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quinta-feira, 24 de março de 2022

LOJAS DE INSTRUÇÃO

LOJAS DE INSTRUÇÃO
Autor: Walter Celso de Lima
Acadêmico da Academia Catarinense Maçônica de Letras, Cadeira 27
MI da Loja Alvorada da Sabedoria (GOB/SC), oriente de Florianópolis

Introdução

Há, por vezes, um grande equívoco sobre a prática e os conceitos das instruções maçônicas em Lojas. Este ensaio tenta desfazer as incertezas sobre o tema. No decorrer do trabalho, apresentam-se exemplos e como devem ser desenvolvidas as instruções maçônicas. Explica-se como funciona o sistema de instrução maçônica nas Lojas inglesas, as Lojas de Instrução. Termina-se informando, na opinião do autor, como adaptar este sistema inglês à realidade brasileira.

Instrução é a formação de determinada habilidade. É o treinamento, é o adestramento. Instrução maçônica é o treinamento de como se deve comportar em Loja aberta, ou seja, é o adestramento do uso dos Rituais, da liturgia maçônica. Isto é, como se habilitar nos procedimentos ritualísticos. É a formação do Maçom. É feita, na Maçonaria inglesa, geralmente em Lojas de Instrução. No Brasil é feita em Lojas abertas, em seminários e em encontros maçônicos. Há, também no Brasil, algumas escolas maçônicas. Instrução maçônica, conforme esta definição, não é educação maçônica. Educação maçônica é definida abaixo.

Importante é esclarecer que as instruções na Maçonaria não são exposição e aceitação de dogmas, isto é, doutrinas de caráter indiscutíveis, como são instruções religiosas. Trata-se de ritualística, simbolismo e alegorias, cujos ensinamentos e conclusões finais são de responsabilidade e iniciativa do Maçom que está sendo instruído. Por isso, o Maçom é um livre pensador, homens livres e de bons costumes. O livre pensar convida ao despojamento de crenças, baseadas em superstições e magias, as quais geram acomodações e preguiça mental. O livre pensar demanda coragem, determinação, sede de saber, iniciativa de quem está sendo instruído e o uso da razão na busca da verdade. Cabe ao instrutor mostrar o caminho do saber, do alcance das virtudes e da prática da moral. Cabe ao Maçom que está sendo instruído, o instruendo, chegar, por seus próprios meios, pensamentos e iniciativa, ao ensinamento final. Ilustração clássica desse método está na figura do Aprendiz desbastando a Pedra Bruta.

Educação maçônica é o desenvolvimento cultural do Maçom. Trata-se de um conjunto de métodos que repassam conhecimentos sobre história da Maçonaria, filosofia maçônica incluindo ética e moral e cultura maçônica. Nesta definição, não envolve estudo dos Rituais e preleções maçônicas. O objetivo da cultura maçônica é complementar a formação do Maçom. Normalmente é feita através de palestras, seminários, encontros e, principalmente, leituras.

Informação é a notícia, não é propriamente instrução maçônica. É a exposição de um fato de interesse geral a que se dá publicidade. Por exemplo: notícias sobre outras Lojas, sobre encontros e seminários. Informação maçônica é, portanto, a apresentação de notícias de interesse dos membros da Loja maçônica.

Instrução Maçônica

Segundo o Irmão Joselito Romualdo Hencotte:

“Um dos problemas que mais afligem a Maçonaria atual é a prática ritualística pobre. Isto não se refere à dificuldade de ler os Rituais, mas, também, à maneira como são praticados, de forma monótona e sem inspiração, o que implica em o candidato não ser atingido pela mensagem das cerimônias das quais participa. A prática ritualística é muitas vezes medíocre, e ela não precisa ser! Uma prática ritualística mais atenta nos oferece a oportunidade de observar melhor os nossos símbolos e as nossas tradições proporcionando assim um entendimento melhor sobre a Ordem Maçônica.” (Ramos & Souza Prado, 2011).

