = nordeste) e dele quem sai (desce) o faz para a Coluna do Sul (sul + leste = sudeste). A localização nordeste e sudeste, nesse particular, é relacionada à abertura existente na balaustrada para ingresso e saída do quadrante oriental – pelo lado da Coluna do Norte é nordeste e pelo lado da Coluna do Sul é o sudeste.

g) O dextrogiro (aquele que vira para a direita) é feito no Ocidente em havendo necessidade de se passar de uma para outra Coluna (na mesma Coluna não existe circulação). Geralmente tem-se usado como referência o giro em torno do Painel da Loja que vai ao centro do Ocidente.

Essa perambulação nada tem a ver com os pontos cardais do Templo, porém sua execução se dá conforme a marcha aparente diária do Sol (sentido do giro dos ponteiros do relógio). Em tese o dextrogiro acompanha o deslocamento diário do Sol, desde o alvorecer até o ocaso, destacando-se a sua passagem pelo meridiano do Meio-Dia como uma importante alegoria maçônica, pois em primeira instância indica o momento mais sublime e propício para a abertura dos trabalhos da Loja.

Ratifica-se que esse deslocamento é o relativo ao movimento aparente diário do Sol – do amanhecer até o anoitecer. Já a revolução anual do Sol é outro importante movimento alegórico maçônico, entretanto esse, diferente do giro em Loja, está diretamente ligado às Colunas Zodiacais e os ciclos da Natureza (solstícios e equinócios), assunto esse que não é recorrente ao mote dessa presente consideração.

Ainda em relação à marcha diária do Sol, ela menciona na Maçonaria a Obra de Luz (teurgia), daí não existir na Loja marcha contrária ao giro dos ponteiros do relógio, já que a prática sinistrocêntrica (goécia - giro inverso em torno do Painel), é contrária aos objetivos evolucionistas da Arte Real.

h) Partindo do Ocidente em direção ao Oriente à esquerda fica o Norte. Essa é a razão pela qual o ingresso no Oriente se faz pelo lado nordeste da abertura da balaustrada (Norte e Leste = nordeste) - próximo ao lugar do Porta-Bandeira no REAA∴ A saída do Oriente se faz pelo lado sudeste da balaustrada (Sul e Leste = sudeste) em direção da Coluna do Sul - próximo ao lugar do Porta-Estandarte no Rito REAA∴ Quem se desloca pela Coluna do Sul em direção à saída, ou de frente para o Ocidente, tem à sua esquerda o Sul.

Permita-me repetir parte do seu escrito na questão: “Ao partir do Ocidente, você rompe a marcha indo pelo lado esquerdo do Templo...”. Apenas a título de esclarecimento, o termo “indo pelo lado esquerdo”, é o mesmo que “indo pela Coluna do Norte”, já que essa Coluna na Loja do Rito em questão é todo o espaço no Ocidente, com o seu respectivo mobiliário, compreendido entre o eixo do Templo (equador) até a parede Norte e entre o limite com o Oriente e a parede no extremo Ocidente.

Todos os que ocupam esse espaço, ou nele transitam, estão na Coluna do Norte. Do mesmo modo, a Coluna do Sul é todo o espaço no Ocidente, com o seu respectivo mobiliário, existente entre o eixo do Templo (equador) até a parede Sul e entre o limite com o Oriente e a parede no extremo do Ocidente. Todos os que transitam esse espaço estão na Coluna do Sul. No Ocidente, sobre o eixo de frente para o Oriente, o espaço à esquerda chama-se Coluna do Norte e à direita Coluna do Sul.

Dadas essas considerações, cabem aqui ainda algumas ementas sobre as suas observações relativas à construção de um Templo em terreno adquirido ou recebido por doação, mencionado no começo da sua questão.

Eu não conheço a recomendação do Grande Oriente do Rio Grande do Sul no que diz respeito à obrigatoriedade de que os seus Templos sejam literalmente construídos e orientados de Leste para Oeste, ou seja, orientar a construção de acordo com a orientação geográfica. Veja, eu entendo, pelo que conheço de Maçonaria pelo mundo, ser essa uma exigência temerária e até mesmo exagerada, já que isso obrigaria a aquisição de uma área (terreno) compatível com essa exigência.

Sob o ponto de vista econômico isso seria muito dispendioso, ou mesmo em alguns casos, até impossível, além de ser uma exigência deselegante quando se tratar de receber uma doação para essa finalidade condicionando-a a esses requisitos.

