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terça-feira, 27 de outubro de 2020

O CIRCUMPONTO

O CIRCUMPONTO
Autor: Juarez de Fausto Prestupa

O ponto no centro do círculo nos remete à ideia das órbitas (mesmo que estas não sejam circulares em sua maioria) tal como da Lua em torno da Terra ou mesmo dos supostos elétrons em torno do núcleo molecular (supostos porque na verdade os elétrons são nuvens que circundam o núcleo molecular e só se mostram como partícula quando fora da estrutura molecular).

Bem, para que exista órbita é necessário o equilíbrio entre duas outras forças: a centrífuga (que “joga” para fora os elementos circundantes) e a centrípeta (que “puxa” para dentro os elementos circundantes, em função da força de atração dos corpos). Vejam, então temos TRÊS forças aí: a centrífuga (poderíamos relacionar com os Aprendizes); a centrípeta (que poderíamos relacionar com os Companheiros), e a resultante que é a orbital (que certamente poderíamos relacionar com os Mestres).

Vejam que maravilha, um simples símbolo pode nos dizer muitas coisas. Não é à toa que nossas Lojas são Simbólicas e que o estudo da simbologia é estimulado nos nossos rituais.

O Circumponto nos conduz à ideia dos Totens, símbolos fálicos erigidos pelas mais diversas culturas, desde indígenas (de diversos continentes) até mesmo os egípcios. O Djed de Osíris é talvez o mais forte e mais importante símbolo fálico para nós maçons. Apesar de alguns estudiosos afirmarem ser o Djed o símbolo da coluna vertebral de Osíris, na verdade ele simboliza o falo que Ísis não conseguiu encontrar para recompor o corpo do deus egípcio (lembremo-nos que seu corpo foi esquartejado em 14 partes que foram espalhadas por todo o Egito por seu irmão – detalhe: para mim até hoje não está claro se o falo é a 14ª parte de seu corpo ou a 15ª, penso que a 15ª parte faz mais lógica simbólica, visto o que este número significa). Qualquer estudante de Psicologia poderá afirmar que um totem, o Djed de Osíris ou qualquer símbolo ereto é algo notadamente fálico e, como fálico é masculino. Traz consigo a ideia de semeadura, semente, sêmen, de princípio ou origem, ou, por outro lado, de manutenção e perpetuação da vida. O mesmo acontece com todo e qualquer obelisco, por exemplo.

O circumponto é talvez o maior símbolo da Unidade. Ele representa o Um como princípio, início, começo. Mas, precisamos analisar de qual óptica isso é feito, se olhando com olhos de números Naturais (tal qual um Aprendiz poderia fazê-lo) ou se com a visão dos números Inteiros (tal como um Companheiro poderia fazer). A diferença é enorme: falando-se em termos de números Naturais o Um é um e ponto. Mas, em termos de números Inteiros tem-se que levar em consideração também seu simétrico, ou seja o menos Um (-1). Os números inteiros trazem consigo esta ideia de simetria.

Bem, então de acordo com a visão dos números Naturais o Um é único, mas na visão dos números Inteiros existe o Um positivo e também o Um negativo. Ou seja, dois princípios! Então, pensando assim o Um é na verdade Dois, um masculino e um feminino. Mas, e então o princípio único, qual seria? Seria o Zero, o Imanifesto. Isso é lógico visto que a partir da Criação Tudo é Natureza e portanto feminino e portanto Dual, inclusive o Um. Bem, isso é assunto para outro debate também.

Mas, além da simbologia divina, o Circumponto também traz consigo a ideia de Unificação magnética. O ponto central é o núcleo ao qual tudo é concentrado, atraído, tal qual as hostes angelicais que cantam louvores à Deus, no nível mais elevado da hierarquia espiritual, os Serafins. Ele reúne, integra, reúne, religa (“Religare“), é o fator de união tal como o amor, o cimento das relações (diverso do conceito de processo de entropia universal – desarranjamento das moléculas ou caos na Criação).

Este conceito também tem repercussões muito importantes. Vejamos, se quanto mais nos distanciamos da unidade (Deus, amor) mais perdemos Luz e também as moléculas perdem seu poder de coesão, ou seja, passam a se desarrumar, a “esfarelar”, perde-se então a unidade como indivíduo ou coisa, seja lá o que for, voltando ao estado natural de átomos soltos livres. Isso nos leva à conclusão que não existe e nem pode existir nada que seja contrário à unidade, a Deus, visto que não teria vida ou existência. Ou seja, a ideia de um Diabo contrário a Deus é um absurdo, pois a ideia de Deus é a personificação (se assim se pode dizer) da unificação ou unidade ou mesmo da individualidade, seu oposto, o suposto Diabo seria algo que “personificaria” a dispersão, o fracionamento, a não vida, a não existência, a não materialidade! Interessante, né? Por outro lado, quanto mais nos aproximamos da unidade, mais indivíduos somos, mais próximos da Verdade e de Deus.

Esta reunião em torno de uma unidade, reverenciando sua força, poder e benefícios pode receber um nome: Ritual. Por uso, um ritual pode ser a repetição regular de uma liturgia o que se torna um rito. Qual a vantagem ou importância disso? Um ritual geralmente tem a finalidade de representação de uma situação original, primordial, de quando estávamos mais próximos à Unidade Primordial, ou seja, mais próximos de Deus em alguma data ou circunstância. Isso se mostra benéfico no sentido de que a Unidade é sempre equilibradora, saudável, elevada, integradora, iluminada, verdadeira, amorosa. Ou seja, o ritual regular é recomendado para que sempre possamos realizar uma “correção de rumo” caso nos distanciemos da Unidade em razão dos constantes estímulos dispersivos que recebemos diariamente na vida comum. Este assunto é muito bem abordado pelo antropólogo Mircea Eliade em seus livros, os quais recomendo a leitura, principalmente o título “O Sagrado e o Profano“.

Astrologicamente o circumponto é o símbolo do Sol, que por sua vez representa a Vida, a Verdade, a Justiça, o sucesso, a realização, o Amor, a saúde, a lealdade, a sinceridade, a benevolência, Deus, o pai de sangue, os filhos. Para a mulher representa também o marido. Isso é lógico, visto que o Sol nos mantém aquecidos e iluminados e por diversas outras razões mantém a vida como ela é, de forma “magnânima”, ou seja, aquece e ilumina a tudo que esteja perto, de forma indistinta.

É interessante a relação que se pode fazer entre o Sol astrológico com o mandamento de honrar pai e mãe. Veja, honrar o pai é honrar o Sol e honrar o Sol é reverenciar a própria vida da pessoa, seu amor próprio, suas possibilidades de sucesso e realização. Por outro lado, sua relação com seu pai se refletirá em sua vida, em seu modo de amar e de se portar como homem, como marido e como pai. Mais do que isso, sua relação com seu pai repercutirá também na relação que terá com a ideia de Deus, com a Verdade e a Justiça. É claro que sistemicamente analisando isso tudo se refletirá em sua saúde, seja ela orgânica, psíquica, social ou mesmo de natureza espiritual.

Bem, para mim está claro não só a importância do símbolo do Circumponto como também sua presença nos Templos maçônicos e sua singela simbologia de união, divindade, vida, verdade, justiça e paz.

Fonte: https://opontodentrocirculo.com

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