ORATÓRIA*: 1. É a arte de falar ao público. Diz a nossa instituição que cabe ao Orador a linguagem clara, conclusiva e não afetada quando se dirige aos Irmãos. Entendo que para assumir as funções de Orador a Loja escolha entre os seus membros aqueles que dispõem das qualidades de uma boa oratória. No entanto, quando qualquer Irmão é designado para uma Peça de Arquitetura e o mesmo não tem uma mínima preparação de técnicas de oratória, o resultado é um desastre. Cabe a cada um, individualmente, o desenvolvimento destas técnicas. Para lembrar aos Irmãos, um dos degraus que dá acesso do Ocidente para o Oriente é simbolizado pela Retórica.
Técnicas de Oratória: 1. Fale sobre aquilo que você conhece a fundo e sabe que conhece. Ou seja: Prepare-se. Não passe dez minutos ou dez horas em sua preparação. Passe dez semanas, melhor ainda, dez meses na sua preparação. 2. Fale de algo que haja despertado seu interesse. Fale daquilo que tem profundo desejo de comunicar a seus Irmãos. As palestras pobres são geralmente aquelas que foram escritas ou decoradas, e faladas sem emoção, sem sentimento e, por isso soam artificiais, causando tédio na platéia. As palestras boas são aquelas que saem do íntimo, como uma fonte. 3. Tenha um grande desejo de comunicar sua mensagem. Preocupe-se com a altura de sua voz. Faça anotações no seu texto, nas partes que deseja dar ênfase, chamar atenção. Treine em casa algumas vezes, antes de se apresentar. Cronometre seu tempo. Saiba quanto tempo vai durar sua apresentação com antecedência. Assim você não se preocupará com a duração do trabalho, pois já saberá antecipadamente o tempo a ser despendido. 4. Nunca, nunca decore uma palestra palavra por palavra. Se você decorar sua palestra, o mais provável é que esqueça no momento de apresentá-la, e o auditório ficará feliz, já que ninguém quer ouvir mesmo uma papagaiada. 5. Movimente-se enquanto fala. Mexa seus braços, olhe para todos os lados, para os Vigilantes para as duas Colunas. Olhe nos olhos da sua platéia. Isso dissipará sua tensão e aumentará sua convicção. Ajudará a prender a atenção da platéia para as suas idéias. Um orador estático rapidamente perde a atenção da platéia, e não conseguirá produzir sintonia à recepção da oratória. 6. Use sua voz em diferentes tonalidades. Varie a tonalidade de sua voz de acordo com o desenvolvimento do texto. Fale alto ou fale baixo de acordo com o andamento de sua apresentação. Discursos pronunciados em tom de voz único provocam sonolência e desinteresse da platéia. Você certamente não desejará que seu trabalho tão bem desenvolvido e preparado se perca por falta de comunicabilidade. 7. Ensaie sua palestra conversando com os amigos. Converse com seus Irmãos sobre o trabalho que está preparando. Observe neles o interesse sobre o assunto. Peça-lhes sugestão. Este é um modo infinitamente mais efetivo de ensaiar uma palestra do que gesticular diante do espelho. 8. Não imite ninguém. Seja você mesmo. Não tema ser você mesmo. Este é um bom conselho para fazer música, para escrever e para falar. Você é algo novo neste mundo. Alegre-se. Ninguém tem sido igual, nunca haverá ninguém igual a você. Assim aproveite sua individualidade. Sua conversação deve ser parte de sua própria pele. Deve sair de suas próprias experiências, convicções, personalidade e de sua própria maneira de viver. Ninguém sabe o que é que você pode fazer, até que você o faça. 9. Sempre que possível utilize os nomes de alguns de seus ouvintes. Esta regra é útil se usada com moderação. O nome de uma pessoa é para ela o som mais doce e importante do idioma. Ajuda a prender a atenção do grupo para suas próximas citações. 10. Fale com modéstia e não com presunção. A modéstia e a humildade inspiram confiança e benevolência. A pessoa que está segura de si mesmo e tem confiança, nunca sente a necessidade impressionar os demais com sua capacidade. Só o fracassado e o indivíduo sem valor querem forçar-nos a reconhecer seus méritos. 