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PERGUNTAS & RESPOSTAS

O “Perguntas & Respostas” que durante anos foi publicado no JB News e aqui reproduzido, está agora no “Blog do Pedro Juk” . Para visita-lo ou tirar suas dúvidas clique http://pedro-juk.webnode.com/ ou http://pedro-juk.blogspot.com.br

terça-feira, 31 de maio de 2011

DA ESCRAVIDÃO NEGRA À EXCLUSÃO SOCIAL

Ir∴ Anestor Porfírio da Silva 

Assim que a maçonaria instalou-se no Brasil, isto por volta do ano de 1.786, ela se viu diante de três grandes desafios contra os quais teve que lutar intensamente, com muita coragem e destemor, para ter reconhecido um de seus mais importantes papeis na construção da história deste país. Tais desafios foram: a independência do nosso território como nação livre, o fim da escravidão negra e a proclamação da república.

Através de registros constantes dos arquivos do Museu Histórico Nacional e dos Livros de Atas das Lojas Maçônicas que naquela época já se achavam funcionando, e em cujo status permanecem até hoje, sabe-se que, desde que começou o movimento pelo fim da escravidão negra no Brasil, foram árduos os anos de luta, com muitas desavenças políticas, perseguições, prisões e até mortes, em boa parte, de vultos pertencentes à maçonaria.

O mencionado movimento, que era desejo não só de todos os maçons, mas também de grande parte da população brasileira, sem dúvida, foi a causa mais difícil já empreendida pela maçonaria brasileira, porque, por trás de sua solução estavam interesses muito fortes defendidos por pessoas de grande influência na economia brasileira e na política, tais como: militares, empresários, comerciantes, industriais, proprietários rurais e poderosos senhores de engenho, que entendiam que a nação não poderia prescindir do braço escravo.

Desta feita, sabendo da forte resistência que haveria de enfrentar, a maçonaria julgou conveniente, antes de tudo, a sua expansão com a fundação de mais Lojas e a conquista de mais adeptos para os seus Quadros.

Sempre defendendo os ideais inspiradores da trilogia "Liberdade, Igualdade e Fraternidade", e uma vez definitivamente consolidada a sua presença no território brasileiro, a maçonaria inicia a luta. Funda clubes e jornais, vai a todos os meios de comunicação e começa a pregar a abolição e a difundir seus pensamentos dentro e fora das Lojas Maçônicas. Em discursos e manifestos escritos, os maçons exigem o fim da escravidão.

Foi uma arrancada heróica em prol da conquista da liberdade para toda uma raça sofredora, cujas canções sempre refletiam a grandiosidade de sua dor. Três longos séculos de tortura e lágrimas, de humilhação e rebaixamento de uma raça miserável e indefesa, fizeram surgir no seio da maçonaria uma ala de jovens impacientes, que queria ver ainda mais intensificados os trabalhos das Lojas Maçônicas a favor da raça negra. Os maçons começaram então a lutar efetivamente por uma campanha abolicionista que ganhasse corpo rapidamente e que tivesse força capaz de fazer com que o drama contristador em que eram mergulhados os negros neste País, fosse mudado e pudesse acabar com os gemidos e sussurros de dor e sofrimento que vinham do fundo das senzalas e da escuridão das masmorras. Os fatos iam-se sucedendo, não tão rapidamente como era de se esperar, mas aos poucos os sinais da abolição tornavam-se cada vez mais evidentes.

A primeira província brasileira a emancipar seus escravos foi o Ceará. Ocorreu isso em 25 de março de 1.884, quando governava a província, o maçom e doutor Sátiro Dias.

Referindo-se ao episódio acima, o mesmo é aqui destacado apenas para deixar registrada a importante participação da maçonaria na abolição da escravatura, a respeito do que escreveu o eminente historiador Gustavo Barroso, um homem cuja postura sempre foi de críticas contundentes à Ordem Maçônica, portanto, pessoa, sem sombra de dúvida, isenta de qualquer suspeita quanto ao que afirma: "Sob a égide da maçonaria, o Ceará libertava seus negros e os das províncias vizinhas, que para lá corriam." (História Secreta do Brasil, vol. III, pág. 328).

Antes do fim da escravidão negra no Ceará, no dia 04 de setembro de 1.850, graças à influência de notáveis políticos que haviam se tornado maçons, surgiu a lei que proibia o tráfico de escravos. Aquela lei acabou com o transporte de escravos do exterior para o Brasil.

Alguns anos depois, mais precisamente em 23 de setembro de 1.871, surgiu a Lei do Ventre Livre. Com a sua vigência, ficaram livres do processo da escravidão os negros que viessem a nascer no Brasil. Outros dois instrumentos legais importantes ainda haveriam de surgir. Um deles, datado de 25 de março de 1.874, redimia da escravidão os negros que completassem sessenta anos de idade e, finalmente, a Lei Áurea, de 13 de Maio de 1.888, sancionada pela Princesa Isabel, Regente do Império, cujo teor declarava extinta a escravidão negra no Brasil.

Foram figuras importantíssimas no alcance dessa grande conquista para os negros e que marcou a história do Brasil, inúmeros e notáveis maçons, dentre eles destacando-se Saldanha Marinho, Quintino Bocaiúva, Salvador de Mendonça, Castro Alves, Rui Barbosa, Duque de Caxias, José do Patrocínio, Deodoro da Fonseca, Joaquim Nabuco, Sátiro Dias, Visconde do Rio Branco e João Alfredo.

Com o advento da Lei Áurea, os abolicionistas comemoraram a vitória em clima de festa. A imprensa nacional alardeou o feito da Princesa Izabel. Uma euforia fraternal fazia toda a Nação crer que a escravidão tinha mesmo chegado ao fim. Mas não. De fato, ela não acabou e, pior, transformou-se no que modernamente se denomina de exclusão social. É essa classe que hoje oferece aos mais abastados, mão-de-obra como a que os escravos prestavam cujas peculiaridades são, preponderantemente, a base do esforço físico, da dependência, da subserviência, do serviçalismo, assim caracterizada por não exigir grau de instrução, nem capacitação técnica, o que a torna desqualificada, informalizada e com remuneração baixa, portanto, insuficiente para suprir as necessidades básicas de qualquer indivíduo.

Para os negros daquele Brasil de outrora ficou apenas a sensação de uma falsa libertação, pois continuaram vivendo à margem da sociedade, nos mais baixos níveis de miséria.

Quanto aos descendentes negros, a realidade nos revela que pouca coisa mudou, já que continuaram recebendo, de forma velada, o mesmo tratamento, sem chances no cenário da vida, fadados aos caprichos da escravidão branca, bem mais liberal que a outra, porém igualmente cruel, por não respeitar a dignidade humana e impedir que os pobres saiam da pobreza, do analfabetismo e conquistem o direito de empregos mais valorizados, ou tenham ao seu dispor, e com a devida orientação, microcréditos financeiros com baixas taxas de juros, acessíveis e sem burocracia, para empreenderem seus próprios negócios.

Segundo dados oficiais da União, mais de sessenta por cento dos brasileiros representam as vítimas de uma renda desigual, mal distribuída, pelo que, sem sombra de dúvidas, respondem juntos Governo e Sociedade.

Governo que detém o poder quase absoluto para redirecionar os rumos da política econômica brasileira, mediante a atração de mais capital estrangeiro como bem de raiz, ou seja, aquele que vem para ficar, para produzir riquezas, abrindo assim mais oportunidades de emprego, mas em vez disso prefere manter as taxas de juros elevadas, intencionalmente, para conter a inflação e continuar estimulando os especuladores internacionais a não desistirem de suas aplicações financeiras no Brasil e mais, seguir em frente com sua política de compra de votos junto à camada mais pobre mediante a distribuição de donativos de pequeno valor, tais como: renda cidadã, vale-gás, cheque-moradia, bolsa- escola, cesta-básica e outros tantos que não são suficientes para melhorar a situação financeira dos que se encontram marginalizados.

Por outro lado, a sociedade que também chama para si parte dessa responsabilidade, por seu preconceito, por seu racismo, por sua discriminação, por ter incorporado aos seus costumes a aceitação da situação desumana em que vivem os brasileiros excluídos, e por assistir a tudo de modo impassível e às vezes, até colaborando com o aumento da miséria em nosso país.

(*) Bacharel em Direito e Ciências Contábeis Mestre Instalado e Membro da Comissão de Constituição e Justiça do GOEG - Membro da ARLS Adelino Ferreira Machado de Goiânia.

Fonte: JBNews - Informativo nº 276 - 31.05.2011

CATOLICISMO E MAÇONARIA

Ir∴ Sérgio Quirino Guimarães ARLS Presidente Roosevelt 025 Belo Horizonte - Minas Gerais quirino@roosevelt.org.br

No sul do estado de Minas Gerais, entre muitas coisas boas, quatro se destacam: a boa terra; a boa gente; a ARLS Fraternidade Cleuton Cândido Landre; o Pacto Maçônico do Sul de Minas que é o nome que se dá a união de mais de 80 lojas das três Potências Mineiras, que se dispõem a trabalhar em conjunto. Esta união já resultou em muitos progressos para a sociedade e para nossa Ordem. O mais recente, foi o III Encontro Maçônico do Sul de Minas, cujo tema “Maçonaria e Religião, encontros e desencontros”, promoveu um intercambio fantástico. Eu fiquei responsável por tratar do Catolicismo e Maçonaria, logicamente em uma lauda apresentarei apenas o resumo do resumo, mas o conteúdo integral de todas as palestras está disponibilizado no belíssimo trabalho do Irmão Feitosa (edição número 51 da Revista Arte Real = www.entreirmaos.net ). 

