(republicação)
Questão que faz o Respeitável
Irmão Nelson Carlos Sabel, Mestre Maçom da Loja Fraternidade e Justiça, 70,
REAA, Grande Loja de Santa Catarina, Oriente de Blumenau, Estado de Santa
Catarina.
nelson@saxonia.com.br
Inicialmente, meus cumprimentos
pelo seu amplo conhecimento de Maçonaria e pela forma didática e profunda com
que o expõe e esclarece àqueles que formulam suas dúvidas.
Há muitas dúvidas sobre a
Egrégora dos Irmãos para adentrar no Templo para iniciar os Trabalhos
Maçônicos. Gostaria de saber a ordem de posicionamento de entrada no Templo,
bem como a ordem de saída após o término dos trabalhos, considerando, para
isto, o Grau e o Cargo exercido pelo Obreiro. Por favor, esta minha dúvida
refere-se ao Rito Escocês Antigo e Aceito da Grande Loja de Santa Catarina.
RESPOSTA:
Em linhas gerais existem três
principais correntes na Moderna Maçonaria – a autêntica, a mística e a oculta.
Nessa linha de raciocínio a
partir do século XVIII diversas manifestações do pensamento humano passaram a
tomar parte da Sublime Instituição através dos conhecidos ritos maçônicos.
Na pura Maçonaria, ou Maçonaria
Operativa, esses conceitos místicos e ocultos não possuíam guarida salvo as
opiniões da religião-estado da época vastamente divulgada pela Igreja Católica
(teísmo).
Já no primeiro quartel dos anos
mil e setecentos, após ter a Maçonaria passada pela transição
operativo-especulativa (documentalmente em 1.600), surgiria a Primeira Grande
Loja em Londres (1.717) que inauguraria o primeiro sistema obediencial no
mundo.
Basicamente a partir daí duas
vertentes maçônicas se firmariam e dariam um norte para o sistema doutrinário
especulativo maçônico. Um deles o inglês e o outro o francês.
A Maçonaria Inglesa procurou
manter ao longo dos anos a tradição antiga, mesmo eivada de certa religiosidade
haurida dos canteiros medievais.
Por outro lado, a Francesa
absorveu características em alguns dos seus ritos um cunho místico e às vezes
oculto, embora o florescimento dessa maçonaria esteja em grande parte ligada ao
século das luzes e mais particularmente ao deísmo.
No desenrolar da história da
Maçonaria Especulativa, sobretudo em solo francês, místicos, ocultistas,
herméticos (do Hermetismo), cabalistas, pitagóricos, rosa-cruzes, dentre
outros, viriam povoar com as suas ideias as lides maçônicas por conta de
inúmeros ritos praticados e a propalada liberdade de pensamento e expressão.
É bem verdade que a grande
maioria desses ritos é inexistente na atualidade, não obstante muitos desses
costumes ainda prevalecerem por certa enxertia e o achar bonito.
Por conta dessas inserções é que
viriam aparecer os cursos ocultistas e místicos ao bom gosto daqueles que os
têm por regra e crendice.
Já a corrente autêntica não leva
em conta essas afirmativas, senão aquelas reveladas pela prova documental e
acadêmica.
Dadas essas considerações esse
conceito de “egrégora” é encontrado na maçonaria acrescentado pelos ocultistas
que, segundo eles, se traduzem como imagens astrais, ou entidades ocultas
resultante da força de pensamento grupal.
Dentre outras explicações inerentes
do ocultismo essa coletividade de pensamento reunida em um local emite fortes
vibrações, cujo resultado é o de que um ser ganhará vida, ficando animado de
uma força boa ou má conforme o gênero dos pensamentos enunciados.
Em uma análise mais profunda, não
encontramos essas dissertações na Maçonaria autêntica, ficando esses conceitos
mais de cunho pessoal e não universalmente aceitos.
Independente da Obediência em que
se pratique o Rito Escocês Antigo e Aceito, fato que se apresenta às vezes com
sutis diferenças e em outras com visível contradição, a história do rito em
questão, considerada a sua pureza, está muito longe, no meu entender, de
assumir facetas ocultistas, muito embora alguns autores queiram assim
considerar evocando, por exemplo, a similaridade da disposição das Luzes,
Dignidades e Oficiais com a árvore da vida, com o Adam Cadmon da cabala
(tradição hebraica), etc.
Ainda outros fazem a presunção de
um elo oculto com o acendimento das luzes, evocações astrais, magnetismo das
espadas, ordem de entrada e saída do Templo, etc., etc.
Como faço parte da corrente
autêntica, respeito essas posições, todavia longe está a minha concordância
pela falta de compreensão.
Acredito-me que pela história da
nossa Ordem, há o império primaz da razão e a grande arte está em se conviver
com Irmãos de todos os credos em perfeita harmonia, desde que para tal não haja
o proselitismo doutrinário desta ou daquela crença, dessa ou daquela religião,
posto que o maior objetivo na Sublime Instituição seja aquela de construir um
Templo à Virtude dentro de um canteiro simbólico (Loja), cuja boa geometria
esteja em que cada um procure o consolo na sua crença e religião de forma
velada e particular, trazendo para dentro da Oficina o amor, à vontade e a
inteligência para que os maçons irmanados ponham em exercício a salutar prática
da virtude.
Finalizando, devo salientar que
não estou desprezando qualquer corrente de pensamento na Maçonaria, a despeito
de que a minha visão tem sido nos meus vinte e cinco anos de pesquisa apontada
para a autenticidade.
Ser autêntico não é o mesmo que
ser um herético, ou mesmo um agnóstico. Da mesma forma também não é do meu
feitio me insurgir contra esse ou aquele ritual legalmente aprovado.
Interpretá-los talvez seja o “x” da questão.
Assim pelo meu modesto
conhecimento, peço desculpas por não ter lhe fornecido uma resposta ampla,
objetiva e talvez satisfatória, razão pela qual, como já foi dito
anteriormente, eu não domino a área do ocultismo.
T.F.A.
PEDRO JUK -
jukrm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr.
400 Florianópolis (SC) 05 de outubro de 2011
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