11. Nunca fale com cara de poucos amigos e com tom de voz áspero. Lembremo-nos que a expressão de nossos rostos e o tom de nossa voz muitas fala melhor e mais fortes que nossas palavras. Aquilo que ofende nossos ouvidos não poderá ganhar aceitação facilmente. 12. Desfrute sua oratória enquanto fala. Se não desfrutarmos enquanto falamos, como vamos esperar que os outros desfrutem ouvindo? Por isso prepara-se para falar, ponha brilho no seu olhar, sentimento na sua voz, e o faça com satisfação. 13. Não se desculpe nunca. Quantas vezes já ouvimos um orador iniciar dizendo: Eu tinha um grande desejo de preparar-me, mas... e assim temo não poder desempenhar a contento. Além disso, não sou um grande orador, e portanto... Neste caso é preferível nem começar a Peça de Arquitetura. 14. Recebamos bem as críticas (construtivas), em vez de aborrecermo-nos com elas. Aprenda a ouvir com cordialidade as vozes discordantes. Reflita sobre elas. Procure tirar proveito das observações. Os elogios fáceis e despropositados não ajudam a construir um bom palestrante.
2. Suportei, recentemente, uma palestra a respeito da Importância da Maçonaria na Arte Contemporânea; evidentemente, como os leitores poderão perceber no decorrer desta história, o título foi outro e o nome do palestrante jamais será revelado. Tal palestra nada acrescentou, nem a mim nem a ninguém. Contudo, pude extrair algumas sábias lições de como não incorrer nos mesmos erros. A palestra principiou quarenta e cinco minutos após a hora anunciada; o palestrante fez-se apresentar por um Orador que leu uma dezena de páginas; em vez de falar, leu; e leu mal. O palestrante, por sua vez, também leu; e embora lendo bem, leu. Quem não sabe falar sem ler não deve dar palestras. Ninguém é obrigado a dá- las. A palestra é uma conversa com o público e somente poderemos perceber a reação dos ouvintes se estivermos falando. O público, por sua vez, é o termômetro do palestrante, e quem lê, olhando folhas de papel, não consegue perceber as utilíssimas indicações desse termômetro, suas oscilações, variações, quedas e ascensões. O palestrante, em lugar de entrar diretamente no assunto, fez um longo e desnecessário preâmbulo e, vinte minutos depois, quando abordou realmente o tema, metade da platéia já cochilava; sem disso se aperceber, pois estava atento apenas à sua leitura, o palestrante solicitou que as luzes fossem apagadas e que alguém o auxiliasse no manuseio de um retroprojetor; resultado: três quartos do público já dormia. O operador do retroprojetor manteve-se, o tempo todo, em descompasso com o palestrante; quando este mencionava a Coluna dórica, aquele projetava a jônica; quando um discorria acerca do compasso, o outro projetava o esquadro, e assim por diante... Felizmente, para o orador, quando ele solicitou que as luzes se acendessem novamente, alguém tropeçou, caiu, alguns riram e todos despertaram. O único momento comovedor foi quando, finalmente, o orador declarou que, não querendo abusar mais da paciência de todos, apressaria-se em concluir. Foi, então, entusiasticamente aplaudido. Na saída, recebeu os cumprimentos e os elogios habituais: Parabéns, mestre. Foi uma palestra inesquecível. Adoramos. E assim por diante... Conclusões: 1) Não acredite, palestrante, que o público comparece ávido para ouvi-lo; o público geralmente são seus parentes, que comparecem por obrigação; são seus amigos, que comparecem por espírito fraterno, e são seus subalternos, que assim pretendem cair nas boas graças do chefe. Algumas vezes são também seus inimigos e adversários, que apenas desejam perceber seus pontos fracos ou aguardar a oportunidade de uma vaia ou de uma violenta contestação no momento certo. Poucos, bem poucos, são os que comparecem por estarem realmente interessados no tema. 2) Quando anunciar que vai começar às 20 horas, comece às 20 horas, mesmo que ainda haja muitas poltronas vagas; se aguardar mais alguns minutinhos por consideração aos retardatários, estará cometendo uma descortesia com todos aqueles que chegaram pontualmente. 