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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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sábado, 25 de agosto de 2018

O SINAL E O INSTRUMENTO

O SINAL E O INSTRUMENTO
(republicação)

O Respeitável Irmão Ivan Luiz Emerim, Primeiro Vigilante da Loja de Pesquisas Gênesis e membro da Comissão de Liturgia da Loja Duque de Caxias III Milênio, REAA, Grande Oriente do Rio Grande do Sul (COMAB), Oriente de Caxias do Sul, Estado do Rio Grande do Sul, solicita esclarecimentos no que segue: 
ilemerim@gmail.com 

Gostaria de lhe consultar a respeito do que segue: Em sua peça de arquitetura enviada no ano passado intitulada O SINAL E O INSTRUMENTO DE TRABALHO, o Irmão orienta para que não se faça o Sinal do Grau com o instrumento de trabalho. Porém ficamos com uma dúvida. Qualquer Irmão em Loja que porventura tenha que levar e/ou portar algum outro objeto, livro, trabalho de grau ou manual de instrução, ou outras coisas, mesmo que seja com apenas uma das mãos, deve fazer o Sinal? Isto porque estamos orientando de que “Quando se porta algo na(s) mão(s,) mesmo que seja o seu instrumento de trabalho, não se faz nenhum Sinal”. Exemplos:

1 - O Mestre de Cerimônias quando necessita levar qualquer coisa de um lugar para outro; ligar/desligar o ar condicionado; e/ou outras tarefas, deve fazer e desfazer o Sinal (Saudação ao Delta) na primeira vez que ultrapassar o Equador? Mesmo levando o objeto com a mão esquerda? 

2 - Os Diáconos, Expertos, Cobridores que não decoraram sua fala e utilizam o Ritual para lê-lo, devem fazê-lo com a mão esquerda e armar o Sinal com a direita? 

3 - Da mesma forma qualquer Irmão que ao fazer uso da palavra tenha que ler ou mostrar alguma coisa deve fazê-lo com o Sinal armado? 

4 - O Irmão que irá apresentar algum trabalho entre as Colunas B e J, no seu deslocamento até ficar à Ordem e levando seu trabalho na mão esquerda, deve fazer o Sinal quando ultrapassar o equador (se for o caso), e ficar à Ordem segurando o trabalho com a mão esquerda até obter a permissão do Venerável Mestre para a apresentação? 

5 - O Ritual é considerado, não propriamente um instrumento de trabalho, mas um auxiliar ou apêndice da função e do andamento litúrgico. Quando de seu uso nos momentos ritualísticos ele pode ser considerado como um instrumento de trabalho?

Por enquanto eram estas minhas dúvidas. Solicito o parecer do caro Irmão para podermos orientar da forma correta. Desde já agradeço a atenção e lhe envio um abraço bem chinchado (forte, quente e fraterno – expressão gaúcha).

CONSIDERAÇÕES:

Primeiramente devo salientar que essa questão é oriunda de Obediência da COMAB, portanto, o leitor deve observar esse particular para que não evoque contradição no que tange aos procedimentos das Obediências regulares no Brasil. 

Geralmente nesse procedimento as orientações têm sido abordadas com referência ao “instrumento de trabalho” – espada, bastão, bolsas (pequenos sacos), malhetes, recipientes para escrutínio, estrelas (comissão de recepção), ou outros que porventura possam ser lembrados. 

Todavia existem outras situações que se apresentam não especificamente como instrumento de trabalhos, porém objetos portados em determinadas oportunidades. Nesse sentido, vamos tratar não do instrumento ou do objeto, porém de quando a mão, ou as mãos estiverem ocupadas. 

Nesse ideário a questão é a de não se usar um instrumento ou objeto para com ele se fazer um Sinal Penal, dada à assertiva de que este somente é feito com a mão, ou mãos dependendo do caso – seria hilária a composição de um Sinal Penal, por exemplo, com o bastão sobre a região gutural. Nesse sentido é que existe a regra de que com um instrumento ou objeto não se usa o mesmo para fazer um Sinal. 

Ocasiões previstas em razão de que o Obreiro parado esteja empunhando (segurando) um objeto ele se posiciona apenas com o corpo ereto e os pés em esquadria. Alguns rituais preveem inclusive uma postura nesse caso, geralmente denominada como posição de rigor, fato que não significa em hipótese alguma um Sinal Penal, senão uma postura necessária para quando o ato exigir. 

As questões propriamente ditas: 

1. O Mestre de Cerimônias não portando o bastão e com as mãos livres faz o Sinal de modo normal. Estando com a mão, ou as mãos ocupadas sendo necessária a saudação, o faz por uma parada rápida e formal – corpo ereto e os pés em esquadria. Por uma questão de bom-senso e para que se evitem especulações, qualquer objeto que ele o conduza que o faça sempre com a mão direita. Assim haverá apenas uma parada rápida e formal – não existe regra de se passar o objeto para a mão esquerda para fazer Sinal com a direita. Cabem aqui alguns apontamentos: em uma parada rápida e formal não se faz inclinação com o corpo ou mesmo maneio com a cabeça. Salvo quando o ritual determinar o Mestre de Cerimônias só empunha o bastão quando estiver conduzindo alguém.