As instruções maçônicas, no Brasil, são, em geral, realizadas em Lojas abertas. São feitas com pouco tempo de trabalho, o “tempo de estudos”, muito limitado, em geral sem discussões e, consequentemente, muito falhas. As instruções constam, genericamente, da apresentação de dois ou três trabalhos, da leitura ou memorização das preleções, mas tudo sem debates mais profundos. Muitas dúvidas persistem, por parte dos instruendos. Os trabalhos apresentados, em geral, são cópias e, muito poucas vezes, o Irmão em instrução coloca suas próprias opiniões sobre o tema copiado. Raramente há discussões sobre a ritualística.

Tudo o que se faz num Ritual, as palavras, os atos, o silêncio, os passos, tudo tem um significado simbólico. Poucos conhecem esses significados e, o mais insensato, não está desperto ou interessado em saber o porquê desses atos. Ou seja, não “vestem a camisa” do Ritual, lendo-o como um autômato. Instrução maçônica é, principalmente, o adestramento sobre ritualística e isso é pouco explorado no Brasil. Importante é afirmar que o ritual não é um fim, mas um meio para a preparação e o desenvolvimento de virtudes, de valores e de bem viver. Através de símbolos e alegorias.

Os Irmãos Aprendizes perguntam muito, porque têm interesse, curiosidade e querem aprender. A resposta, em geral, é do tipo “isso eu não posso responder” ou “tenha paciência que você vai saber nos Graus superiores (ou mais tarde)”. Isto é um erro, pois o que não se pode dizer ao Aprendiz são apenas palavras, sinais e toques dos Graus superiores. Então, os questionamentos afloram sem respostas.

As instruções para Mestres Maçons são, ainda, mais deficientes e, muitas vezes, nulas, simplesmente não existem. Certas pessoas, depois de Iniciadas e Elevadas (Exaltadas), continuam profanas, por falta de instrução. Muitos, chegando ao ápice da carreira maçônica, “aposentam-se”. Em consequência dessas falhas, temos o chamado “efeito sanfona” (o entra e sai da Maçonaria), as cisões (de Obediências ou de Lojas), os diversos atritos e problemas existentes na Maçonaria brasileira. Pode-se afirmar, sem erro, que todas as cisões de Obediências ou de Lojas, originaram-se nas inadequadas instruções de seus protagonistas.

As instruções maçônicas no Brasil são de responsabilidade de cada Loja. Temos cerca de 2.900 Lojas (no GOB), acrescidas das Lojas da CMSB – Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil – somada a Grande Loja Maçônica do Rio Grande do Sul (cerca de 2.800 Lojas) e da COMAB – Confederação Maçônica do Brasil (cerca de 1.300 Lojas) e não se tem, na opinião deste autor, 500 ou 600 instrutores eficientes para instruir Aprendizes, Companheiros e Mestres. Têm-se, em verdade, cerca de 95.000 Mestres (no GOB), 120.000 Mestres (CMSB + GLMRS) e 40.000 Mestres (COMAB). Mas, muitos deles sequer tiveram instruções de Mestre Maçom. Como fazer? Como mudar esta situação? (Brasil aproximadamente: 7.000 Lojas e 250.000 maçons).

As instruções maçônicas deveriam ser mais regulares e frequentes. Deveriam ser feitas em Loja fechada, quando é possível debates, réplicas e tréplicas e questionamentos diversos. Deveriam ser feitas por instrutores que se preparassem para tal, com planejamento prévio, sem improvisações. Muita coisa que estão nos Rituais não estão de forma explícita, mas demanda estudos mais aprofundados. Quando não se sabe a resposta a um questionamento, é preferível dizer: “Não sei responder. Vamos estudar”. Nos trabalhos escritos, além de referências bibliográficas, deve haver como considerações finais, a opinião original e pessoal sobre o tema, pelo Irmão que está sendo instruído. E as cópias de textos já existentes devem vir entre aspas e referenciadas.

