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PERGUNTAS & RESPOSTAS

O “Perguntas & Respostas” que durante anos foi publicado no JB News e aqui reproduzido, está agora no “Blog do Pedro Juk” . Para visita-lo ou tirar suas dúvidas clique http://pedro-juk.webnode.com/ ou http://pedro-juk.blogspot.com.br

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

CONSIDERAÇÕES

CONSIDERAÇÕES
(republicação)

Considerações em resposta ao Irmão Nei Carlos da Rocha:

Em 15.05.2015 o Respeitável Irmão Nei Carlos da Rocha fez o seguinte e educado comentário sobre uma resposta que fora por mim dada e posteriormente publicada no JB News nº 1.690.
neycarlos@ccs.com.br 

Irmão Nei 

Gostaria de me contrapor à resposta dada pelo ilustre irmão Pedro Juk, ao questionamento do irmão Heber Costa, Loja Irmão Valdez Pereira, 4.077, REAA, GOB, Oriente de Paragominas, Estado do Pará na sessão sobre orientação ritualística, do informativo 1.690. 

Pergunta do irmão Heber: 

6 - Orador e Secretario podem falar sentados? 

Resposta do irmão Pedro Juk:

06 – Salvo se o Ritual determinar o contrário, essas Dignidades (Orador e Secretário) falam a partir das suas mesas sempre sentadas, porém se preferirem falar em pé, estas estarão impreterivelmente à Ordem. 

Entendo não ser assim. Orador e Secretário falam sentados apenas quando tratam de assuntos pertinentes às suas funções. Quando se manifestam como irmãos do quadro (por exemplo, na palavra a bem da ordem), devem, como qualquer outro irmão, levantar-se à ordem, saudar as luzes, etc. 

Não pretendo ser arauto da verdade, mas é o que indicam meus estudos sobre ritualística, tema ao qual me dedico com afinco. 

TFA 

Nei

CONSIDERAÇÕES PEDRO JUK:

Sem querer dar mais valor ao molho do que à carne e agradecendo a intervenção do Respeitável Irmão Nei, segue laudas com os meus apontamentos que, sob qualquer hipótese, têm a pretensão de serem laudatórios, senão como uma contribuição para o esclarecimento e que possa servir com reflexão sobre o seu mérito. 

Mano, tradicionalmente no REAA as Dignidades de uma Loja falam sentadas, salvo se o ritual determinar o contrário. 

De modo original as Dignidades da Loja são compostas em número de cinco, assim distribuídas - as três Luzes mais o Orador e o Secretário. Destas, três tomam assento no Oriente, enquanto que as outras no Ocidente - as Dignidades do Ocidente, compostas pelos dois Vigilantes, são as únicas duas personalidade que em Loja aberta falam sentadas (salvo determinação contrária do ritual). 

A questão contraditória na relação tradicional das "CINCO" Dignidades está presente em algumas Obediências - como é o caso do GOB - quando tratam cargos "eletivos" como Dignidades, daí acrescentam o Tesoureiro e o Chanceler como Dignidades da Loja. 

Nesse particular (se consideradas SETE) tem acontecido que na tradição das CINCO Dignidades de falarem sentadas nas oportunidades mencionadas acabou ficando esquecida, talvez para acomodação do engano, já que fugindo ao tradicional o Tesoureiro e o Chanceler, além de tomarem assento no Ocidente, também não deveriam ser consideradas como Dignidades da Loja. 

Por aí é oportuno salientar para o bem da pesquisa que desde os costumes hauridos das hoje extintas Lojas Capitulares criadas no século XIX quando, dentre outros, elevou (ergueu) o Oriente no simbolismo para acomodação com os costumes capitulares, mesmo hoje extintas as ditas Lojas, o Oriente permaneceu até agora elevado e dividido pela balaustrada(1), fato esse que deixou também determinada especificamente na Loja à posição das cinco Dignidades - três no Oriente e duas no Ocidente (Vigilantes) – diga-se de passagem, que não importando o Rito abordado, o Venerável estará sempre ocupando a banda oriental da Sala da Loja enquanto os Vigilantes a ocidental. 

Outro costume que também anda esquecido é que desde o aparecimento do Oriente delimitado no REAA∴, todos os ocupantes do Oriente “deveriam” ter a prerrogativa de falarem sentadas (salvo nas condições contrárias pertinentes à ritualística).

