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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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quinta-feira, 10 de setembro de 2020

DIA DO MAÇOM

DIA DO MAÇOM
(republicação)

Em 23/02/2016 o Respeitável Irmão Nilson Martins de Campos, Loja Obreiros da Liberdade, 2482, REAA, GOB-PR, Oriente de São Mateus do Sul, Estado do Paraná, formula a seguinte questão:
darkzorro@bol.com.br

Meu Irmão gostaria de informações sobre 22.02 - Dia Internacional do Maçom e 20.8 - Dia do Maçom. O que comemoramos?

CONSIDERAÇÕES:

1 – Dia Internacional do Maçom instituído em data de 22 de fevereiro por ocasião da Reunião Anual dos Grãos-Mestres das Grandes Lojas da América do Norte (Canadá, México e Estados Unidos) realizada nos dias 20, 21 e 22 de fevereiro do ano de 1994, quando o Grão- Mestre da Grande Loja Regular de Portugal, Irmão Fernando Paes Coelho Teixeira, sugeriu que no dia 22 de fevereiro fosse comemorado o Dia Internacional do Maçom em homenagem à data de nascimento de George Washington.

Por ocasião dessa reunião, que teve a presença, dentre outros, da Grande Loja Unida da Inglaterra, da Grande Loja Nacional Francesa, do Grande Oriente da Itália, da Grande Loja das Filipinas, Grande Loja Regular da Grécia, de Portugal, inclusive do Grande Oriente do Brasil pelo seu Grão-Mestre, saudoso Irmão Francisco Murilo Pinto, ao encerramento da assembleia, houve a concordância de que ficasse estabelecido, a partir daí, o Dia Internacional do Maçom a 22 de fevereiro homenageando assim o Irmão George Washington, fato que seria então comemorado por todas as Obediências Regulares.

Resumo histórico do homenageado – nascido em 1732, em Bridges, na Virginia, Estados Unidos da América do Norte, foi iniciado na Maçonaria no dia 04 de novembro de 1752 na Loja Fredericksburg, no 04, estado da Virginia. No ano de 1.753 foi elevado ao Grau de Companheiro e em 04 de agosto de 1.754 ao Grau de Mestre.

Em abril de 1.789, tornou-se o primeiro presidente norte-americano, quando na oportunidade, na intenção de prestar homenagem à Maçonaria, prestou seu juramento constitucional sobre a Bíblia da Loja Alexandria, na qual era à época Venerável Mestre. Lutou pela Independência dos Estados Unidos sustentando principalmente os ideais de liberdade para o povo. Foi ferrenho defensor da democracia e dos interesses da população. Veio a falecer na sua casa em 14 de dezembro de 1.799 e teve o seu sepultamento realizado no dia 18, cuja celebração fúnebre Maçônica foi realizada pelo Reverendo James Muir e pelo Venerável Mestre Elisha C. Dick, ambos, Irmãos do quadro da Loja Alexandria.

2 – Dia do Maçom no Brasil. Comemorado pela Maçonaria brasileira em 20 de agosto, infelizmente não se pode dizer a mesma coisa, pois ao contrário do Dia Internacional do Maçom que tem uma data justificável, a data brasileira foi construída sobre um equívoco histórico por uma falsa interpretação de data, o que aos olhos da razão, pode-se dizer com certeza que no dia 20 de agosto não aconteceu absolutamente nada nesse sentido.

O produto desse erro crasso histórico está quando em 1.956 o Irmão Osvaldo Teixeira da Loja Acácia Itajaiense, propôs à sua Loja para transformar o dia 20 de agosto como Dia do Maçom, pois, segundo ele, havia na época a convicção de que naquele dia no ano de 1.822, os maçons haviam proclamado a Independência do Brasil dentro do GOB. Esse é um equívoco que está hoje academicamente provado, pois o fato nunca aconteceu.

É falsa essa presunção, já que nesse dia nunca houve qualquer reunião no Grande Oriente do Brasil por maçons do Rio de Janeiro e muito menos que tenham proclamado a Independência antes do Irmão D. Pedro I.

Pois bem, a Loja de Itajaí acabou aceitando a proposta do Irmão Osvaldo e levou a dita para uma reunião da Grande Loja de Santa Catarina onde também teve o seu conteúdo aprovado. Assim, a Grande Loja catarinense levou adiante o embuste como fosse ela uma proposição sua até a V Mesa Redonda realizada em Belém do Pará de 17 a 22 de junho de 1.957.

Em assembleia a proposição seria aprovada o que a tornou obrigatória para todas as Grandes Lojas brasileiras como comemoração do Dia do Maçom, justificando-se enganosamente o fato porque durante a pretensa Sessão de 20 de agosto, sob a presidência de Joaquim Gonçalves Ledo, teria sido proclamada a Independência do nosso País - isso pode ser constatado nas súmulas das Mesas Redondas, Assembleias e Conferências da CMSB de 1987, dela à página 23, item 3, das Conclusões.

Desse modo essa prática paulatinamente acabaria por se enraizar como um todo na Maçonaria brasileira influenciando o Grande Oriente do Brasil e posteriormente as Lojas da COMAB.

Assim a balela do dia 20 de Agosto como Dia do Maçom se consolidaria em um erro histórico como fosse ele o verdadeiro dia da Independência do Brasil em uma Loja Maçônica que, curiosamente na verificação de documentos primários, descobre-se que nesse dia nunca houve sessão no GOB.

