Ir∴ Eduardo Neves - M∴M∴
A única certeza absoluta que podemos ter nas nossas vidas é a de que vamos morrer. O ser humano é o único animal deste planeta que tem a consciência de que seus dias estão contados.
Nossa civilização ocidental, seja por meio da religião ou da ciência, luta desesperadamente, não somente para evitar o momento de nosso último suspiro, mas especialmente para superá-lo. A maioria de nós crê em um tipo de vida após a morte, seja em um céu de tranqüilidade ou em um inferno de danações. Com as doutrinas orientais, aprendemos ainda a imaginar um lugar onde, após cerrarmos os olhos em definitivo, esperaremos uma próxima encarnação. Mesmo os ateus nutrem uma espécie de esperança graças à medicina, que tem conseguido prolongar a vida humana através de suas mais recentes descobertas.
Sem discutir os méritos ou as verdades particulares de nenhuma crença, o fato é que nós temos medo de morrer. A cruel incerteza sobre nosso futuro no além- túmulo – qualquer que seja ele – nos aterroriza, e nos faz evitar a morte mesmo em pensamentos. A saída para esse medo é não pensar mais nisso, é esquecer que um dia vamos morrer.
Aqui cabe um parêntese. Nós somos, em maior ou menor intensidade, seres controladores. Gostamos de planejar, de pensar no futuro. Trabalhamos com metas, traçamos objetivos – ainda que nem sempre consigamos atingí-los. Erramos, falhamos, mas começamos de novo, com outros métodos e novas tentativas. Não que essa busca pelo controle seja ruim. Se não forem obsessivos, o planejamento e a organização, sem dúvidas, nos trazem benefícios.
Entretanto, a morte talvez seja o único evento em nossas vidas que foge totalmente ao nosso controle. Podemos usar expedientes para evitá-la em determinados momentos, para adiá-la em certas circunstâncias, mas nunca para eliminá-la. Essa absoluta falta de controle que temos sobre a morte nos frustra terrivelmente. E nos apavora.
Acontece que a morte, como bem sabemos, é inevitável. E é essa inevitabilidade, justamente essa inexorabilidade, que deveria nos fazer viver uma vida mais plena, mais produtiva, mais feliz. Pensar na morte deveria nos fazer viver melhor.
Se formos conscientes de que nosso tempo é limitado, usaremos melhor nossas energias em prol do que realmente vale a pena. Em vez de ficarmos esperando, agiremos. No filme A Fantástica Fábrica de Chocolate, de 1971, o personagem Willy Wonka, interpretado por Gene Wilder, canta uma música, cuja letra diz assim: “If you want to view Paradise, just look around and view it” (Se você quiser ver o Paraíso, basta olhar em volta e enxergá-lo). Essa mensagem é muito profunda. Precisamos ser conscientes de que temos o poder para mudar nossas vidas, para transformar nosso mundo, e que nossa felicidade depende exclusivamente de nossos atos. O melhor momento não está por vir, o melhor momento é agora – o ontem já passou e o amanhã não existe. Portanto, por que não realizar um sonho hoje mesmo? Por que prolongar infelicidades, insatisfações? Por que não tomar já a decisão de fazer, de começar, de mudar?
Os maçons conhecem bem a frase que dá título a este texto. Faz parte do simbolismo da Ordem no mundo inteiro. Pois agora vos convido a deixar este símbolo tornar-se vivo em suas existências. Pensemos na morte, para aproveitarmos bem a vida. Pensemos que o Grande Arquiteto do Universo nos deu esse tempo limitado e recheado de incertezas para que pudéssemos tomar as rédeas do nosso destino, cometendo erros e acertos e, com isso, aprender e evoluir a partir de nossas próprias experiências. Façamos o hoje valer à pena, pois amanhã não estaremos mais aqui.
Sejamos felizes, vivamos!
Fonte: JBNews - Informativo nº 270 -- 25.05.2011
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