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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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sábado, 12 de outubro de 2019

PAVIMENTO MOSAICO

PAVIMENTO MOSAICO
(republicação)

Em 12.01.2015 o Respeitável Irmão Paulo A. Valduga, Loja Luz Invisível, 219, REAA, GORGS (COMAB), Oriente de São Borja, Estado do Rio Grande do Sul, apresenta a questão seguinte: 
paulovalduga@gmail.com 

Mui Estimado Irmão Pedro. 

Aproveitando a mensagem do Respeitável Irmão João sobre Edificação do Templo em 21.09.2014 da Loja Tríplice Aliança, GOB, REAA, Oriente de Toledo, Estado do Paraná, e a vossa explicação sobre o Pavimento Mosaico (JB NEWS 1.567), tomo a liberdade de perguntar: “por que o Pavimento Mosaico cobre apenas o Ocidente do Templo?”.

Considerações:

No caso do Rito Escocês Antigo e Aceito, nos primórdios do seu simbolismo na França (início do século XIX) paulatinamente fora adquirido o costume decorar todo o piso da sala da Loja (Templo) com o Pavimento Mosaico disposto obliquamente de quadrados brancos e negros. 

Naquela ocasião, desde 1.804 e o primeiro ritual simbólico escocês não havia nenhum desnível nem balaustrada que ordenasse um limite entre o Oriente e o Ocidente, já que a orientação desse primeiro ritual estava embasada nas Lojas Azuis norte-americanas, cuja prática era (e até hoje ainda é) originária do sistema antigo inglês ordenado na América do Norte por Thomas Smith Web. 

Nesse sentido, as Lojas do Craft inglês e, por extensão também as do Craft norte-americano na prática dos “Antigos”, se diferem em muitos aspectos litúrgicos e ritualísticos daqueles praticados pelos “Modernos” associados também à Maçonaria francesa, donde o escocesismo é verdadeiramente filho espiritual.

Sob esse prisma e pelo qual objetiva o mote desse arrazoado, o sistema de Maçonaria inglês, adota, dentre outros, para os pisos dos seus espaços de trabalho (Lojas), em se tratando do Oriente e do Ocidente, o mesmo plano, desnivelando para cima apenas e tão somente os três degraus que conduzem para a cátedra ocupada pelo Mestre da Loja (Venerável) – isso inclusive pode ser perfeitamente observado nas Lojas atuais do Rito de York (americano) e dos Trabalhos de Emulação (inglês), onde não existe desnível algum e nem balaustrada entre o Oriente e o Ocidente da Loja. 

Aliás, o Oriente nesse sistema maçônico é indicado apenas pela parede oriental, assim como aqueles que ocupam lugares nela encostados, ou nas fileiras imediatamente a sua frente. 

Dadas até aqui essas considerações, cabe então relatar que na França quando o Grande Oriente da França no início do século XIX reivindicou para si o governo das Lojas escocesas até o Grau 18, deixando os demais Graus, do 19º ao 33º (Kadosh e Consistório) para o controle do Segundo Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito, o simbolismo escocês ficaria então agregado e adaptado a muitas práticas capitulares (Sublime Capítulo Rosa Cruz), o que resultaria então no aparecimento das conhecidas, porém hoje já extintas Lojas Capitulares. 

Destaque-se que essas Lojas Capitulares acabariam por dar corpo por todo o século XIX aos rituais e a liturgia do simbolismo do Rito Escocês, como é o caso do Oriente elevado, da cor encarnada (o vermelho comum ao Capítulo), da disposição das Luzes e demais Dignidades da Loja, etc. Esse fato acabaria por deixar sacramentada toda à espinha dorsal dos rituais simbólicos do REAA∴, mesmo levando-se em conta a durabilidade efêmera das já então até aqui comentadas Lojas Capitulares. 

À bem da verdade esses acontecimentos capitulares mantêm até a atualidade muitos aspectos que se somam à base ritualística dos rituais e o alicerce topográfico das Lojas Simbólicas do Rito Escocês. 

Ratificando: é então a partir desse período capitular que também as Lojas Simbólicas do Rito Escocês passariam adotar consuetudinariamente um espaço delimitado para o Oriente (a balaustrada e o degrau entre o Ocidente e o Oriente). 

É adequado ainda salientar que no primeiro ritual do simbolismo do REAA∴ datado de 1.804 na França – o que pode ser perfeitamente verificado no Grande Oriente da França – não existia ainda o Oriente elevado em relação ao Ocidente, até porque esse ritual apareceria em época um pouco anterior às Lojas Capitulares. 

