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terça-feira, 15 de novembro de 2022

COMPREENDENDO O USO DO AVENTAL

Celso Ricardo de Almeida
O Avental é a vestimenta emblemática, simbólica e obrigatória de um Maçon, em rigor a única necessária, e o seu uso denuncia o seu grau hierárquico dentro da Ordem Maçónica, podendo ser desde cargos administrativos como o posicionamento nos vários graus existentes, bem como evidenciar também os diferentes ritos e potências. Mas pouco se conhece da história desta humilde vestimenta que tão grande significado possui. Os nossos rituais limitam-se apenas a explicar a simbologia do Avental para o grau do referido ritual, não tecendo informações ou comentários sobre a sua história e significado. Cria-se assim uma grande lacuna para a interpretação desta vestimenta, que como já foi mencionada, é indispensável para o Maçon.

O presente estudo possui a pretensão de explicar como surgiu esta vestimenta e qual o seu significado, seja ele simbólico ou exotérico. Contudo, não entraremos nas questões referentes à sua utilização em Loja, visto que cada grau possui o seu simbolismo e as suas (Publicado em freemason.pt) características próprias. Iniciando o estudo propriamente dito, iremos tecer um breve comentário, sobre a utilização do Avental no mundo profano, e assim, conhecermos melhor as suas utilizações e importâncias profanas, para posteriormente entrarmos na simbologia Maçónica.

É notório que o Avental é utilizado por grande número de pessoas que mesmo não ciente da sua importância, beneficiam desta pequena e até mesmo insossa vestimenta. Mas o que é afinal o Avental? E quando se iniciou a sua utilização?

O Minidicionário de Língua Portuguesa Melhoramentos, Edição 2000, classifica o Avental como:Peça de pano, couro ou plástico, que se usa sobre a roupa, para protejê-la, ou
Espécie de guarda pó, usado por farmacêuticos, dentistas, médicos e etc.

No mundo profano o Avental é muito utilizado, principalmente por pessoas que têm a necessidade de se protegerem, seja de qualquer partícula sólida ou líquida, que venha a sujar a roupa, ou de substancias, porosas ou não, que possam agredir a pele.

Para alguns escritores, a origem do Avental está ligada há tempos muito remotos, como o Paraíso Terrestre, onde alguns vêem Adão como o inventor do Avental, representado na folha de parreira, o qual, segundo a ilustração bíblica, cobria os seus órgãos genitais. Esta ideia é refutada por outros que a consideram ilusória e especulativa.

Historicamente falando é quase que impossível precisar a data ou o período em que o Avental começou a ser utilizado; há contudo vários registros históricos do seu uso: os Romanos, por exemplo, usavam-no como parte do seu uniforme militar, como também há registros do uso de Avental por Egípcios, Persas e Hindus. Mais contemporaneamente, percebemos que os pintores da renascença, também o utilizavam para proteger as suas roupas dos respingos de tintas.

Em Maçonaria o surgir do uso do Avental pode ter sido iniciado nas Guildas e corporações Medievais. Tais associações, que deram origem à Maçonaria Operária, sendo provável que este deva ser o único sinal externo do período Operativo da Maçonaria, tinham por hábito distribuir entre os seus membros, Aventais para o exercício do ofício ao qual estavam ligados. Estes Aventais apresentavam diferenças com base nos diferentes trabalhos e conhecimento acerca do ofício em questão, tais como sapateiro, ferreiro, açougueiro, pedreiros, entre outros.

Quanto aos pedreiros, tidos como os Maçons de facto na fase Operativa da Maçonaria, a utilização desta indumentária era essencial, pois protegia o corpo do obreiro, e a sua função era evitar acidentes provocados pelas lascas que se desprendiam das pedras brutas que eram trabalhadas com cinzel e malho, e que depois de prontas, viriam a ser partes das edificações. Estes Aventais eram feitos predominantemente de couro de carneiro, um couro espesso, visando proteger os obreiros de labutas muitas vezes perigosas para o corpo humano.

Posteriormente com a transição da Maçonaria Operativa para a Maçonaria Especulativa, houve grandes modificações para a utilização do Avental, que deixou de ser uma peça considerada de protecção para o corpo, transformando-se em verdadeiros brasões ou estandartes, onde o conjunto das tradições cultivadas pela Arte Real era traduzida em emblemas e símbolos representativos de cada conjunto de ensinamentos que se queria transmitir sobre a Maçonaria. Tais símbolos sempre foram ricos em metáforas e conteúdo esotérico, filosófico e histórico.

Deste modo os Aventais transformaram-se em verdadeiras obras de arte, cercadas de emblemas e símbolos que variavam de região para região. O que deverá ter gerado algumas polémicas, pois em 1813, com a unificação das duas grandes Potências Inglesas, houve a edição de uma norma (Publicado em freemason.pt) regulamentando e padronizando os Aventais, de forma a coibir os inúmeros abusos que aconteciam. Ressalta-se também que em 1875, com o Congresso Mundial dos Supremos Conselhos em Lausanne, também se decidiu por uma padronização dos Aventais utilizados pelos seguidores do Rito Escocês Antigo e Aceito.

Mas independente dos seus emblemas ou da sua padronização, o significado simbólico do Avental continuou o mesmo, pois representa um emblema da dignidade, da honra, do trabalho material ou intelectual, símbolo da inocência do iniciado. É a insígnia do Maçon, a única que lhe que dá o direito de entrar nos templos e participar das reuniões. Representa a prontidão para o trabalho, que nos acompanha desde o meio dia até ao fim da vida, pois constitui-se como um instrumento fundamental e não nos deixa esquecer que a labuta é uma constante, seja em Loja ou fora dela. Recorda-nos também as nossas obrigações e deveres como obreiros da Arte Real, capazes de nos transformar de filhos de mulheres em filhos do homem, auxiliados pelas instruções que são ministradas a todos os filhos da viúva.

Exotericamente o Avental é a vestimenta corpórea da alma, que será pura ou impura conforme os nossos desejos e pensamentos. Representa também a condição imortal da alma, que sobrevive à morte do nosso corpo físico e é símbolo do trabalho na construção do templo interior e nas tarefas de aperfeiçoamento evolutivo.

Notemos que o Avental vem sempre acompanhado por um cinto ou corda, que é um elo que une o Avental ao corpo até à altura dos rins, e que também dividi o corpo de quem (Publicado em freemason.pt) o usa: da cintura para baixo, está a parte procriadora, material; da cintura para cima, está a parte sensitiva, espiritual que guarda os centros de forças ou chakras.

Para os antigos a parte mais importante do Avental era este cinto ou cordão, pois ele é símbolo do cordão umbilical, que liga o homem a terra, ou o cordão de prata, que liga o homem ao espírito; ou até mesmo o cordão de ouro, que liga o espírito ao Eu superior.

Independente da sua origem, do começo do seu uso ou da interpretação que lhe damos, o Avental utilizado hoje é o resultado da união dos Maçons Operativos com os Maçons Especulativos, e o seu uso simboliza o momento espiritual que o Maçon vive dentro da Maçonaria.

Fonte: https://www.freemason.pt

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