3) Não acredite nos aplausos. Aplaudem-se todos os palestrantes, independentemente do valor de suas palestras. O aplauso, salvo aquele espontâneo que irrompe no meio de uma frase, é mera convenção social, algo que não custa nada. 4) Não fale, como falam muitos, como se fizesse uso de uma metralhadora; faça com que as palavras não formem uma torrente, mas um rio sereno e variado. 5) Não queira dar lições. Passada a idade escolar, ninguém está disposto a sentar-se à carteira e ouvir sermões. Se quiser convencer ou persuadir aqueles que o ouvem, deixe-lhes a ilusão de que a idéia partiu de cada um, e não de você. É o método socrático, pelo qual se induz os outros a mudarem de opinião, com uma concatenização de perguntas que demonstram seus erros. 6) A capacidade de resistência do público tem limites; nunca os ultrapasse. Uma palestra lida não deve durar mais que trinta minutos; falada, sessenta; impecável, noventa. 7) O interesse do público se demonstra pela imobilidade nas poltronas, pela ausência de conversas paralelas e pelos olhares que o acompanham. Quando estes esmaecerem, conclua rapidamente... e todos lhe agradecerão. (Carlos Brasílio Conte, em, O Livro do Orador).
3. Pequeno Dicionário de Oratória: Ambigüidade - Não deixar claro o sentido de uma palavra ou de uma frase que podem ser interpretadas pelo menos de duas maneiras diferentes. Antítese - Figura de linguagem que faz uso de expressões opostas: De repente do riso fez-se o pranto (Vinícius de Morais). Aparência - Uma boa aparência ajuda a aumentar a autoconfiança e a confiança que as pessoas têm no orador. Isto mostra que o orador os respeita e se esforçou para se vestir adequadamente. Apresentação - É uma ferramenta de comunicação muito poderosa que deve ser adequada à personalidade do orador. As imagens devem ser usadas com parcimônia. Embora se diga que uma figura vale por 1000 palavras, é preciso verificar se ela não está deixando a inteligência inativa. Arcaísmo - Emprego de palavras ou construções antigas, que já caíram em desuso. Antanho por no passado. Antelóquio por prefácio. Argumento - Ao nível da Retórica, o argumento consiste no emprego de provas, justificativas, arrazoados, a fim de apoiar uma opinião ou tese, e/ou rechaçar uma outra. Auditório - Tecnicamente, é o conjunto de todos aquelas pessoas que o orador quer influenciar mediante o seu discurso. Barbarismo - Consiste em grafar ou pronunciar uma palavra em desacordo com a norma culta. Eles ocorrem: 1) na grafia: analizar por analisar; 2) na pronuncia: rúbrica por rubrica; 3) na morfologia: deteu por deteve; 4) na semântica (sentido das palavras): o iminente jurista presidiu a seção (por eminente sessão). Cacoetes Lingüísticos - São palavras ou partículas usadas com muita insistência para encerrar a frase ou para continuá-la. Eis alguns: Tá, né? Entende? Sabe? Percebe? Uai... Da mesma forma, há quem abuse de a gente isso, a gente aquilo, a gente chegou, a gente pediu, etc. Evitar o uso constante de a nível de, enquanto que, de repente, etc. Cacofonia - Qualquer seqüência silábica que provoque som desagradável como A boca dela é enorme por Sua boca é enorme. A cacofonia compreende: a) Cacófato: Encontro de sílabas que forma uma palavra obscena. Envie-me já os catálogos. Polícia federal confisca gado de fazendeiros. b) Eco: Repetição desagradável de terminações iguais. Freqüentemente o presidente sente dor de dente. c) Colisão: Repetição de consoantes iguais ou semelhantes. O monstro medonho mede, mais ou menos, um metro e meio. d) Hiato: Seqüência ininterrupta de vogais. Ou eu o ouço ou eu o