Na verdade, medidas, proporções e implantações geográficas dos Templos Maçônicos restritas à exatidão da latitude Norte-Sul e longitude Leste-Oeste do sistema de orientação e posicionamento global são meramente simbólicas, ou seja, apenas são adequadas às possibilidades da edificação.

Em resumo o Leste da Loja, por exemplo, não precisa coincidir com o Leste geográfico relativo à malha de coordenadas da Terra comumente expostos nos mapas e cartas topográficas. Os pontos cardeais da Loja constituem uma alegoria figurada da direção Leste – Oeste ou Norte – Sul em relação à superfície da Terra (como se fosse), bastando para tanto que o imóvel apenas seja adequado à execução dos trabalhos maçônicos, dos quais a orientação da sala seja tão somente simbólica.

No mais, lembro que os movimentos do Sol, seja ele o diário (rotação - dia e noite), ou o anual (translação), são apenas aparentes, pois cientificamente sabemos que na mecânica celeste vista da Terra o movimento não é do Sol, porém do Planeta que gira em torno de si mesmo ou o contorna num espaço de tempo igual há um ano.

Os ciclos advindos desse movimento aparente é que interessam para a doutrina maçônica, pois a Maçonaria, por ser eclética, montou o seu arcabouço doutrinário a partir de inúmeras manifestações do pensamento humano, a exemplo dos cultos solares da Antiguidade e a evolução da Natureza (conotação deísta de uma das suas vertentes como é o caso do REAA∴).

Na Moderna Maçonaria, não há espaço para elucubrações com apreciações de ocultismo ou influências astrológicas de adivinhação, senão as astronômicas que regem as Leis Naturais. Assim, sob esse ponto de vista, não existe nenhum efeito prático e palpável em que seja obrigatório se construir um Templo Maçônico exatamente orientado conforme o nascer e o ocaso do Sol que ocorre sobre a superfície da Terra.

Concluindo, deixo aqui essas considerações no intuito de aclarar minúcias ritualísticas que, não raras vezes, nos deixam num estado abstruso. Essas orientações, sobretudo aquelas que dizem respeito às orientações geográficas, se baseiam no cotidiano das minhas experiências profissionais profanas onde milito na área de engenharia, cartografia e geologia, além dos quase trinta anos que eu venho perscrutando a história e a ritualística da nossa Ordem.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com

2 – palavra semestral:
Em 27/10/2016 o Respeitável Irmão André Ricardo Ferraz Roque, Loja Barão do Rio Branco, 03, REAA, GOIPE (COMAB), Oriente de Arcoverde, Estado de Pernambuco, solicita o seguinte esclarecimento:
andrericardoroque@hotmail.com

Gostaria de tirar a seguinte dúvida:

Em reunião o Venerável Mestre transmitiu a Palavra Semestral para os Irmãos do quadro e na reunião seguinte o Venerável Mestre não estará presente sendo a reunião presidida pelo 1º Vigilante que esteve ausente na reunião que houve a transmissão da Palavra. Quem transmite a palavra ao 1º Vigilante? Ou só o Venerável Mestre transmite a Palavra Sagrada?

CONSIDERAÇÕES:

Conforme diz a tradição, no REAA∴ a Cadeia de União somente será formada para a transmissão da Palavra Semestral. No caso acima mencionado, existem duas possibilidades. A primeira seria esperar uma sessão em que estivessem presentes o Venerável Mestre e o Primeiro Vigilante, de modo que a Palavra pudesse ser retransmitida na forma de costume, até porque eu quero crer que não seja corriqueira na Loja a falta de uma das suas Luzes de ofício.

A segunda, em sendo necessidade premente passar a Palavra ao Primeiro Vigilante e como a Cadeia somente é formada após o encerramento da Sessão, basta que o Segundo Vigilante, ou um Mestre Maçom portador do título distintivo de Instalado pertencente à Loja e que seja conhecedor da Palavra ocupe então o lugar do Venerável para efetuar a transmissão – isso sem maiores complicações oriunda de formalidades desnecessárias por estar a Loja fechada.

Lembro que a Palavra Semestral somente é transmitida aos Irmãos regulares do Quadro, daí ela é formada, ou pelo menos deveria (não sei o que consta no seu ritual) apenas após o encerramento dos trabalhos, dada a situação de que, estando presentes Irmãos visitantes, eles primeiro se retirem para a execução do procedimento da transmissão.

