CIRCULAÇÃO NO ORIENTE - "CORTAR A LUZ"
(republicação)
Questão apresentada em 18/02/2014 pelo Respeitável Irmão Delberto Aguiar, REAA, sem declinar o nome da Loja, Obediência, Oriente e Estado da Federação.
delberto.aguiar@gmail.com
Desculpe a ousadia de interpelá-lo diretamente, não passando o mail pelo Irmão Jerônimo. Surge-me uma dúvida referente à sua resposta no artigo da edição 1266, leio que o Diácono/M∴CCer∴ entra no Oriente pelo nordeste e sai pelo sudeste, mas que no Oriente não há circulação, ora assim sendo, parece-me ter que haver alguma circulação. A minha dúvida prende-se com o facto de que a luz do altar frente ao Venerável, não pode ser cortada. Assim a marcha que continua no sentido giro dos ponteiros do relógio, só poderá ser feita ou por trás da mesa do Venerável ou pela frente (Ocidente) do altar saindo assim por sudeste. Isto implica que o M∴CCer∴ quando aborda o Venerável pelo lado ativo, leia-se direita, ao levar a palavra ao 2º Vig∴ tem necessariamente que recuar um pouco (conforme a dimensão do templo), para passar a Ocidente do Altar para não cortar a luz ao Venerável e poder sair pelo sudeste. Este é um aspecto que tenho debatido a tentar encontrar uma solução para este problema, sendo que o mesmo se põe nas Ll∴ de Perfeição e por aí fora, de facto ainda não cheguei/chegámos a nenhuma conclusão absoluta.
Eu sinceramente não compreendi essa questão de “cortar a luz”, “por trás do Venerável”, “lado ativo” e “LI∴ de Perfeição” (sic). O que eu posso lhe afirmar se a referência for particularmente ao Rito Escocês Antigo e Aceito por maior que seja o exercício de imaginação, essa concepção é inexistente dentro do canteiro simbólico especulativo, que é a Loja, aludindo aos canteiros operativos medievais do passado.
Objetivamente o Rito Escocês pela sua vertente francesa busca dentro da sua concepção doutrinária o aperfeiçoamento humano e social, respeitando todos os credos e religiões, desde que esses permaneçam no foro pessoal de cada um.
Esse arcabouço doutrinário maçônico embasado nos três Graus simbólicos representa a evolução da Natureza aplicando-a como método comparativo de aperfeiçoamento moral.
Dentro desse conceito o espaço denominado Canteiro, ou Loja, possui a sua decoração e topografia simbólica alusiva ao espaço terreno onde vive o Homem no Universo. Nesse pormenor é que existe uma regra de circulação em Loja aberta entre as Colunas do Norte e do Sul que representam a marcha diária do Sol (a questão aqui é a Natureza e o Homem).
Dentro dessa alegoria natural os deslocamentos feitos no Ocidente representam em linhas gerais o giro dos ponteiros do relógio. Assim a regra para o Rito em questão é que em Loja aberta do Norte para o Sul um Obreiro em deslocamento passa entre o desnível do Oriente e a frente do Painel da Loja (que fica no centro do Ocidente).
Já do Sul para o Norte o deslocamento é feito pelo espaço entre a porta do Templo e a retaguarda do Painel. Esse procedimento deve ser observado sempre que alguém cruze o equador da Loja.
Na mesma Coluna (Norte e Sul) não existe circulação. Também não existe circulação alguma no Oriente da Loja. Estabelece-se apenas que o ingresso no Oriente é feito através da Coluna do Norte e a sua saída pela Coluna do Sul.
Do mesmo modo por uma questão de praticidade o Altar ocupado pelo Venerável é abordado pela direita (norte do altar) e a saída do ocupante pela esquerda (sul do altar). Assim também se ingressa em Loja aberta pelo eixo (equador) ou pela banda norte e, dela se sai, pelo eixo, ou banda sul.
Devo salientar que não existe nada de oculto nesses deslocamentos, senão uma relação filosófica, moral e ética aplicada no aperfeiçoamento do Obreiro como matéria prima especulativa da Obra – a alegoria é o método simbólico.
Ainda, nessa concepção da Natureza, as Luzes acesas de acordo com os três graus representam a Luz do aperfeiçoamento contra a escuridão da superstição e da ignorância – mais Luz, mais evoluído estará o Homem.
No conceito da evolução natural as estações do ano são comparadas aos ciclos da vida humana na sua infância, juventude, maturidade e morte (primavera, verão, outono e inverno) – ciclos imutáveis da Natureza.
As Colunas Zodiacais representam perfeitamente esses ciclos sob o ponto de vista do Hemisfério Norte da Terra. Primavera e Verão no topo do Norte e Outono e Inverno no topo do Sul.
Essas Colunas representativas das constelações do Zodíaco divididas em grupos de três em três aludem aos ciclos naturais. Entre essa alegoria da Natureza está à relação com as Luzes dispostas no Oriente (Altar ocupado pelo Venerável), no Ocidente (mesa ocupada pelo Primeiro Vigilante) e no Sul, ou Meio-Dia (mesa ocupada pelo Segundo Vigilante).
É bem verdade que o número máximo de Luzes é igual a nove, faltando, portanto três. Ocorre que essa falta está nos meses do inverno onde Terra fica viúva do Sol – vida e morte da Natureza, ou a lição moral de morrer para renascer.
Note que tudo isso está representado na alegoria e simbolismo teísta do Rito Escocês nos seus mínimos detalhes – desde a Câmara de Reflexão até a representação da Lenda de Hiran na Exaltação do Mestre.
Dei apenas esse exemplo no intuito de esclarecer que não existem essas concepções de “cortar a luz”, “passar por trás”, etc., nessa doutrina de aperfeiçoamento.
Sei perfeitamente que muitos autores imbuídos de demonstrar suas crenças particulares têm tentado demonstrar as suas particularidades com escritos e teorias a respeito.
Como maçom, entendo que devo respeitar as opiniões alheias, entretanto não sou obrigado a concordar com essas teorias. Assim prefiro comentar a penas aquilo que está ao meu alcance de compreensão e passível de uma explicação.
Correção:
No trecho acima em vermelho onde se escreve:
"Assim a regra para o Rito em questão é que em Loja aberta do Norte para o Sul um Obreiro em deslocamento passa entre o desnível do Oriente e a frente do Painel da Loja (que fica no centro do Ocidente). Já do Sul para o Norte o deslocamento é feito pelo espaço entre a porta do Templo e a retaguarda do Painel. Esse procedimento (...)".
LEIA-SE:
"Assim a regra para o Rito em questão é que em Loja aberta do Norte para o Sul um Obreiro em deslocamento passa entre o desnível do Oriente e a retaguarda do Painel da Loja (que fica no centro do Ocidente). Já do Sul para o Norte o deslocamento é feito pelo espaço entre a porta do Templo e a frente do Painel. Esse procedimento (...)".
T.F.A.
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.354 Florianópolis (SC) – sexta-feira, 23 de maio de 2014.
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