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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

HERMENÊUTICA JURÍDICA

Ir∴ José Julberto Meira Júnior – M∴M∴
ARLS∴ “21 de Abril”, nº 82 (GOP/COMAB)
(Texto publicado no Jornal Maçônico “L.D.P.” – Liberdade de Pensamento - Edição no 12 – fevereiro/2011)

Os IIr∴ médicos e os profissionais da área certamente acorrerão em socorro dos que pouco ou nada conhecem acerca do chamado mal de Alzheimer, doença de Alzheimer, ou ainda, simplesmente Alzheimer, que em apertada síntese é uma forma comum de demência. É uma doença degenerativa incurável e letal de momento, tendo sido descrita pela primeira vez em 1906 pelo psiquiatra alemão Alois Alzheimer, de quem herdou o nome.

Segundo a rápida pesquisa que fizemos acerca do tema, cada paciente de Alzheimer sofre a doença de forma única, mas existem pontos em comum, e o sintoma primário mais comum é a perda de memória. Com o avançar da doença vão aparecendo novos sintomas como confusão, irritabilidade e agressividade, alterações de humor, falhas na linguagem, perda de memória a longo prazo e o paciente começa a desligar-se da realidade.

A esta altura dos acontecimentos, partindo-se da premissa de que esta coluna trata de temas atinentes à hermenêutica maçônica, o leitor mais atento deve estar se perguntando o que, em sã consciência, tem em comum o mal de Alzheimer como o tema interpretação aqui abordado.

E com razão! Afinal, numa primeira análise, não há nexo causal entre um tema e outro se olharmos apenas e tão somente o assunto sob a ótica científica e esquecermos que a maçonaria é recheada de símbolos.

Com o surgimento da Maçonaria no século XVIII, na Inglaterra, ressurgiu também uma releitura dos simbolismos religiosos que se encontravam deturpados pela ignorância eclesiástica medieval. Os maçons especulativos começaram a estudar os simbolismos religiosos e iniciáticos, dando origem a simbologia mística, dos maçons operativos, alquímicos e outros símbolos tradicionais. Foram incluídos, também, os símbolos de significado particular, como é o caso da Romã, Cadeia de União, a letra G, Acácia, Pelicano, etc.

De tudo o que já vimos em termos de literatura maçônica, são inúmeros os símbolos maçônicos, porém alguns se destacam pelo seu constante uso e conhecimento entre os maçons. Também, de tudo o que já vimos em nossos comentários anteriores acerca da hermenêutica maçônica que objetiva a busca do verdadeiro significado dos sinais, podemos nos valer de métodos (no sentido de caminho mesmo) para obtermos resultados pretendidos por este sistema de moral que é a nossa arte real, e que, assim é, porque pretende acrescentar algo de valioso ao nosso edifício moral.

Dessa forma, valho-me da analogia e do decantado direito ao exercício da criatividade para juntar coisas aparentemente díspares como a preocupação, traduzida em nossos juramentos, de “levantar templos à virtude e cavar masmorras aos vícios“ com uma doença secular que nos permitiu cunhar uma expressão de puro neologismo, ou seja, o “Alzheimer Maçônico”, que muito tem contribuído para que o número de irmãos que conseguem apreender o que está à nossa disposição seja cada vez menor, e, em linha diretamente oposta, porque o número de adormecidos aumenta a olhos nus, fazendo corar de inveja o autor da fabula da Bela Adormecida, pois se ao adentrarmos para a Ordem, somos escolhidos dentre muitos, tendo sobre nós a chancela de “livres e de bons costumes”, ouso dizer que somos pedras belas (em estado bruto evidentemente) e, cada vez mais, em estado letárgico, o que não condiz com nossas tradições e compromissos assumidos.

Ao nos tornarmos maçons, assumimos o compromisso de incentivar a virtude e combater nossos vícios, mas depois de aprendermos o significado do maço e do cinzel quando aprendizes, vamos aos poucos – talvez pela idade, pelo estresse, ou coisa que o valha – esquecendo-nos de que este é um trabalho de uma vida inteira e que deve resultar em evolução constante, mesmo daqueles que insistem em mostrar as suas condecorações maçônicas e seus brilhosos aventais dos graus superiores, de cargos ou de funções nas respectivas potências, fazendo corar o próprio Grande Arquiteto pelo brilho excessivo que a vaidade produz.

À medida em que os anos passam e os graus nos chegam, tendo em vista não voltarmos constantemente às nossas origens, começamos, paulatinamente, a esquecer que já fomos aprendizes um dia, e, quando menos percebemos, continuamos nossa caminhada deixando no espaço percorrido inúmeros compromissos com a Ordem, com nossos IIr∴, com a sociedade, com nosso País e com a humanidade a ponto de não mais lembrarmos, pela idade avançada, inclusive a maçônica, o que viemos fazer em nossas oficinas.

Esta indesejável doença do esquecimento que deixamos brotar porque não compreendemos e não desejamos compreender o grande objetivo da Arte Real, cresceu a ponto de esquecermos o mais sagrado dos compromissos, aquele que fizemos como nosso eu interior, permitindo que, silenciosamente, evolua e cresça em nossos corações e mentes privilegiadas o que chamamos de Alzheimer Maçônico e que se explica simbolicamente no exercício da metáfora.

A fim de nos prevenirmos desse mal do período especulativo, ainda em analogia à medicina, e, conforme nossas pesquisas, a prevenção possível aqui, diferente da doença real, é mais eficaz, pois todos os estudos de medidas para prevenir ou atrasar os efeitos do Alzheimer (referindo-nos agora à doença) são frequentemente infrutíferas.

Hoje em dia não parece existir provas para acreditar que qualquer medida de prevenção é definitivamente bem sucedida contra o Alzheimer enquanto doença, mas enquanto sintoma de abandono de nossas crenças e compromissos, diferentemente daquele, o Alzheimer Maçônico pode ser combatido freqüentando nossos trabalhos, estudando maçonaria e, principalmente, praticando, mesmo que lentamente, nossos ensinamentos pois, quando menos esperarmos, estaremos fazendo a diferença para um mundo melhor e caminhando, tal qual Mercúrio entre os Planetas, em direção à verdadeira luz.

O mal do esquecimento maçônico é perfeitamente tratável, permitindo-se com o esforço esperado do verdadeiro maçom, não só o seu retardamento, mas também a sua regressão absoluta, pois o investimento nestas práticas – que resultam em mero cumprimento de nossos juramentos – é a retomada do comprometimento por meio de gestos, palavras e ações produzirá um resultado cartesiano, que é a nossa natural evolução.

Por derradeiro, não se encerrando a discussão, sabemos que não se muda a instituição, mas sim o homem que a compõe. Por isso, ainda no exercício livre da analogia à medicina, há uma máxima na medicina que diz que uma doença pode ser intratável, mas o paciente não.

Fonte: JBNews - Informativo nº 197 - 12/03/2011

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