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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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sexta-feira, 11 de setembro de 2020

DÚVIDAS NO RITUAL DE COMPANHEIRO

DÚVIDAS NO RITUAL DE COMPANHEIRO
(republicação)

Em 06/07/2016 o Respeitável Irmão Norbert Adolf Heinze, Loja Cavaleiros da Paz, 154, REAA, Grande Oriente do Paraná (COMAB), Oriente de Curitiba, se referindo a um trecho do Ritual de Companheiro, formula a seguinte questão:

Venho acompanhando com muito interesse suas colocações no boletim JB News. Tive a oportunidade de assisti-lo no último SEMAC no GOP em Curitiba, em 2015. Tenho uma dúvida (entre várias), que até o momento, não me convenci das respostas recebidas: No Ritual de Comp∴, na Sessão Magna de Elevação: “O Delta, que vedes tão resplandecente de luz vos oferece duas grandes verdades e duas ideias sublimes. -”
Quais as duas grandes verdades?
Quais as duas ideias sublimes?

Texto – (...) O Delta que vedes tão resplandecente de luz vos oferece duas grandes verdades e duas ideias sublimes. – Vedes a representação de Deus, que é a fonte de todos os conhecimentos humanos: ele se explica, simbolicamente, pela Geometria. Essa ciência tem por base essencial, o estudo aprofundado das aplicações infinitas do triângulo sobre o seu verdadeiro emblema. Todas essas verdades gradualmente se desenvolverão aos vossos olhos à medida dos progressos que fizerdes em nossa Subl∴Ord∴.

CONSIDERAÇÕES:

Sob o ponto de vista maçônico, a definição mais conhecida por “Verdade” é aquela que a determina como a expressão fiel de tudo aquilo que é; que foi e que será; respeitando as Leis da transformação e da renovação. É a tradução da coisa verdadeira ou certa, embora não se possa considera-la como patrimônio exclusivo do filósofo, porém como convicções e pontos de vista daqueles que a definem. Assim, o que é verdadeiro para alguns, pode não ser para outros.

No que concerne ao Delta na Maçonaria, o termo “Verdade” se define como a representação de Deus, seja de concepção teísta ou deísta.

Assim uma grande Verdade na Maçonaria é, nesse caso, a propriedade geométrica do Triângulo Equilátero como ideia e alegoria da divindade. Em primeira análise a figura do Delta simboliza os ternários (primeira figura geométrica plana) ou as tríades divinas, cujos conceitos têm sido comuns às antigas civilizações, bem como também à maioria das religiões.

A particularidade do Delta como figura neutra pela igualdade dos seus lados representa o perfeito equilíbrio entre os aspectos da divindade, pois quando ele tem o ápice voltado para cima, simboliza as qualidades espirituais e, quando com o ápice voltado para baixo, as qualidades materiais – em tese é a integração do espírito e da matéria.

Na Maçonaria a compreensão do Delta o faz ser um dos principais símbolos, sendo chamado de Radiante, ou Luminoso como atributo da Luz e a divindade. Assim ele se localiza no Oriente, ao alto e centro do Retábulo como figura distinta e visível a todos, podendo ter ao centro a figura de um olho esquerdo (concepção deísta) ou as letras do Tetragrama hebraico (concepção teísta) que sugere o nome de Deus (Iôd, Hé, Vav, Hé), ou ainda só a primeira letra (Iôd). Em síntese essa verdade traduz a presença de Deus e a sua qualificação conforme o credo de cada um. Em tese, segundo o que menciona o Ritual, essa é a primeira “Verdade” – entender a presença de Deus ao seu modo e respeitando as convicções alheias.

Assim, o Delta Radiante como representação de Deus oferece outra grande “Verdade” que é aquela relativa aos atributos do Criador como a fonte do saber humano. Nessa óptica, Deus é o Ser superior aos homens e aos espíritos. Para a filosofia religiosa monoteísta Deus é o princípio único e supremo do Universo. É o fundamento de todas as existências, atividades e valores.

Para a Maçonaria, cujos ritos são em sua maioria esmagadora de concepção teísta e deísta, sem conotação de ser uma religião, porém de existência religiosa, cultua a Deus e a Ele invoca sua proteção e auxílio para os trabalhos maçônicos. Assim, Deus para os maçons, independente da religião de cada um, de modo conciliatório, é o Grande Arquiteto do Universo, porque Ele construiu o Universo e tudo o que nele contém.

Essa então é a outra “grande Verdade”. A primeira é o Delta que representa o Arquiteto Criador, enquanto que a segunda é o que Ele (o Criador) representa para o maçom.

No que diz respeito aos ideais sublimes (não deve ser a ideia, a imagem) como síntese de tudo que aspiramos e de perfeição que concebemos, o primeiro ideal é representado pela Geometria e sua aplicação. Considerada como símbolo maçônico do construtor, a Geometria, ou a Quinta Ciência, de cujos atributos o maçom se faz dela valer para edificar a Obra perfeita e duradoura, tem sido um ideal (objetivo) que está presente desde os catecismos antigos da Maçonaria inglesa, onde se lê: “Por que vos fizeste receber como Companheiro Maçom?” – “Pela letra G.” – “O que significa essa letra?” – “Geometria, ou a Quinta Ciência”.

A Geometria, como ciência, foi criada pelos egípcios com objetivo de medir as terras férteis do Delta do Rio Nilo. Os filósofos gregos, observando a beleza e a precisão dos seus princípios, mais tarde levariam a arte da Geometria à Grécia lhe dando um conceito filosófico da Ordem, Harmonia e Equilíbrio do Universo, concepção essa relacionada ao Grande Geômetra do Universo.

É nesse sentido que o Companheiro busca os ideais sublimes de aplicar a Quinta Ciência (Geometria) na Arte de Construir, cujo mérito está na ação e no trabalho. Em síntese é o ideal de Elevar a Obra pelo método da Geometria e ao seu final contemplá-la na certeza de ter aplicado suas atitudes durante a vida de acordo com as exigências da Arte - que seus exemplos permaneçam imortais para sempre na mente dos pósteros.

Verdade, Geometria e Criatura se geminam no resumo da vida, já que todos são produtos do Criador.
Concluindo, as “grandes Verdades” estão para o Companheiro na percepção da representatividade do Delta e os seus atributos, pois deles dependem os sublimes ideais. Primeiro o de aplicar a Geometria na elevação da Obra da Vida (ao meio-dia); segundo, o de deixa-la como exemplo aos pósteros, pois eis que irremediavelmente se aproximará o tempo em que ele dirá: “essa idade não me agrada” (meia-noite).

T.F.A. 
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 2.169 – Florianópolis (SC) – sexta-feira, 9 de setembro de 2016

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