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PERGUNTAS & RESPOSTAS

O “Perguntas & Respostas” que durante anos foi publicado no JB News e aqui reproduzido, está agora no “Blog do Pedro Juk” . Para visita-lo ou tirar suas dúvidas clique http://pedro-juk.webnode.com/ ou http://pedro-juk.blogspot.com.br

terça-feira, 29 de outubro de 2019

SER MAÇOM E ESTAR MAÇOM

SER MAÇOM E ESTAR MAÇOM
(Desconheço o autor)

O tema sobre o qual vou discorrer, “ser maçom e estar maçom”, é, ao mesmo tempo, de fácil exposição, como, também, de expressiva complexidade, gerando, sem dúvida, preocupação.

Deixando de declinar o nome da loja e dos irmãos, tenho conhecimento de um acontecimento real e verdadeiro, em que o candidato foi regularmente sindicado, foi iniciado, elevado e exaltado, satisfazendo a todas as exigências, frequência, metais, visitas e trabalhos. Passado algum tempo de sua exaltação, abordou um irmão do quadro, indagando que já estava participando da loja há mais de três anos. Já era mestre, e, no entanto, ninguém falava na sua parte. Que parte? Perguntou o irmão. Ora, disse ele, eu sei que a maçonaria é rica e ajuda os irmãos, e eu quero saber quando vou recebeu a minha parte. O irmão, atônito, procurou explicar o que era a maçonaria, e o interesseiro nunca mais voltou à loja.

Esse irmão era maçom ou simplesmente estava maçom, esperando a oportunidade para se locupletar, para tirar proveito da maçonaria, da loja ou dos irmãos?

Muito a propósito, meus irmãos, e fica, aqui, registrado o alerta, existe nas ruas de São Paulo uma pessoa, que ao passar por um possível maçom, diz: “tudo justo e perfeito”?. Alguns irmãos já foram abordados. Alega ser do interior e pede ajuda financeira. Quando o irmão abordado faz o telhamento, ele acompanha com sinais e toques até o grau de mestre. Aprofundando-se na identificação, entretanto, ao atingir o grau de companheiro, ele foge repentinamente. 

Quantos participam do universo da nossa sublime ordem, e, por certo, os irmãos presentes conhecem ou conheceram, aqueles que estão ou estavam maçons, a espera, simplesmente, de uma oportunidade para tirar proveito, para se locupletar da maçonaria ou dos irmãos?

Eis, meus irmãos, a importância da sindicância e a grande responsabilidade de cada sindicante ao entrevistar um candidato. Em minha caminhada maçônica, de quase três décadas, já ouví dizer que candidatos foram entrevistados por telefone, estando em outro oriente, e que candidatos foram entrevistados por apenas um dos três sindicantes, limitando-se os dois outros a copiarem os dados colhidos.

Não basta, para ser maçom, ser sindicado, iniciado, elevado ou exaltado. Nem os graus recebidos pelo irmão, de aprendiz, de companheiro ou de mestre, e nem o avental e o colar, fazem de um irmão um maçom.

É necessário muito mais!

Já foi dito que “não é a púrpura e o arminho que fazem o juiz. É a integridade, é o saber. É o amor à virtude, o zêlo da justiça.” Assim, também, pode-se dizer, que não é o avental, nem o colar e nem o grau que fazem o maçom. É a sua conduta, o seu caráter, o seu procedimento dentro e fora do templo. É a exteriorização das luzes que emanam do seu templo interior.

A constituição do Grande Oriente do Brasil, em seu artigo 1º, ao tratar dos princípios gerais da maçonaria, apresenta dez incisos, como postulados da conduta do maçom, dentre os quais, peço vênia para mencionar os de número iii e vi, que estabelecem, respectivamente:

“iii – proclama que os homens são livres e iguais em direitos e que a tolerância constitui o princípio cardeal nas relações humanas, para que sejam respeitadas as convicções e a dignidade de cada um”;

“vi – considera irmãos todos os maçons, quaisquer que sejam suas raças, nacionalidades, convicções ou crenças.”

Mas não é só!

Quando de nossa iniciação, no curso das viagens, explica o irmão orador: “se desejais tornar-vos um verdadeiro maçom, deveis primeiro morrer para o vício, para os erros, para os preconceitos vulgares e nascer de novo para a virtude, para a honra e para a sabedoria.”

Façamos uma auto-indagação. Perguntemos a nós mesmos, se conseguimos alcançar essa meta, ou seja, se conseguimos morrer para o vício, para os erros e para os preconceitos vulgares, e se nascemos de novo, para a virtude, para a honra e para a sabedoria.

Se a minha resposta. Se a sua resposta, se a nossa resposta for afirmativa, com certeza, somos maçons. Se, entretanto, duvidosa ou negativa for a resposta, certamente, não somos maçons, mas estamos maçons.

