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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

GOTEIRA

GOTEIRA
(Excerto do livro Maçonaria para Maçons, Simpatizantes, Curiosos e Detratores – Irm∴ Almir Sant’Anna Cruz)

Goteira é um jargão maçônico utilizado como uma espécie de sinônimo de profano, de um não iniciado na Maçonaria, que se faz presente entre um grupo de Maçons. Além deste termo existe a expressão “chove” ou “está chovendo”, que serve como um alerta para que se evite, em sua presença, assuntos que só dizem respeito aos Maçons. Caiu em desuso a expressão “neva” ou “está nevando”, que se utilizava quando se tratava de uma mulher. 

E como essas palavras surgiram na Maçonaria?

Essa tradição vem desde os tempos da Maçonaria Operativa, em que se utilizava a palavra Cowan (que segundo alguns autores é um termo escocês arcaico, sem significado na língua inglesa), primitivamente para designar o pedreiro grosseiro, sem habilidades, sem conhecimento dos segredos da arte de construir e dos sinais, toques e palavras, e que por isso trabalhavam a qualquer preço.

Esses Cowans tentavam se infiltrar nas Lojas Operativas para obterem os segredos e, descobertos, eram surrados e colocados debaixo de uma goteira para serem encharcados pela chuva ou então lhes davam um banho com roupa e tudo. A surra se justificava em razão da preocupação dos Maçons Operativos de que seus segredos não fossem revelados a quem não participava da corporação, garantindo-lhes uma reserva de mercado e a justa paga por seus serviços profissionais, que proporcionavam o sustento de suas famílias. 

Tal tradição permaneceu na Maçonaria Especulativa e o termo Cowan passou a ser algo como um sinônimo de curioso, bisbilhoteiro, referindo-se aos não iniciados que por todos os meios, tentavam ouvir o que se passava nas sessões maçônicas, havendo os mais ousados que tentavam até introduzir-se nas Lojas. Esses curiosos quando descobertos eram colocados debaixo de uma goteira, de uma calha de chuva, para serem inteiramente molhados. As surras foram abolidas, pois não mais tinham razão de ser.

No século XVIII esses Cowans, bisbilhoteiros, curiosos, eram muito comuns e resultaram na criação do Cobridor Externo, exatamente para coibilos. Eram 7 os cargos das primeiras Lojas Especulativas: um Mestre, dois Vigilantes, dois Diáconos, dois Expertos e um Cobridor Externo.

Muito pouca literatura maçônica da época relata essas situações e os livros anti-maçônicos acabaram se tornando de fundamental importância histórica, pois neles tais práticas e muitas outras ao serem expostas, foram preservadas para a posteridade.

Em 1730 foi publicado o livro anti-maçônico Dissected Masonry (Maçonaria Dissecada) de Samuel Prichard, onde consta o seguinte diálogo feito em Loja:

P: Se um Cowan ou bisbilhoteiro for apanhado, como deve ser castigado?

R: Deve ser colocado debaixo do beiral da casa em dias de chuva até que as goteiras’ a escorrer pelos seus ombros, saiam pelos seus sapatos.

Em outro livro anti-maçônico publicado em 1746, Les Francs-Maçons Écrasés (Os Franco-Maçons Esmagados), do Padre Abeé Larudam, é contado como ele e o Padre Perau (também autor de um livro anti-maçônico), conseguiram se introduzir numa Loja Maçônica por conhecerem os sinais, toques e palavras, e seu colega, tendo sido descoberto (mas não ele, Larudam), recebeu a pena reservada aos intrusos:

O castigo consiste em colocá-los por baixo de um cano, de onde, por meio de uma bomba posta em funcionamento, lhes é dado um banho até que estejam molhados da cabeça aos pés. Tive a oportunidade de ver alguns exemplos em Berlim, Frankfurt e Paris, no Hotel Soissons (primitiva sede da Maçonaria francesa). O Padre Perau quis, apesar de profano, freqüentar esta Loja de Maçons, como já tinha feito em vários lugares em Paris, mas um dos irmãos presentes certificara-se de que ele não passava de um falso Maçom, descobrindo-o por uma palavra destinada pela Loja em casos desta natureza; isto foi feito dizendo ‘Chove’ e logo que tal palavra foi pronunciada o Venerável Mestre disse aos Vigilantes para verificarem quem poderia ser o culpado. Logo Perau foi descoberto, porque embora conhecesse os sinais, toques e palavras, não pôde informar onde tinha sido iniciado; foi, portanto, molhado sob o cano da bomba e regado completamente. Todos que lá estavam divertiram-se e riram muito às suas custas, tendo sido uma das cenas mais agradáveis para os Maçons ...”

É interessante notar que o Padre Perau conhecia os meios usuais de reconhecimento, mas acabou sendo descoberto por não poder dar uma informação trivial para um verdadeiro Maçom.

Modernamente, qualquer Cowan, curioso, goteira, pode vir a ter acesso a esses meios de reconhecimento, seja através da profusa literatura maçônica disponível nas livrarias, seja por uma simples consulta pela Internet, ou ainda através de um Maçom que, inadvertidamente, os expôs.

Portanto, não é demais recomendar que se evite fazer o reconhecimento pelos meios usuais, utilizando-se outros métodos, como o que desmascarou o Padre Perau, entre outros.

Fonte: Facebook - Simbologia Maçônica dos Painéis

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