Tive a preocupação de não vincular Maçonaria e Catolicismo. Maçonaria não é uma religião, mas é um caminho que pode resultar na religação da Criatura ao Criador. 

Nossos trabalhos visam o aprimoramento moral, ético e cidadã do homem, naturalmente comportamentos baseados nestes princípios elevam a condição espiritual do ser humano. A diferença está que as religiões pregam “o bom comportamento” para alcançarmos uma condição existencial melhor pós-morte. 

Todos os trabalhos maçônicos calçados “no bom comportamento” visam à melhoria da condição existencial individual e coletiva em vida. Apesar de encontramos uma surpreendente similaridade nas liturgias, não podemos equiparar Catolicismo e Maçonaria, ambas são ramos do conhecimento humano que apesar de terem algumas metodologias iguais, tem propósitos diferentes. 

Acreditamos que a primeira inquietude que poderemos causar é contar ao Irmão que não podemos confundir Catolicismo com Cristianismo. O Cristão é o seguidor das regras e valores ensinados por Jesus, o Cristo, já, o Católico é o discípulo de um conjunto de fé, princípios morais e éticos, teologia, ritos e doutrinas, que são administradas por líderes religiosos. 

A palavra Catolicismo é de origem grega e na linguagem atual, sua melhor definição será “Universal”, em sentido contrário a “local/regional” A Igreja Católica Romana tem vinte e quatro Ritos Autônomos, basicamente, criados tendo como origem seis tradições litúrgicas e, alguns, só podem ser praticados em determinados idiomas (línguas litúrgicas). 

O interessante é no início, a Igreja foi organizada e dirigida por três Patriarcas, (de Roma, de Alexandria e de Antioquia), mais adiante se criou a Pentarquia, ou seja, a Igreja Católica foi administrada por cinco Patriarcas (de Roma, de Constantinopla, de Alexandria, de Antioquia e de Jerusalém). 

Houve na Igreja Católica, adequação da estrutura dos princípios e instruções às características culturais do ambiente a que ela estava inserida. 

Na Maçonaria há, também, essa realidade cultural. É muito comum, por exemplo, o Rito Schröder ser praticado em alemão em países de língua diferente. Se lhe parece complicado, lembre-se que, em nossa Sublime Ordem, há muita confusão entre Rito e Ritualística, derivações de Ritos (RER, REAA), Ritos que, em si, não são Ritos (Rito de York, Rito Azul), Ritos Regionais (Rito Mexicano, Rito Brasileiro). 

Também não há como negar que a Maçonaria, como ciência, utiliza-se de símbolos católicos, isso graças à própria formatação da Maçonaria, como instituição, no século XVIII, era explícito a influência cristã nos documentos de estruturação da Grande Loja da Inglaterra, e não precisamos retroceder aos séculos passados, o Rito Sueco exige que seus membros sejam cristãos. 

Entre os aspectos “comuns” peço a atenção dos Irmãos da presença dos Diáconos: No Catolicismo a diaconia quer dizer SERVIÇO, então o Diácono é ordenado para SERVIR, servem o povo de Deus na diaconia da liturgia, da palavra e da caridade, o diácono tem função própria: servir o altar

Na Maçonaria a diaconia quer dizer SERVIÇO, então o Diácono é oficializado para SERVIR. A função do diácono é voltada para o serviço à Loja. É-nos ensinado que cabe aos diáconos velar pelo respeito e disciplina para que os trabalhos se executem com ordem e perfeição. Na ritualística maçônica, os diáconos tem a função primaz de servir aos que ocupam os altares e simbologicamente “tem o dom da palavra”. Atentem para a similaridade: O Catolicismo trabalha para que tenhamos a disposição da alma para pratica do Bem (Virtude) e alerta que devemos combater tudo que avilta o homem, levando-o ao pecado (Vício). Os trabalhos aspiram conduzir o homem ao Paraíso e a formula básica é não pecar.

E como não pecar?

Pelos princípios católicos o pecado está em:

a) ignorar as TRÊS coisas necessárias à salvação do homem;
b) não respeitar os CINCO Mandamentos da Igreja;
c) incorrer num dos SETE Pecados Capitais e mais;
d) não obedecer aos DEZ Mandamentos de Moisés.

Antes de encerrar este artigo, penso que deixei em algo vago e que certamente algum Irmão pensou: “- Afinal o que serão as TRÊS coisas necessárias à salvação?”

Eu respondo que intenção deste artigo é despertar em você a vontade de saber um pouco mais sobre o assunto, fazer uma Prancha de Arquitetura e quando ela estiver pronta, levar para sua Loja enriquecendo nosso Quarto de Hora de Estudos. Lembrem-se que todos nós, independente do Grau ou do Cargo, somos responsáveis pela qualidade das Sessões Maçônicas. Mas vou deixar um “Fio de Meada”.

São Tomás de Aquino escreveu que as três coisas necessárias à salvação do homem são:

a) a ciência do que há de CRER
b) a ciência do que há de DESEJAR
c) a ciência do que há de OPERAR

Vou propor um exercício simples. Retire dessas três opções as palavras que se repetem:

a) CRER
b)DESEJAR
c) OPERAR

Inverta a ordem.

a) OPERAR
b) DESEJAR
c) CRER

Acompanhe meu raciocínio e reflita:

a) O que é OPERAR se não uma ação, um verbo, produzir um efeito, ou seja, a FORÇA.

b) O que é DESEJAR se não uma vontade, a motivação, ou seja, a BELEZA.

c) O que é CRER se não o confiança, o sentimento embasado na experiência, ou seja, a SABEDORIA.

Grato pela atenção

Fonte: JBNews - Informativo nº 276 - 31.05.2011

O CONTADOR DO INFERNO

Um Contador morreu e chegou às portas do Céu. É sabido que os Contadores, pela honestidade deles, sempre vão para o céu. São Pedro procurou em seu arquivo, mas ultimamente ele andava tão desorganizado (seria ele Administrador?),que não o achou no montão de documentos, e lhe falou: 

- Lamento, mas seu nome não consta de minha lista...

Assim o Contador foi bater às portas do inferno, onde lhe deram imediatamente moradia e alojamento. Pouco tempo se passou e o Contador, cansado de sofrer as misérias do inferno, se pôs a projetar e construir melhorias.

Com o passar do tempo, o INFERNO, já tinha ISO 9000, sistema de monitoramento de cinzas, ar condicionado, banheiros com drenagem, escadas elétricas, aparelhos eletrônicos, redes de telecomunicações, programas de manutenção predial, sistemas de controle visual, sistemas de detecção de incêndios, termostatos digitais etc., tudo com base na Resolução 367/2009 da ANEEL e retratado nas Demonstrações Contábeis, já no novo padrão contábil internacional (IFRS). A partir daí o Contador passou a ter uma reputação muito boa.

Até que um dia Deus chamou o Diabo pelo telefone e, em tom de suspeita perguntou: 

- Como você está aí no inferno?

O outro respondeu: 

- Nós estamos muito bem, já dispomos do cadastramento de todas as nossas propriedades e temos Demonstrações Contábeis com periodicidade mensal. Se quiser, pode me mandar um e-mail, meu endereço é: odiabofeliz@inferno.com.


E o Diabo, todo orgulhoso, continuou o relato: 

- E eu não sei qual será a próxima surpresa do Contador! Mas, de acordo com as conversas da rádio corredor, ele pretende apresentar lucro já no próximo mês.

- O QUÊ?! O QUÊ?! Vocês TÊM um Contador aí? – Indagou Deus – isso é um erro, nunca deveria ter chegado aí um Contador! Os Contadores sempre vão para o céu. Isso é o que está escrito, e já está resolvido... Você o envia imediatamente para mim!

- De jeito nenhum! Eu gostei de ter um Contador na organização... E ficarei eternamente com ele.

- Mande-o para mim ou... EU TE PROCESSO!!

E o Diabo, dando uma tremenda gargalhada, respondeu pra Deus: 

- Ah, é? E só por curiosidade... ONDE você vai conseguir um advogado?

*(a colaboração é do Ir∴ Waldemar Henrique Dias - Florianópolis)

Fonte: JBNews - Informativo nº 276 - 31.05.2011

segunda-feira, 30 de maio de 2011

A TOLERÂNCIA

Ir∴ Alcides Luiz de Siqueira
Membro da Loja Maçônica Asilo da Acácia 1248 Goiânia - GO

A nossa Sublime Ordem exige de seus Iniciados o cumprimento de sérios deveres e enormes sacrifícios.

A Maçonaria proclama em seus Princípios Gerais “que os homens são livres e iguais em direitos e que a tolerância constitui o principio cardeal nas relações humanas, para que sejam respeitadas as convicções e a dignidade de cada um”.

A nossa Sublime Ordem proclama a TOLERÂNCIA entre os seus Iniciados.

O vocábulo TOLERAR não significa apenas ser indulgente, ser condescendente, ser transigente, ser permissivo, mas acima de tudo significa saber suportar.

No mundo atual, praticar a tolerância a cada dia exige muito de nós, pois a conturbação social e a pressão psicológica exercida sobre o homem, torna-o mais que nunca exigente, imprudente, agressivo e até inconseqüente. É nesse contexto, que tolerar assume importância fundamental entre os homens.