ignoro. Carismáticos - As pessoas descrevem como carismáticos aquelas de quem gostam sem nenhuma razão aparente. Comparação - Figura de linguagem que consiste em atribuir a um ser características presentes em outro ser, pelo fato de haver entre os dois uma determinada semelhança. Minha dor é inútil como uma gaiola numa terra onde não há pássaros. (Fernando Pessoa). Comparações, analogias e metáforas - Enquanto uma analogia geralmente faz uma comparação relativamente completa, mostrando explícita ou implicitamente muitos pontos em comum, uma comparação acentua um só ponto e nela costuma-se usar as palavras como ou igual a. Já a metáfora é uma comparação que, ao invés de mostrar explicitamente as semelhanças entre duas coisas, aceita-as implicitamente, dizendo que uma coisa é outra, sob certos aspectos. Além disso, na metáfora não se usam as palavras como ou iguais. Comunicação - É freqüentemente definida como a troca de informações entre um transmissor e um receptor, e a inferência (percepção) do significado entre os indivíduos envolvidos. Debate Orientado - O debate é o método no qual os oradores apresentam seus pontos de vista e falam pró ou contra uma determinada proposição. Use-o quando os assuntos requeiram sutileza; para estimular a análise; para apresentar diferentes pontos de vista. Vantagens: Apresenta os dois aspectos de um problema; aprofunda os assuntos em discussão; desperta o interesse. Limitações: O desejo de ganhar pode ser demasiadamente enfatizado; requer muita preparação; pode produzir demasiada emoção. Desenvolvimento - Quanto ao desenvolvimento, o discurso bifurca-se em: a) Narração: Consiste na exposição minuciosa, parcial, encarecedora, do que de modo sintético e direto se expressa na proposição: o orador seleciona os fatos que convém à sua causa e focaliza-os da perspectiva que mais lhe favorece o intento, emprestando relevo a alguns e minimizando outros, de acordo com o interesse do momento. b) Argumentação: É a parte nuclear e decisiva do discurso, e vem já preparada pelo exórdio e pela narração. Para exercer seu efeito no conjunto do discurso, a argumentação deve conter uma ou mais provas, ou seja, um ou mais argumentos, calcados no raciocínio e no princípio da dedução: o silogismo, a dialética e o paradoxo. A argumentação pode conter exemplo, ou melhor, prova trazida de fora. Dialética - Na boa visão de Hegel, é o diálogo dos opostos. Quer dizer, o bem existe porque é comparado ao mal, a liberdade à escravidão e a verdade ao erro. Dicção - Modo de dizer; arte de dizer, de recitar. Dinâmica de Grupo - É a divisão de um grupo grande em diversas equipes. Estas equipes discutem problemas já assinalados anteriormente, geralmente com o propósito de informar depois ao grupo maior. Use-o quando o grupo é demasiadamente grande para que todos os membros participem; quando se exploram vários aspectos de um assunto; quando o tempo é limitado. Vantagens: Estimula os alunos tímidos; desperta um sentimento cordial de amizade; desenvolve a habilidade para dirigir. Limitações: Pode ser o resultado de um conjunto de deficiência; os grupos podem desviar-se do assunto em questão; a direção pode ser mal organizada. Discurso - Do latim discursu. Ação de correr por ou para várias partes. Discorrer sobre vários assuntos. No plano da oratória, designa a elocução pública, que visa a comover e persuadir. Trata-se de um termo de largo uso e de sentidos diversos: a) O discurso pode ser verbal - centrado nas palavras - e não-verbal - centrado na imagem nos gestos etc. b) O discurso verbal pode ser oral ou escrito - também chamado texto. c) Considerando que a unidade máxima do sistema da língua é a frase, podemos dizer que o discurso está centrado nas seqüências frasais - eventualmente numa frase. d) O discurso implica um esforço expressivo do eu - o que irá configurar o estilo - no sentido transitar uma