Toda essa miscelânea é graças a um erro de interpretação do Visconde do Rio Branco (José Maria Paranhos), em notas de Varnhagem, que seria divulgado posteriormente por compiladores, cujas controvérsias atingiriam também a data da própria fundação do Grande Oriente do Brasil, da Iniciação do príncipe regente e, principalmente, uma possível declaração de Independência havida no dia 20 de agosto de 1.822, quando nesse dia, repito, nem sequer houve Sessão no GOB.

Para se entender esse mistifório é preciso se considerar o fato de a ata de fundação da Obediência consignar o 28o dia do 3o mês maçônico, o qual para o Visconde e para os que o copiaram seria dia 28 de maio, já que segundo eles, o ano maçônico iniciava-se no dia 1o de março. Entretanto houve o engano de não se ter considerado que o calendário da época usado pelo GOB, quando da sua fundação, era muito próximo do calendário religioso hebraico, ou mesmo um calendário equinocial, que inicia o ano da Verdadeira Luz não no dia 1o de março, porém no dia 21 de março (equinócio) - deixo a recomendação para melhor entendimento do tema, que se estude o funcionamento do calendário religioso hebraico, cujos meses são lunares, de 29 ou 30 dias, dependendo da visibilidade da Lua Nova.

A despeito disso é que geralmente os calendários maçônicos seguem muito de perto essa contagem de tempo equinocial, iniciando o ano em março e acrescentando a constante de 4.000 ao ano da era cristã para obter o Ano da Verdadeira Luz (Ano Lucis).

É bem verdade que alguns Ritos, como é o caso do Rito Francês, ou Moderno, começam o ano no dia 1º de março, enquanto que outros mais próximos ao ano hebraico, ou equinocial, iniciam-no em 21 de março.

É por essa ilharga que deve ser levada a consideração histórica, já que em 1.822 o Grande Oriente e as Lojas existentes utilizavam o calendário, cujo ano iniciava-se em 21 de março, o que faz com que o 28º dia do 3º mês maçônico do ano de 5.822 da Verdadeira Luz, seja no calendário gregoriano o dia 17 de junho de 1.822 (data da fundação do GOB), pois o 3º mês começa dia 21 de maio e não no dia 1º desse mês. Do mesmo modo há que se considerar também o dia da Iniciação do Príncipe D. Pedro I que foi segundo o calendário maçônico no 13º dia do 5º mês, o que era nada mais do que o dia 2 de agosto (calendário gregoriano), já que o 5º mês inicia-se no dia 21 de julho.

Assim, o mesmo raciocínio se aplica para a ata datada do 20º dia do 6º mês maçônico que corresponde ao dia 9 de setembro, pois o 6º mês maçônico era o dia 9 de setembro, já que o 6º mês tinha início no dia 21 de agosto.

No calendário religioso hebraico o ano se inicia no dia 21 de março e tem o seu término em 20 de fevereiro do ano seguinte.

Foi a partir desse equívoco que Rio Branco gerou o erro histórico, ao considerar que os meses maçônicos começavam no dia 1º e não no dia 21, o que dava na soma dos equívocos uma diferença de vinte ou vinte e um dias.

É fato que Ledo, como 1º Grande Vigilante, da sua cátedra na Loja, exigiu a libertação da Pátria, entretanto esse dia foi 9 de setembro de 1.822 e não 20 de agosto, levando-se em conta ainda que D. Pedro já havia proclamado em São Paulo, às margens do Riacho Ipiranga, a Independência do Brasil no dia 7 de setembro de 1.822 (é fato também que num Brasil colonial, a notícia não havia ainda chegado ao Rio de Janeiro até dia 9 de setembro).

Foi dessa falsa interpretação criada por José Maria Paranhos (Visconde do Rio Branco) que muitos escritores e compiladores, tendenciosos ou não, acabaria espalhando essa mentira histórica como fato autêntico ainda no Século XIX e que seria proposta bem mais tarde como um acontecimento inverídico relacionado a uma data em que nada aconteceu. Em síntese, no dia 20 de agosto não houve nenhuma Sessão no GOB, senão no dia 9 de setembro quando dois dias já haviam se passado da proclamação da Independência do Brasil.

Infelizmente, apesar de todas as provas angariadas por autênticos escritores, pesquisadores e historiadores, nossas autoridades ainda as consideram como folhas ao vento, dissimulando a cada ano que passa essa “balela de 20 de Agosto” como comemoração do Dia do Maçom.

Sugiro que o Irmão pesquise arrazoados da lauda de Francisco de Assis Carvalho, Hercule Spoladore, Kurt Prober, Raimundo Francisco Xavier, José Castellani, João Alves da Silva, dentre outros. Existe um condensado em forma de um caderno de bolso datado de junho de 1.994 denominado “20 de Agosto – Dia do Maçom” - Editora Maçônica A Trolha que traz em seu conteúdo um trato confiável sobre o assunto creditado a esses escritores mencionados. Veja também as “Atas de Ouro do Grande Oriente do Brasil”, todas contemporâneas à fundação do Grande Oriente Brasílico, mais tarde, “do Brasil”.

T.F.A. 
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 2.167 – Florianópolis (SC) – quarta-feira, 7 de setembro de 2016

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