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PERGUNTAS & RESPOSTAS

O “Perguntas & Respostas” que durante anos foi publicado no JB News e aqui reproduzido, está agora no “Blog do Pedro Juk” . Para visita-lo ou tirar suas dúvidas clique http://pedro-juk.webnode.com/ ou http://pedro-juk.blogspot.com.br

terça-feira, 31 de maio de 2011

CATOLICISMO E MAÇONARIA

Ir∴ Sérgio Quirino Guimarães ARLS Presidente Roosevelt 025 Belo Horizonte - Minas Gerais quirino@roosevelt.org.br

No sul do estado de Minas Gerais, entre muitas coisas boas, quatro se destacam: a boa terra; a boa gente; a ARLS Fraternidade Cleuton Cândido Landre; o Pacto Maçônico do Sul de Minas que é o nome que se dá a união de mais de 80 lojas das três Potências Mineiras, que se dispõem a trabalhar em conjunto. Esta união já resultou em muitos progressos para a sociedade e para nossa Ordem. O mais recente, foi o III Encontro Maçônico do Sul de Minas, cujo tema “Maçonaria e Religião, encontros e desencontros”, promoveu um intercambio fantástico. Eu fiquei responsável por tratar do Catolicismo e Maçonaria, logicamente em uma lauda apresentarei apenas o resumo do resumo, mas o conteúdo integral de todas as palestras está disponibilizado no belíssimo trabalho do Irmão Feitosa (edição número 51 da Revista Arte Real = www.entreirmaos.net ). 

Tive a preocupação de não vincular Maçonaria e Catolicismo. Maçonaria não é uma religião, mas é um caminho que pode resultar na religação da Criatura ao Criador. 

Nossos trabalhos visam o aprimoramento moral, ético e cidadã do homem, naturalmente comportamentos baseados nestes princípios elevam a condição espiritual do ser humano. A diferença está que as religiões pregam “o bom comportamento” para alcançarmos uma condição existencial melhor pós-morte. 

Todos os trabalhos maçônicos calçados “no bom comportamento” visam à melhoria da condição existencial individual e coletiva em vida. Apesar de encontramos uma surpreendente similaridade nas liturgias, não podemos equiparar Catolicismo e Maçonaria, ambas são ramos do conhecimento humano que apesar de terem algumas metodologias iguais, tem propósitos diferentes. 

Acreditamos que a primeira inquietude que poderemos causar é contar ao Irmão que não podemos confundir Catolicismo com Cristianismo. O Cristão é o seguidor das regras e valores ensinados por Jesus, o Cristo, já, o Católico é o discípulo de um conjunto de fé, princípios morais e éticos, teologia, ritos e doutrinas, que são administradas por líderes religiosos. 

A palavra Catolicismo é de origem grega e na linguagem atual, sua melhor definição será “Universal”, em sentido contrário a “local/regional” A Igreja Católica Romana tem vinte e quatro Ritos Autônomos, basicamente, criados tendo como origem seis tradições litúrgicas e, alguns, só podem ser praticados em determinados idiomas (línguas litúrgicas). 

O interessante é no início, a Igreja foi organizada e dirigida por três Patriarcas, (de Roma, de Alexandria e de Antioquia), mais adiante se criou a Pentarquia, ou seja, a Igreja Católica foi administrada por cinco Patriarcas (de Roma, de Constantinopla, de Alexandria, de Antioquia e de Jerusalém). 

Houve na Igreja Católica, adequação da estrutura dos princípios e instruções às características culturais do ambiente a que ela estava inserida. 

Na Maçonaria há, também, essa realidade cultural. É muito comum, por exemplo, o Rito Schröder ser praticado em alemão em países de língua diferente. Se lhe parece complicado, lembre-se que, em nossa Sublime Ordem, há muita confusão entre Rito e Ritualística, derivações de Ritos (RER, REAA), Ritos que, em si, não são Ritos (Rito de York, Rito Azul), Ritos Regionais (Rito Mexicano, Rito Brasileiro). 

Também não há como negar que a Maçonaria, como ciência, utiliza-se de símbolos católicos, isso graças à própria formatação da Maçonaria, como instituição, no século XVIII, era explícito a influência cristã nos documentos de estruturação da Grande Loja da Inglaterra, e não precisamos retroceder aos séculos passados, o Rito Sueco exige que seus membros sejam cristãos. 