Se o profano sente-se desobrigado de praticar a tolerância, para o Maçom o mesmo não acontece: TOLERAR É UM DEVER. Este principio está intrinsecamente ligado a um dos fins supremos da Sublime Ordem: A FRATERNIDADE.

O Salmo 132 da Bíblia Sagrada é elogio da concórdia e união fraterna, quando diz: “Ó quão bom e quão suave é viverem os Irmãos em união! É como o perfume derramado na cabeça, que desce sobre a barba de Aarão, que desce sobre a orla de suas vestes. É como orvalho do Hermon, que desce sobre o Monte Sião, porque o Senhor derramou ali a sua bênção e vida para sempre”.

A cada dia, nós Maçons temos por obrigação exercitar a pratica da tolerância, o que facilita sobremaneira todo o relacionamento entre os Irmãos, ampliando o espírito fraterno que existe no seio de nossa entidade milenar.

A partir da Iniciação o Maçom é uma pessoa diferenciada, porque se lhe abrem as portas da verdadeira amizade. A Fraternidade que passa a viver entre os Irmãos é a exteriorização mais concreta da felicidade de ser Maçom.

A tolerância do Maçom não pode se limitar apenas ao relacionamento com o próximo. Há que ser também paciência no desenvolvimento das etapas, que permite o crescimento e o progresso individual em todos os aspectos.

Não é fácil ser Maçom. Se relacionar exige paciência e tolerância, fazer progresso na Maçonaria exige muito mais.

Ingressar na Maçonaria é um fato, fazer progressos na Ordem é outro. Manter-se motivado é fundamental para o crescimento interior do Obreiro, o que lhe dá um prazer imensurável de ser Maçom.

Não raro, Iniciados deixam a Instituição logo após o seu ingresso. A verdade é que esses Irmãos não buscam a LUZ, assim, não conseguem ver o seu brilho, tampouco descobre a sua direção. Para os que buscam o crescimento, o caminho é longo, contínuo e às vezes áspero, é preciso saber perseverar.

No seio da Sublime Ordem, é necessário querer progredir, tolerar, estudar, buscar a verdade para que haja a transformação do homem que renasceu para o mundo.

O homem profano perde-se nas solicitações mundanas. O consumismo, a falta de interiorização deixa-o esquecido de si mesmo. Sua convivência com os vícios, acaba por fazê-lo infeliz. Nessa alienação passa a buscar a felicidade fora de si mesmo, nas drogas, no fanatismo religioso e tudo o mais que foge a própria pessoa, numa fuga do seu mundo vazio. A Maçonaria é o oposto de tudo isso, daí a dificuldade de se buscar o crescimento no seu seio.

Acostumados que fomos à vida profana, às vezes perdidos na busca de objetivos vãos, encontramos dificuldades para alcançar a plenitude maçônica. É por isso que alguns desistem. Contudo, o estudo contínuo propicia o aperfeiçoamento, pois através dele há uma constante evolução de conhecimentos.

A Iniciação de novos valores fortalece cada vez mais a nossa Instituição, porque vem somar forças para a construção de sua grande obra, o bem da humanidade.

Fonte: JBNews - Informativo nº 275 - 30.05.2011

ETERNOS APRENDIZES

Ir∴ Ivo Reinaldo Christ

Ouvimos com frequência que somos "eternos Aprendizes" da Arte Real. Poucas vezes nos debruçamos sobre este adágio de grande significado para penetrar em seus meandros e descobrir suas nuanças que deveriam se refletir sobre nossa vida de Obreiro. Ser aprendiz corresponde a um imperativo da alma humana e da sociedade. Vivemos numa época de decadência de costumes e de crises de personalidades. Se não nos aplicarmos como "eternos aprendizes" não só da vida maçônica, como também de tudo que a sociedade atual nos proporciona em tecnologia, artes, ciências e teorias filosóficas, políticas ficaremos a margem da estrada de tudo que a Ordem nos oferece tanto sobre as viagens da Iniciação, como sobre os Instrumentos de Trabalho dos quais tomamos conhecimento na Elevação e da instrução que Salomão ministra a seu arquiteto preferido Hiram, na Exaltação.

Se não nos sentirmos "eternos aprendizes" nossa carreira maçônica está fadada ao fracasso, embora como profanos fossemos "livres e de bons costumes", mas como maçons não conseguiremos colocar em primeiro lugar os interesses e a importância da Ordem em nossa vida.

Sabemos que os homens que arquitetaram as hostes maçônicas costumavam reunir-se em tavernas ou cervejarias, que eram centros de comunidade onde podiam beber, conversar, jogar, jantar e divertir-se. Nestes locais estabeleciam relações sociais e discutiam-se os problemas do dia-a-dia. Como eram da corporação de pedreiros existiam entre eles três categorias distintas conforme o grau de aprendizado. Os que começavam, aprendizes, aptos e dispostos a aprender o ofício. Os Companheiros, já com o aprendizado todo incorporado, e que deram provas de sua habilidade conquistando assim um lugar no ápice da corporação. Os Mestres que zelavam pela administração da entidade. A finalidade principal da corporação de pedreiros ia muito além de simplesmente construir prédios, palácios, igrejas, mas envolviam-se com os princípios das "sociedades para a reforma da conduta".

Queremos ser "eternos aprendizes" e temos um ideal de "construir Templos à virtude e cavar masmorras aos vícios". Muitos são os maçons que aspiram ao grau de perfeição, não por curiosidade ou vaidade, mas pelo estudo, compreensão da beleza de nossos ensinamentos.

Os nossos rituais colocam em nossas mãos a forma de crescermos espiritualmente. A nossa capacidade de adesão aos postulados da Sublime Ordem nos impulsionam a seguir no caminho que verdadeiramente nos torna maçons, para desfrutarmos por inteiro da amizade sincera e desinteressada, da prática da fraternidade com o coração e nos encantarmos com a beleza do conhecimento da sabedoria da Ordem.

Como "eternos aprendizes" conseguiremos entender nossos princípios e crescer como cidadãos, como profissionais e como chefes de família. "Construir Templos à Virtude" é empenhar-se em reconduzir os homens na trilha dos princípios éticos e morais abandonados.

Nós maçons somos iniciados e já assistimos a uma série de Iniciações. Somos cientes que depois de iniciado o candidato não é só receber os cumprimentos de ter-se tornado Aprendiz Maçom. Depois da iniciação começam dois trabalhos. O dos Mestres em instruir os recém-iniciados na sublimidade da sabedoria maçônica de forma didática, eficiente e construtiva para burilar um Maçom persistente e eficaz. Este trabalho de levar os ensinamentos ao Iniciado é tarefa de todos, principalmente do padrinho e do 1° Vigilante. Vão transmitir os ideais maçônicos a um homem culto e respeitado na comunidade. O do Neófito em receber os ensinamentos contidos no Ritual e inteirar-se nas primeiras instruções que são essenciais para o esclarecimento correto e uma aprendizagem tranquila e transformadora do homem profano em homem maçom.

Somos "eternos aprendizes" tanto para ensinar como para aprender. A responsabilidade do progresso da Oficina é nossa, de cada um. Ser maçom além de ser uma honra é também uma imensa responsabilidade. A sensação de insegurança não pode invadir o nosso íntimo. Tal não acontecerá se colocarmos em primeiro lugar os valores que a Maçonaria preconiza. O nosso encontro semanal, se realmente somos "eternos aprendizes", começa com um enorme sorriso estampado em nossa face que traduz a alegria de sermos maçons, irmãos e amigos, ou seja, "eternos aprendizes".

Fonte: JBNews - Informativo nº 275 - 30.05.2011

MINIMAMENTE FELIZ

Leila Ferreira - Jornalista 

A felicidade é a soma das pequenas felicidades. Li essa frase num outdoor em Paris e soube, naquele momento, que meu conceito de felicidade tinha acabado de mudar. Eu já suspeitava que a felicidade com letras MAIÚSCULAS não existia, mas dava a ela o benefício da dúvida.

Afinal, desde que nos entendemos por gente aprendemos a sonhar com essa felicidade no superlativo. Mas ali, vendo aquele outdoor estrategicamente colocado no meio do meu caminho (que de certa forma coincidia com o meio da minha trajetória de vida), tive certeza de que a felicidade, ao contrário do que nos ensinaram os contos de fadas e os filmes de Hollywood, não é um estado mágico e duradouro.

Na vida real, o que existe é uma felicidade homeopática, distribuída em conta-gotas. Um pôr-de-sol aqui, um beijo ali, uma xícara de café recém-coado, um livro que a gente não consegue fechar, um homem que nos faz sonhar, uma amiga que nos faz rir. São situações e momentos que vamos empilhando com o cuidado e a delicadeza que merecem alegrias de pequeno e médio porte e até grandes (ainda que fugazes) alegrias.

'Eu contabilizo tudo de bom que me aparece', sou adepta da felicidade homeopática. 'Se o zíper daquele vestido que eu adoro volta a fechar (ufa!) ou se pego um congestionamento muito menor do que eu esperava, tenho consciência de que são momentos de felicidade e vivo cada segundo.

Alguns crescem esperando a felicidade com maiúsculas e na primeira pessoa do plural: 'Eu me imaginava sempre com um homem lindo do lado, dizendo que me amava e me levando pra lugares mágicos Agora, se descobre que dá pra ser feliz no singular: 'Quando estou na estrada dirigindo e ouvindo as músicas que eu amo, é um momento de pura felicidade. Olho a paisagem, canto, sinto um bem-estar indescritível'.