Eu teria outra solução, muito mais prática, porém eu não me atreveria a mencioná-la aqui devido à bateria de críticas que eu provavelmente sofreria pelos puristas de plantão e pelos procuradores de “pêlo em ovo” – Deus me livre!

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com

3 – quite-placet
Em 28/10/2016 o Respeitável Irmão Juvenal Cordeiro Barbosa, Loja Novo Tempo, 19, sem mencionar o nome do Rito, Grande Oriente do Mato Grosso do Sul – COMAB, Oriente de Campo Grande, Estado do Mato Grosso do Sul, formula a seguinte questão:
juvenalcbarbosa@gmail.com

Peço a gentileza, e se possível for, que pudesse nos orientar qual a grafia correta.

Aprendemos que a Maçonaria Brasileira importou da estrangeira e incorporou aos seus usos e costumes diversos temas, é o caso do "QUIT-PLACET", termo de ampla utilização, cuja grafia ainda não foi aportuguesada, muito embora a pronuncia tenha sido deturpada, assim solicito a colaboração amiga, sobre o abaixo:

1. Qual a tradução correta?

2. Qual a sua pronuncia correta?

3. Por que não usamos uma palavra aportuguesada?

CONSIDERAÇÕES:

1 - O termo “quite”, adjetivo, originário do francês quitte, denota aquilo que está livre de dívida ou obrigação. Essa palavra usada em Maçonaria está relacionada ao obreiro que pede afastamento para adormecer, ou mesmo para ingressar em outra Loja. Nesse sentido ele deve estar quite (em dia) com as suas obrigações pecuniárias na Oficina e na Obediência para poder receber o documento denominado “quite-placet”, cuja finalidade é a para que ele possa voltar às atividades maçônicas - pela sua regularização ou pela sua filiação.

Assim o termo quite na Maçonaria é usado junto com a palavra “placet”, substantivo de origem francesa e significa “memorial”, “lembrança”, “rol de coisas memoráveis”. Nesse sentido é que ele compõe na Maçonaria o vocábulo “quite-placet”, pois, além de indicar a qualidade de que o seu portador nada deve, o mesmo registra também o memorial do Obreiro – as coisas que devem ser lembradas do Obreiro – data da Iniciação, Elevação, Exaltação, de Filiação, etc. Como normalmente o “placet” é acompanhado de prova de quitação dos débitos pecuniários para com a Ordem, nesse caso ele é o “quitte-placet” na grafia francesa ou “quite-placet”, uma forma híbrida usada na nossa língua vernácula.

2 – Quanto a sua pronúncia correta, “quite” no nosso idioma sua pronúncia é “quite” mesmo (tal como está escrito), enquanto a palavra “placet” soa como placê. Se a pronúncia for ao idioma francês, será quitte-placé.

3 – Quanto à forma aportuguesada do termo, depende da Obediência por aqui, já que existem documentos cujo título é “quite-placet” (português híbrido) ou à moda francesa tal como “quitte-placet”.

Concluindo, ambas são comumente encontradas na Maçonaria brasileira, até porque não é o título, francês ou português, que importa, porém o seu significado como documento legal e deve seguir a grafia da Constituição e Regulamento Geral da Obediência.

E.T. - o termo “quit” como o mencionado na sua questão não existe.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com

4 – palavra sagrada sussurrada:
Em 04/11/2016 o Respeitável Irmão Tristão Antônio Borborema de Carvalho, Loja Obreiros de Abatiá, 69, REAA, Grande Oriente do Paraná (COMAB), Oriente de Abatiá, Estado do Paraná, formula a seguinte questão:
tristaocajuru@gmail.com

Por que a Palavra Sagrada, ao ser transmitida é sussurrada, e não em alta voz pelo Venerável Mestre, Diáconos e Vigilantes? Isso tem significado simbólico, filosófico ou esotérico? Grato.

CONSIDERAÇÕES:

A Palavra Sagrada é parte, junto com os Sinais e Toques, dos verdadeiros segredos da Moderna Maçonaria, dado o fato de que algum não iniciado (profano), de posse desses conhecimentos poderia ingressar em um recinto maçônico coberto.