mensagem para alguém. Elipse - Omissão de um termo facilmente identif icável. O principal efeito é a conclusão. Exemplo: No céu, dois fiapos de nuvens. (No céu, aparecem (existem/há) dois fiapos de nuvens). Equívoco - Mudar o significado ou a conotação de uma palavra. Estereótipo - Frase ou expressão modelar que de tanto ser usada perdeu sua força inicial. Trata-se de um clichê, de uma fórmula muitas vezes vazia. Exemplo: Não tenho palavras para agradecer, A memorável vitória etc. Estilo - É a maneira peculiar de que se seve cada ser humano para expressar suas próprias idéias. Não se deve confundir o estilo com as palavras e as idéias empregadas por um homem, que as pode usar justas e corretas, apesar de ser vicioso, duro ou frio, frouxo ou afetado o seu estilo. Estrangeirismo - Quando usados desnecessariamente também constituem barbarismo 1) Galicismo: garçon por garçom 2) Anglicismo: cocktail por coquetel; week-end por fim de semana. Etimologia - É a ciência que investiga as origens próximas e remotas das palavras e sua evolução histórica. Do grego etymon (étimo) vocábulo que é origem de outro. Eufemismo - Figura de linguagem que consiste no abrandamento de expressões cruas ou desagradáveis. Foi acometido pelo mal de Hansen (= contraiu lepra). Os funcionários da limpeza pública estão em greve (= lixeiros). Exórdio - Contendo a introdução do discurso, objetiva ganhar a simpatia do juiz (ou, em sentido mais amplo, do público) para o assunto do discurso. No geral, o exórdio encerra duas partes: a) A proposição: que consiste no enunciado do tema ou assunto, e b) A divisão, vale dizer, a enumeração das partes que totalizam o discurso e, portanto, assinalam o caminho a seguir pelo orador. Falar bem e dizer bem - Há uma diferença essencial entre o falar bem (utilizar com eficiência os recursos gramaticais, as metáforas e os argumentos criativos) e o dizer bem (sintonizar-se com os ouvintes de forma natural, persuasiva e empática). O líder empresarial deve ser um facilitador da aprendizagem e canalizador da energia do grupo. Por isso, espera-se que em suas comunicações o falar e o dizer se harmonizem perfeitamente. Gestos - Ato ou ação por meio do qual se dá força às palavras. Deve ser feito sem exagero e sem excessos, isto é, com naturalidade e elegância. Lembrar sempre que ele é apenas a essência, tão somente, do que se quer exprimir. Deve preceder à palavra ou acompanhá-la, nunca sucedê-la. Se anteceder, prepara o efeito da palavra; se acompanhá-la, reforça-a; se suceder, perde sua força. Gestualidade - É o comportamento do corpo que abrange gestos (em movimento) e atitudes ou posturas (parados). É a linguagem do corpo: sermo corporis. O Corpo fala através de gestos e atitudes que acompanham significativamente a pronunciação. Dentro da gestualidade se destaca uma nova área de investigação: a proxêmica. Hipérbole - É uma afirmação exagerada para conseguir- se maior efeito estilístico. - Chorou um rio de lágrimas.- Toda a vida se tece de mil mortes. - Um oceano de cabeças ondulava à sua frente. Idéia central - É um pensamento único, expresso numa frase simples, clara e, se possível, direta, e que resuma a essência do que se quer provar ou demonstrar através da palestra inteira. Em torno dela e/ou em direção a ela se encaminharão todos os assuntos e ilustrações. Obs.: A idéia central não deve ser confundida com o tema, que é o assunto da palestra. A idéia central é a definição, objetivo específico dentro do tema. Sinônimo: idéia-mãe. Ironia - Consiste em sugerir, pela entonação e contexto, o contrário do que as palavras ou as frases exprimem, por intenção sarcástica. Que belo negócio! (=que péssimo negócio). O rapaz tem a sutileza de um elefante. Língua - O conhecimento da língua portuguesa é muito importante para o orador, pois as incorreções gramaticais não são perdoáveis a quem se atreve a falar em