Trabalho do Ir∴
Genário Freire de Medeiros, Or∴ de Mossoró – RN
Com a chegada do final do século
e o advento do novo milênio, passamos a conviver em tempo real com uma nova
realidade, a virtual, fazendo-nos meditar sobre novos conceitos, adquirindo uma
nova visão de modernidade.
A evolução tecnológica, com o
avanço nas telecomunicações, o surgimento da Internet, interligando
computadores simultaneamente em todo o mundo, e a queda de barreiras
alfandegárias alargando as possibilidades comerciais, favoreceu um sentido mais
amplo de globalização.
Globalização que transpondo os
limites territoriais invade fundamentos culturais interligando povos e criando
de forma rápida e desordenada uma unidade que assusta, invalidando conceitos
seculares e fornecendo ao homem nova visão de um mundo onde mudam-se as armas
mas os processos de dominação permanecem, numa limitação constante das
liberdades humanas.
Globalização imposta por um
suposto domínio de riquezas representadas por moedas, que voláteis em suas
andanças, mostram-se destrutivas em seus rápidos deslocamentos.
Na Maçonaria, embora já
falássemos em Universalização desde 1717, hoje somos surpreendidos com
acontecimentos que, influindo na sociedade como um todo, interferem na nossa
vivência diária de forma especial.
Globalizando-se a economia,
facilitando-se os fluxos financeiros especulativos, formou-se um clima de
interdependência onde pequenas turbulências localizadas poderiam transformar-se
em poderosos fatores de desestabilização mundial.
Este clima de insegurança, por
falta de mecanismos globais de controle, afeta a sociedade em diversos níveis,
favorecendo o surgimento ao final do século da necessidade de encontrarmos
caminhos que levem o Homem do novo milênio de encontro a esta nova realidade.
Imutável, tem resistido às mais
variadas tentativas de renovação, principalmente dos "estudiosos" que
afoitamente tentam dar-lhe novas atribuições, esquecendo que os enigmas
maçônicos sendo inefáveis permanecerão desafiando a sensibilidade de todos
aqueles que um dia sentiram a emoção de serem recebidos no seio de uma Loja
unida e fraterna.
Abstrata em seus conceitos,
interpretativa em seus conteúdos transmite seus ensinamentos em linguagem
simbólica. Protegida permanentemente de mudanças evolutivas, a Maçonaria faz de
cada Obreiro construtor voluntário de seu próprio ser.
Por Símbolos perpetua-se
misteriosa e enigmática, desafiando Aprendizes, Companheiros e Mestres, a um
processo voluntário de evocação para desvendar seu conteúdo e absorver
ensinamentos que, aplicados com sabedoria, dar-lhe-ão a certeza do cumprimento
de seus deveres para com a família, a Ordem e a sociedade.
Através da linguagem simbólica
reúne, reconhece e se faz reconhecida transmitindo num processo contínuo e
permanente, princípios, sentimentos e calor fraternal gratificando seus
Obreiros, aproximando-os, fortalecendo-os, promovendo pela harmonia o
equilíbrio interior fazendo-nos sentir as luzes da chama divina.
Entendê-la é fazer dos nossos
instrumentos de trabalho companheiros de meditação, visualizando seus conteúdos
com sensibilidade, movendo a afetividade altruisticamente na direção da justiça
e do bem-estar social, mantendo na perseverança a força que impulsiona na busca
da beleza de nossos objetivos Objetivos que só serão entendidos se retornarmos
ao período Operativo quando corporações de Pedreiros Livres construíam castelos
e catedrais em estilo Gótico em toda Europa. Construções que demandando longo
tempo para sua conclusão exigiam surgimento de formas inteligentes de atenuação
dos conflitos de convivência.
Com centenas ou milhares de
Obreiros, todos homens, afastados de suas famílias, vivendo o dia-a-dia da obra
por muitos anos, necessário se fazia estabelecer regras disciplinadoras que
mantivessem a paz e a harmonia em beneficio do bom andamento da construção.
Mestres habilidosos com
sensibilidade artística e preocupação social sabiam que não seriam suficientes
apenas listas escritas de direitos e deveres para tornarem harmônicas as
relações interpessoais. Almejavam que além dos preceitos da justiça estes
relacionamentos contivessem princípios que fizessem despertar virtudes
altruísticas e o aparecimento do sentido de aproximação fraternal.
Sabiamente sabiam ser impossíveis
as possibilidades de transmissão escrita de seus conhecimentos. Tinham a noção
exata das dificuldades de entendimento dos conteúdos e da assimilação perfeita
de sua mensagem.