Assim, em nome da discrição e evitando que alguém sem qualificação necessária possa vir a conhecê-la, adota-se característica própria para a transmissão, das quais a de ser comunicada sussurrada.

Sob o aspecto esotérico, é para que seja guardada a tradição, lembrando que na construção lendária do Templo não se ouviam ruídos, vozerios e nem a estridência de barulhos oriundos das ferramentas, o que em última análise, procura ensinar ao maçom que ele deve trabalhar no silêncio do seu interior e não tocar trombetas ao executar a sua missão – o barulho é sinal de que a carroça está vazia.

No caso particular do REAA∴ e a transmissão da Palavra entre os Diáconos, Vigilantes e Venerável Mestre como parte da liturgia, figuradamente essa alegoria remonta aos segredos profissionais da Maçonaria Operativa em relação às aprumadas e nivelamentos dos cantos da Obra – nesse sentido, o modo sussurrado especulativo busca revelar o cuidado que se tem para manter os planos em total segurança. Em tese significa que entre os Aceitos há preocupação com o sigilo e a discrição.

De certo modo, a característica da transmissão sussurrada também alude ao ambiente de “cobertura” que envolve os trabalhos maçônicos.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com

5 – colunas truncadas:
Em 04/12/2016 o Respeitável Irmão José Aparecido, Loja Justiça, no 12, REAA, Grande Oriente do Paraná (COMAB), Oriente de Maringá, Estado do Paraná, solicita esclarecimentos para o seguinte: aparecido14@gmail.com

Tenho visto em alguns Templos, na balaustrada que separa o Oriente do Ocidente e tendo duas Colunas e pequenas cortadas, e uma colocada de cada lado, mas já fiz diversas pesquisas e não encontrei definição destas duas colunas, estou lhe mandando uma foto e tendo uma coluna de um lado e do outro, se puder dar retorno ficarei muito agradecido.

Um grande e fraterno abraço ao nobre amigo, irmão.

CONSIDERAÇÕES:

Observação - Na foto aparecem duas colunas truncadas colocadas sobre a balaustrada – uma em cada lado da entrada do Oriente.

CONSIDERAÇÕES:

Esse conjunto composto por duas Colunas truncadas, ou quebradas, não é símbolo que faça parte da específica liturgia do Rito Escocês Antigo e Aceito em particular, bem como dos outros conhecidos entre nós. A rigor em lugar nenhum no espaço da sala da Loja, embora ele até possua conotação simbólica.

A interpretação relacionada a essas duas Colunas quebradas viria aparecer por volta do segundo quartel do século XVIII vindo se afirmar no século XIX na França adornando principalmente o fundo de pergaminhos e diplomas ligados à Maçonaria da época. Na realidade, essas Colunas quebradas só apareceriam depois que a Lenda do Terceiro Grau foi implantada na Moderna Maçonaria como alegoria do Grau de Mestre que, como Grau especulativo somente apareceria em 1.725 na Inglaterra e faria parte já da segunda Constituição de Anderson (1.738).

O objetivo na apresentação dessas Colunas está em simular a desordem que viria imperar no Templo entre os construtores após a morte de Hiran, o que duraria até que fosse redescoberta da Palavra, perdida pelo motivo de tão horroroso acontecimento.

Assim as duas Colunas seccionadas representam as Colunas Vestibulares B∴ e J∴ do Templo que, pelo tumulto ocorrido com perda do Mestre acabariam sucumbidas.

Esse é um símbolo figurado relacionado à Câmara do Meio, mas não de conceito decorativo ao ponto de se apresentar fisicamente nas Lojas.

Concluindo Mano, provavelmente essa é a razão desse par simbólico estar representado em algumas Lojas, porém sem autenticidade como símbolo no Rito, sobretudo porque o conjunto é emblema associado ao Terceiro Grau e não deveria, pelo menos a meu ver, ficar exposto em Lojas do Grau 01 e 02.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com.