Algumas Obediências têm cursos de instruções programados para Aprendizes, Companheiros e Mestres. Mas esses cursos não são eficientes, na maioria das vezes, e alguns são à distância. A Grande Loja de Maçons do Estado do Rio Grande do Sul tem (em alguns Ritos) eficientes manuais de instrução para os três Graus simbólicos. O GOB-SP tem um eficiente programa de instrução (na verdade de educação maçônica), dividido em três partes: Aprendiz, Companheiro e Mestre, que circula em todo Estado: são os ERAC (Encontro Regional de Aprendizes e Companheiros), ERACOM (Encontro Regional de Aprendizes, Companheiros e Mestres), que existem também no GOB-PR. A GLMMG tem a Escola Maçônica Mestre Antônio Augusto Alves d’Almeida (*NB: com instruções para os 3 graus simbólicos no Templo Nobre em BH e também de forma itinerante nas lojas do interior de Minas). A Grande Loja de Santa Catarina mantém um eficiente programa de instruções maçônicas. Provavelmente, há outros bons programas, desconhecidos deste autor, em outras Obediências e Orientes. Porém, a grande maioria desses programas, é destinada à educação maçônica e muito pouco de instrução maçônica.

Algumas críticas sobre a necessidade de instrução ritualística são expostas a seguir. É muito comum, no Brasil, enxertos e invenções nos Rituais, “por ser mais bonito”. Quando há dúvidas, muitos Irmãos não tendo conhecimento da solução, criam uma teorização, fundada no subjetivismo pessoal, ou seja, um “achismo”. Não deve existir “achismos” nas instruções maçônicas. Cabe ao Secretário de Ritualística da Obediência manter severa vigilância na execução do ritual. Ele é o responsável pela liturgia do rito e pelo ritual.

Uma grande parte dos Maçons brasileiros acredita que a instrução vai bem. Acham suficientes os trabalhos copiados dos Aprendizes e Companheiros. Não sentem falta da instrução de Mestre Maçom de seus trabalhos. São Irmãos ingênuos, ainda que bem intencionados. Para eles todos são bons e todos são Irmãos e isso basta. Neste caso, falta aos seus Irmãos de Loja tentar abrir suas mentes para a beleza do Ritual, do simbolismo e da Maçonaria. Muitos Irmãos acham que o Maçom, após elevado (exaltado) Mestre Maçom, alcançou a “plenitude maçônica” e isto basta. Se “aposentam”. O que é, evidentemente, um grande erro.
Lojas de Instrução na Inglaterra

Na Inglaterra, quase todas as Lojas têm 4 sessões ritualísticas por ano (às vezes 5). Seguem as determinações das Constituições de Anderson. As instruções não são feitas em Lojas simbólicas, mas feitas em Lojas de Instrução. Lojas de Instrução são lojas formadas por uma ou mais Lojas simbólicas; não têm Carta Constitutiva, não são abertas ritualisticamente e seus membros (Aprendizes, Companheiros, Mestres Maçons e os instrutores) em geral, não usam paramentos. Vale dizer, não são Lojas. Funcionam semanal ou quinzenalmente. As reuniões (não são sessões) de Aprendizes, Companheiros ou Mestres Maçons são realizadas em dias distintos. Toda reunião de instrução, em Lojas de Instrução, deve ter uma ata que é enviada à Grande Loja Provincial (ou Distrital) para controle. Existem Lojas de Instrução, também, nos EUA, Canadá, Austrália, África do Sul e Nova Zelândia. Na Irlanda, as Lojas de Instrução chamam-se Class of Instructions. Talvez também, existam em outros países que este autor não tem conhecimento. Na Escócia, devido a não uniformidade do ritual, consequência da grande autonomia das Lojas, as Lojas de Instrução são poucas e seus trabalhos são mais difíceis. Outra observação: na Inglaterra, nem todas as Lojas simbólicas operam Lojas de Instrução.