Mais adiante, o irmão orador explica ao iniciando os deveres do maçom, dizendo:

“O segundo dos vossos deveres e o que faz que a maçonaria seja o mais sagrado dos bens, além de ser a mais nobre e a mais respeitável das instituições, é o de vencer as paixões ignóbeis, que desonram o homem e o tornam desgraçado; praticar, continuamente, a beneficência, socorrer os seus irmãos, prevenir as suas necessidades, minorar os seus infortúnios, assistí-los com os seus conselhos e as suas luzes. Toda ocasião que ele perde de ser útil é uma infidelidade; todo socorro que recusa é um perjúrio; ...”

Para aprovarmos o ingresso de um candidato aos nossos sublimes mistérios, exigimos que seja livre e de bons costumes, e é o que afirma o irmão experto, ao apresentá-lo ao templo, para receber a luz.

Ser maçom, meus irmãos, é cumprir o sagrado compromisso assumido por ocasião de nossa iniciação. É investir tempo, sentimento, dedicação sem limites, na construção do nosso templo interior. É perquirir e buscar o aprimoramento de nosso caráter, de modo a nos posicionarmos perante a sociedade, como homens diferenciados, e sejamos reconhecidos como homens livres das pressões maléficas, de conduta ilibada e de bons princípios e costumes salutares.

Chegou às minhas mãos, há alguns anos, um trecho extraído do discurso proferido pelo grande orador, por ocasião da inauguração do templo da Grande Loja de Valparaiso, Chile, em 30 de novembro de 1872, quando disse o irmão, com rara felicidade:

“A profissão do maçom é a mais difícil de ser exercida, porque toda ela é praticar virtudes, vencer dificuldades, semear o bem nas terras do porvir e tornar a semear o bem que se colhe.

Trabalhemos, eduquemos, cultivemos com solicitude e esmero as inteligências e os corações; exerçamos nossa profissão iniciando as novas gerações, realizando o progresso nas que hoje existem; e ao pisar estes umbrais do templo, ao inclinar nossas frontes ante a grandeza dos nossos símbolos, possamos estender os braços, louvar nossa missão e exaltar com o lábio agradecido, nossas doutrinas e nossas convicções ao supremo criador dos mundos.”

O maçom deve estar sempre alerta e vigilante, atento para não ser surpreendido pelo envolvimento de suas próprias imperfeições intrínsecas, porque, como ser humano, não está livre nem isento da falibilidade, do orgulho e da vaidade.

Mazzini, filósofo da unificação do povo italiano, grande maçom, considerado o apóstolo dos humildes, quando lutava pela reivindicação dos trabalhadores, seus compatriotas, procurava orientar o povo, ensinando e advertindo que a única maneira que os homens têm para fazer vitoriosos os seus direitos, é ter perfeita compreensão do cumprimento de seus deveres para com deus, para com a humanidade e para consigo mesmo.

Nesse mesmo sentido, devemos lembrar o presidente Kennedy, tão cedo e tão drasticamente tragado pela força do mal que impera e campeia no mundo profano, quando falou, certa vez, para os jovens soldados americanos, em que exortava, em outras palavras, que o importante não era saber o que a nação poderia oferecê-los, mas, sim, o que eles poderiam oferecer para a nação.

Parafraseando, meus irmãos, esse saudoso mártir, podemos, igualmente, exortar, que não basta perquirirmos o que a maçonaria pode fazer por nós, mas sim, reafirmar a indagação, perguntando o que nós podemos fazer pela maçonaria.

Para sermos maçons, devemos procurar, com todas forças que o grande arquiteto do universo nos concede, observar, cumprir e obedecer o decálogo da maçonaria, que me foi passado, na Loja Roma, por ocasião de minha iniciação, no dia 11 de dezembro de 1976, que peço permissão para apresentá-lo, pois, certamente, os irmãos mais novos dele não tenham tido conhecimento, e aos antigos, uma oportunidade de recordá-lo:

“Deus é a sabedoria eterna, onipotente e imutável: suprema inteligência e inestinguível amor. Deves o adorar, reverenciar e amar. Praticando as virtudes, muito o honrarás.

Tua religião consiste em fazer o bem, por ser um prazer para ti, e não unicamente, um dever. Constitui-te um amigo do homem sábio e obedece seus preceitos. Tua alma é imortal. Nada farás que a degrade.

Combaterás incessantemente o vício. Não farás a outrem o que não quizeres que te façam. Deverás ser submisso ao teu destino e conservar vivo o fogo da sabedoria.

Honrarás teus pais. Respeitarás e tributarás homenagens aos anciãos. Instruirás os jovens.

Sustentarás tua mulher e filhos. Amarás tua pátria e obedecerás suas leis.

