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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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quarta-feira, 2 de agosto de 2023

PASSOS DE APRENDIZ

(republicação)
Questão apresentada através do Respeitável Irmão Hercule Spoladore (hercule_spoladore@sercomtel.com.br) pelo Respeitável Irmão Darci Carlos Garrido, Loja Breno Trautwein, Grande Oriente do Paraná (COMAB), sem declinar o Rito, Oriente de Curitiba, Estado do Paraná. Darci Garrido - darcic@hottmail.com 

Gostaria que me esclarecesse o seguinte: Ao romper a marcha do Grau de Aprendiz, a mesma deve ser feita com o pé esquerdo. Pergunto: é pelo sentido de circulação em Loja? Ou existe um outro significado? Se o normal ao se iniciar uma caminhada normalmente se faz com o pé direito. 

CONSIDERAÇÕES:

Existem duas correntes de autores que no meu entender tentam justificar o rompimento da Marcha com o pé esquerdo, pelo que posso lhe afirmar que nenhuma delas é da minha concordância. 

Para alguns o ato de romper a marcha dessa forma pode estar ligada às marchas militares que normalmente o fazem com o pé esquerdo. No meu humilde ponto de vista essa sustentação carece ainda de elementos que possam justificar qual o elo existente entre os “pedreiros” e os “guerreiros”. 

Quando me refiro a essa ligação não estou propondo nenhuma tese que possa envolver o equivocado pensamento que sugere a origem da Maçonaria na Ordem Templária e nem mesmo estou fazendo apologia aos “Collegiati” (Collegia Fabrorum) e Numa Pompílio, Imperador Romano no Século VI a.C. cuja associação organizada de ofício era composta por construtores que acompanhavam as campanhas das legiões romanas, reconstruído o que havia sido destruído pelas atividades bélicas.

A outra vertente, mais espessa, é aquela ligada ao ocultismo, cujos adeptos já derramaram rios de tintas tentando justificar dentre outras, essa atitude, com o positivo e o negativo, lado do coração, rompimento das trevas, cabala mística, etc. Eu prefiro ficar longe dessas conjecturas, pois qualquer análise acadêmica não encontrará qualquer guarida nessas afirmativas, sobretudo se a busca possuir elo com a pura Maçonaria, que dentre outros, jamais aplicou ensinamentos sustentados pela aparência e pela imaginação. Interpretações desse quilate somente viriam aparecer em meados do Século XVII e Século XVIII com o ingresso especulativo dessas vertentes na Maçonaria. 

Talvez essas conjecturas possam fazer parte do pensamento desses adeptos, fato que não os torna unânimes, imemoriais ou universalmente aceitos. Infelizmente, uma boa parte dos Maçons ainda não compreendeu que a Maçonaria possui características próprias regionais, portanto culturais. 

Esse fato notório deve ser considerado para que haja a salutar compreensão de que nem todos os ritos maçônicos possuem, por exemplo, a Marcha e por aí concepções místicas e ocultas a ela ligadas não são apanágios da Sublime Instituição. Se bem compreendia a Arte fica bem mais fácil se separar o joio do trigo. 

Em se tratando do Rito Escocês Antigo e Aceito, o interessante a se notar é que na organização do seu primeiro ritual simbólico (1.804 na França), não existia essa Marcha tão propalada que em muito tem servido de alicerce para conceitos próprios e imaginativos. 

No ritual citado, davam-se simplesmente oito passos normais. Essa aplicação seria mais tarde dividida entre os três graus simbólicos – três para o Aprendiz; acrescidos de mais dois para o Companheiro, mais três pontos pedestais para o Mestre. A soma desses passos resulta no total de oito que se baseia no número de passos indicados no primeiro ritual. 

Não quero aqui nem falar na posição dos pés e a sua relação com a esquadria que é outro mote e tem causado severas discussões. No tocante a qual pé rompe a marcha, prefiro pensar que no esteio racional da Maçonaria este foi instituído apenas para regular um procedimento dando a ele um caráter unificado e universal do ato no Rito em questão (padronização). 

Não está escrito em lugar nenhum que mereça crédito, salvo se existirem ainda rituais em vigência e insistam nessa barbaridade. 

Essa novela de sadismo foi bastante apregoada no passado como se o Aprendiz fosse um escravo dos Mestres. Mera bobagem, pois a Maçonaria é uma escola de aperfeiçoamento e não uma câmara de inquisição religiosa medieval. 

Na verdade mesmo, esse é um assunto que não merece maiores comentários, salvo lhe responder que no Ritual do GOB essa prática de sadismo não é reconhecida. 

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com 
Fonte: JB News – Informativo nr. 0975, Florianópolis (SC) – domingo, 5 de maio de 2013

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