Uma empresária que conheci recentemente me contou que estava falando e rindo sozinha quando o marido chegou em casa. Assustado , ele perguntou com quem ela estava conversando: 'Comigo mesma', respondeu. 'Adoro conversar com pessoas inteligentes'. Criada para viver grandes momentos, grandes amores e aquela felicidade dos filmes, a empresária trocou os roteiros fantasiosos por prazeres mais simples e aprendeu duas lições básicas: que podemos viver momentos ótimos mesmo não estando acompanhadas e que não tem sentido esperar até que um fato mágico nos faça felizes.

Esperar para ser feliz, aliás, é um esporte que abandonei há tempos. E faz parte da minha 'dieta de felicidade' o uso moderadíssimo da palavra 'quando'. Aquela história de 'quando eu ganhar na Mega Sena', 'quando eu me casar', 'quando tiver filhos', 'quando meus filhos crescerem', 'quando eu tiver um emprego fabuloso' ou 'quando encontrar um homem que me mereça', tudo isso serve apenas para nos distrair e nos fazer esquecer da felicidade de hoje. Esperar o príncipe encantado, por exemplo, tem coisa mais sem sentido? Mesmo porque quase sempre os súditos são mais interessantes do que os príncipes; ou você acha que a Camilla Parker-Bowles está mais bem servida do que a Victoria Beckham?

Como tantos já disseram tantas vezes, aproveitem o momento, amigos. E quem for ruim de contas recorra à calculadora para ir somando as pequenas felicidades.

Podem até dizer que nos falta ambição, que essa soma de pequenas alegrias é uma operação matemática muito modesta para os nossos tempos. Que digam.

Melhor ser minimamente feliz várias vezes por dia do que viver eternamente em compasso de espera.

Fonte: JBNews - Informativo nº 275 - 30.05.2011

domingo, 29 de maio de 2011

A ORATÓRIA

ORATÓRIA*: 1. É a arte de falar ao público. Diz a nossa instituição que cabe ao Orador a linguagem clara, conclusiva e não afetada quando se dirige aos Irmãos. Entendo que para assumir as funções de Orador a Loja escolha entre os seus membros aqueles que dispõem das qualidades de uma boa oratória. No entanto, quando qualquer Irmão é designado para uma Peça de Arquitetura e o mesmo não tem uma mínima preparação de técnicas de oratória, o resultado é um desastre. Cabe a cada um, individualmente, o desenvolvimento destas técnicas. Para lembrar aos Irmãos, um dos degraus que dá acesso do Ocidente para o Oriente é simbolizado pela Retórica. 

Técnicas de Oratória: 1. Fale sobre aquilo que você conhece a fundo e sabe que conhece. Ou seja: Prepare-se. Não passe dez minutos ou dez horas em sua preparação. Passe dez semanas, melhor ainda, dez meses na sua preparação. 2. Fale de algo que haja despertado seu interesse. Fale daquilo que tem profundo desejo de comunicar a seus Irmãos. As palestras pobres são geralmente aquelas que foram escritas ou decoradas, e faladas sem emoção, sem sentimento e, por isso soam artificiais, causando tédio na platéia. As palestras boas são aquelas que saem do íntimo, como uma fonte. 3. Tenha um grande desejo de comunicar sua mensagem. Preocupe-se com a altura de sua voz. Faça anotações no seu texto, nas partes que deseja dar ênfase, chamar atenção. Treine em casa algumas vezes, antes de se apresentar. Cronometre seu tempo. Saiba quanto tempo vai durar sua apresentação com antecedência. Assim você não se preocupará com a duração do trabalho, pois já saberá antecipadamente o tempo a ser despendido. 4. Nunca, nunca decore uma palestra palavra por palavra. Se você decorar sua palestra, o mais provável é que esqueça no momento de apresentá-la, e o auditório ficará feliz, já que ninguém quer ouvir mesmo uma papagaiada. 5. Movimente-se enquanto fala. Mexa seus braços, olhe para todos os lados, para os Vigilantes para as duas Colunas. Olhe nos olhos da sua platéia. Isso dissipará sua tensão e aumentará sua convicção. Ajudará a prender a atenção da platéia para as suas idéias. Um orador estático rapidamente perde a atenção da platéia, e não conseguirá produzir sintonia à recepção da oratória. 6. Use sua voz em diferentes tonalidades. Varie a tonalidade de sua voz de acordo com o desenvolvimento do texto. Fale alto ou fale baixo de acordo com o andamento de sua apresentação. Discursos pronunciados em tom de voz único provocam sonolência e desinteresse da platéia. Você certamente não desejará que seu trabalho tão bem desenvolvido e preparado se perca por falta de comunicabilidade. 7. Ensaie sua palestra conversando com os amigos. Converse com seus Irmãos sobre o trabalho que está preparando. Observe neles o interesse sobre o assunto. Peça-lhes sugestão. Este é um modo infinitamente mais efetivo de ensaiar uma palestra do que gesticular diante do espelho. 8. Não imite ninguém. Seja você mesmo. Não tema ser você mesmo. Este é um bom conselho para fazer música, para escrever e para falar. Você é algo novo neste mundo. Alegre-se. Ninguém tem sido igual, nunca haverá ninguém igual a você. Assim aproveite sua individualidade. Sua conversação deve ser parte de sua própria pele. Deve sair de suas próprias experiências, convicções, personalidade e de sua própria maneira de viver. Ninguém sabe o que é que você pode fazer, até que você o faça. 9. Sempre que possível utilize os nomes de alguns de seus ouvintes. Esta regra é útil se usada com moderação. O nome de uma pessoa é para ela o som mais doce e importante do idioma. Ajuda a prender a atenção do grupo para suas próximas citações. 10. Fale com modéstia e não com presunção. A modéstia e a humildade inspiram confiança e benevolência. A pessoa que está segura de si mesmo e tem confiança, nunca sente a necessidade impressionar os demais com sua capacidade. Só o fracassado e o indivíduo sem valor querem forçar-nos a reconhecer seus méritos. 11. Nunca fale com cara de poucos amigos e com tom de voz áspero. Lembremo-nos que a expressão de nossos rostos e o tom de nossa voz muitas fala melhor e mais fortes que nossas palavras. Aquilo que ofende nossos ouvidos não poderá ganhar aceitação facilmente. 12. Desfrute sua oratória enquanto fala. Se não desfrutarmos enquanto falamos, como vamos esperar que os outros desfrutem ouvindo? Por isso prepara-se para falar, ponha brilho no seu olhar, sentimento na sua voz, e o faça com satisfação. 13. Não se desculpe nunca. Quantas vezes já ouvimos um orador iniciar dizendo: Eu tinha um grande desejo de preparar-me, mas... e assim temo não poder desempenhar a contento. Além disso, não sou um grande orador, e portanto... Neste caso é preferível nem começar a Peça de Arquitetura. 14. Recebamos bem as críticas (construtivas), em vez de aborrecermo-nos com elas. Aprenda a ouvir com cordialidade as vozes discordantes. Reflita sobre elas. Procure tirar proveito das observações. Os elogios fáceis e despropositados não ajudam a construir um bom palestrante. 

2. Suportei, recentemente, uma palestra a respeito da Importância da Maçonaria na Arte Contemporânea; evidentemente, como os leitores poderão perceber no decorrer desta história, o título foi outro e o nome do palestrante jamais será revelado. Tal palestra nada acrescentou, nem a mim nem a ninguém. Contudo, pude extrair algumas sábias lições de como não incorrer nos mesmos erros. A palestra principiou quarenta e cinco minutos após a hora anunciada; o palestrante fez-se apresentar por um Orador que leu uma dezena de páginas; em vez de falar, leu; e leu mal. O palestrante, por sua vez, também leu; e embora lendo bem, leu. Quem não sabe falar sem ler não deve dar palestras. Ninguém é obrigado a dá- las. A palestra é uma conversa com o público e somente poderemos perceber a reação dos ouvintes se estivermos falando. O público, por sua vez, é o termômetro do palestrante, e quem lê, olhando folhas de papel, não consegue perceber as utilíssimas indicações desse termômetro, suas oscilações, variações, quedas e ascensões. O palestrante, em lugar de entrar diretamente no assunto, fez um longo e desnecessário preâmbulo e, vinte minutos depois, quando abordou realmente o tema, metade da platéia já cochilava; sem disso se aperceber, pois estava atento apenas à sua leitura, o palestrante solicitou que as luzes fossem apagadas e que alguém o auxiliasse no manuseio de um retroprojetor; resultado: três quartos do público já dormia. O operador do retroprojetor manteve-se, o tempo todo, em descompasso com o palestrante; quando este mencionava a Coluna dórica, aquele projetava a jônica; quando um discorria acerca do compasso, o outro projetava o esquadro, e assim por diante... Felizmente, para o orador, quando ele solicitou que as luzes se acendessem novamente, alguém tropeçou, caiu, alguns riram e todos despertaram. O único momento comovedor foi quando, finalmente, o orador declarou que, não querendo abusar mais da paciência de todos, apressaria-se em concluir. Foi, então, entusiasticamente aplaudido. Na saída, recebeu os cumprimentos e os elogios habituais: Parabéns, mestre. Foi uma palestra inesquecível. Adoramos. E assim por diante... Conclusões: 1) Não acredite, palestrante, que o público comparece ávido para ouvi-lo; o público geralmente são seus parentes, que comparecem por obrigação; são seus amigos, que comparecem por espírito fraterno, e são seus subalternos, que assim pretendem cair nas boas graças do chefe. Algumas vezes são também seus inimigos e adversários, que apenas desejam perceber seus pontos fracos ou aguardar a oportunidade de uma vaia ou de uma violenta contestação no momento certo. Poucos, bem poucos, são os que comparecem por estarem realmente interessados no tema. 2) Quando anunciar que vai começar às 20 horas, comece às 20 horas, mesmo que ainda haja muitas poltronas vagas; se aguardar mais alguns minutinhos por consideração aos retardatários, estará cometendo uma descortesia com todos aqueles que chegaram pontualmente. 3) Não acredite nos aplausos. Aplaudem-se todos os palestrantes, independentemente do valor de suas palestras. O aplauso, salvo aquele espontâneo que irrompe no meio de uma frase, é mera convenção social, algo que não custa nada. 4) Não fale, como falam muitos, como se fizesse uso de uma metralhadora; faça com que as palavras não formem uma torrente, mas um rio sereno e variado. 5) Não queira dar lições. Passada a idade escolar, ninguém está disposto a sentar-se à carteira e ouvir sermões. Se quiser convencer ou persuadir aqueles que o ouvem, deixe-lhes a ilusão de que a idéia partiu de cada um, e não de você. É o método socrático, pelo qual se induz os outros a mudarem de opinião, com uma concatenização de perguntas que demonstram seus erros. 6) A capacidade de resistência do público tem limites; nunca os ultrapasse. Uma palestra lida não deve durar mais que trinta minutos; falada, sessenta; impecável, noventa. 7) O interesse do público se demonstra pela imobilidade nas poltronas, pela ausência de conversas paralelas e pelos olhares que o acompanham. Quando estes esmaecerem, conclua rapidamente... e todos lhe agradecerão. (Carlos Brasílio Conte, em, O Livro do Orador)