Entre os aspectos “comuns” peço a atenção dos Irmãos da presença dos Diáconos: No Catolicismo a diaconia quer dizer SERVIÇO, então o Diácono é ordenado para SERVIR, servem o povo de Deus na diaconia da liturgia, da palavra e da caridade, o diácono tem função própria: servir o altar

Na Maçonaria a diaconia quer dizer SERVIÇO, então o Diácono é oficializado para SERVIR. A função do diácono é voltada para o serviço à Loja. É-nos ensinado que cabe aos diáconos velar pelo respeito e disciplina para que os trabalhos se executem com ordem e perfeição. Na ritualística maçônica, os diáconos tem a função primaz de servir aos que ocupam os altares e simbologicamente “tem o dom da palavra”. Atentem para a similaridade: O Catolicismo trabalha para que tenhamos a disposição da alma para pratica do Bem (Virtude) e alerta que devemos combater tudo que avilta o homem, levando-o ao pecado (Vício). Os trabalhos aspiram conduzir o homem ao Paraíso e a formula básica é não pecar.

E como não pecar?

Pelos princípios católicos o pecado está em:

a) ignorar as TRÊS coisas necessárias à salvação do homem;
b) não respeitar os CINCO Mandamentos da Igreja;
c) incorrer num dos SETE Pecados Capitais e mais;
d) não obedecer aos DEZ Mandamentos de Moisés.

Antes de encerrar este artigo, penso que deixei em algo vago e que certamente algum Irmão pensou: “- Afinal o que serão as TRÊS coisas necessárias à salvação?”

Eu respondo que intenção deste artigo é despertar em você a vontade de saber um pouco mais sobre o assunto, fazer uma Prancha de Arquitetura e quando ela estiver pronta, levar para sua Loja enriquecendo nosso Quarto de Hora de Estudos. Lembrem-se que todos nós, independente do Grau ou do Cargo, somos responsáveis pela qualidade das Sessões Maçônicas. Mas vou deixar um “Fio de Meada”.

São Tomás de Aquino escreveu que as três coisas necessárias à salvação do homem são:

a) a ciência do que há de CRER
b) a ciência do que há de DESEJAR
c) a ciência do que há de OPERAR

Vou propor um exercício simples. Retire dessas três opções as palavras que se repetem:

a) CRER
b)DESEJAR
c) OPERAR

Inverta a ordem.

a) OPERAR
b) DESEJAR
c) CRER

Acompanhe meu raciocínio e reflita:

a) O que é OPERAR se não uma ação, um verbo, produzir um efeito, ou seja, a FORÇA.

b) O que é DESEJAR se não uma vontade, a motivação, ou seja, a BELEZA.

c) O que é CRER se não o confiança, o sentimento embasado na experiência, ou seja, a SABEDORIA.

Grato pela atenção

Fonte: JBNews - Informativo nº 276 - 31.05.2011

O CONTADOR DO INFERNO

Um Contador morreu e chegou às portas do Céu. É sabido que os Contadores, pela honestidade deles, sempre vão para o céu. São Pedro procurou em seu arquivo, mas ultimamente ele andava tão desorganizado (seria ele Administrador?),que não o achou no montão de documentos, e lhe falou: 

- Lamento, mas seu nome não consta de minha lista...

Assim o Contador foi bater às portas do inferno, onde lhe deram imediatamente moradia e alojamento. Pouco tempo se passou e o Contador, cansado de sofrer as misérias do inferno, se pôs a projetar e construir melhorias.

Com o passar do tempo, o INFERNO, já tinha ISO 9000, sistema de monitoramento de cinzas, ar condicionado, banheiros com drenagem, escadas elétricas, aparelhos eletrônicos, redes de telecomunicações, programas de manutenção predial, sistemas de controle visual, sistemas de detecção de incêndios, termostatos digitais etc., tudo com base na Resolução 367/2009 da ANEEL e retratado nas Demonstrações Contábeis, já no novo padrão contábil internacional (IFRS). A partir daí o Contador passou a ter uma reputação muito boa.

Até que um dia Deus chamou o Diabo pelo telefone e, em tom de suspeita perguntou: 

- Como você está aí no inferno?

O outro respondeu: 

- Nós estamos muito bem, já dispomos do cadastramento de todas as nossas propriedades e temos Demonstrações Contábeis com periodicidade mensal. Se quiser, pode me mandar um e-mail, meu endereço é: odiabofeliz@inferno.com.


E o Diabo, todo orgulhoso, continuou o relato: 

- E eu não sei qual será a próxima surpresa do Contador! Mas, de acordo com as conversas da rádio corredor, ele pretende apresentar lucro já no próximo mês.

