Ir∴ Vinicius Antonio Couto Esposel
Loja Francisco Murilo Pinto nr. 3394 – Niterói - RJ
Introdução
Tenho por bem dar início a este singelo trabalho com o objetivo de melhor aclarar o(s) verdadeiro(s) significados do Painel de Grau do Rito Moderno do Grau 1 – Aprendiz Maçom.
Antes, porém, entendo como que necessário elucidar algumas questões que me parecem deveras importante para o prosseguimento do objetivo a alcançar nestas desluzidas palavras.
Símbolo
O símbolo ou signo especifica algo que seja significante. Trata-se de demonstrar um elemento essencial de comunicação.
O reconhecimento do símbolo é imensamente variável conforme a cultura, os costumes e até mesmo a época, mas o seu objetivo é sempre o mesmo, determinar ou ainda demonstrar comunicação.
A escrita é um símbolo, os gestos, cartazes de propaganda, tudo resulta em uma forma de comunicação e, portanto, Símbolos.
O ser humano possui substancial necessidade e até mesmo melhor facilidade em entender determinados aspectos de seu cotidiano através de símbolos. Tomemos por exemplo o nosso próprio dia-a-dia.
A representação específica para cada símbolo pode surgir como resultado de um processo natural ou pode ser convencionada de modo a que o receptor (uma pessoa ou grupo específico de pessoas) consiga fazer a interpretação do seu significado implícito e atribuir-lhe determinada conotação. Pode também estar mais ou menos relacionada fisicamente com o objeto ou idéia que representa, podendo não só ter uma representação gráfica ou tridimensional como também sonora ou mesmo gestual.
Segundo Carl Gustav Jung, os seres humanos possuem a premente necessidade de sensibilizarem diante de símbolos que de alguma forma lhes trazem algum significado importante. Diante da visualização sentimentos afloram, conceitos e associações são melhor assimilados.
Verdadeiramente os símbolos vieram a demonstrar a necessidade do ser humano deixar gravado as suas idéias e pensamentos.
Especificamente, para os maçons, a utilidade dos símbolos atingia mais de um propósito.
O primeiro era realmente deixar gravado na mente de seus membros a necessária representatividade de seus segredos e mistérios. O segundo e talvez o mais importante seria deixar os denominados profanos na penumbra do conhecimento maçônico.
Para Albert Pike, Grande Comandante da Jurisdição do Sul do R.E.A.A. entre 1859 e 1891, os Símbolos Maçônicos "ocultam" e não revelam os seus ensinamentos, importando revelar somente ao iniciado.
Tanto para a maçonaria operativa quanto para a especulativa, os símbolos compreendiam e até hoje compreendem a necessidade de impingir um conhecimento diferenciado. Fazer lembrar os Princípios, Origens e até mesmo o comportamento diante dos símbolos e seus significados.
Observei, diante do estudo empreendido, que o ser humano, desde sua fase mais primitiva tenta exteriorizar seus pensamentos e ações através de toda uma gama de símbolos que tem como objetivo contar uma história, uma situação. É também uma forma de deixar consignado de forma indelével seus sentimentos, suas características e nuances de determinado momento.
Vejamos a aplicação diretamente no painel de grau do Aprendiz Maçom sob a ótica mencionada.
Painel de Grau
A origem do termo é espanhola. Significa “pano”, com sentido de quadro. Assim, temos o que chamamos “Quadro de Pano”.
A meu sentir, tem como significado simbólico o de orientar os trabalhos. Demonstrar os símbolos que regem os trabalhos de determinado grau maçônico e elevar o pensamento à além de simples figuras.
O Painel do grau de Aprendiz não é diferente eis que formata um resumo de todos os ensinamentos afetos ao grau.
De frente para o painel, precisamente pelo lado esquerdo, transpostos os três degraus de ascensão nos fazendo lembrar a necessária tríade escalonada para alcance do grau de Mestre, o que me chama a atenção em primeiro plano é a coluna “J”, especificamente nomidada de Jakin.
Através de uma interpretação latina, Jaquim significa “Ele firmará”. Somada a coluna “B” – Boaz – força temos a complementação: “Ele firmará a força”.
Por seu aspecto, coluna traduz força, imponência da construção arquitetônica. Sobre a qual repousam as romãs, símbolo da união fraternal maçônica.
Podemos assim antever: COLUNA = FORÇA + UNIÃO.
A maçonaria verdadeiramente estruturada representada pela Coluna resulta da força entre irmãos e sua natural união.
Ao lado da coluna “J” visualizamos o malho e o cinzel. O primeiro (malho) instrumentaliza a idéia de trabalho braçal, do uso da força. Nâo é instrumento de criação mas sim de desbastação. Sempre retira e jamais recoloca aquilo sob o qual atuou.
Já o cinzel, representa o trabalho inteligente. A capacidade do desbaste, da criação.
Unidos, o malho e o cinzel representam a vontade, a força que o aprendiz deve exercer para se tornar ou pelo menos sempre buscar seu aperfeiçoamento exterior e interior.
O dualismo, neste caso: FORÇA + INTELIGÊNCIA = DESENVOLVIMENTO DE UM SER MELHOR.
Meditei sobre o assunto e observei ainda que a força empregada para desbastar a pedra bruta não ocasiona apenas uma mudança externa desta. As pancadas também são sentidas pelo interior da pedra. Significa dizer que o árduo trabalho de desbaste ocorre exterior e interiormente. Aonde o indivíduo (Aprendiz) deve insistir principalmente em mudanças de seu interior, de seus pensamentos, de sua própria relação consigo mesmo. No futuro, com o desbaste da pedra bruta a transformação exterior ocorrerá de forma igualmente precisa.
Registre-se ainda o prumo, estrategicamente alocado acima das romãs. Não representa apenas profundidade do conhecimento e sua retidão. Enfoca também cautela, prudência, perspicácia e sagacidade sob o foco da união, ou seja, não basta o aperfeiçoamento unipessoal. É preciso e até mesmo necessário que o conhecimento seja unificado e afeto a todos os irmãos.
Neste ponto, forma-se a tríade: ESTABILIDADE + UNIÃO + RETIDÃO = CONHECIMENTO (representado pela Lua acima do prumo).
Acima e a esquerda da coluna “J”, focalizamos a prancha de traçar.
Historicamente, a prancha de traçar tinha como objetivo de manter em sigilo absoluto as comunicações maçônicas. Hodiernamente, verifico que tal posicionamento acabou ultrapassado visto que a Maçonaria não é mais considerada Secreta e sim Discreta.
Segundo o Dicionário Maçônico do autor Rizzardo de Camino, a prancha de traçar é o local destinado a receber uma mensagem ou produzir uma comunicação.
Mediante um olhar um pouco mais atento, percebi que a prancha fica posicionada entre as romãs e o prumo, formando uma nova perspectiva: UNIÃO + CONHECIMENTO = RETIDÃO (no sentido de pensar – de almejar aquilo que está dentro de um padrão de aceitabilidade não só entre irmãos, mas também por toda a sociedade).
Ouso em afirmar que o somatório realizado entre a união e o conhecimento ou retidão resulta no aperfeiçoamento maçônico a ser transcrito na prancha para futuras gerações.
Podemos assim finalizar este breve estudo sob o foco de convergência onde tudo que está simbolicamente traçado no painel do rito possui muito mais do que um significado único. Somados, ou melhor, traduzidos em conjunto podemos melhor enxergar muitos dos aspectos característicos do grau de Aprendiz.
Fonte: JBNews - Informativo nº 277 - 01.06.2011
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