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quinta-feira, 14 de abril de 2022

SALMO FRATERNAL

SALMO FRATERNAL*
Ir∴ Carlos Eduardo Palanch Repeke, Ap∴ M∴

OH! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união.

É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes.

Como o orvalho de Hermon, e como o que desce sobre os montes de Sião, porque ali o SENHOR ordena a bênção e a vida para sempre.

De forma geral, os salmos são poesia que possuem um caráter musical, que mesmo quando recitado deverá conservar um caráter melódico. Foram feitos para louvar e para elucidar a presença do G:.A:.D:.U:. na vida terrena e no auxílio do poder Divino na construção de um novo mundo ou terra prometida.

Apesar de controvérsias do momento exato, têm se como primeiro relato que, a partir das cruzadas, quando da fundação da Ordem dos Templários, os Irmãos da Loja do Templo adotaram para abertura dos seus trabalhos o Salmo 133; o qual é lido na abertura do livro da Lei no grau de aprendiz, demonstrando desta forma a presença e participação da palavra do G:.A:.D:.U:. em nossos trabalhos. Atribuído ao rei Davi, o salmo 133 (também conhecido como salmo da conciliação ou fraternidade) é um salmo laudatório extremamente complexo do ponto de vista filosofal e requer conhecimentos prévios para que se possa ser entendido e interpretado da mesma forma inspiradora a qual foi concebida.

Neste trabalho, o Salmo foi dividido em três partes, para que possamos compreender de forma minuciosa o significado do cântico, além de seu contexto social, histórico e geográfico. Auxiliando as diversas interpretações individuais de sua peça.

Parte 1: OH! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união.

1- O cântico tem como sua essência e parte inicial a vida mais harmoniosa e proveitosa quando se está entre irmãos, demonstrando a importância de um povo unido. Ao inferirmos o contexto político temporal no qual o salmo se refere, observamos um espaço pós êxodo, onde Moisés já tinha liderado as 12 tribos, ou as doze famílias provindas dos filhos de Jacó, pelo deserto do Sinai; e que se encontravam alojadas de forma dividida em doze distritos distribuídos pelas terras de Israel (Figura 1).

Figura 1 – Mapa da Palestina com as divisões referentes as doze tribos de Israel, Rúben, Simeão, Levi, Judá, Zebulom, Issacar, Dã, Gade, Aser, Naftali, Benjamim, Manassés e Efraim.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Tribos_de_Israel.

Cada tribo possuía um líder e nem sempre caminhavam juntas com o mesmo entender, presenciando um individualismo perigoso, uma vez que ao menor ataque poderiam perder sua parte territorial, para outro povo conquistador ou mesmo outra tribo. Aqui é importante ressaltar, que a estrutura física das cidades se encontravam em expansão, o que significa que ainda não estavam bem fundamentadas a ponto de resistir grande ataques em séries, porém já podendo despertar cobiça de outras nações. Assim, uma das tribos, a tribo de Levi, que demonstrava um poder levemente superior e que estava incumbida do sacerdócio, pregava a união e fortalecimento político e territorial das 12 tribos. Esta união foi temporariamente conseguida por Josué, filho de Moisés e sucessor de Aarão. Porém a história demonstra que as tribos foram paulatinamente se extinguindo e posteriormente se tornando um povo, o Judeu.

Atualmente, tiramos proveito da parte inicial do salmo para entrarmos em egrégora e juntos alcançar um estado superior. Não somente a união entre os irmãos aqui presentes, mas também a posterior união dos irmãos com a natureza e com os elementos que nos cercam e com o G:.A:.D:.U:. em forma de palavra.

Parte 2: É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes.

2- Neste cântico fraternal observamos como protagonista Aarão, bisneto de Levi e irmão mais velho de Moisés. Ajudou Moisés a libertar o povo hebreu do cativeiro egípcio, sendo seu intérprete junto ao faraó do Egito e os anciãos de Israel. Demonstrando assim, uma ligação muito intima com o povo hebreu, sendo capaz de realizar a interpretação da palavra divina. Desta forma, Aarão foi escolhido diretamente por YAVEH através de conversa com Moisés, como o primeiro sacerdote dos hebreus.

“Então Moisés tomou o óleo de unção, e ungiu o tabernáculo, e tudo o que havia nele, e o consagrou... Depois derramou do óleo de unção sobre a cabeça de Aarão, ungiu-o para consagra-lo”.

O óleo que desce sobre sua barba até alcançar as suas vestes demonstra que através de Moisés, YAVEH estaria capacitando Aarão de representar todo povo diante do Senhor. Era como se o povo judeu fosse, unido, representado por um só corpo ungido. A segunda passagem do cântico, mostra que Aarão e seus descendentes se tornam para sempre os legítimos sacerdotes das doze tribos. Dois elementos comprovam tal fato, o óleo de unção e as vestes sacerdotais.

