O “CONHECE-TE A TI MESMO” NUNCA ESTEVE TÃO PERTO DE NÓS
Autor: Tiago Valenciano.
Todas as vezes que o VM em conjunto com sua equipe de oficiais abre a loja, atentamo-nos para um preâmbulo que está no ritual, intitulado “Reflexão sobre os princípios da Maçonaria” ou dos princípios do GOP, do modo contido no ritual. Ali, naquela pequena fala dita pelo VM, relembramos os motivos que aceitamos ingressar na maçonaria e quais são os objetivos da instituição, levando-nos a refletir o porquê participamos da ordem.
Esclarecedor e direto – assim como todo o Rito Francês, esta reflexão inicial nos leva a pensar sobre a missão da maçonaria. Porém, há uma expressão que pode passar sem a devida percepção de sua importância: “Considerando as concepções metafísicas como sendo de domínio exclusivo da apreciação individual de seus membros, ela se recusa a toda afirmação dogmática”. O que isso de fato significa?
As concepções metafísicas de que o rito trata pode ser explicada pela raiz da palavra metafísica, que vem de meta (depois de) e physis(natureza). A metafísica é uma das disciplinais mais importantes da filosofia, dedicando-se ao estudo do ser e de como se relaciona com as demais coisas. William James definiu a metafísica como “apenas um esforço extraordinariamente obstinado para pensar com clareza”.
Ora, então a expressão significa que temos que pensar com clareza para investigar a verdade das coisas, o porquê os fenômenos acontecem, como explicar temas importantes como: o nascimento, a morte, a vida terrena ou eterna, se há uma força suprema (Deus ou o GADU, por exemplo), enfim, a razão do mundo ser assim.
Para isso, há outro detalhe fundamental: definir as concepções metafísicas deve ser algo de domínio individual, isto é, nós mesmos é que devemos investigar os problemas que nos circundam para então conceber a nossa verdade. Este processo é assemelhado à construção básica do conhecimento que experimentamos desde o ingresso na escola: o professor dá os caminhos, o aluno estuda em casa e, se existem dúvidas, há a discussão entre as partes, concebendo a verdade sobre determinado fato ou questão, por exemplo.
No momento em que temos o nosso saber (constituído de maneira individual), nos recusamos ao mesmo tempo às afirmações dogmáticas. Sim, ambas as questões estão ligadas: se nos recusamos a ter uma verdade dita por alguém, que deve ser produto de nossa busca, de nossa investigação, devemos ser livres para recusar qualquer dogma. Ora, esta afirmação faz todo sentido quando ouvimos a expressão “livres e de bons costumes”.
O “Conhece-te a ti mesmo”, consagrado por Delfos e inscrita no pronaos do Templo de Apolo em Delfos está mais que contemplado nesta fala do ritual. O objetivo deste trabalho era justamente este: demonstrar como o aperfeiçoamento pessoal (tanto pelo intelecto quanto pela moral) é tratado no Ritual de Aprendiz do Rito Francês. Vale para nós perseguir esta reflexão, sempre lembrando de que devemos recusar dogmas e investigar a verdade, pagando o preço que for necessário para ter o direito de defendê-la.
Referências Bibliográficas
GRANDE ORIENTE DO PARANÁ. Ritual de Aprendiz do Rito Francês. Curitiba-PR: GOP, 2012.
Taylor, Richard. Metafísica,.Rio de Janeiro: Zahar, 1969, p. 13-17.
Fonte: pavimentomosaico.wordpress.com
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