6 – condução dos trabalhos:
Em 04/11/2016 o Respeitável Irmão Hélio Aguirre Conturbia, Loja Cavaleiros da Luz, Rito Brasileiro, GOB-MS, Oriente de Campo Grande, Estado do Mato Grosso do Sul, solicita esclarecimentos para o que segue:
helioaguirre@gmail.com

Exerço o cargo de Orador da Oficina e estou com a Seguinte duvida:

O Grão-Mestre Geral preside todas as Sessões que se fizer presente; recebe o Malhete do GM Estadual ou diretamente do VM entre Colunas; assenta-se à direita do VM que estará sentado na Cadeira de Salomão e devolve o Malhete ao VM para que este dirija a Sessão. E Minha duvida é a seguinte: caso o Grão-Mestre Geral resolva não devolver o malhete ao Venerável Mestre e dirigir a sessão, ele continua assentado à direita do Venerável Mestre ao assenta-se na Cadeira de Salomão, pois no Rito Brasileiro no Altar existem três cadeiras, uma de espaldar mais alto e duas laterais, uma à direita e outra à esquerda. E em sessões onde há devolução do malhete, o Venerável Mestre senta-se no trono e o Grão-Mestre à sua direita?

Fico no aguardo. Se possível informar onde existe algo que normatize essa situação.

CONSIDERAÇÕES:

No que diz respeito ao Grande Oriente do Brasil, todos os ritos adotados pela Obediência possuem duas cadeiras de honra colocadas uma de cada lado da cadeira central ocupada pelo Venerável Mestre.

O Decreto 1469 de 12/02/2016 do Grão-Mestre Geral estipula a ocupação dessas duas cadeiras. Em seu Art 1º e Incisos I e II, fica claro que o Grão-Mestre Geral senta na cadeira à direita do Venerável Mestre e o Grão-Mestre Estadual à sua esquerda. Em nenhum momento nesse Decreto está prevista a ocupação do lugar do Venerável Mestre pelo Grão-Mestre no caso dele ser o condutor dos trabalhos.

Já no Art. 219 do RGF em seu § 1º menciona que o Ritual garantirá ao Grão-Mestre a competência de presidir, se quiser, todas as sessões de Lojas maçônicas de que participar. Ainda tratam desse assunto também outros Parágrafos e Incisos desse Artigo.

No que diz respeito à ocupação do trono pelo Grão-Mestre no caso dele dirigir os trabalhos, também nada é mencionado nesse sentido no RGF, talvez porque isso raramente se dá, já que o corriqueiro é o Grão-Mestre receber o malhete e elegantemente devolvê-lo ao titular.

Eu particularmente penso que se ele, o Grão-Mestre, estiver de posse do malhete dirigindo os trabalhos, não vejo qualquer óbice que o impeça de ocupar a cadeira central, ou mesmo, se ele preferir, dirigir os trabalhos a partir da cadeira ao lado do Venerável. Sem dúvida, isso é um caso irrelevante, inclusive por ser um fato esporádico e não altera nada na geografia da ritualística.

No que diz respeito ao espaldar alto da cadeira, conforme é mencionado na questão, isso não é regra, senão um elemento decorativo.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com

7 – faixas e colar:
Em 08/11/2016 o Respeitável Irmão Mahmud, Loja Universitária Philantropia Guarapuavana, 4.157, REAA, GOB-PR, Oriente de Guarapuava, Estado do Paraná, solicita a seguinte informação: upg4157@gob-pr.org.br

Em nome da nossa Oficina, Loja Universitária Philantropia Guarapuavana n° 4157, solicito um breve esclarecimento. Em nossos rituais, no REAA, consta que os Oficiais da Loja devem usar a Joia do cargo apensa a fita de Mestre. No entanto, nossa Oficina mantém o costume do uso do colar, para todas as Dignidades e Oficiais. Surgiu, numa de nossas últimas Sessões, o questionamento a respeito, se deveríamos ou não adotar o uso da fita. Por isso a mensagem, como está o procedimento do GOB?

As Lojas, de modo geral, têm usado a fita de mestre e a joia apensa a ela?

CONSIDERAÇÕES:

Essas são contradições que apresentam, infelizmente, ainda nos nossos rituais, não por falta de advertência, porém pelo descaso dos entendidos que preferem fazer às vezes vistas grossas para essas barbaridades.

A faixa de Mestre, usada a tiracolo da direita para a esquerda, é indumentária do Mestre Maçom, já que nela fica fixada a joia do Mestre, bem como um dispositivo que serve para acondicionar a espada (vide Ritual de Mestre do REAA em vigência). A origem dessa faixa está na representação do antigo talabarte que servia para suportar um coldre que recebia a espada. Atualmente a espada, no REAA.´. é apenas objeto de trabalho de alguns oficiais na Loja (Cobridores e Expertos). No lugar da espada genericamente vai a joia do Mestre.