- O QUÊ?! O QUÊ?! Vocês TÊM um Contador aí? – Indagou Deus – isso é um erro, nunca deveria ter chegado aí um Contador! Os Contadores sempre vão para o céu. Isso é o que está escrito, e já está resolvido... Você o envia imediatamente para mim!

- De jeito nenhum! Eu gostei de ter um Contador na organização... E ficarei eternamente com ele.

- Mande-o para mim ou... EU TE PROCESSO!!

E o Diabo, dando uma tremenda gargalhada, respondeu pra Deus: 

- Ah, é? E só por curiosidade... ONDE você vai conseguir um advogado?

*(a colaboração é do Ir∴ Waldemar Henrique Dias - Florianópolis)

Fonte: JBNews - Informativo nº 276 - 31.05.2011

segunda-feira, 30 de maio de 2011

A TOLERÂNCIA

Ir∴ Alcides Luiz de Siqueira
Membro da Loja Maçônica Asilo da Acácia 1248 Goiânia - GO

A nossa Sublime Ordem exige de seus Iniciados o cumprimento de sérios deveres e enormes sacrifícios.

A Maçonaria proclama em seus Princípios Gerais “que os homens são livres e iguais em direitos e que a tolerância constitui o principio cardeal nas relações humanas, para que sejam respeitadas as convicções e a dignidade de cada um”.

A nossa Sublime Ordem proclama a TOLERÂNCIA entre os seus Iniciados.

O vocábulo TOLERAR não significa apenas ser indulgente, ser condescendente, ser transigente, ser permissivo, mas acima de tudo significa saber suportar.

No mundo atual, praticar a tolerância a cada dia exige muito de nós, pois a conturbação social e a pressão psicológica exercida sobre o homem, torna-o mais que nunca exigente, imprudente, agressivo e até inconseqüente. É nesse contexto, que tolerar assume importância fundamental entre os homens.

Se o profano sente-se desobrigado de praticar a tolerância, para o Maçom o mesmo não acontece: TOLERAR É UM DEVER. Este principio está intrinsecamente ligado a um dos fins supremos da Sublime Ordem: A FRATERNIDADE.

O Salmo 132 da Bíblia Sagrada é elogio da concórdia e união fraterna, quando diz: “Ó quão bom e quão suave é viverem os Irmãos em união! É como o perfume derramado na cabeça, que desce sobre a barba de Aarão, que desce sobre a orla de suas vestes. É como orvalho do Hermon, que desce sobre o Monte Sião, porque o Senhor derramou ali a sua bênção e vida para sempre”.

A cada dia, nós Maçons temos por obrigação exercitar a pratica da tolerância, o que facilita sobremaneira todo o relacionamento entre os Irmãos, ampliando o espírito fraterno que existe no seio de nossa entidade milenar.

A partir da Iniciação o Maçom é uma pessoa diferenciada, porque se lhe abrem as portas da verdadeira amizade. A Fraternidade que passa a viver entre os Irmãos é a exteriorização mais concreta da felicidade de ser Maçom.

A tolerância do Maçom não pode se limitar apenas ao relacionamento com o próximo. Há que ser também paciência no desenvolvimento das etapas, que permite o crescimento e o progresso individual em todos os aspectos.

Não é fácil ser Maçom. Se relacionar exige paciência e tolerância, fazer progresso na Maçonaria exige muito mais.

Ingressar na Maçonaria é um fato, fazer progressos na Ordem é outro. Manter-se motivado é fundamental para o crescimento interior do Obreiro, o que lhe dá um prazer imensurável de ser Maçom.

Não raro, Iniciados deixam a Instituição logo após o seu ingresso. A verdade é que esses Irmãos não buscam a LUZ, assim, não conseguem ver o seu brilho, tampouco descobre a sua direção. Para os que buscam o crescimento, o caminho é longo, contínuo e às vezes áspero, é preciso saber perseverar.

No seio da Sublime Ordem, é necessário querer progredir, tolerar, estudar, buscar a verdade para que haja a transformação do homem que renasceu para o mundo.

O homem profano perde-se nas solicitações mundanas. O consumismo, a falta de interiorização deixa-o esquecido de si mesmo. Sua convivência com os vícios, acaba por fazê-lo infeliz. Nessa alienação passa a buscar a felicidade fora de si mesmo, nas drogas, no fanatismo religioso e tudo o mais que foge a própria pessoa, numa fuga do seu mundo vazio. A Maçonaria é o oposto de tudo isso, daí a dificuldade de se buscar o crescimento no seu seio.