3. Pequeno Dicionário de Oratória: Ambigüidade - Não deixar claro o sentido de uma palavra ou de uma frase que podem ser interpretadas pelo menos de duas maneiras diferentes. Antítese - Figura de linguagem que faz uso de expressões opostas: De repente do riso fez-se o pranto (Vinícius de Morais). Aparência - Uma boa aparência ajuda a aumentar a autoconfiança e a confiança que as pessoas têm no orador. Isto mostra que o orador os respeita e se esforçou para se vestir adequadamente. Apresentação - É uma ferramenta de comunicação muito poderosa que deve ser adequada à personalidade do orador. As imagens devem ser usadas com parcimônia. Embora se diga que uma figura vale por 1000 palavras, é preciso verificar se ela não está deixando a inteligência inativa. Arcaísmo - Emprego de palavras ou construções antigas, que já caíram em desuso. Antanho por no passado. Antelóquio por prefácio. Argumento - Ao nível da Retórica, o argumento consiste no emprego de provas, justificativas, arrazoados, a fim de apoiar uma opinião ou tese, e/ou rechaçar uma outra. Auditório - Tecnicamente, é o conjunto de todos aquelas pessoas que o orador quer influenciar mediante o seu discurso. Barbarismo - Consiste em grafar ou pronunciar uma palavra em desacordo com a norma culta. Eles ocorrem: 1) na grafia: analizar por analisar; 2) na pronuncia: rúbrica por rubrica; 3) na morfologia: deteu por deteve; 4) na semântica (sentido das palavras): o iminente jurista presidiu a seção (por eminente sessão). Cacoetes Lingüísticos - São palavras ou partículas usadas com muita insistência para encerrar a frase ou para continuá-la. Eis alguns: Tá, né? Entende? Sabe? Percebe? Uai... Da mesma forma, há quem abuse de a gente isso, a gente aquilo, a gente chegou, a gente pediu, etc. Evitar o uso constante de a nível de, enquanto que, de repente, etc. Cacofonia - Qualquer seqüência silábica que provoque som desagradável como A boca dela é enorme por Sua boca é enorme. A cacofonia compreende: a) Cacófato: Encontro de sílabas que forma uma palavra obscena. Envie-me já os catálogos. Polícia federal confisca gado de fazendeiros. b) Eco: Repetição desagradável de terminações iguais. Freqüentemente o presidente sente dor de dente. c) Colisão: Repetição de consoantes iguais ou semelhantes. O monstro medonho mede, mais ou menos, um metro e meio. d) Hiato: Seqüência ininterrupta de vogais. Ou eu o ouço ou eu o ignoro. Carismáticos - As pessoas descrevem como carismáticos aquelas de quem gostam sem nenhuma razão aparente. Comparação - Figura de linguagem que consiste em atribuir a um ser características presentes em outro ser, pelo fato de haver entre os dois uma determinada semelhança. Minha dor é inútil como uma gaiola numa terra onde não há pássaros. (Fernando Pessoa). Comparações, analogias e metáforas - Enquanto uma analogia geralmente faz uma comparação relativamente completa, mostrando explícita ou implicitamente muitos pontos em comum, uma comparação acentua um só ponto e nela costuma-se usar as palavras como ou igual a. Já a metáfora é uma comparação que, ao invés de mostrar explicitamente as semelhanças entre duas coisas, aceita-as implicitamente, dizendo que uma coisa é outra, sob certos aspectos. Além disso, na metáfora não se usam as palavras como ou iguais. Comunicação - É freqüentemente definida como a troca de informações entre um transmissor e um receptor, e a inferência (percepção) do significado entre os indivíduos envolvidos. Debate Orientado - O debate é o método no qual os oradores apresentam seus pontos de vista e falam pró ou contra uma determinada proposição. Use-o quando os assuntos requeiram sutileza; para estimular a análise; para apresentar diferentes pontos de vista. Vantagens: Apresenta os dois aspectos de um problema; aprofunda os assuntos em discussão; desperta o interesse. Limitações: O desejo de ganhar pode ser demasiadamente enfatizado; requer muita preparação; pode produzir demasiada emoção. Desenvolvimento - Quanto ao desenvolvimento, o discurso bifurca-se em: a) Narração: Consiste na exposição minuciosa, parcial, encarecedora, do que de modo sintético e direto se expressa na proposição: o orador seleciona os fatos que convém à sua causa e focaliza-os da perspectiva que mais lhe favorece o intento, emprestando relevo a alguns e minimizando outros, de acordo com o interesse do momento. b) Argumentação: É a parte nuclear e decisiva do discurso, e vem já preparada pelo exórdio e pela narração. Para exercer seu efeito no conjunto do discurso, a argumentação deve conter uma ou mais provas, ou seja, um ou mais argumentos, calcados no raciocínio e no princípio da dedução: o silogismo, a dialética e o paradoxo. A argumentação pode conter exemplo, ou melhor, prova trazida de fora. Dialética - Na boa visão de Hegel, é o diálogo dos opostos. Quer dizer, o bem existe porque é comparado ao mal, a liberdade à escravidão e a verdade ao erro. Dicção - Modo de dizer; arte de dizer, de recitar. Dinâmica de Grupo - É a divisão de um grupo grande em diversas equipes. Estas equipes discutem problemas já assinalados anteriormente, geralmente com o propósito de informar depois ao grupo maior. Use-o quando o grupo é demasiadamente grande para que todos os membros participem; quando se exploram vários aspectos de um assunto; quando o tempo é limitado. Vantagens: Estimula os alunos tímidos; desperta um sentimento cordial de amizade; desenvolve a habilidade para dirigir. Limitações: Pode ser o resultado de um conjunto de deficiência; os grupos podem desviar-se do assunto em questão; a direção pode ser mal organizada. Discurso - Do latim discursu. Ação de correr por ou para várias partes. Discorrer sobre vários assuntos. No plano da oratória, designa a elocução pública, que visa a comover e persuadir. Trata-se de um termo de largo uso e de sentidos diversos: a) O discurso pode ser verbal - centrado nas palavras - e não-verbal - centrado na imagem nos gestos etc. b) O discurso verbal pode ser oral ou escrito - também chamado texto. c) Considerando que a unidade máxima do sistema da língua é a frase, podemos dizer que o discurso está centrado nas seqüências frasais - eventualmente numa frase. d) O discurso implica um esforço expressivo do eu - o que irá configurar o estilo - no sentido transitar uma mensagem para alguém. Elipse - Omissão de um termo facilmente identif icável. O principal efeito é a conclusão. Exemplo: No céu, dois fiapos de nuvens. (No céu, aparecem (existem/há) dois fiapos de nuvens). Equívoco - Mudar o significado ou a conotação de uma palavra. Estereótipo - Frase ou expressão modelar que de tanto ser usada perdeu sua força inicial. Trata-se de um clichê, de uma fórmula muitas vezes vazia. Exemplo: Não tenho palavras para agradecer, A memorável vitória etc. Estilo - É a maneira peculiar de que se seve cada ser humano para expressar suas próprias idéias. Não se deve confundir o estilo com as palavras e as idéias empregadas por um homem, que as pode usar justas e corretas, apesar de ser vicioso, duro ou frio, frouxo ou afetado o seu estilo. Estrangeirismo - Quando usados desnecessariamente também constituem barbarismo 1) Galicismo: garçon por garçom 2) Anglicismo: cocktail por coquetel; week-end por fim de semana. Etimologia - É a ciência que investiga as origens próximas e remotas das palavras e sua evolução histórica. Do grego etymon (étimo) vocábulo que é origem de outro. Eufemismo - Figura de linguagem que consiste no abrandamento de expressões cruas ou desagradáveis. Foi acometido pelo mal de Hansen (= contraiu lepra). Os funcionários da limpeza pública estão em greve (= lixeiros). Exórdio - Contendo a introdução do discurso, objetiva ganhar a simpatia do juiz (ou, em sentido mais amplo, do público) para o assunto do discurso. No geral, o exórdio encerra duas partes: a) A proposição: que consiste no enunciado do tema ou assunto, e b) A divisão, vale dizer, a enumeração das partes que totalizam o discurso e, portanto, assinalam o caminho a seguir pelo orador. Falar bem e dizer bem - Há uma diferença essencial entre o falar bem (utilizar com eficiência os recursos gramaticais, as metáforas e os argumentos criativos) e o dizer bem (sintonizar-se com os ouvintes de forma natural, persuasiva e empática). O líder empresarial deve ser um facilitador da aprendizagem e canalizador da energia do grupo. Por isso, espera-se que em suas comunicações o falar e o dizer se harmonizem perfeitamente. Gestos - Ato ou ação por meio do qual se dá força às palavras. Deve ser feito sem exagero e sem excessos, isto é, com naturalidade e elegância. Lembrar sempre que ele é apenas a essência, tão somente, do que se quer exprimir. Deve preceder à palavra ou acompanhá-la, nunca sucedê-la. Se anteceder, prepara o efeito da palavra; se acompanhá-la, reforça-a; se suceder, perde sua força. Gestualidade - É o comportamento do corpo que abrange gestos (em movimento) e atitudes ou posturas (parados). É a linguagem do corpo: sermo corporis. O Corpo fala através de gestos e atitudes que acompanham significativamente a pronunciação. Dentro da gestualidade se destaca uma nova área de investigação: a proxêmica. Hipérbole - É uma afirmação exagerada para conseguir- se maior efeito estilístico. - Chorou um rio de lágrimas.