público. Alguns erros que causam má impressão: Me vejo na obrigação... Tenho a súbida honra... Se ele intervir... acabo de assistir um espetáculo. Linguagem - É a expressão de nossas idéias por meio de certos sons articulados que lhes servem de sinais. É a expressão da evolução espiritual e mental do homem, e a verbalização do comportamento faz parte dela. Maiêutica - Método socrático, onde o instrutor desenvolve sua exposição fazendo perguntas aos alunos. Deve-se evitar o pseudo-diálogo. Medo - Reflete a sensação de se expor a uma situação nova com a condição de enfrentar ou escapar. Os oradores se beneficiam disso: a adrenalina se transforma em energia; suas mentes parecem mais alerta; surgem novos pensamentos, fatos e idéias. Cícero disse que todo discurso de mérito autêntico se caracteriza pelo nervosismo. É uma forma de autopreservação comum a todas as pessoas, contra aquilo que consideramos ser a concretização de uma ameaça dolorosa. Ele aumenta desproporcionalmente a sensação de perigo: é a forma que o corpo e a mente encontram para se protegerem das ameaças. Memória - É a capacidade de fixar, reter, evocar e reconhecer impressões ou acontecimentos passados. A memória pode ser comparada a uma câmara fotográfica: a atenção é, para a mente, o que o poder de focalizar a lente é para a câmara. Exercício para a memória: a) Olhar um objeto, fechar depois os olhos e passar a descrevê-lo mentalmente. Abrir logo após os olhos, e verificar o que esquecemos e o que lembramos. b) Abrir as páginas de um jornal, ler os cabeçalhos; fechar em seguida os olhos, e rememorar mentalmente. c) Ler um pensamento, duas, três, quatro vezes. Depois, repita-o de cor. Obtida a memorização, medite sobre ele. d) Há à sua frente um grupo de pessoas. Observe-as. Imediatamente procure recordá-las na ordem em que estão da direita para a esquerda e vice-versa. Verifique logo depois se acertou ou errou. e) Ao assistir a uma palestra ou conferência, ou ao ler um artigo, etc., faça logo, de memória, uma síntese, e preferentemente a escreva. Metáfora - É a mudança do sentido comum de uma palavra por outro sentido possível que, a partir de uma comparação subentendida, tal palavra possa sugerir. Essa mulher é uma cascavel. Método - Do grego méthodos - caminho para chegar a um fim. Processo ou técnica de ensino. O método depende dos propósitos que se tenha, da habilidade do professor ou líder, da disposição do aluno, do tamanho do grupo, do tempo disponível e dos materiais de trabalho. Metonímia - É a substituição de uma palavra por outra, quando entre ambas existe uma relação de proximidade de sentidos que permite essa troca. Exemplo: O estádio aplaudiu o jogador. Estádio está substituindo torcedores (a troca foi possível porque o estádio contém os torcedores). Opinião - É preciso ultrapassar a preguiça do: Vou dar minha opinião sobre... A palavra opinião é eminentemente reveladora: pois a opinião é muito subjetiva. Ela pode ser um sinal de humildade, as na maioria das vezes revela um grande empobrecimento do pensamento. Palavras que revelam insegurança – Evite usar: quem sabe, talvez seja, aliás, pode ser, assim parece, quero crer, julgo que, tudo parece indicar que. Substituí-las por palavras afirmativas. Parábola - É um relato que possui sentido próprio, destinado, porém, a sugerir, além desse sentido imediato, uma lição moral. É um tipo de comparação construído em forma de narrativa. Conta-se uma história para se extraírem ensinamentos que possam ilustrar outra situação. No fundo do parabole grego há a idéia de comparação, enigma, curiosidade. As parábolas evangélicas contadas por Jesus são imagens tomadas das realidades terrestres para serem sinais das realidades reveladas por Deus. Elas precisam de uma explicação mais profunda. Peroração - É a conclusão de um discurso. A recapitulação, mediante a qual o orador refresca a