Teu amigo será para ti tua própria imagem. O infortúnio não te afastará de seu lado e farás por sua memória o que farias por ele em vida.

Evitarás e fugirás de amigos falsos, assim como, quando possível, os excessos. Temerás ser a causa duma mancha em tua memória.

Não permitirás que as paixões te dominem. Serás indulgente com o erro.

Ouvirás muito, falarás pouco e obrarás bem. Olvidarás as injúrias. Darás o bem em troca do mal. Não abusarás de tua força ou superioridade.

Estudarás o conhecimento dos homens. Buscarás sempre a virtude. Serás justo. Evitarás a ociosidade.”

O comparecimento dos irmãos às sessões de sua loja, com efetiva participação nos trabalhos desenvolvidos é indispensável. O irmão deve contribuir diretamente com sua ação, para que o venerável mestre, juntamente com sua administração, possa conduzir a loja de modo dinâmico e empreendedor, num ambiente de harmonia e fraternidade, para que os irmãos do quadro tenham satisfação e alegria em comparecer às sessões, fazendo lembrar as palavras do salmista, quando disse: “alegrei-me quando me disseram vamos à casa do senhor”.

Não é certo que o irmão faltoso, por cerca de dois ou três meses, ao chegar à loja, em vez de procurar por uma visão panorâmica dos trabalhos e dos irmãos do quadro, pergunte apenas ao irmão tesoureiro: quanto devo? Ou qual é o meu débito? Tais indagações, poderiam gerar uma resposta, em forma de pergunta, qual débito meu irmão, débito para com a loja, com os irmãos ou com a maçonaria?

Não basta a contribuição material. Estar em dia com o irmão chancelar e com o irmão tesoureiro, pouco significa, porque decorre unicamente, de uma pequena parte do conjunto das obrigações assumidas. “sois maçom? A resposta não pode ser: “meus irmãos como contribuinte me reconhecem”.

Nosso irmão Gióia Júnior, numa de suas campanhas, distribuiu um soneto de sua autoria, intitulado “ser maçom”, que diz:

“Ser maçom é querer tudo puro e correto,
É ter limpos os pés e ter limpas as mãos,
É querer habitar entre muitos irmãos
E louvar o poder do supremo arquiteto.

Ser maçom é ser bom e generoso e reto
E os enfermos buscar para torná-los sãos
E os pobres procurar para dar-lhes o teto, 
e os órfãos socorrer – e amparar os anciãos.

Ser maçom é ser forte e enfrentar a procela, 
é amar a existência e fazê-la mais bela,
É buscar a justiça, a igualdade, o direito.
Afinal, ser maçom é buscar a verdade,
Ser maçom é lutar em prol da liberdade,
Ser maçom é querer tudo justo e perfeito!.”

Registra o Livro da Lei, que Geová destruiu as cidades de Sodoma e Gomorra, em consequência da extrema perversidade do seu povo. Registra, também, que o patriarca Abraão procurou interceder em favor dos moradores de Sodoma, perguntando, se ali houvesse cinquenta justos, ainda, assim, a cidade seria destruída? Se achar cinquenta justos, não a destruirei, disse o Senhor. Insistindo, perguntou o patriarca, se somente quarenta e cinco justos forem encontrados? Não a destruirei, foi a resposta. E se apenas quarenta? Também não a destruirem. Se forem encontrados apenas trinta? Pouparei a cidade. Se ali forem encontrados apenas vinte?, insistia o patriarca. Não a destruirei, por amor aos vinte. Finalmente, Abraão faz a última pergunta, e se forem encontrados somente dez justos? A resposta de Geová foi a mesma: não destruirei a cidade, se encontrar apenas dez justos.

E nem mesmo dez justos foram encontrados naquela cidade, que acabou por ser destruída. 

Elevemos, pois, caríssimos irmãos, os nossos pensamentos ao Sup∴ Arq∴ do universo, e senhor dos mundos, ele, que é onipresente, onisciente e onipotente, em preces ungidas de fé, para que a cadeia da fraternidade una os nossos corações, os nossos sentimentos e os nossos ideais e assim possamos alcançar o objetivo visado, para maior grandeza de nossa sublime e sempre gloriosa instituição, e que, num diálogo, como aquele acima mencionado, possa o grande arquiteto encontrar na maçonaria, número inferior a dez, não de maçons, mas de antimaçons.

Sejamos maçons, obreiros livres e de bons costumes, cada um, com o coração limpo e puro, e todos irmanados nos princípios basilares de Liberdade, Igualdade e Fratrenidade.

E assim, somente assim, seremos maçõns e não estaremos maçons!

Muito obrigado.

Salve a maçonaria !


Fonte: http://cidademaconica.blogspot.com

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