- Toda a vida se tece de mil mortes. - Um oceano de cabeças ondulava à sua frente. Idéia central - É um pensamento único, expresso numa frase simples, clara e, se possível, direta, e que resuma a essência do que se quer provar ou demonstrar através da palestra inteira. Em torno dela e/ou em direção a ela se encaminharão todos os assuntos e ilustrações. Obs.: A idéia central não deve ser confundida com o tema, que é o assunto da palestra. A idéia central é a definição, objetivo específico dentro do tema. Sinônimo: idéia-mãe. Ironia - Consiste em sugerir, pela entonação e contexto, o contrário do que as palavras ou as frases exprimem, por intenção sarcástica. Que belo negócio! (=que péssimo negócio). O rapaz tem a sutileza de um elefante. Língua - O conhecimento da língua portuguesa é muito importante para o orador, pois as incorreções gramaticais não são perdoáveis a quem se atreve a falar em público. Alguns erros que causam má impressão: Me vejo na obrigação... Tenho a súbida honra... Se ele intervir... acabo de assistir um espetáculo. Linguagem - É a expressão de nossas idéias por meio de certos sons articulados que lhes servem de sinais. É a expressão da evolução espiritual e mental do homem, e a verbalização do comportamento faz parte dela. Maiêutica - Método socrático, onde o instrutor desenvolve sua exposição fazendo perguntas aos alunos. Deve-se evitar o pseudo-diálogo. Medo - Reflete a sensação de se expor a uma situação nova com a condição de enfrentar ou escapar. Os oradores se beneficiam disso: a adrenalina se transforma em energia; suas mentes parecem mais alerta; surgem novos pensamentos, fatos e idéias. Cícero disse que todo discurso de mérito autêntico se caracteriza pelo nervosismo. É uma forma de autopreservação comum a todas as pessoas, contra aquilo que consideramos ser a concretização de uma ameaça dolorosa. Ele aumenta desproporcionalmente a sensação de perigo: é a forma que o corpo e a mente encontram para se protegerem das ameaças. Memória - É a capacidade de fixar, reter, evocar e reconhecer impressões ou acontecimentos passados. A memória pode ser comparada a uma câmara fotográfica: a atenção é, para a mente, o que o poder de focalizar a lente é para a câmara. Exercício para a memória: a) Olhar um objeto, fechar depois os olhos e passar a descrevê-lo mentalmente. Abrir logo após os olhos, e verificar o que esquecemos e o que lembramos. b) Abrir as páginas de um jornal, ler os cabeçalhos; fechar em seguida os olhos, e rememorar mentalmente. c) Ler um pensamento, duas, três, quatro vezes. Depois, repita-o de cor. Obtida a memorização, medite sobre ele. d) Há à sua frente um grupo de pessoas. Observe-as. Imediatamente procure recordá-las na ordem em que estão da direita para a esquerda e vice-versa. Verifique logo depois se acertou ou errou. e) Ao assistir a uma palestra ou conferência, ou ao ler um artigo, etc., faça logo, de memória, uma síntese, e preferentemente a escreva. Metáfora - É a mudança do sentido comum de uma palavra por outro sentido possível que, a partir de uma comparação subentendida, tal palavra possa sugerir. Essa mulher é uma cascavel. Método - Do grego méthodos - caminho para chegar a um fim. Processo ou técnica de ensino. O método depende dos propósitos que se tenha, da habilidade do professor ou líder, da disposição do aluno, do tamanho do grupo, do tempo disponível e dos materiais de trabalho. Metonímia - É a substituição de uma palavra por outra, quando entre ambas existe uma relação de proximidade de sentidos que permite essa troca. Exemplo: O estádio aplaudiu o jogador. Estádio está substituindo torcedores (a troca foi possível porque o estádio contém os torcedores). Opinião - É preciso ultrapassar a preguiça do: Vou dar minha opinião sobre... A palavra opinião é eminentemente reveladora: pois a opinião é muito subjetiva. Ela pode ser um sinal de humildade, as na maioria das vezes revela um grande empobrecimento do pensamento. Palavras que revelam insegurança – Evite usar: quem sabe, talvez seja, aliás, pode ser, assim parece, quero crer, julgo que, tudo parece indicar que. Substituí-las por palavras afirmativas. Parábola - É um relato que possui sentido próprio, destinado, porém, a sugerir, além desse sentido imediato, uma lição moral. É um tipo de comparação construído em forma de narrativa. Conta-se uma história para se extraírem ensinamentos que possam ilustrar outra situação. No fundo do parabole grego há a idéia de comparação, enigma, curiosidade. As parábolas evangélicas contadas por Jesus são imagens tomadas das realidades terrestres para serem sinais das realidades reveladas por Deus. Elas precisam de uma explicação mais profunda. Peroração - É a conclusão de um discurso. A recapitulação, mediante a qual o orador refresca a memória da audiência. Persuasão - É o emprego de argumentos, legítimos e não legítimos, com o propósito de se conseguir que outros indivíduos adotem certas linhas de conduta, teorias ou crenças. Diz-se também que é a arte de captar as mentes dos homens através das palavras. Preciosismo - Exagero na linguagem, em prejuízo da naturalidade e clareza da frase. Exemplo: Isso é colóquio flácido para acalentar bovino (por Isso é conversa mole pra boi dormir). Pregação - Deveria ser considerada a mais nobre tarefa que existe na terra. Significa a verdade divina através da personalidade ou a verdade de Deus apresentada por uma personalidade, para ir ao encontro das necessidades humanas. Preleção - É o método clássico, onde o orador faz seu discurso diante do auditório. Use-o quando vai dar informação, quando os discípulos já estão interessados e quando o grupo é demasiado grande para empregar outros métodos. Vantagens: Transmissão de grande quantidade de informações em pouco tempo; pode ser empregado com grupos grandes; requer uso de pouco material. Limitações: Impede que o aluno participe contestando; dificulta o poder de retenção; poucos conferencistas são bons oradores. Princípio do diga - Diga a eles o que você vais lhes dizer. Diga a eles. Diga a eles o que você lhes disse. As pessoas lembram melhor o que ouvem no início e no fim do discurso. Faça um sumário do discurso nos dois extremos e os ouvintes, quando forem embora, vão se lembrar de uma boa parte do enchimento. Prova do telefone - Qualquer pessoa que souber utilizar bem um telefone tem geralmente jeito para ser um bom orador. De fato, uma artimanha usada por organizadores ou agentes a quem foi recomendado um orador desconhecido, é telefonar-lhe. Se conseguir despertar o interesse de um estranho - e, sobretudo, de fazer rir é um orador prometedor. Proxêmica - O orador se movimenta no espaço entre ele e o público de modo pertinente. Ora se situa num plano mais elevado ou mais baixo ou no mesmo nível; ou se distancia ou se aproxima com intenções definidas. Raciocínio apodíctico - Do grego apodeiktkós. Possuía o tom da verdade inquestionável. O que se pode verificar aqui é o mais completo dirigismo das idéias; a argumentação é redigida com tal grau de fechamento que não resta ao receptor qualquer dúvida quanto à verdade do emissor. Retórica - No sentido original, a retórica inclui qualquer discurso ou texto escrito eficaz. Modernamente, a retórica implica uma tentativa de persuadir por meio de palavras, faladas ou escritas. Semântica - É o estudo das mudanças que no espaço e no tempo, experimenta a significação das palavras consideradas como sinais das idéias: semasiologia; semiologia. Do grego sêma-tos, sinal, marca, significação. Sinônimos - São palavras de significado aproximado, já que não existe sinônimo perfeito. Solecismo - Qualquer erro de sintaxe: a) De concordância: Fazem anos que não o vejo (por Faz) b) De regência: Esqueceram de mim (por Esqueceram-se de mim).c) De colocação: Não coloque-a na água (por Não a coloque na água). Tautologia - Repetição desnecessária de informações. O mesmo que redundância. Exemplo: Ele detém o monopólio exclusivo dos refrigerantes na Índia. (Na palavra monopólio já existe a idéia de exclusividade). Vícios de linguagem - Uso de palavras ou frases que ferem a língua portuguesa, em regra, colocando erradamente os pronomes ou formando cacófatos. 