Agora os colares (ornato ou insígnia para o pescoço) são aqueles que servem para distinguir e suportar penduradas as joias dos cargos das Luzes, Dignidades e Oficiais da Loja. O colar maçônico, por definição é vestido por sobre os ombros e em torno do pescoço, cuja peça é geralmente prolongada na frente donde vai apensa a joia do cargo. O uso de colares para os que ocupam cargos na Loja é tradicional e nada tem a ver com a faixa de Mestre.

Sem se insurgir contra os rituais, mas agindo com bom senso, recomenda-se que as Luzes, Dignidades e Oficiais usem colares com as respectivas joias distintivas dos seus cargos, enquanto que a faixa a tiracolo é indistintamente insígnia do Mestre Maçom, dispensável (a faixa) apenas para os Mestres Maçons que possuem o título de Instalado e para as Luzes da Loja (o Venerável e os Vigilantes) – esses apenas usam colares. Os demais Mestres, mesmo aqueles que ocupem cargos, usam a faixa, no entanto, os que ocupam cargos, além da faixa e a joia do Mestre, também usam os colares com a joia distintiva do cargo.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com

8 – espaço do templo:
Em 29/12/2016 o Respeitável Irmão Almiro Taborda Ribas, Loja Cavaleiros do Iguassú, 4193, REAA, GOB-PR, Oriente de Fazenda Rio Grande, Estado do Paraná, formula a seguinte questão:
almiro@tari.com.br

Nosso Templo é bem pequeno, numa sala alugada, agora alugamos outra sala ao lado, onde faremos a secretaria e espaço pra outros eventos.

E pensávamos em retirar uma parede e deixar a parte interna do templo MAIOR, porem houve um inesperado, o proprietário do prédio, NÃO PERMITIU que derrubássemos o banheiro desta sala antiga, então, como não podemos contar com o espaço do banheiro, o templo não vai ficar QUADRADO ou RETÂNGULO, pois temos que preservar este espaço do banheiro.

È possível que o templo fique de maneira desuniforme? Ou seja, no ALTAR do Venerável Mestre, ficará um canto com este espaço do banheiro. Sabemos que o ideal é um QUADRILONGO, como diz nossos rituais, porem...

Em anexo o desenho pra que o Irmão analise e nos ajude (o quadrado em amarelo ficará inútil e isolado).

CONSIDERAÇÕES:

Mano, temos que dançar conforme a música, sobretudo na atual conjuntura econômica. Vamos remar conforme a maré, pois o mais importante é continuar remando.

Sem dúvida o ideal seria que a Sala da Loja tivesse o formato de um quadrilongo (retangular), todavia numa situação dessas, acomoda-se com aquilo que é possível. Assim, não vejo nenhum óbice na ocupação do espaço conforme o croqui que me foi enviado, até porque é um espaço alugado, portanto, certamente um dia, a Loja Cavaleiros do Iguassú terá o seu próprio prédio, daí, nas circunstâncias futuras segue-se a tradição da sala retangular.

Devo salientar que vivemos a Moderna Maçonaria e ela é simbólica por excelência. Nesse sentido, medidas e proporções têm mais um caráter alegórico do que uma situação física literal.

Que as Colunas da vossa Loja sejam perenes e sustentem a moral maçônica – é o que mais importa. Ocupem o espaço possível fortalecendo os pilares da nossa Sublime Instituição.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com

9 – portador de deficiência
Em 21/12/2016 o Respeitável Irmão Rogério Freire Kochmanscky, Loja União e Luz, 3.379, REAA, GOB-PR, Oriente de Londrina, Estado do Paraná, pede esclarecimento para o seguinte caso: rogeriokfreire@gmail.com

Tive a enorme honra de conviver com o Irmão, quando de minha passagem pela gerencia administrativa do GOB-PR nos anos em que nosso Grão-Mestre Dalmo estava a frente de nossa Ordem.

Levantei a questão no whatsApp da OAM Paraná e trago aqui para elucidação: Caso um Irmão sofra um acidente e perca o seu braço direito, como poderá o Irmão executar os sinais de Ordem? Ocorreu que nosso Venerável Mestre, Irmão Fabio quebrou a clavícula direita e necessitou imobilizar o braço, ai surgiu à questão. Como resolver isso?

