Em 23/03/2024 o Respeitável Irmão Miko Orormim, Loja Obreros 13, REAA, Grande Oriente do Uruguai, Oriente de Montevidéu, Uruguai, apresenta o que segue:
LUMINÁRIAS TERRESTRES E LUZES LITÚRGICAS
Olá querido Irmão Pedro. Sou um admirador de vossas conferencias. Tenho algumas dúvidas sobre o REAA:
1) Qual é o lado correto do Sol e da Lua no templo em relação ao Venerável Mestre? Tenho visto templos com duas versões.
2) Esta e mais difícil, so no Uruguai, a Gran Logia de la Masoneria de Uruguay, trabalhando no REAA não utiliza as três luzes no centro do templo, as três colunas[PJ1] . Põe o altar no Oriente com a Bíblia, Compasso, Esquadro, quadro do grau, porque pode ter essa variação de não usar as três colunas?
Influência da Inglaterra sobre um Rito Frances?
CONSIDERAÇÕES:
Questão 01 - No Retábulo do Oriente do REAA, elemento constituído pela parede que fica imediatamente à retaguarda do Venerável Mestre, sob o ponto de vista de quem do Ocidente olha para o Oriente, o Sol fica à esquerda (correspondente ao lado do Orador) e a Lua, em quarto-crescente como no hemisfério Norte, fica à direita (correspondente ao lado do Secretário). No centro alto do Retábulo fica o Delta Radiante.
A provável razão da inversão destes Astros ocorre por influência de outros ritos de origem francesa, os quais invertem a posição de vários elementos que se distribuem no Templo em relação ao que se vê no REAA.
Essas inversões geralmente têm por referência a inversão das Colunas Vestibulares que ocorre entre a vertente francesa moderna e a vertente anglo-saxônica antiga. Neste contexto, a exceção do REAA, onde B∴ aparece à esquerda de quem entra e J∴ à direita, os demais ritos de origem francesa colocam J∴ à esquerda e B∴ à direita.
Infelizmente, alguns ritualistas desatentos não observam estas particularidades e produzem rituais conflitantes por misturarem procedimentos sem sequer observar estas particularidades.
Embora nascido na França, o REAA, por razões históricas relacionadas à construção do seu primeiro ritual (1804), possui, na sua estrutura iniciática, forte influência da Grande Lojas dos Antigos (1751). Graças a isso é que muitos elementos simbólicos no templo se distribuem de maneira inversa em relação a da Maçonaria Francesa, esta nascida sob a influência dos Modernos da primeira Grande Loja Inglesa. É por isso que existem diferenças, nesse sentido, entre ritos, mesmo que nascidos em um mesmo berço. A questão é não os misturar práticas, como frequentemente tem ocorrido.
Questão 02 - Altar dos Juramentos e três Colunas no centro do Templo. Este é mais um caso de inserção de elementos estranhos à originalidade do REAA.
O porquê de o Altar dos Juramentos ficar no Oriente é porque este pequeno móvel nasceu como uma extensão do altar principal, ocupado pelo Venerável Mestre. Inicialmente não existia Altar dos Juramentos, propriamente dito, sendo que as obrigações (juramentos) eram tomadas no mesmo Altar, o do Venerável Mestre.
Como o simbolismo do REAA na Europa era praticado sob a tutela do Grande Oriente da França, este, ao criar as Lojas Capitulares para o REAA, separou o Oriente do Ocidente por uma balaustrada e com isto criou um pequeno altar móvel para a tomada de obrigações. Assim, o Oriente da Loja, no conceito capitular, passou a ser chamado de santuário Rosa Cruz, a despeito de que neste espaço só ingressavam Irmãos detentores dos graus
capitulares do REAA.
Na verdade, esta estrutura topográfica do templo era copiada do Rito Moderno com o seu 7º Grau Rosa Cruz. Nas Lojas Capitulares do REAA, o Athersata era também o Venerável Mestre da Loja Simbólica. Com isso, as atividades do simbolismo ocorriam no Ocidente.
Para a tomada de obrigação (juramento) nos graus simbólicos, o Altar do Juramentos era arrastado e colocado, ainda no Oriente, no limite com o Ocidente, de determinada maneira que os Aprendizes, Companheiros e Mestres não invadissem o espaço do santuário Rosa-Cruz ao prestarem os seus juramentos.
É fato que no REAA, desde então, o Altar dos Juramentos, como extensão do Altar do Venerável, sempre ficou no Oriente, sem que houvesse em torno, ou sobre ele, tocheiros, candelabros ou colunas.
As Luzes litúrgicas ficavam, como ainda hoje, distribuídas sobre o Altar do Venerável Mestre e mesas dos Vigilantes.
No Ocidente, ao centro dele, também ficava, como ainda é hoje, apenas o painel da Loja simbólica (quadro da Loja), exposto conforme o grau em que se estivesse trabalhando. Também no Ocidente não existiam três colunas distribuídas sobre o pavimento.
Quando as Lojas Capitulares vieram a ser extintas, o espaço do santuário Rosa Cruz transformou-se em Oriente da Loja Simbólica. Este quadrante passou então a representar o final da jornada iniciática no simbolismo. Daí em diante, o Oriente ficou reservado aos Mestres Maçons, Mestres Instalados e autoridades do simbolismo. Separado do Altar do Venerável, no Oriente consagrou-se o lugar do Altar dos Juramentos, tendo sobre ele Três Grandes Luzes Emblemáticas.
Diante disso, no verdadeiro REAA, pós Lojas Capitulares, o Altar dos Juramentos fica no Oriente; colunas, tocheiros ou candelabros não existem próximos ou em redor dele; no centro do Ocidente, sobre o equador do Templo fica apenas o Painel do Grau, exposto em Loja aberta. Sob a óptica da autenticidade, não existem a distribuição de três colunas no Ocidente.
Face a isto, como originalmente no REAA desconhece-se a existência das três colunas mencionadas na sua questão, qualquer consideração sobre eventuais aparecimentos destes artefatos fica prejudicada.
T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br
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