Depois de iniciado o Aprendiz deve frequentar uma Loja de Instrução, com frequência controlada pelo seu padrinho (chamado Mentor ou Mistagogo[1]; em inglês: Mentor or Mystagogue). O Mentor, que no Rito Schröder chama-se Garante, é o responsável pelo iniciado (responsável pela instrução do iniciado, pela frequência na Loja de Instrução e na Loja Simbólica e pelos metais do Aprendiz) até que o apadrinhado se torne Mestre Maçom. O Mentor é que verifica se o Aprendiz (ou Companheiro ou Mestre Maçom) está bem instruído e o próprio Mentor recomenda ao Comitê da Loja a passagem ou elevação do candidato. Na Inglaterra não existe Comissão de Graus. Esta recomendação feita pelo Mentor deve ser secundada por outro Mestre Maçom que conheça a instrução feita ao candidato. (Comitê da Loja é composto pelo Venerável Mestre, 1º e 2º Vigilantes, Tesoureiro, Secretário, 1º e 2º Diáconos, Cobridor Externo e todos os Ex-Veneráveis – Comitê da Loja é o board of directors). Nas Lojas de Instrução de Mestre Maçom faz-se somente o treinamento do ritual. As preleções de Mestre Maçom não são feitas em Lojas de Instrução e são controladas pelo Mentor. Há uma orientação muito eficiente para o trabalho do Mentor, feita pelas Grandes Lojas Provinciais (ou Distritais).

Os instrutores das Lojas de Instrução são, em geral, professores, preceptores ou pedagogos (full professor, lecturer, prelector, teacher, schoolteacher, instructor, educationalist) portanto preparados. Quase todos têm formação ou experiência pedagógica e todos são maçons experientes e muito bem formados.

As instruções de Aprendiz e Companheiro constam em memorizar o ritual, discutir o ritual e seus significados simbólicos em detalhes, discutir e decorar as preleções, elaborar e discutir trabalhos, etc. Os Aprendizes e Companheiros aprendem a interpretar, representar e encenar o ritual. As instruções são, basicamente, estudo do ritual. O resto é deixado que o maçom tenha seu próprio pensamento e consciência. Como a Loja de Instrução não é aberta, há muitos debates, discussões e questionamentos; as interrupções para questões são frequentes. Não se obriga o candidato a memorizar os rituais. Mas para que ele, como Mestre Maçom ocupe cargos, ele deve memorizar todas as palavras desse cargo nos três graus. Isto significa que o Venerável Mestre tem, obrigatoriamente, memorizado todos os 3 rituais do simbolismo, incluindo iniciação, passagem, elevação, e instalação. Na Inglaterra, Aprendizes e Companheiros não podem ter rituais impressos. Só Mestres Maçons os têm, depois de memorizados os textos e serem elevados.

Isso permite uma formação sobre ritualística eficiente o que torna o Mestre Maçom estar realmente na plenitude maçônica. Esses Mestres Maçons britânicos “vestem a camisa”, adotam a Maçonaria, lutam por ela e são excelentes Irmãos.
Como originaram as Lojas de Instrução?

O mais antigo registro de instrução maçônica é de 1725, quando a Ancient Society of Masons of York convocava Irmãos para instruções maçônicas fora das Lojas. Observe: fora das Lojas. É provável que esse sistema seja mais antigo, pois Maçons especulativos devem especular (estudar com atenção, pesquisar, refletir, teorizar) – Beresiner, 2008.

Depois da unificação entre a Loja dos Modernos e a dos Antigos, em 1813, a Grande Loja Unida da Inglaterra preocupou-se em unificar, também, os Rituais. Isso aconteceu na Inglaterra e nunca aconteceu na Escócia. A United Lodge of Perseverance, dentre as mais proeminentes Lojas daquele período, fundada em 1818, teve, em seu Quadro, vários dos Maçons mais cultos de então, sendo que nove destes ilustres conhecedores da Arte foram fundadores da mais célebre de todas as Lojas de Instrução ainda em atividade: a Emulation Lodge of Improvement for Master Masons. A Loja de Emulação e Aperfeiçoamento foi fundada em outubro de 1823, sob a sanção da Lodge of Hope, nº 7 e ensinava o Ritual através das preleções, segundo o sistema da Grand Stewards’ Lodge. Hoje, a ELOI é uma Loja de Instrução da Lodge of Unions, nº 256, reúne-se uma vez por semana (as sextas-feiras, entre outubro a junho, às 18h15), não tem Carta Constitutiva e seu foco é a demonstração da prática do Trabalho de Emulação. Tornou-se a curadora oficial, em todo mundo, do Trabalho de Emulação. Curadora é a instituição que cuida dos interesses e defende a pureza do Ritual de Emulação. Ao contrário de outros Ritos admitidos pelo GOB, o Ritual de Emulação é monitorado, interpretado e explicitado, para todo mundo, exclusivamente, pela Emulation Lodge of Improvement. Esta Loja já esteve no Brasil, em Curitiba, por duas vezes, em 2015 e 2016, divulgando instruções para as Lojas brasileiras que trabalham em Emulação.