CONSIDERAÇÕES:

Como eu havia dito no contato anterior a respeito, os fatos não são tão simples ao ponto de que apareçam soluções do tipo “é só usar a mão esquerda”. Assim vamos às minhas ponderações, embora eu alerte para que não as tome como laudatórias, senão como a minha simples opinião sobre esse assunto.

É regra universal que no simbolismo maçônico, os Sinais são feitos com a mão direita e, em alguns casos podem até serem complementados recebendo o auxílio da mão esquerda, todavia a raiz do Sinal, que é a aplicação da pena simbólica mencionada por ocasião da obrigação (juramento), é originalmente feita sempre com a mão direita.

Ainda nesse sentido, os Sinais são feitos com o Obreiro estando à Ordem, daí deve estar em pé, com o corpo ereto, formando com os pés unidos pelos calcanhares uma esquadria.

Isso implica que os Sinais carecem dessa postura para que possa o protagonista compô-los e realiza-los.

É relevante também mencionar que os Sinais, Toques e Palavras são basicamente os verdadeiros segredos da Ordem, ao ponto de que um profano (não iniciado) pode, no caso de posse desse conhecimento, ter a grande possibilidade de ingressar ilegalmente nos trabalhos cobertos de uma Loja.

Comentados esses primeiros aspectos, vamos ver o que mencionam os nossos Diplomas Legais (GOB) no que diz respeito à capacidade física dos seus membros para a execução da mencionada prática ritualística.

A Constituição do Grande Oriente do Brasil, Capítulo I, Dos Princípios da Maçonaria e dos Postulados Universais (o grifo é meu) da Instituição, no seu Art. 1o e § único, menciona no seu Inciso X - “adota sinais (o grifo é meu) e emblemas de elevada significação simbólica”.

Em considerando a objetividade do texto, nota-se a importância que têm os Sinais na ordem dos fatos – elevada significação simbólica.

Ainda na Constituição do Grande Oriente do Brasil, Dos Requisitos para Admissão na Ordem, Art; 27, § 1º, I – “ser do sexo masculino e maior de dezoito anos, ser hígido e ter aptidão para a prática dos atos de ritualística maçônica” (os grifos são meus).

De modo claro e desembaraçado, o texto exara a condição de higidez do candidato, destacando que o adjetivo “hígido” denota o que é relativo à saúde, sadio, são. Obviamente que a higidez mencionada trata objetivamente da necessidade do indivíduo para que ele possa compor e executar Sinais e os Toques, bem como pronunciar e ouvir a Palavra, pois esses são elementos básicos e irrestritos para o reconhecimento nos Graus Simbólicos.

Vejamos também o Regulamento Geral da Federação no seu Título I, Dos Maçons, Capítulo I, da Admissão, Seção I, Do Processo de Admissão, Art. 1º - “A admissão depende de comprovação dos seguintes requisitos: VII – não apresentar limitações ou moléstia que o impeça de cumprir os deveres maçônicos”.

Nesse sentido, dentre os deveres maçônico, estão os de compor, executar e enxergar os Sinais, pronunciar e ouvir as Palavras, dar e sentir o Toque e por fim executar a Marcha do Grau.

Na verdade esses são alguns dos requisitos básicos para se ingressar na Maçonaria, a lembrar de que ela é uma instituição iniciática. Objetivamente, é desse modo (pelos Sinais, Toques e Palavras) que a Maçonaria condiciona o reconhecimento entre os seus membros - tanto pelo modo prático como também pelo lado esotérico.

Ainda há que se considerar que além da condição de ingresso na Ordem, a condição de higidez se estende também aos seus componentes (os já iniciados), até porque a senda iniciática só se encerra quando o obreiro atinge a plenitude maçônica decorrente daqueles que alcançam o Grau de Mestre, daí a atenção ao Art. 1º do RGF que menciona a ausência de limitações que possam impedir o Obreiro de cumprir os deveres maçônicos.

O que poderia ocorrer então se um Irmão, por uma fatalidade qualquer, viesse perder a sua higidez física?

