EU DEVO SER CHAMADO DE
MAÇOM?
Esta colaboração veio
do Ir. Walter Celso Lima
Loja Alvorada da
Sabedoria
Florianópolis
Hoje de manhã ao
preparar-me para sair de casa, lembrei-me que deveria vestir camisa branca e
calça preta. Também não poderia esquecer-me da pasta onde guardo os rituais, o
avental e o balandrau.
Afinal, hoje é
segunda-feira, dia de sessão da nossa loja. Enquanto
tomava as providências de saída, fiquei refletindo sobre as razões de cumprir
tal agenda, especialmente num evento que invariavelmente participo bastante
cansado, depois de um dia intenso de trabalho.
Mas, respondi para mim mesmo: devo ir, pois
sou maçom e tenho que cumprir com as minhas obrigações assumidas perante os
irmãos e minha consciência.
Também, devo dizer: adoto a disciplina de
procurar sempre cumprir com os compromissos assumidos. Afinal, sou ou não um
maçom? Perguntei para mim mesmo.
Ao pensar sobre o questionamento lembei-me
do texto contido no nosso ritual de aprendiz que diz: "um maçom para ser
completo, deve ser educado, ativo, estudioso, verdadeiro e firme e possuir
espírito público".
Refleti sobre aqueles valores e
comportamentos e conclui de relance que eu estou longe de ser um maçom. Afinal
de contas, para que seja um maçom preciso ser um cidadão completo em termos de
valores filosóficos e materiais.
Mas vamos por parte na análise de tal
conceito: para ser maçom devo ser educado. Bem, constantemente, isto não é
fácil de ser. O conceito de educado tomado no sentido do bom comportamento e de
cortesia nem sempre pratico.
Não raras vezes sou explosivo com os
outros, muito especialmente, quando sou contrariado. Para preencher este
requisito penso que teria que ser mais tolerante, bom ouvinte e humilde.
Conclusão: não sou educado. Pelo menos como
deveria ser.
Ativo: bom, ativo para algumas coisas eu
sou. Mas, na idade que estou, sou mais seletivo nas escolhas. Não raramente sou
ativo com aquilo que dá mais prazer.
Conclusão: não devo ser chamado de inativo
completo. Porém, não sou bom exemplo neste quesito.
Com a palavra a tela da
televisão, que me tem por horas a contemplá-la.
Apesar de não assistir qualquer coisa, é
bom que se diga. Para melhorar neste item, deveria assistir menos esta tela
invasora de nossos lares.
Estudioso: bom, agora mesmo que a
autocrítica fica mais pesada.
Quanto livro tem lido ultimamente? Nenhum
começo e nenhum termino. A idade me fez diminuir a paciência com textos longos.
Mas, também tenho qualidades neste tópico. Leio jornais e revistas. Isto também
é uma forma de estudo. Mas é pouco, devo reconhecer.
Verdadeiro e firme: eta valores difíceis de
serem praticados. Verdadeiro significa ser sincero, agir com ética, compromissado
com a verdade. Do mesmo modo, firme não é fácil de ser, ao menos constantemente.
Não raras vezes prefiro vergar a coluna a
afrontar opiniões ou comportamentos contrários, mesmo sabendo serem eles
errados, com a explicação de "pagar para não se incomodar".
Possuir espírito público: neste quarto
quesito a minha consciência diz que sempre mereci mais consideração do que tive
do ponto de vista do reconhecimento de terceiros. Aqui o espelho da consciência
me diz que, se não andei sempre nos trilhos, o trem da corrupção e das
facilidades não me atropelou.
Feitas estas considerações, vem o
questionamento das razões de eu estar aqui. Me autoqualificar de maçom.
Mudar a assinatura para incorporar os três
pontinhos. Chamar os iguais de irmãos. Praticar rituais com os quais não estava
acostumado. Usar trajes que no início me pareceram estranhos. Usar
terminologias e gestos estranhos ao meu vocabulário habitual e outras
titualísticas.
O espelho mirado nesta manhã, simbolizado
pela minha consciência, me disse algumas coisas interessantes, que gostaria de
enumerá-las.
1 - Estou longe de ser um maçom. Sou apenas
um aprendiz e talvez algum dia um candidato a ser.
2 - Se algum dia alcançar a condição de
maçom tem de ser muito melhor do que sou hoje e se quiser alcançar o objetivo,
não será possível sem esforço pessoal e isto ninguém fará por mim.
3
Preciso ser mais educado no trato com os irmãos (de todas as lojas e
orientes), mais ativo, mais estudioso, mais verdadeiro e firme, pensar mais no
interesse público e ser menos egoísta.
Refletindo sobre tudo isso e observando o
comportamento alheio, diga-se de passagem, fazer isso parece que dá mais
prazer. Mesmo porque fica mais fácil para justificar as nossas carências e
falhas.
Com um fio de prazer concluo que não sou
tão desigual. Na minha ótica, não estou sozinho neste mar de imperfeições.
Volto a pensar melhor e concluo que isso não justifica, afinal, carências
alheias não suprem as minhas.
Assim, não tem jeito. Tenho que cuidar mais
de mim. Assumir compromissos de melhora e fazer a própria reforma íntima. Caso
contrário, é bem provável que até a condição de aprediz um dia venha perder,
pois a caravana anda e tenho de estar sempre nela, polindo a pedra.
E você, meu irmão, já olhou no espelho hoje
para ver e ouvir a voz da sua consciência.?
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