Desde o início do século XX, iniciou-se o processo de reconhecimento das Lojas de Instrução. Um Comitê da Emulation Lodge of Improvement aprova preceptores para as demais Lojas de Instrução e isso confere o reconhecimento a estas Lojas. Há, sempre em junho, um Festival Anual dos Preceptores, na verdade uma reunião anual.

As Lojas de Instrução são, na Inglaterra, uma experiência prática da liturgia maçônica com um propósito óbvio – instrução – mas possui uma consequência importante: a convergência de Irmãos de diversas Lojas, proporcionando relações pessoais e sociais. Reúnem-se não somente em templos maçônicos, mas, também, em velhas igrejas, sinagogas ou residências de maçons.
Como adaptar o sistema de Lojas de Instrução à realidade brasileira

O que se expõe a seguir é pensamento de responsabilidade do autor. A adaptação do sistema inglês para a realidade brasileira é muito simples. Algumas reuniões administrativas podem se transformar em Lojas de Instrução do modelo inglês. As instruções de Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom poderão ser feitas em horários diferentes, no mesmo dia da reunião administrativa. Esta forma passa apenas por resoluções da própria Loja simbólica, podendo as reuniões administrativas de instrução serem feitas, a convite, com a participação de várias Lojas simbólicas. Porém, extremamente importante, os instrutores devem estar preparados; devem estudar o assunto a ser debatido, com antecedência e em grupo.

Deve-se evitar “achismos”; portanto, se não souberem uma questão, a fórmula correta será: “vamos estudar e depois explicaremos”. Essas Lojas de Instrução/reuniões administrativas podem ser mensais e atender, exclusivamente instruções, conforme definição deste ensaio, ou seja, ritualística maçônica, o porquê de cada ato, palavra ou símbolo que se faz em Loja aberta, além das preleções. Ritualística e preleções, amplamente debatidas, discutidas e comentadas com o objetivo de envolver de maneira profunda, aquele que está sendo instruído, os instrutores e a Loja. Os questionamentos devem ser ilimitados, tal que não deve permanecer nenhuma dúvida.

Obviamente, as Lojas de instruções/reuniões administrativas não devem substituir as reuniões realmente administrativas da Loja simbólica.

Muitas Lojas infelizmente “perdem tempo” nas reuniões destinadas a administração da Loja, por exemplo, discutindo o cardápio dos ágapes. Isto pode ser de responsabilidade do Mestre de Banquetes que pode consultar os Mestres entendidos em gastronomia fora das sessões e reuniões administrativas.
Considerações Finais

Repetindo as palavras dos Irmãos Edson José Ramos e Cezar José Souza Prado (Ramos & Souza Prado, 2011):

“As referências que aqui se apresentam, relacionadas às Lojas de Instrução, cabem, muito naturalmente, a todos os Ritos que hoje são praticados no nosso país. Não são, portanto, exclusividades da Maçonaria Inglesa, pois se configuram como um modus pedagógico, fornecendo caminhos de aprendizagem no que se refere às práticas ritualísticas e como colocá-las o mais possível em nível de excelência. E para que este modo peculiar de se instruir se torne um costume entre Maçons brasileiros, nenhuma ação monumental faz-se necessária. Ao contrário, basta que aos textos de nossos Rituais seja dada a importância que eles merecem, buscando-se neles os reais significados de ali estarem e, por consequência, tornando-os íntimos de nossa melhor expressão ao pronunciá-los, evitando assim o palavreado mecanicamente repetitivo, e oferecendo a cada palavra, a cada sinal, a reverência devida e esperada para tornar viva a simbólica da Arte Maçônica.”