memória da audiência. Persuasão - É o emprego de argumentos, legítimos e não legítimos, com o propósito de se conseguir que outros indivíduos adotem certas linhas de conduta, teorias ou crenças. Diz-se também que é a arte de captar as mentes dos homens através das palavras. Preciosismo - Exagero na linguagem, em prejuízo da naturalidade e clareza da frase. Exemplo: Isso é colóquio flácido para acalentar bovino (por Isso é conversa mole pra boi dormir). Pregação - Deveria ser considerada a mais nobre tarefa que existe na terra. Significa a verdade divina através da personalidade ou a verdade de Deus apresentada por uma personalidade, para ir ao encontro das necessidades humanas. Preleção - É o método clássico, onde o orador faz seu discurso diante do auditório. Use-o quando vai dar informação, quando os discípulos já estão interessados e quando o grupo é demasiado grande para empregar outros métodos. Vantagens: Transmissão de grande quantidade de informações em pouco tempo; pode ser empregado com grupos grandes; requer uso de pouco material. Limitações: Impede que o aluno participe contestando; dificulta o poder de retenção; poucos conferencistas são bons oradores. Princípio do diga - Diga a eles o que você vais lhes dizer. Diga a eles. Diga a eles o que você lhes disse. As pessoas lembram melhor o que ouvem no início e no fim do discurso. Faça um sumário do discurso nos dois extremos e os ouvintes, quando forem embora, vão se lembrar de uma boa parte do enchimento. Prova do telefone - Qualquer pessoa que souber utilizar bem um telefone tem geralmente jeito para ser um bom orador. De fato, uma artimanha usada por organizadores ou agentes a quem foi recomendado um orador desconhecido, é telefonar-lhe. Se conseguir despertar o interesse de um estranho - e, sobretudo, de fazer rir é um orador prometedor. Proxêmica - O orador se movimenta no espaço entre ele e o público de modo pertinente. Ora se situa num plano mais elevado ou mais baixo ou no mesmo nível; ou se distancia ou se aproxima com intenções definidas. Raciocínio apodíctico - Do grego apodeiktkós. Possuía o tom da verdade inquestionável. O que se pode verificar aqui é o mais completo dirigismo das idéias; a argumentação é redigida com tal grau de fechamento que não resta ao receptor qualquer dúvida quanto à verdade do emissor. Retórica - No sentido original, a retórica inclui qualquer discurso ou texto escrito eficaz. Modernamente, a retórica implica uma tentativa de persuadir por meio de palavras, faladas ou escritas. Semântica - É o estudo das mudanças que no espaço e no tempo, experimenta a significação das palavras consideradas como sinais das idéias: semasiologia; semiologia. Do grego sêma-tos, sinal, marca, significação. Sinônimos - São palavras de significado aproximado, já que não existe sinônimo perfeito. Solecismo - Qualquer erro de sintaxe: a) De concordância: Fazem anos que não o vejo (por Faz) b) De regência: Esqueceram de mim (por Esqueceram-se de mim).c) De colocação: Não coloque-a na água (por Não a coloque na água). Tautologia - Repetição desnecessária de informações. O mesmo que redundância. Exemplo: Ele detém o monopólio exclusivo dos refrigerantes na Índia. (Na palavra monopólio já existe a idéia de exclusividade). Vícios de linguagem - Uso de palavras ou frases que ferem a língua portuguesa, em regra, colocando erradamente os pronomes ou formando cacófatos.
4. Se eu for falar por dez minutos, eu preciso de uma semana de preparação; se quinze minutos, três dias; se meia-hora, dois dias; se uma hora, estou pronto agora. (Woodrow Wilson).
5. Que órgão maravilhoso o da fala, quando manobrada por um Mestre. (V. Eloqüência, Retórica).
*Verbete extraído do Vade-Mecum do Meio-Dia à Meia-Noite do Ir∴ Ivo João Girardi (Blumenau-SC)
Fonte: JBNews - Informativo nº 274 - 29.05.2011
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