Em relação ao Pavimento Mosaico que, diga-se de passagem, não é alegoria unânime em toda a liturgia da Maçonaria Universal, diferente do sistema inglês, a exemplo do Trabalho de Emulação que usa um tapete quadriculado no formato “xadrez” no centro da Sala da Loja, o Rito Escocês (francês por excelência) paulatinamente passaria a adotar para o todo o piso da Loja o Pavimento Mosaico, não no formato de um “tabuleiro de xadrez”, todavia de disposição oblíqua que serviria, dentre outros, também como regulador dos passos nas respectivas Marchas dos Graus Simbólicos. 

No entanto durante a evolução dos rituais, o desnível entre o Oriente e o Ocidente ocasionado pelo aparecimento das já mencionadas Lojas Capitulares influenciaria na interrupção do Pavimento na linha limítrofe do quadrante oriental, reforçado ainda pela inexistência de qualquer circulação ou perambulação ritualística no Oriente da Loja simbólica escocesa, até porque mesmo quando da execução das respectivas Marchas de cada Grau simbólico estas são sempre relegadas para sobre o Pavimento Mosaico na banda ocidental da Oficina – os passos são dados no Ocidente de frente para o Oriente tendo como referência o eixo longitudinal (equador) do Templo. 

Como as Lojas Capitulares paulatinamente seriam extintas ficando já a partir do segundo quartel do século XIX apenas os três Graus Simbólicos sob a tutela do Grande Oriente da França, enquanto os demais Graus (do 4º ao 18º) retornavam corretamente para o Segundo Supremo Conselho na França, mesmo com esse acontecimento, muitos costumes oriundos do Capítulo permaneceriam ad aeternu no simbolismo, como é o caso do desnível entre o Oriente e o Ocidente da Loja no REAA.

Assim essa permanência consuetudinária, acabaria por interceptar o revestimento do piso da Loja o que daria origem mais tarde à adoção do Pavimento Mosaico apenas no Ocidente, incluindo-se aí também o Átrio da Loja. 

Enfim, essa é a razão dessa interceptação, embora algumas Lojas sustentem inclusive a existência do Pavimento no Oriente, fato que não condiz muito com a razão da liturgia e da ritualística pelo simples motivo da inexistência de qualquer giro ou circulação, ou ainda perambulação no Oriente. 

Embora alguns respeitáveis pesquisadores maçônicos por muito tempo tenham apregoado a existência do Pavimento Mosaico em todo o piso da Loja (no Oriente e no Ocidente), atualmente esse costume não faz muito sentido, senão no Ocidente e no Átrio, esse último, inclusive, como parte integrante da Loja (ver a existência de passagens ritualísticas que se dão no vestíbulo do Templo). 

Apenas para ilustrar. A razão pela qual encontramos ainda em algumas Lojas brasileiras que praticam o REAA, nelas um pequeno “tabuleiro de xadrez” situado no centro do piso do Ocidente imitando o Pavimento Mosaico, na realidade esse símbolo é produto de um enxerto equivocadamente incorporado ao piso das Lojas escocesas desde o segundo quartel do século XX, cuja reprodução é oriunda do tapete quadriculado muitas vezes usado como alegoria simbólica no sistema inglês de Maçonaria, a exemplo do que é usado no Trabalho de Emulação – muito conhecido na Maçonaria Tupiniquim igualmente como Rito de York (que também nada tem a ver com aquele York praticado pela Maçonaria norte-americana) – agora, durma-se com um barulho desses! 

E.T. – nunca é demais lembrar que o REAA é filho espiritual da França e que ele fora primeiro criado apenas por um sistema dito de Altos Graus sacramentado nos Estados Unidos da América do Norte em 31.05.1.801 com a fundação do Primeiro Supremo Conselho (Mãe do Mundo) em Charleston na Carolina do Sul sobre o paralelo 33 do planeta Terra. Esse sistema como Rito fora criado genuinamente em solo francês e por último intitulado como Rito de Héredon com 25 Graus. Somente em solo americano ele seria forjado com 33 Graus sobre uma mentira histórica que envolveu, sem ele saber, Frederico, o Grande – Rei da Prússia. Em solo americano, o sistema não possuía - pois assim não fora criado - os três Graus simbólicos, fazendo-se valer desses nessa oportunidade das Lojas Azuis norte-americanas que praticavam – e ainda praticam – o sistema antigo muito conhecido nos EUA como Rito de York de origem inglesa. O simbolismo autêntico no REAA somente apareceria a partir do ano de 1.804 no Grande Oriente da França em Paris com o advento do seu primeiro ritual, embora esse primitivamente copiasse muito o Rito de York (americano) já que os idealizadores desse ritual de 1.804 eram maçons franceses, porém egressos dos Estados Unidos da América do Norte e que lá praticavam a Maçonaria norte-americana nos três primeiros Graus (Lojas Azuis). 

T.F.A. 
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.693 – Sydney – terça-feira, 19 de maio de 2015

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