4. Se eu for falar por dez minutos, eu preciso de uma semana de preparação; se quinze minutos, três dias; se meia-hora, dois dias; se uma hora, estou pronto agora. (Woodrow Wilson). 

5. Que órgão maravilhoso o da fala, quando manobrada por um Mestre. (V. Eloqüência, Retórica).

*Verbete extraído do Vade-Mecum do Meio-Dia à Meia-Noite do Ir∴ Ivo João Girardi (Blumenau-SC)

Fonte: JBNews - Informativo nº 274 - 29.05.2011

O SEGREDO MAÇÔNICO

Ir∴ Nuno Raimundo*

Muito se fala e especula sobre o segredo maçônico. O que é, o que será e o que representa.

Ele não é mais que uma conduta de Vida. E como tal não tem nada de segredo ou escondido.

O tal segredo, como se costuma designar, é a forma de como o Maçom vive a sua vida. A forma como respeita, tolera, ama e se solidariza com o seu próximo, é que é a parte prática do segredo; pois a parte teórica está ao alcance de qualquer Homem se assim o pretender conhecer. São as boas normas de conduta moral e social que guiam o Maçom no seu dia-a-dia. E isso não tem nada de segredo, basta os curiosos atentarem na forma de estar e viver dos Maçons para perceberem afinal de que de segredo não há nada. O único segredo é de que tudo está à vista de todos, e tal como o ditado, “quanto mais à vista, menos se vê”, assim está o segredo maçónico. Tudo o resto, com trabalho, empenho e estudo é fácil de se descobrir…

A vasta literatura maçônica que encontramos ora seja em livrarias especializadas ou na internet, nem sempre é fidedigna; pois a sua maioria é escrita por profanos, que por sua vez, também eles, têm um contato muito superficial e limitado com os mistérios da Ordem; advindo dessa restrição, a impossibilidade de providenciarem informação correta e fatual.

Uma grande parte dos rituais, palavras de passe e sinais que “pululam” por esse mundo fora, podem inclusive não serem verdadeiros, ou o sendo, estarem desatualizados face aos dias de hoje. Causando dessa forma, enorme confusão aos detratores da Maçonaria, sobre quais afinal serão os seus segredos e mistérios.

Apesar do core secret ser a “conduta do maçom”, tal como já afirmei, existem também “segredos” (ou neste caso concreto, informações) que devem ser conservados apenas entre Maçons.

E são para ser conservados tais segredos, porque fazem parte de um comprometimento pessoal em os honrar; e um maçom como pessoa honrada que deve ser, assim o deve escrupulosamente cumprir.

Os tais segredos que a maioria dos curiosos quer saber, mas que lhes estão vetados ao conhecimento (e passo a explicar o porquê) são:

Ø Não revelar a condição de um Irmão maçom a profanos, porque dessa revelação poderão advir sérios prejuízos ao Irmão em causa, fruto da ignorância e malvadez de gente mal informada sobre o que trata a Ordem Maçónica.

Ø Não revelar os rituais maçónicos e/ou cerimónias onde os mesmos são executados. Porque o seu conhecimento e execução poderão não ser compreendidos por quem receber essas informações, bem como, se os recipiendários, não sendo maçons, nada fariam de interessante ou fenomenal com essas informações.

Mas fundamentalmente, porque tais rituais e cerimónias não devem ser de domínio público, porque quaisquer cerimónias e rituais executados devem ser sentidos e vividos por quem os executa e vivência. Logo, se tornaria irrelevante o seu conhecimento ao público em geral, que não os interpretaria da melhor forma.

Ø Não revelar o que se passa no seio de uma sessão ritual maçónica, nem quais os maçons nela presentes. Uma vez que, se outros guardam para si o que fazem nas suas casas, porque não os maçons poderem fazer o mesmo na sua casa?!

Não terão eles esse direito também?!

No fundo, é uma questão de “justiça social” ser respeitada a privacidade das reuniões de maçons. Porque para além de também eles, respeitarem a privacidade de outras organizações e particulares. Também o público em geral assim o faz.

Se o “direito à reserva de intimidade” existe para ser cumprido, então que seja por todos!

Ø Não revelar as formas de identificação e reconhecimento entre maçons. Porque sendo algo do seu foro íntimo, deve ser respeitado como tal. E porque acima de tudo, a sua função serve apenas para reconhecimento de e entre Irmãos e nada mais. E uma vez que não se deve revelar a identidade de um irmão maçom a profanos, logo se for do conhecimento geral as formas de reconhecimento, facilmente se saberá quem é maçom e quem não o é. E se em Liberdade e Democracia isso é de somenos, em regimes ditatoriais, isso seria bem nefasto aos maçons. Pois quem defende valores de Igualdade, Fraternidade e Liberdade, não costuma ser bem tolerado nesses países.

Ø E finalmente não revelar a outro Maçom, informação referente a grau superior ao que ele se encontrar. Porque para além de retirar o efeito surpresa ao Irmão em causa, na execução dos rituais do grau em questão, estará também a fornecer conhecimentos que possivelmente não lhe sejam inteligíveis. Ou seja, se a um maçom lhe for fornecida informação de um grau superior, ele não a saberá interpretar corretamente, para além de não a executar ritualmente na forma devida. O que ao contrário de melhorar a sua “cultura maçónica”, só o irá “prejudicar” na sua formação e caminhada como maçom.

Quanto ao resto, isso eu não posso contar, porque é “segredo”…

O texto é de autoria do Ir∴ Nuno Raimundo, obreiro na R∴L∴ Mestre Affonso Domingues Nº5,
GLLP/GLRP - Loures (Região de Lisboa) -Portugal

Fonte: JBNews - Informativo nº 274- 29.05.2011

O DESARMAMENTO E A MAÇONARIA

Ir∴ Manoel Vinícius de Oliveira Branco*

De um tempo para cá, temos constatado que a sociedade brasileira se depara com uma questão bastante controvertida, que tem sido objeto de intensos debates, que é a questão quanto ao desarmamento ou não da população.

Esse tema, em razão dos últimos acontecimentos amplamente divulgados pela mídia, tem se acentuado ainda mais, fazendo com que acirrem os debates entre aqueles que são a favor e contra o desarmamento. Uns, sustentando que essa é a forma eficaz de solucionar a violência que aflige o país. Outros, asseverando que o desarmamento de nada adianta, pois não retira a arma do facínora e somente serve para instigá-lo a se tornar mais ousado, por saber que não poderá ser enfrentado pelo cidadão comum.

Desarmar ou não desarmar, eis a questão!

Independentemente dessa divergência, o fato é que atualmente, salvo raríssimas exceções, é proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional.

Todavia, com o presente trabalho não pretendo tratar desse tema polêmico. Tenho certeza de que aqui, entre nós, podemos encontrar adeptos de uma ou de outra corrente de pensamentos e não é a minha intenção mostrar ou convencer que é este ou aquele grupo que está certo ou errado.

Em verdade, o que pretendo é fazer uma acusação. E quero fazer essa acusação grave contra alguns de nossos Irmãos ativos.

Mas, antes de fazer essa acusação quero recordar que a nossa lei penal maçônica prevê que toda e qualquer acusação contra Irmãos deve ser dirigida ao Venerável Mestre da Loja que deverá julgar o acusado, e este necessariamente tem que acionar o Orador para intervir e acompanhar o caso, funcionando o Secretário como escrivão do processo. É o que emerge da combinação dos artigos 1º, § 1º, 3º, 4º e 12 do Código Processual Maçônico.

Portanto, Venerável Mestre e Irmãos Orador e Secretário quero manifestar a minha acusação diretamente para vós e indiretamente para os demais Irmãos, que têm a competência legal para julgar o presente caso.

E minha acusação é a seguinte: - alguns Irmãos estão entrando no Templo Maçônico armados! E isto fere de morte os nossos compromissos, princípios, costumes e leis.

Por isto, é minha intenção requerer que sejam tomadas as providências cabíveis para o necessário desarmamento.

E pior: esses Irmãos não estão armados com um simples canivete ou coisa do gênero. A arma que carregam para o interior do Templo é muito mais do que isto... é perigosíssima é letal!

A arma que alguns Irmãos têm trazido para o interior do Templo. Não só deste, mas de muitos outros Templos é a intolerância, a inveja, a mágoa, a ganância, a vaidade, a falta de fraternidade, o individualismo, o egocentrismo e o desânimo (para os estudos e para o trabalho).

Por isto, meus Irmãos, as providências a serem tomadas para que haja o necessário desarmamento – que não é o desarmamento físico, mas sim o desarmamento espiritual – devem ser tomadas por cada um de nós.

E, vejam bem, essas providências para o desarmamento de nosso espírito, que urgem a serem tomadas, não é mera faculdade, mas autêntico dever do verdadeiro Maçom.

Não podemos nos esquecer que ao sermos iniciados nos comprometemos a trabalhar na pedra bruta para que sejam alcançados os objetivos da Sublime Ordem que são: o da incessante investigação da verdade, o exame da moral e a prática das virtudes.