Essa é uma questão mais complexa e de difícil resposta, sobretudo se a higidez for de caráter perpétuo. Em sendo o Obreiro Mestre Maçom, ele já conhece todos os Sinais, Toque e Palavras, porém poderá ter limitações devido à deficiência física adquirida. Já um Obreiro que não atingiu a plenitude, por questões iniciáticas ele terá que permanecer no grau em que esteja colado sem condições de prosseguir na senda iniciática. A grosso modo e ao rigor da Lei, Tradições, Usos e Costumes essa seria a condição, todavia é um fato que envolve um Maçom (aquele que foi iniciado) e num caso desses os legisladores é que podem encontrar uma solução para o caso, já que um Maçom é um Maçom e não pode ser simplesmente excluído dos quadros da Ordem por uma fatalidade que o fez perder a aptidão física. Penso que essa é uma condição que deve ser tratada individualmente levando-se em conta por primeiro a virtude da solidariedade maçônica, já que não cabe na Sublime Instituição à atitude de dar às costas àquele que por ventura tenha sofrido um revés na vida, sobretudo a um Irmão. Mas repito isso é caso que deve ser tratado por autoridades competentes no direito maçônico da Obediência, e não por uma simples decisão aprovada pela Loja.

A perda de higidez física de um membro da Maçonaria como comentado no parágrafo imediatamente anterior é diferente da condição de higidez para se ingressar na Maçonaria, pois para esse último caso a legislação atual é clara – até então não existe possibilidade.

Quanto à perda temporária da higidez, como é o caso mencionado na questão relativa ao Venerável da Loja, já é um fato aparentemente mais simples, pois o mesmo pode ser trocado transitoriamente pelo seu substituto legal enquanto ele permanecer em recuperação da enfermidade. Num caso desses, eu penso que o Obreiro não precisa se afastar do Quadro, apenas do cargo, já que a Loja pode autorizar a sua presença nos trabalhos sem delongas jurídicas enquanto ele se recupera da enfermidade, afinal, essa não é uma situação definitiva e o obreiro numa condição dessas só não deve assumir nenhum cargo. O bom sendo prevê numa oportunidade dessas (obreiro sem cargo) a dispensa do Sinal, desde que a mesma não comprometa a execução da ritualística, mas nada de fazer Sinal Penal com a mão esquerda, pois isso é erro crasso em Maçonaria.

Essas são as condições que envolvem a higidez física para os candidatos a ingressar na Sublime Instituição e para aqueles que já a ela pertencem e que, por uma fatalidade qualquer, venham adquirir uma deficiência.

Na verdade esse costume é haurido dos nossos ancestrais operativos que eram literalmente construtores com a pedra esquadrejada, o que os condicionava a ter aptidão física para o desenvolvimento do ofício. A Moderna Maçonaria, no entanto, preservando a tradição manteve reminiscências das Old Charges (Antigas Obrigações) em algumas classificações de Landmarks como a condição sine qua non do elemento ser fisicamente hígido, lembrando que esse período de transição - do Operativo para o Especulativo - que se iniciou historicamente no século XVII, o pensamento humano, devido às condições sociais da época, eram ainda muito diferentes daqueles quem ocorrem no século XXI.

Não quero bulir em ninho de marimbondo, mas penso que já está mais do que na hora das Obediências Maçônicas reverem determinados conceitos, transformando-os em alguns casos, apenas como condição de conhecimento moral relacionado a um sinal, gesto ou palavra, buscando assim uma solução palpável para esses casos que acontecem na Sublime Instituição. Como se pode antever, as próprias próteses como produtos da evolução da medicina fisioterapêutica hoje podem, dependendo do caso, suprirem perfeitamente essas necessidades prementes.

Dando por concluindo, essas são as minhas considerações que abrangem a minha opinião e não uma orientação oficial de procedimento com autoridade do GOB-PR, já que como maçom, sou fiel cumpridor das Leis emanadas da minha Obediência. Afinal torço para que o legislador maçônico, num futuro não muito distante, deixe clara a maneira com que as Lojas devam lidar com as situações que envolvem os casos de ser ou estar “fisicamente hígido”.

Nota do Perguntas & Respostas: 
Encerram-se aqui as Perguntas & Respostas” relativas ao ano de 2016. A partir de agora, com a finalização dos trabalhos do JB News, as perguntas solicitadas pelos leitores estarão sendo apresentadas pelo Irmão Pedro Juk em seu blog que estará funcionando dentro de alguns dias. 
Favor manter contato com o Irmão Pedro Juk pelo e-mail (jukirm@hotmail.com ). Obrigado pela sua e sempre participação.

Fonte: Última edição do JB News – Informativo nr. 2.347– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017

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