Acostumados que fomos à vida profana, às vezes perdidos na busca de objetivos vãos, encontramos dificuldades para alcançar a plenitude maçônica. É por isso que alguns desistem. Contudo, o estudo contínuo propicia o aperfeiçoamento, pois através dele há uma constante evolução de conhecimentos.

A Iniciação de novos valores fortalece cada vez mais a nossa Instituição, porque vem somar forças para a construção de sua grande obra, o bem da humanidade.

Fonte: JBNews - Informativo nº 275 - 30.05.2011

ETERNOS APRENDIZES

Ir∴ Ivo Reinaldo Christ

Ouvimos com frequência que somos "eternos Aprendizes" da Arte Real. Poucas vezes nos debruçamos sobre este adágio de grande significado para penetrar em seus meandros e descobrir suas nuanças que deveriam se refletir sobre nossa vida de Obreiro. Ser aprendiz corresponde a um imperativo da alma humana e da sociedade. Vivemos numa época de decadência de costumes e de crises de personalidades. Se não nos aplicarmos como "eternos aprendizes" não só da vida maçônica, como também de tudo que a sociedade atual nos proporciona em tecnologia, artes, ciências e teorias filosóficas, políticas ficaremos a margem da estrada de tudo que a Ordem nos oferece tanto sobre as viagens da Iniciação, como sobre os Instrumentos de Trabalho dos quais tomamos conhecimento na Elevação e da instrução que Salomão ministra a seu arquiteto preferido Hiram, na Exaltação.

Se não nos sentirmos "eternos aprendizes" nossa carreira maçônica está fadada ao fracasso, embora como profanos fossemos "livres e de bons costumes", mas como maçons não conseguiremos colocar em primeiro lugar os interesses e a importância da Ordem em nossa vida.

Sabemos que os homens que arquitetaram as hostes maçônicas costumavam reunir-se em tavernas ou cervejarias, que eram centros de comunidade onde podiam beber, conversar, jogar, jantar e divertir-se. Nestes locais estabeleciam relações sociais e discutiam-se os problemas do dia-a-dia. Como eram da corporação de pedreiros existiam entre eles três categorias distintas conforme o grau de aprendizado. Os que começavam, aprendizes, aptos e dispostos a aprender o ofício. Os Companheiros, já com o aprendizado todo incorporado, e que deram provas de sua habilidade conquistando assim um lugar no ápice da corporação. Os Mestres que zelavam pela administração da entidade. A finalidade principal da corporação de pedreiros ia muito além de simplesmente construir prédios, palácios, igrejas, mas envolviam-se com os princípios das "sociedades para a reforma da conduta".

Queremos ser "eternos aprendizes" e temos um ideal de "construir Templos à virtude e cavar masmorras aos vícios". Muitos são os maçons que aspiram ao grau de perfeição, não por curiosidade ou vaidade, mas pelo estudo, compreensão da beleza de nossos ensinamentos.

Os nossos rituais colocam em nossas mãos a forma de crescermos espiritualmente. A nossa capacidade de adesão aos postulados da Sublime Ordem nos impulsionam a seguir no caminho que verdadeiramente nos torna maçons, para desfrutarmos por inteiro da amizade sincera e desinteressada, da prática da fraternidade com o coração e nos encantarmos com a beleza do conhecimento da sabedoria da Ordem.

Como "eternos aprendizes" conseguiremos entender nossos princípios e crescer como cidadãos, como profissionais e como chefes de família. "Construir Templos à Virtude" é empenhar-se em reconduzir os homens na trilha dos princípios éticos e morais abandonados.

Nós maçons somos iniciados e já assistimos a uma série de Iniciações. Somos cientes que depois de iniciado o candidato não é só receber os cumprimentos de ter-se tornado Aprendiz Maçom. Depois da iniciação começam dois trabalhos. O dos Mestres em instruir os recém-iniciados na sublimidade da sabedoria maçônica de forma didática, eficiente e construtiva para burilar um Maçom persistente e eficaz. Este trabalho de levar os ensinamentos ao Iniciado é tarefa de todos, principalmente do padrinho e do 1° Vigilante. Vão transmitir os ideais maçônicos a um homem culto e respeitado na comunidade. O do Neófito em receber os ensinamentos contidos no Ritual e inteirar-se nas primeiras instruções que são essenciais para o esclarecimento correto e uma aprendizagem tranquila e transformadora do homem profano em homem maçom.

