Ir∴ Élio Figueiredo
Certa feita, ouvindo prédica de
um pastor evangélico, este, utilizando-se da técnica do Cristo, contou uma
parábola acerca da vela, fazendo uma comparação, sobre a qual devemos meditar
um pouco. Disse ele que existem três tipos de vela, falando sobre cada uma
delas.
A primeira qualidade de vela é
aquela, muito bonita, de um acabamento maravilhoso, fica sobre um castiçal,
enfeitando um móvel, uma sala; porém, jamais alguém ali chega e coloca fogo
para que o pavio incandesça e a vela espalhe sua luz pelo ambiente em que se
encontra. Essa vela somente serve como obra de arte, encantando os olhos, para
que nosso espírito possa apreciar o trabalho de alguém que a moldou e pintou.
A segunda vela é aquela que foi
usada por causa de falta de luz, depois é apagada, ficando o seu coto, grande
ou pequeno, esquecido em alguma gaveta ou canto de prateleira, não mais
espargindo sua luz, nem a levando a quem ali esteja. Esta, só tem utilidade nas
horas em que a escuridão total impera.
O terceiro tipo de vela é aquele
em que o pavio queima por todo o tempo, até se extinguir e, quando se exaure,
além da lembrança da luz que lançou durante toda a vida, não importando a
ambiência à sua volta, quer seja uma humilde sala de um humilde lar, ou um
salão de resplandecente luz em um palácio, ao sinal de sua existência, esta
vela ainda deixa, no prato ou no castiçal sobre o qual brilhou, a marca
indelével de sua passagem por ali.
A comparação que o ministro
religioso fez das três velas serve para indicar as pessoas do mundo em que
vivemos.
A primeira delas são aquelas que
se preocupam com a vida material, com a beleza, com sua estada neste mundo,
apenas mostrando seu visual rico, resplandecente, ricamente ajaezado e
enfeitado; porém, sem qualquer utilidade para as demais pessoas, pois ó serve
para o deleite dos olhos mundanos do ambiente que as cerca.
A segunda é aquela que só queima
nas horas de falta de iluminação, é comparada a uma pessoa que não dá muita
atenção à sua vestimenta, ao seu fausto, luxo; todavia, deixa sua luz
iluminando só um pouquinho e nas horas em que alguém precisa de
sua luz, não permanecendo acesa mais do que alguns minutos, mais do que alguns
instantes.
O terceiro tipo de vela, aquele
que queima até o fim e ainda deixa a sua marca por onde esteve iluminando,
compara-se às pessoas que estão trabalhando para transmitir luz a todos quantos
o cercam, que lutam em prol daqueles menos favorecidos, não só pela sorte, como
também, pela incúria de atitudes irresponsáveis, decorrentes de uma vida
voltada somente para a veleidade, o prazer e os bens materiais.
O homem que se parece com a
terceira vela, aquela que, humildemente brilha todo o tempo de sua vida, curta
ou não, está fadado a permanecer no coração, na lembrança e na saudade das
pessoas que receberam sua luz, que puderam enxergar um pouco ma escuridão onde
se encontravam, aportando a locais melhores do que aqueles onde s encontravam,e
que o direcionamento de suas vidas, como um barco no meio do oceano, cujo leme
esta direcionado a porto pouco seguro.
Onde se situa, nesta comparação,
o Maçom?
Por ser um homem livre e de bons
costumes, que cava masmorras ao vício e ergue Templos à
virtude, deve pautar sua vida pela retidão, honradez e, principalmente, tentar
ser uma vela da qualidade daquela terceira.
O Maçom, pedra bruta que se
lapida a cada dia que passa, e que anseia por dar uma forma mais justa e
perfeita a si mesmo, para transformar- se, de pedra bruta e áspera, em Jóia
facetada, deve lutar, com o Maço e o Cinzel, a sua personalidade, para que ela
se transforme em uma coluna de beleza, força e sabedoria, e que sirva de
sustentáculo para a sociedade na qual vive, a fim de que esta possa estar
melhor organizada, mais sólida em seus alicerces.
A vela que o Maçom acende, no
início de sua carreira, precisa ser de uma luz constante e que ilumine, sempre,
a todos os que estão à sua volta, deve ser uma vela cuja luz não se apague, não
bruxuleie; porém, que sua iluminação sirva de farol àqueles que, no escuro de
seus caminhos, possam guiar-se em direção a uma vida mais íntegra, e que os
Irmãos menos esclarecidos possam se abeberar dessa fonte de luz e energia,
seguindo o caminho que ela lhes indicar.
É mister que o Maçom esteja
conscientizado, desde antes de sua Iniciação, que seu trabalho não é só pela
Ordem, como também pela sociedade em geral; que sua produção seja profícua,
mesmo que penosa, no sentido da construção de uma nova ordem social, baseada na
trilogia que o “leit moti” da maçonaria: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
*Publicado na Revista A Trolha de no 81, Ano XXIII de Julho de1993
*Publicado na Revista A Trolha de no 81, Ano XXIII de Julho de1993
Fonte: JB News – Informativo nr. 2.082
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