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sexta-feira, 14 de março de 2025

MORAL MAÇÔNICA: TEORIA x PRÁTICA

Kennyo Ismail

Outro dia estava palestrando em uma loja e, como de costume, o assunto “evasão maçônica” veio à tona. E, também como de costume, alguns irmãos demonstraram apego à cultura maçônica brasileira de que “a Maçonaria é perfeita” e “quem saiu nem deveria ter entrado”, o que costumo chamar de arrogância institucional: enquanto uma potência não tiver a humildade de querer entender como ela pode melhorar para reduzir a insatisfação dos maçons, por maior que ela seja, ela não será “grande”, no melhor sentido da palavra.

Contudo, um dos irmãos presentes quis saber na prática, com exemplos, mesmo que fictícios, porque um irmão ficaria insatisfeito com a Maçonaria. Eis aqui um raciocínio hipotético, que não atinge apenas a satisfação de maçons, mas a Maçonaria perante a sociedade:

Se um líder da Maçonaria compra, com o dinheiro da potência, um carro importado de 250 mil reais para busca-lo e leva-lo em casa, a uma distância que daria para ele ir a pé; e outro gasta 15 mil em um único jantar de uma viagem; e, em ambos os casos, ninguém faz nada… qual a moral que a Maçonaria tem para reclamar da má aplicação do dinheiro público?

Se uma liderança maçônica não consegue ir em um evento maçônico familiar sem ficar bêbado e inconveniente, e ninguém reclama… qual a moral que a Maçonaria tem para reclamar da postura de qualquer político, ou até mesmo de seus próprios membros?

Se um dirigente na Maçonaria difama e boicota um palestrante junto às lojas de sua jurisdição, simplesmente porque não gosta do que ele fala… qual a moral que a Maçonaria tem para defender a liberdade de expressão e de imprensa?

Se um poderoso maçom pede para outro ameaçar e silenciar um escritor maçônico que escreveu algo que ele não concorda… qual a moral que a Maçonaria tem para reclamar de abuso de poder por parte de qualquer autoridade do judiciário, do executivo ou do legislativo?
Se um grupo de situação consegue fazer um malabarismo técnico para impugnar uma candidatura de oposição, e ninguém toma qualquer providência… que moral qualquer irmão têm para, se de direita, reclamar que o Bolsonaro está inelegível ou, se de esquerda, reclamar que o Lula foi preso às vésperas de uma eleição?

A Maçonaria é um “sistema de moralidade”. Como todo sistema aberto e instalado em um ambiente externo, seu objetivo é que o “profano” entre no sistema, o qual, funcionando, o transforma em um “maçom”, ou seja, um ser moral, para que este transforme o ambiente externo, de modo a colaborar com o bem-estar e a felicidade da sociedade. Mas se esse sistema educacional de moralidade não estiver funcionando corretamente, a ignorância, a intolerância, o fanatismo, a tirania e os vícios, aprendidos anteriormente no ambiente externo, terão mais força dentro do sistema do que suas próprias engrenagens.

Por sorte, essas são apenas hipóteses para fins de racionalidade, que não ocorrem nas instituições maçônicas brasileiras! Mas todas são possíveis, se não investirmos em educação maçônica, se não escolhermos os dirigentes corretos e, principalmente, se formos omissos aos seus erros. A relativização do errado em um sistema de moralidade é apenas a consequência, tendo como causa o abandono de suas engrenagens educativas.

A relativização dos erros de lideranças e a normalização de abusos e absurdos pelo povo maçônico afetaria sua moral para se manifestar no mundo “profano”. Seria, no mínimo, incoerência. Entretanto, talvez o maior impacto desse comportamento coletivo hipotético seria a saída de novos entrantes, que ainda não estariam anestesiados a tais erros e sairiam por concluírem que o que a Maçonaria ensina é distinto do que os maçons estão praticando.

Fonte: noesquadro.com.br

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