Justamente em face desse compromisso é que todo iniciado tem a necessidade de controlar as suas paixões e submeter a sua vontade às leis e aos princípios da Ordem maçônica, que preceitua o trabalho como um dever essencial do ser humano, em especial do Maçom, cujo aprendizado está assentado sobre a busca do seu aperfeiçoamento espiritual.

A propósito, em determinado momento da nossa iniciação somos advertidos de que os traidores devem ser rejeitados pelos Maçons. Nesse particular os nossos Rituais de Iniciação invariavelmente trazem a passagem em que o Ir∴ 1º Vig∴ dirigindo-se aos candidatos faz a seguinte advertência:

“Ficai também sabendo que consideramos traidor à nossa Ordem aquele que não cumpre os deveres de maçom em qualquer circunstância.”.

E no mesmo Ritual o Ven∴ M∴esclarece aos iniciandos sobre alguns dos deveres do Maçom, dizendo:

“Não devereis combater somente as vossas paixões, mas ainda a outros inimigos da humanidade como sejam: os hipócritas que a enganam; os pérfidos que a defraudam; os fanáticos que a oprimem; os ambiciosos que a usurpam; e os corruptos e sem princípios que abusam da confiança das massas.”.

Quando o Ven∴ faz menção a esses inimigos não está se referindo apenas aos inimigos externos, mas também e principalmente aos inimigos internos, pois estes são muito mais perigosos, na medida em que estão próximos de nós e às vezes disfarçados. Aos inimigos externos nós não viramos as costas, mas aos inimigos internos sim, já que – por serem dissimulados – neles não percebemos o perigo.

Os inimigos externos podem ser comparados às grandes pedras e os internos às pequenas pedras. As grandes pedras não nos derrubam, pois são facilmente percebidas e delas nós nos desviamos. Já, as pequenas pedras, porque não demonstram o potencial de perigo é que têm a capacidade de nos derrubar e muitas vezes nos derrubam deixando cicatrizes acentuadas.

O grande problema é que a luta contra esses inimigos internos é muito difícil e para derrotá-los, precisamos de muita sabedoria, força de vontade e pureza de princípios consistentes na firmeza de caráter, no aprumo moral e no exercício da tolerância. Sim, pois os nossos inimigos internos somos nós mesmos; são os nossos defeitos que, apesar do compromisso assumido, não combatemos e que por isto fortalecemos, criando em nosso interior não o Templo das virtudes, mas sim a masmorra dos defeitos.

Armados desses defeitos, muitos Maçons, se apresentam na Loja não para somar, mas para dividir; não para ajudar, mas para atrapalhar; não para pacificar, mas para semear a discórdia.

Esses Irmãos são facilmente identificáveis, pois são aqueles que falam mal da administração da Loja ou da Potência, buscando desprestigiá-la e desmerecê-la, sem nunca ou pouco ter se apresentado para ajudar; são aqueles que conspiram contra todo e qualquer Irmão que se apresenta para formar uma nova diretoria, por inveja ou ganância, ao invés de dar apoio e colocar-se à disposição para o trabalho; são aqueles que só indicam defeitos de tudo e de todos, ao invés de ver as virtudes que inegavelmente possuem; são aqueles que nunca auxiliam em nada, mas que são os primeiros a indicar eventuais erros dos que fazem, sem perceber que só erra quem se propõe a fazer.

Meus, Irmãos, é lógico que nós, como seres humanos que somos temos imperfeições, não somos santos e, aliás, vivemos num mundo que nos impulsiona para um distanciamento dos verdadeiros valores. Por isto, temos os nossos defeitos. O problema não é tê-los. O problema é não combatê-los. Esse é o nosso trabalho. Esse é o nosso dever.

Bem por isto, ou seja, por saber que temos defeitos, é que o Templo Maçônico, com o mesmo formato do Templo de Jerusalém, possui o átrio, que é o espaço físico, que separa o mundo profano do mundo sagrado, e é o local em que no momento antecedente às sessões os maçons devem se recolher, se concentrar e desarmar o espírito, para entrar e participar dos trabalhos.

O átrio, segundo Juan Carlos Daza, no Dicionário da Franco-Maçonaria, é o “umbral do Templo e simboliza o espaço de trânsito e de união, que separa o exterior do interior, e é onde se espera, em recolhimento, para ser acolhido ou introduzido”; livre, portanto, dos valores mundanos que são empecilhos para a exata compreensão dos ensinamentos maçônicos.


O mestre Rizzardo da Camino, em artigo de sua lavra, cujo título é “A Sacralidade do Templo”, manifesta que o átrio é o local “onde o Maçom se despe mentalmente do aspecto profano, isto é, procede a uma desintoxicação completa, libertando-se de qualquer resquício de negativismo, ou seja, afasta si qualquer mágoa que possa ter para com um irmão seu ...”.

Portanto, meus Irmãos, é esse local adequado para que o Maçom se desarme, para apresentar-se no interior do Templo preparado para a construção do seu Templo interior,m sem o qual não será possível a construção do Edifício Social almejado pela Ordem Sublime.

Existem rituais, inclusive que, quando os Irmãos estão no átrio, fazem com que se profira a seguinte exaltação ao desarmamento espiritual: “meus Irmãos, antes de entrarmos nesse Augusto Templo, devemos meditar, preparando-nos para ao mesmo tempo, ingressarmos no Templo de dentro, mergulhando em um Oceano de tranqüilidade, deixando os pensamentos comuns, os dissabores, as angústias e os problemas do cotidiano para trás. Nosso escopo é completarmos a edificação do Templo da Virtude, embelezando-o com os nossos propósitos de aperfeiçoamento. Cada Irmão somará ao que lhe estiver ao lado as vibrações benéficas, visando encontrar, após o umbral desta porta, a paz que tanto necessita. Que o G.A.D.U. dirija nossos passos, pois ao ultrapassarmos o portal entraremos no Templo Sagrado”.

Não quero me delongar e nem é minha intenção atacar quem quer que seja. Pelo contrário, o meu objetivo é provocar a todos e a cada um de nós para que façamos uma visita ao nosso interior e, em estando ali, façamos uma profunda reflexão:

- quanto ao nosso papel junto à Ordem Maçônica em geral e à nossa Loja em especial: - estamos auxiliando para que os ideais da Ordem e os objetivos da Loja sejam alcançados? – estamos cumprindo com os nossos compromissos e juramentos prestados perante a Maçonaria?

- quanto à conduta e exemplo que estamos dando à Sociedade: - estamos sendo exemplo de tolerância, sensatez e sabedoria perante a nossa família, nossos amigos, nossos colegas, nossos vizinhos, etc?

- quanto ao nosso estado de espírito, se desarmado ou não: - como estamos nos apresentando perante a Loja, perante os Irmãos, perante nossa família, enfim, estamos desarmados espiritualmente, prontos para ouvir, perdoar, ajudar e atuar?

Por fim, é importante que recordemos que nós todos devemos nos preparar para ser parte da Obra maçônica. Pelos princípios maçônicos não existe o mais ou o menos importante. Todos – do Aprendiz ao Grão-Mestre – são igualmente importantes. A pedra que compõe a base da Obra é tão importante quanto a que está no seu ápice. Sem elas o Edifício jamais é finalizado. Na Sublime Maçônica não tem a menor importância o cargo ou título que ostenta um Irmão, seja no mundo profano seja no mundo maçônico.

Bem por isto, é que temos que – desarmar nossos espíritos – para atuar em conjunto, fazendo prevalentes os princípios e objetivos da Sublime Ordem. Até porque os Irmãos que entram armados dentro deste e de outros Templos Sagrados não enxergam que estão ferindo de morte – em primeiro plano – a Loja a que pertencem – e em segundo plano – a própria Maçonaria.

A propósito, e para finalizar, gostaria de pedir que os Irmãos ouvissem com atenção a música que segue, que traz uma poesia que muito tem a ver com que agora estou a conclamar, ou seja, que devemos nos unir como verdadeiros Irmãos.

Nessa música, o poeta deixa bem claro que somente unidos, de mãos dadas, poderemos impedir:

- que o pano da insensatez caia sobre os homens;
- que as luzes da sabedoria se apaguem da face da terra;
- que as portas das virtudes se fechem para a sociedade;
- que as vozes da tolerância se calem nos quatro cantos do mundo;

Ainda, nessa mesma canção poética fica claro que se assim não agirmos chegará o dia em que a noite das trevas imporá a ignorância, o fanatismo e o despotismo, afastando as luzes da fé, da esperança e do amor e, com isto, fazendo com que sequem os rios da tolerância e que se percam as mães doutrinárias dos princípios morais milenares, quando então há de prevalecer o choro e o medo que criam os covardes e fazem com que tudo se perca. E aí é tarde demais.

Ouçamos a música, cuja letra está abaixo

Portanto, meus queridos Irmãos, conclamo a todos para que desarmemos os nossos espíritos, nos unamos e de mãos dadas entoemos juntos a canção relativa aos sagrados e seculares princípios e costumes da Sublime Ordem Maçônica.

Vamos dar as mãos e cantar (Antonio Marcos)

(*) (Trabalho apresentado pelo Ir∴ Manoel Vinícius de Oliveira Branco obreiro da ARLS∴ Pitágoras - Or∴ de Londrina em sessão da ARLS Pesquisa Brasil do dia 26/05/2011)

Fonte: JBNews - Informativo nº 274- 29.05.2011