Ocorre que vivemos numa matriz latina de Maçonaria, aonde muitas tradições, usos e costumes têm andado esquecido em nome do “só vale o que está escrito” – daí não importando o certo e o errado, já que nesse feitio peripatético com seus carimbos e convenções só valem os escritos, esquecendo-se que em termos de Maçonaria, a história não tem sido tão simples assim, além de também não se levar muito em conta de quem escreveu as regras para vale o que está escrito.

Devo salientar que os meus apontamentos estão norteados para a verdadeira tradição obtida por longos e longos anos de pesquisa acadêmica (conquanto possa afirmar que o que sei ainda é parcamente insuficiente), todavia com isso eu não quero insuflar qualquer desrespeito à vigência legal que considera no GOB as sete Dignidades – primeiro cumpre-se a Lei vigente, por segundo poderemos até discuti-la, contudo isso também não me impede de comentar o que penso ser adequado, ou que pelo menos deveria ser o judicioso. 

Assim eu ratifico com base naquilo que pelo menos deveria ser de acordo com a tradição – as cinco Dignidades em Loja, salvo situações ritualísticas que determinem o oposto, têm o direito, não importando o assunto, de falarem sentadas, porém se preferirem falar em pé obrigatoriamente estarão posicionadas à Ordem – corpo ereto, pés em esquadria unidos pelos calcanhares e compondo o Sinal Penal (de Ordem) com a mão, ou mãos dependendo da situação. 

Sob essa óptica observe-se que a minha referência é feita às cinco(2) tradicionais Dignidades, não às sete como exara o Regulamento do GOB – nesse caso (considerando as sete), em Loja aberta, o Chanceler e o Tesoureiro, não importando o assunto e por se posicionarem no Ocidente falam sempre à Ordem, nunca sentados se comparados aos Vigilantes. 

Assim meu Irmão, essa foi à razão da minha resposta dada ao Irmão Heber Costa, naquela oportunidade, não como feitio laudatório, mas esclarecedor, já que entendo que orientar apenas e tão somente pela impassibilidade dos escritos, eu vejo como um procedimento pobre e descabido de aperfeiçoamento. 

Finalizado deixo uma última recomendação – nem sempre as verdadeiras tradições, usos e costumes estão de acordo com a imensa maioria de rituais que foram publicados no Brasil, sobretudo em se tratando do REAA. Daí, por força de Lei, valem aqueles que estiverem em vigência, conquanto aos outros, esses merecem uma observação profunda e acurada antes que sejam tomados como obras que exaram verdades. Alerto que a imensa maioria deles, sobretudo aqui no Brasil, quando não anacrônicos, encontra-se adaptada para acordar com as Leis e Regulamentos que, não raras vezes, estão muito longe de estarem em consonância com a autêntica Maçonaria. 

Agradecido pela sua salutar manifestação, com o meu 

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com 

(1) Nos primeiros e originais rituais simbólicos escoceses a partir de 1.804 na França a disposição da Loja, à moda antiga, não possuía desnível entre o Oriente e o Ocidente. Para objeto de estudo, ver o aparecimento das Lojas Capitulares, da Loja Mãe Escocesa, do Segundo Supremo Conselho e do Grande Oriente da França no primeiro quartel do século XIX.

(2) Na abóbada estrelada, particular no simbolismo do Rito Escocês Antigo e Aceito há menção alegórica às seis Estrelas Reais – Arcturus, Spica, Aldebaran, Régulus Fomalhaut e Antares. Essa alegoria, longe de qualquer sentido místico e oculto, as cinco primeiras mencionadas aludem às cinco Dignidades da Loja no Rito em questão, enquanto à sexta é ao Cobridor. Vulgarmente alguns ritualistas associaram essas seis estrelas à estrela de seis pontas pretensamente formada por ocasião de alguns giros ritualísticos. Na verdade nem mesmo existe estrela de seis pontas no REAA∴, senão a associação com as cinco Dignidades somadas ao importantíssimo cargo de Cobridor que, sem a sua presença, por força do Landmark do sigilo (cobertura), não haveria possibilidade para a abertura ritualística da Loja.

Fonte: JB News – Informativo nr. 1.692 – Sydney – segunda-feira, 18 de maio de 2015

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