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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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quinta-feira, 28 de março de 2019

ABÓBADA CELESTE

ABÓBADA CELESTE
(republicação)

Em 25.06.2014 o Respeitável Irmão Wolfgang Riedtmann, Coordenador da 12ª Circunscrição – GOB/SC, Loja Luz da Acácia, REAA, Oriente de Jaraguá do Sul, Estado de Santa Catarina, formula a seguinte questão: tw@netuno.com.br

Restauração da Abóbada Celeste. Estamos num processo de restauração da abóbada celeste e queremos aproveitar a oportunidade para atualizá-la. Faço parte de uma comissão formada pela Loja Luz da Acácia e Fraternidade Jaraguaense para a ornamentação do Templo. O nosso ritual fornece um modelo, porém, os anteriores eram diferentes, a pergunta que faço é: por que este é o mais apropriado? Onde está a fundamentação teórica deste modelo? Estou propondo que adotemos a abóbada sugerida pelo Irmão Hiran Luiz Zoccoli (Museu Maçônico Paranaense - Curitiba – Paraná), que defende a utilização do planisfério celeste completo, com todas as constelações. Há alguma objeção quanto a isso? Quanto à adoção deste modelo em detrimento do proposto pelo ritual. Ou qual o modelo ideal a ser proposto para não ficar fora dos ditames do REAA? Caso tenhas um modelo, é possível nos enviar por e-mail.

Considerações:
Se bem compreendida a Arte embasada em um estudo minucioso sobre as particularidades do Templo Maçônico da Moderna Maçonaria verificar-se-á que na realidade a sua decoração e orientação é uniforme em qualquer localidade do mundo, independente dos hemisférios da Terra. Assim, nele se entra pelo Ocidente, onde prevalecem simbolicamente as trevas; à esquerda o Norte com menos Luz, porém mais claro que o Ocidente, e à direita o Sul, mais claro que o Norte.

Essas condições, na realidade, estão relacionadas ao hemisfério Norte, onde o Sul é aparentemente mais claro, já que esse ponto cardeal está mais próximo do equador – no hemisfério Sul, evidentemente ocorre o contrário, com o Norte mais claro pelo mesmo motivo. Entretanto, como a questão é simbólica e a Maçonaria nasceu no hemisfério Norte e visando a padronização, cujo objetivo é o de não confundir literalmente a compreensão do Iniciado, usa-se em todo o hemisfério Sul, e não apenas na Maçonaria brasileira, a mesma orientação do hemisfério Norte, já que a questão é simbólica e o que realmente interessa no caso, é a lição doutrinaria (a senda do Iniciado partindo das trevas até a luz) e não a exatidão geográfica. Repito, a demanda é emblemática, e não como “acham” alguns autores que a inversão da abóbada produza concepção oculta de opinião pessoal ou embasada em ideias anacrônicas.

O que determinados “autores” precisariam entender é que o teto simbolizando a abóbada é obrigatório apenas para mostrar que o Iniciado vem das trevas em direção à luz e a sua relação está com hemisfério Norte em qualquer situação, pois os corpos celestes nela representados aludem ao céu no equinócio em 21 de março, quando o Sol, na sua marcha aparente na eclíptica cruza a linha do equador celeste (zênite) – Primavera no hemisfério Norte.

Nem todos os Ritos decoram a abóbada. Alguns apenas pintam o teto de azul-celeste e ali colocam o Sol e a Lua. Já essa decoração detalhada está mais direcionada ao simbolismo do Rito Escocês Antigo e Aceito.

Da mesma forma a situação relacionada à Primavera no Norte está no começo do ano religioso hebraico, cujo início se dá na lua nova que se segue ao equinócio de março (mês Nissan), enquanto que o ano civil com o Rosh Hashaná (em hebraico literalmente a cabeça do ano) é primeiro dia do mês Tishrei, na lua nova que segue ao equinócio de setembro. Tudo isso tem a sua razão de ser, pois o calendário maçônico mais usado em todo o mundo é o equinocial, bem próximo do calendário religioso hebraico, cujo início se dá em 21 de março (Nissan) - o calendário não se adapta em hipótese alguma conforme o hemisfério, senão sempre aquele relacionado à meia-esfera Norte.

Há ainda no caso do Rito Escocês a senda iniciática percorrida pelo Iniciado que parte da Primavera (constelação de Áries) no topo do Norte na confluência com a parede ocidental, percorre setentrião até a constelação de Virgem, cruza o equador do Templo até a constelação de Libra, passa pelo topo do Sul a partir da confluência com a grade oriental e se encerra no extremo do Ocidente na constelação de Peixes. Essa trajetória alude ao Iniciado e os quatro ciclos da Natureza representados pelos alinhamentos com as constelações correspondentes representadas pelas doze Colunas Zodiacais.