2. Obreiro em pé que necessite ler o ritual deverá fazê-lo segurando o exemplar com as duas mãos, observando sempre a regra de se estar com o corpo ereto e os pés em esquadria unidos pelos calcanhares. 

3. É a mesma regra do item dois, todavia antes de se pronunciar deve pedir a palavra e proceder na forma de costume – deixa primeiro o texto sobre o assento, posiciona-se à Ordem, menciona as Luzes, etc., desfaz o Sinal, e apanha o texto com as duas mãos. Encerrado o procedimento, deixa-o novamente sobre o assento, compõe no Sinal e o desfaz pela pena simbólica antes tomar assento novamente. 

4. Quem fala entre colunas não necessariamente estará entre as Colunas B e J, posto que originalmente as Colunas Vestibulares devessem se posicionar junto à porta de entrada no átrio. Nesse caso entre colunas significa estar entre as Colunas do Norte e do Sul mais próximo possível do extremo do ocidente. O ideal seria mesmo que a Peça de Arquitetura fosse apresentada do lugar em que o apresentante toma assento na Loja. Isso além de evitar deslocamentos desnecessários, pouparia tempo para que o Mestre de Cerimônias conduzisse o apresentador até entre Colunas.

Levando-se em conta a apresentação entre Colunas, em deslocamento do apresentante conduzido pelo Mestre de Cerimônias (portando bastão, pois está conduzindo alguém), ambos fazem uma parada formal ao cruzar o eixo, dada a consideração de que quem irá apresentar o trabalho esteja conduzindo o texto sempre com a mão direita. Como dito, dessa forma evitam-se especulações. 

Como o procedimento é direcionado para a leitura de um texto, seria redundante o Venerável o autorizar falar. O objetivo do deslocamento até entre Colunas já é conhecido, já que corretamente o Venerável ao ordenar ao Mestre de Cerimônias que conduza alguém, já deve informar a qualidade do procedimento. Assim o conduzido ao se posicionar, imediatamente segura o texto com as duas mãos, menciona as Luzes, etc., e procede na forma de costume. Se a exigência for de que o apresentador se posicione com o Sinal, o bom-senso traduz para que o Mestre de Cerimônias auxilie segurando temporariamente o texto – agora obviamente com a mão esquerda, pois a sua direita estará ocupada empunhando o bastão. 

Note então o excesso de procedimentos que, a meu ver são simplesmente desnecessários. Não seria melhor que o apresentante o fizesse do seu lugar em Loja? 

5. É como fora dito anteriormente, a questão não é a do objeto ou do instrumento. A questão é a da mão que o segura. Então, com a mão direita ocupada, ou mesmo ambas as mãos, se forem o caso, é independente o título daquilo que se está segurando. 

Daí, para que se evitem altercações desnecessárias quando a situação exigir, o melhor mesmo é segurar o objeto ou texto com a mão direita. Durante a leitura de um texto é recomendável o uso das duas mãos. 

O ideal é sempre o uso do bom-senso. Situações aparecem indistintamente. A composição de um Sinal Penal só existe se as mãos estiverem desocupadas. Não se passa um objeto ou instrumento para a mão esquerda para se compor um Sinal. Ainda existe - só para complicar - o enxerto no Rito Escocês do uso da mão esquerda no Sinal Penal do Companheiro. Originalmente na vertente latina da Maçonaria os Sinais Penais são sempre executados apenas com a mão direita. O uso da mão esquerda no Sinal do Segundo Grau é restrito e genuíno ao Craft (sistema inglês), cujos procedimentos ritualísticos se diferem em muitos pontos do sistema latino.

Finalizando, nunca é demais lembrar que um Oficial que tenha como objeto de trabalho a espada, somente a empunha por dever de ofício, ou quando o ritual assim determinar. Assim a espada quando não em uso estará embainhada. Com esta embainhada o Oficial faz o sinal normalmente com a mão, ou mãos. Da mesma forma as Luzes da Loja estando à Ordem nos seus lugares, pousam os seus malhetes e compõem o Sinal na forma de costume. Ratificando não se faz Sinal quando se estiver empunhando (segurando) o instrumento de trabalho. 

Outras variações que porventura apareçam nos rituais e que envolvam o instrumento de trabalho não significam de forma alguma uma representação do Sinal Penal. Este só existe quando feito com a(s) mão(s). 

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.169 – Florianópolis(SC) – quinta-feira, 14 de novembro de 2013

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