O óleo de unção, o qual era fabricado com um alto rigor nas artes de perfumaria e seu cheiro só poderia ser sentido pelo sacerdote, sendo utilizado também no Santo Tabernáculo, a morada temporária do Senhor (Figura 2).

Figura 2 – Receita do óleo de unção referida em passagens pela Bíblia Católica. Fonte: http://www.maconaria.net/portal/index.php/artigos/283-salmo-133-analise-interpretacao.html

O segundo elemento, as vestes de Aarão, foi designada por YAVEH em conversa com Moisés (Figura 3):

“Farás a teu irmão Aarão vestes sagradas em sinal de dignidade, de ornato... de sorte que ele seja consagrado ao meu sacerdócio. Eis as vestes que deverão fazer: um peitoral, um efod, um manto, uma túnica bordada, uma mitra e um cinto. Deverão usar fios de lá azul púrpura e vermelha, fios de ouro de linho puro...farás também o peitoral e encheras de pedras de engate ... e serão aquelas pedras os nomes das doze tribos de Israel.”
Figura 3 – Vestes do Sumo Sacerdote, composta pela mitra, peitoral com doze pedras, cinto, efod, manto e túnica bordada.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Mois%C3%A9s.

Assim a segunda parte do Salmo, nos remete a um ilustre Irmão realizando a abertura do Livro Sagrado, demonstrando que está sendo pronunciada a palavra divina, e que a partir deste momento os Maçons em Loja Unidos como irmãos, em um só corpo e somente desta maneira, estão sendo ungidos e agraciados pela presença do G:.A:.D:.U:., que junto ao homem auxiliará nós trabalhos de transformação e construção do Templo.

Parte 3: Como o orvalho de Hermon, e como o que desce sobre os montes de Sião, porque ali o SENHOR ordena a bênção e a vida para sempre.

3- Outra figura enaltecida pelo rei Davi é o portentoso monte de Hermon, o qual derrama seu orvalho por precipitação nos montes de Sião (Figura 4). Para que se possa compreender a simbologia que o salmista elucida, é necessário estar familiarizado com a geografia da região retratada.

Figura 4 – Mapa de Israel; seta vermelha mostra a posição geográfica do Monte Hermon ao norte da Palestina. Observem a distância do Monte Hermon para a cidade de Jerusalém, a qual está envolta pelos montes de Sião. Também, o mapa apresenta a região do Egito e o deserto de Sinai, onde ocorreu o Êxodo.

Por ser o ponto mais elevado da costa leste do Mar Mediterrâneo, e totalmente coberto pela neve durante o inverno e a primavera, seu degelo é importante para o fluxo do Rio Jordão, fronteira natural entre Israel e a Jordânia, cujas águas se despejam no Mar Morto. A constante ausência de chuva no deserto Palestino é substituída pelo orvalho noturno do monte Hermon, devida a precipitação de água que ocorre durante o dia. Também, as correntes de ar provindas em direção sul, faz com que o orvalho de Hermon, que se encontra no extremo norte da Palestina, alcance a região de Jerusalém, cidade que esta rodeada pela cordilheira de Sião, mais importante geograficamente pela proteção a invasão. Assim, na visão de Davi, o monte Hermon era o sinal de vida e fertilidade, sendo imprescindível para a sobrevivência das 12 tribos em Israel.

Porém, apesar de ser uma visão individual de Davi e pelo Hermon mesmo antes da ocupação dos hebreus já ser venerado por outras tribos e religiões (ex: Baal), Davi faz uma reverencia de humildade e submissão dos homens perante Deus: “...porque ali o SENHOR ordena a bênção e a vida para sempre. ”. Demonstrando que a vida ali gerada é a vontade do G:.A:.D:.U:. e nós não podemos nos opor a isto, indiferente de quem ocupa ou ocupará esta região. De forma geral, mesmo o homem em egrégora com os outros Irmãos e com o ambiente que vive (Natureza), e mesmo junto com a presença Divina ao seu favor e conspirando para sua prosperidade espiritual, a trindade ainda tem como líder supremo e inquestionável a figura do SENHOR. E assim, como o representado por Davi no Salmo 133, a abertura dos nossos trabalhos devem confluir com a mesma harmonia e razão.

Referências:

(1) Do meio-dia à meia-noite, vade-mécum maçônico. Ir:.João Ivo Girardi. Editora GLSC, jul 2005.
(2) Noções Gerais de Filosofia para Aprendiz-Maçon. GLSC; 2 edição, administração 1996/1999. Ano 2003.
(3) Bíblia Thompson, Suplemento de Arqueologia - Editora Vida. (4) https://pt.wikipedia.org/wiki/Tribos_de_Israel
(4) https://pt.wikipedia.org/wiki/Tribos_de_Israel
(5) https://pt.wikipedia.org/wiki/Mois%C3%A9s
(6)http://www.maconaria.net/portal/index.php/artigos/283-salmo-133-analise-interpretacao.html

*Trabalho referente a candidatura à elevação

Fonte: https://fraternidadesergipense.mvu.com.br

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