Os cultos solares da antiguidade, base de quase todas as religiões sempre tiveram o Sul como Meio-Dia e a volta do Sol do Sul para o hemisfério Norte – Natalis Invicti Solis e Igne Natura Renovatur Integra. Embora a Maçonaria não seja uma religião as mensagens doutrinárias relativas ao aperfeiçoamento humano não deixariam de sofrer essa influência como método de ética e moral – ecletismo maçônico.

Agora, imagine inverter todo esse corolário alegórico em nome de se coincidir com o hemisfério? O Meio-Dia então passaria para o Norte quando universalmente ele é uma espécie de sinônimo do Sul? Com a primavera no Sul o Iniciado então partiria da grade do Oriente (Libra) para a parede Ocidental? E porta do Templo por onde o Candidato passa quando sai da Câmara de Reflexão. Ela não está no Ocidente? Como se colocaria essa porta se a situação ficasse invertida? No Oriente?

Quanto as suas questões: O nosso ritual fornece um modelo, porém, os anteriores eram diferentes, a pergunta que faço é: por que este é o mais apropriado? Onde está a fundamentação teórica deste modelo?

O que se apresenta no Ritual em vigência obedece à evolução dos rituais simbólicos na França do Rito Escocês a partir de 1.804 durante todo o século XIX e se fundamenta nessa particularidade. Quanto a sua teoria doutrinária está resumida no conteúdo acima.

Estou propondo que adotemos a abóbada sugerida pelo Irmão Hiran Luiz Zoccoli (Museu Maçônico Paranaense - Curitiba – Paraná), que defende a utilização do planisfério celeste completo, com todas as constelações. Há alguma objeção quanto a isso? Quanto à adoção deste modelo em detrimento do proposto pelo ritual. Ou qual o modelo ideal a ser proposto para não ficar fora dos ditames do REAA? Caso tenhas um modelo, é possível nos enviar por e-mail.

A proposta do Zoccoli, além de atender apenas a sua própria opinião, não vem referendada pelo Grande Oriente do Brasil, cuja orientação é exatamente aquela exarada na página 26 do Ritual de Aprendiz, REAA, 2009, em vigência. Mesmo que até possam aparecer outros rituais anteriores, anacrônicos e ultrapassados do GOB estes não podem ser considerados como elementos primários de pesquisa. O que fundamenta a disposição decorativa da abóbada é o arcabouço doutrinário do Rito em questão, nunca opiniões pessoais. Ainda nesse tópico, na indicação do Ritual em vigência existe apenas um equívoco: próximo à Saturno, junto à parede Sul, existe uma pequena estrela vermelha. Esta é inexistente e provavelmente quiseram representar a Estrela Flamejante. Essa estrela não faz parte da decoração astronômica a abóbada, senão “pendente do teto” (página 15) como especifica o Ritual como um símbolo intermediário (entre o Sol e a Lua), cuja simbologia e alegoria são inerentes ao Grau de Companheiro.

Assim a proposta que o Irmão se refere não encontra guarida regular no GOB. Nesse sentido há objeção. Prevalece o que exara o Ritual citado em vigor.

Estou lhe enviando anexo com um Instrucional Maçônico relativo ao Templo e a Abóbada Celeste que elaborei para o Grande Oriente do Brasil, cujo conteúdo esclarece bastante essa disposição, além de indicação de bibliografia. Espero que lhe seja realmente útil.

Finalizando, recomendo: atentar primeiro para o anacronismo de certas propostas que ainda têm às vezes povoado os escritos maçônicos. Segundo atentar para a origem dessas ilações alienígenas questionando-as quanto à regularidade do autor perante as Obediências Brasileiras – GOB, COMAB, CSMB. Por fim: cuidado com as carcaças de dinossauros. Parafraseando o Respeitável Mestre Antonio do Carmo Ferreira quando cita Goethe: “(...) eliminar esses brutamontes não me parece muito difícil, entretanto, remover os seus restos mortais...”.

T.F.A. 
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.495 Juiz de Fora (MG) – sábado, 18 de outubro de 2014.

Um comentário:

  1. O COMENTÁRIO-RESPOSTA está no link baixo.

    http://www.museumaconicoparanaense.com/Carta%20aberta%20ao%20Ir.'.%20PEDRO%20JUK%20e%20leitores%20do%20JB%20News%20n.%201495.docx
    Hiran Luiz Zoccoli - Curitiba - Paraná

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