Somos "eternos aprendizes" tanto para ensinar como para aprender. A responsabilidade do progresso da Oficina é nossa, de cada um. Ser maçom além de ser uma honra é também uma imensa responsabilidade. A sensação de insegurança não pode invadir o nosso íntimo. Tal não acontecerá se colocarmos em primeiro lugar os valores que a Maçonaria preconiza. O nosso encontro semanal, se realmente somos "eternos aprendizes", começa com um enorme sorriso estampado em nossa face que traduz a alegria de sermos maçons, irmãos e amigos, ou seja, "eternos aprendizes".

Fonte: JBNews - Informativo nº 275 - 30.05.2011

MINIMAMENTE FELIZ

Leila Ferreira - Jornalista 

A felicidade é a soma das pequenas felicidades. Li essa frase num outdoor em Paris e soube, naquele momento, que meu conceito de felicidade tinha acabado de mudar. Eu já suspeitava que a felicidade com letras MAIÚSCULAS não existia, mas dava a ela o benefício da dúvida.

Afinal, desde que nos entendemos por gente aprendemos a sonhar com essa felicidade no superlativo. Mas ali, vendo aquele outdoor estrategicamente colocado no meio do meu caminho (que de certa forma coincidia com o meio da minha trajetória de vida), tive certeza de que a felicidade, ao contrário do que nos ensinaram os contos de fadas e os filmes de Hollywood, não é um estado mágico e duradouro.

Na vida real, o que existe é uma felicidade homeopática, distribuída em conta-gotas. Um pôr-de-sol aqui, um beijo ali, uma xícara de café recém-coado, um livro que a gente não consegue fechar, um homem que nos faz sonhar, uma amiga que nos faz rir. São situações e momentos que vamos empilhando com o cuidado e a delicadeza que merecem alegrias de pequeno e médio porte e até grandes (ainda que fugazes) alegrias.

'Eu contabilizo tudo de bom que me aparece', sou adepta da felicidade homeopática. 'Se o zíper daquele vestido que eu adoro volta a fechar (ufa!) ou se pego um congestionamento muito menor do que eu esperava, tenho consciência de que são momentos de felicidade e vivo cada segundo.

Alguns crescem esperando a felicidade com maiúsculas e na primeira pessoa do plural: 'Eu me imaginava sempre com um homem lindo do lado, dizendo que me amava e me levando pra lugares mágicos Agora, se descobre que dá pra ser feliz no singular: 'Quando estou na estrada dirigindo e ouvindo as músicas que eu amo, é um momento de pura felicidade. Olho a paisagem, canto, sinto um bem-estar indescritível'.

Uma empresária que conheci recentemente me contou que estava falando e rindo sozinha quando o marido chegou em casa. Assustado , ele perguntou com quem ela estava conversando: 'Comigo mesma', respondeu. 'Adoro conversar com pessoas inteligentes'. Criada para viver grandes momentos, grandes amores e aquela felicidade dos filmes, a empresária trocou os roteiros fantasiosos por prazeres mais simples e aprendeu duas lições básicas: que podemos viver momentos ótimos mesmo não estando acompanhadas e que não tem sentido esperar até que um fato mágico nos faça felizes.

Esperar para ser feliz, aliás, é um esporte que abandonei há tempos. E faz parte da minha 'dieta de felicidade' o uso moderadíssimo da palavra 'quando'. Aquela história de 'quando eu ganhar na Mega Sena', 'quando eu me casar', 'quando tiver filhos', 'quando meus filhos crescerem', 'quando eu tiver um emprego fabuloso' ou 'quando encontrar um homem que me mereça', tudo isso serve apenas para nos distrair e nos fazer esquecer da felicidade de hoje. Esperar o príncipe encantado, por exemplo, tem coisa mais sem sentido? Mesmo porque quase sempre os súditos são mais interessantes do que os príncipes; ou você acha que a Camilla Parker-Bowles está mais bem servida do que a Victoria Beckham?

Como tantos já disseram tantas vezes, aproveitem o momento, amigos. E quem for ruim de contas recorra à calculadora para ir somando as pequenas felicidades.

Podem até dizer que nos falta ambição, que essa soma de pequenas alegrias é uma operação matemática muito modesta para os nossos tempos. Que digam.

Melhor ser minimamente feliz várias vezes por dia do que viver eternamente em compasso de espera.

Fonte: JBNews - Informativo nº 275 - 30.05.2011