Através da linguagem simbólica
venceram as barreiras da inefabilidade, pela meditação tornaram compreensíveis
conceitos abstratos fazendo de cada Obreiro um agente transformador num
processo contínuo, pessoal e voluntário de elevação interior responsável pelo
surgimento de relações interpessoais marcadas por sentimentos de generosa
solidariedade.
Foi esse toque de inspiração
divina que deu o sentido e norteou toda nossa trajetória. O domínio das paixões
e o redirecionamento das vontades.
Partindo desta premissa,
iluminados pelo Dom genial dos grandes Mestres, que conscientes da incapacidade
humana de apreender conceitos abstratos absolutos, instituíram a Linguagem
Simbólica como meio, buscando, pela interpretação de seus conteúdos, transmitir
ensinamentos que, voluntariamente absorvidos, seriam responsáveis pelo
surgimento de um novo homem capaz de vislumbrar uma convivência marcada pelo
respeito aos princípios de justiça e fortalecida nos elos de união fraternal.
Imutável, a Maçonaria resiste ao
tempo, superando todas as tentativas de modificações evolutivas, com objetivos
marcados pela simplicidade contrastando com todas as teorias que tentam, desinformadamente,
mostrá-la como Instituição política, filantrópica e de participação
institucional na sociedade.
Simplicidade, imutabilidade e
inefabilidade, formam a trilogia da compreensão. Simplicidade porque conseguiu
de forma genial armazenar um manancial inesgotável de ensinamentos em
instrumentos simbólicos que eram utilizados por pedreiros e arquitetos na própria
construção. Simples como uma régua de 24 polegadas que em mãos habilidosas
podem transmitir possibilidades infinitas de interpretações.
Simplicidade no reconhecimento
maçônico entre Irmãos, quando de forma singela transmite-se, por leves toques e
pequenas palavras, sentimentos fraternais que, além de fortalecer, justificam a
existência desta Instituição que favorece o encontro de homens que por vontade
própria buscam entender o sentido de sua existência.
Imutável em seus princípios,
mantém o lustre e o brilho na valorização das virtudes como base da formação da
personalidade humana, direcionando afetivamente sentimentos altruístas de
encontro às habilidades intelectuais mantendo na perseverança a fidelidade que
conduz ao equilíbrio das ações fazendo brotar a satisfação de uma convivência
salutar.
Inefável em seus conceitos,
guarda em seus mistérios a beleza que nos desafia e fascina. Desafio só vencido
pela dedicação do Iniciado, orientado por sábios Mestres, no silêncio de sua
Loja, identificando Símbolos, interpretando-os conforme a tradição,
introjetando seus sábios ensinamentos reformulando voluntariamente seus
conceitos morais, sentindo no aquecimento fraternal a verdadeira transformação,
a autotransformação.
Fascínio, porque só na Maçonaria
a harmonia espiritual e a paz interior proporcionam o bem-estar e a alegria do
convívio humano, fazendo brotar sentimentos que elevam o espírito num
renascimento que promovendo o homem contribui para a construção de uma
sociedade mais justa e fraterna.
Foi esta Maçonaria praticada nas
Lojas Operativas que deu origem em 1717 à Grande Loja da Inglaterra. Em sua
fase especulativa manteve imutável seus métodos, favorecendo Irmãos aceitos,
perpetuando exemplos de convivência construtiva, que aplicados com sabedoria
têm contribuído para o desenvolvimento da humanidade.
Compreender nossa Instituição e o
sentido singular de seus objetivos é sentir as vibrações que, movendo
sentimentos, estimula a inteligência direcionando nossa visão para frente e
para o alto, seguindo o exemplo de outros valorosos Irmãos os caminhos
retilíneos da virtude, respeitando preceitos de Liberdade, valorizando na
convivência fraternal a presença do G∴ A∴ D∴ U∴
Sem esse entendimento ficaremos
presos a discussões estéreis e infindáveis quanto ao imobilismo social e a
falta de objetivos concretos. Relatando fatos e feitos maçônicos do passado
muitos Irmãos criticam, sem conhecimento. Confundindo objetivos da Ordem com
objetivos do Maçom, tumultuam os Trabalhos das Lojas, criticando nossa atuação
presente exigindo maior participação de sua Loja, enquanto Instituição, na
solução de problemas que, afligindo-o, acredita ser responsabilidade da
Maçonaria contribuir para seu equacionamento.
Só a perfeita compreensão destas
verdades favorecerá um caminhar unidirecional de nossas Lojas conduzindo seus
Obreiros aos verdadeiros objetivos da Sublime Ordem: O HOMEM.
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