As instruções não devem ser empurradas “goela abaixo” do Maçom que está sendo instruído. Os instruendos devem ser incentivados pelos instrutores para aprender mais, a alcançar, por si mesmo, pela sua própria mente, a buscar a solução, os resultados. Por que não fazer as instruções maçônicas ao longo de toda vida do Maçom? Não se diz que o Maçom é um eterno Aprendiz? Por que não fazer o aprendizado agradável e prazeroso? Por que não aguçar a curiosidade dos instruendos?

Termina-se este trabalho a respeito da importância do estudo e da especulação, com uma frase do escritor, matemático e filósofo francês Bernard Le Bovier de Fontenelle (1657–1757):

“É verdade que não podemos encontrar a pedra filosofal, mas é bom que ela seja procurada. Procurando-a, encontramos muitos segredos que não procurávamos”.

Nota

[1] – Mistagogo era o sacerdote, na Grécia antiga, que iniciava alguém nos mistérios eleusinos (de Elêusis).

Referências Bibliográficas

– Beresiner, Y. “Masonic Education – Lodges of Instruction”. Pietre-Stones Review of Freemasonry, 2008.

– Boller, C.E. “Instrução Maçônica”. Liberdade e amor, Or. Cassia, MG, 2014.

– Carr, H. “O Ofício do Maçom”. São Paulo: Madras, 2012.

– Cavalcante Medeiros, M. “Imagem Pública não é Divulgação”. Revista Rotary Brasil, 91: (1127), Maio, 2016.

– Girardi, J.I. “Educação Maçônica”. JB News 2344, mar.2017.
– Haywood, H.L. “Capítulos da História da Maçonaria”. Biblioteca. https://bibliot3ca.wordpress.com/capitulos-de-historia-maconica-haywood/“Chapters of Masonic History”. – – The Builder Magazine, vol IX, nº 3, 1923 http://www.freemasons-freemasonry.com/builder.html Acessados em 02.ago.2017.
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– “Preston, William”. Masonic Service Association of North America. Short Talk Bulletin, vol I, nº 2, Feb. 1923. Masonic Dictionary, 2008. http://www.masonicdictionary.com/preston.html Masonic World, 2012. http://masonicworld.com/education/files/apr02/include/william%20preston.htmAcessados em 02.ago.2017.

– Ramos, E.J. & Souza Prado, C.J. “Lojas de Instrução e “Stewards’ Lodges”. A.R.L.S. Lyceum Paranaensis nº 4046, GOB. Curitiba: ERAC, GOB-PR, 2011.

– Redman, G. “Rito de York Atualizado” Trabalho de Emulação e Aperfeiçoamento. São Paulo: Madras, 2011.

– Smith, R. “Learning Masonic Ritual”. London: Rick Smith Ed., 2013.

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-VanSlyck, S.B. “Fifteen Points for Masonic Education”. Pietre-Stones Review of Freemasonry, 2008. http://www.freemasons-freemasonry.com/VanSlyck.html Acessado em 02.ago.2017.

Fonte: opontodentrodocirculo.com

Um comentário:

  1. Primeiramente quero parabenizar o nosso mano Lima pelo excelente ensaio, o primeiro texto realmente academico, na sua forma de redação e muito rico em informações, e referências consistentes que demonstram um grande trabalho de pesquisa e conhecimento aprofundado, é o mais sério trabalho e que sustenta uma iniciativa excelente de tornar os estudos sobre maçonaria ao nível que deveriam estar faz muito tempo, ja que esta é uma instituição bisecular que não representa um grau de aprimoramemto condiscente com sua antiguidade, para concluir faço votos que se inicie um movimento de conscientizar a os irmãos que evolução e aprimoramento devem fazer parte indispensável da prrmanencia da ordem por outros séculos.

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