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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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terça-feira, 14 de março de 2017

FIDELIDADE ÀS ORIGENS

FIDELIDADE ÀS ORIGENS
Francisco "Bonato" Pereira da Silva, 33º, PGM
Grande Loja Maçônica de Pernambuco

A adoção do Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA) nas Grandes Lojas Brasileiras é assunto sobre o qual há necessidade de reflexão, especialmente quando se quando se aproxima a Comemoração do Jubileu de Diamante – em 27 de julho de 2002 – da fundação das primeiras Grandes Lojas, cujas cartas constitutivas foram outorgadas pelo Supremo Conselho Grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito da Maçonaria para a República Federativa do Brasil, através de seu Soberano Grande Comendador, Irm∴ Mário Bhering, a partir de julho de 1927.

Como mestre maçom iniciado no Rito Escocês Antigo e Aceito, em loja simbólica de uma Grande Loja brasileira, tenho opinião pessoal formada sobre o dever de fidelidade, em razão da origem, das Grandes Lojas do Brasil ao Supremo Conselho do Grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito da Maçonaria para a Republica Federativa do Brasil e ao Rito, como corpos simbólicos do Rito Escocês, com Cartas Constitutivas originárias (as nove primeiras Grandes Lojas) outorgadas pelo Supremo Conselho.

Inicialmente queremos identificar esse Corpo Maçônico filosófico porque alguns maçons, especialmente de outros Corpos simbólicos, o desconhecem.

O Supremo Conselho e as Grandes Lojas por ele criadas.

O Supremo Conselho do Grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito para a República Federativa do Brasil é um corpo maçônico regular, Oficina Chefe do Rito na jurisdição do território brasileiro, com sede na Cidade do Rio de Janeiro, fundado em 1829, por Autorização outorgada pelo Supremo Conselho dos Países Baixos a Francisco Ge Acayaba de Montezuma. A sua autoridade é exercida sobre os graus 4º a 33º do Rito Escocês, denominados Altos Graus. Em contrapartida a autoridade sobre os graus simbólicos (1º - aprendiz-maçom; 2º - companheiro-maçom; e 3º - mestre maçom) é exercido pelo Corpo Maçônico Simbólico – Grande Loja – originariamente por delegação do Supremo Conselho à Grande Loja da Paraíba, através de tratado, delegação essa que nos foi transmitida com a nossa Carta Constitutiva, outorgada por nossa Grande Loja Mãe – A Sereníssima Grande Loja da Paraíba de Maçons Antigos, Livres e Aceitos. O Tratado celebrado o “SOBERANO SUPREMO CONSELHO DO GRAU 33 DO RITO ESCOCEZ ANTIGO E ACEITO PARA OS EE. UU. DO BRAZIL”, representado por seu Soberano Grande Comendador Mário Behring, 33º, e a “SERENISSIMA GRANDE LOJA DA PARAIBA (BRAZIL) DE MAÇONS ANTIGOS, LIVRES E ACEITOS”, representada pelo Ir.´. Manuel Veloso Borges, M.´.M.´, em 27 de Janeiro de 1928. O Tratado foi ratificado no Grande Oriente de João Pessoa (PB) em 1º de Janeiro de 1938, sendo o “SOBERANO SUPREMO CONSELHO DO GRAU 33 DO RITO ESCOCEZ ANTIGO E ACEITO PARA OS EE. UU. DO BRAZIL” representado por seu Soberano Grande Inspetor Geral nos Estados da Paraíba e Rio Grande do Norte, Ir.´. Augusto Simões, e a “SERENISSIMA GRANDE LOJA DA PARAIBA (BRAZIL) DE MAÇONS ANTIGOS, LIVRES E ACEITOS”, representada por seu Grão Mestre João Arlindo Correia.

Através desse tratado: "... O Supremo Conselho do Grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito para os Estados Unidos do Brazil transferiu para a Mui Respeitável Soberana Grande Loja da Paraíba (Brazil) a exclusiva competência para fundar lojas simbólicas e iniciar nos três primeiros graus do Rito Escocês Antigo e Aceito do Rito Escocês no território da sua jurisdição (art. 1º); Os Corpos sujeitos ao Supremo Conselho receberão e reconhecerão as qualidades maçônicas dos irmãos iniciados ou filiados nas lojas da jurisdição da Mui Respeitável e Soberana Grande Loja da Paraíba (Brazil) (art.2º); A Mui Respeitável Soberana Grande Loja da Paraíba (Brazil) reconhece ao Supremo Conselho do Grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito para os Estados Unidos do Brazil a autoridade para os graus superiores a Mestre-Maçom (4º ao 33º) (art. 3º); Cada um dos Corpos signatários do presente TRATADO se obrigam a mutuas comunicações de exclusão definitiva e irrevogável de integrantes dos seus quadros (art. 4º); A Mui Respeitável Soberana Grande Loja da Paraíba (Brazil) se obriga a respeitar e não promover nenhuma alteração dos Rituais dos Graus Simbólicos (aprendiz-maçom, companheiro-maçom e mestre-maçom) de vez que essa função compete ao Corpo mantenedor do Rito Escocês Antigo e Aceito (art. 6º)”. (O texto do Tratado que possuímos está redigido na língua inglesa)

Um Tratado com teor semelhante foi celebrado com cada uma das Grandes Lojas recém criadas pelo Supremo Conselho, e posteriormente ao outorgar carta constitutiva às suas Grandes Lojas filhas e netas, estas se tornaram sucessoras daquelas no tocante aos direitos e deveres decorrentes do aludido tratado. A Soberana Grande Loja de Pernambuco, filha maçônica da Grande Loja da Paraíba, de Maçons Antigos, Livres e Aceitos, da qual recebemos a Carta Constitutiva em 8 de dezembro de 1932, nos consideramos sucessores das obrigações constantes do aludido tratado de modo que, enquanto a esta Grande Loja cabe a direção dos graus simbólicos (1º a 3º) ao Supremo Conselho cabe a direção dos graus filosóficos (4º ao 33º). Estas foram fundadas como Grandes Lojas Simbólicas Escocesas, exclusivamente.

Destaco que a Soberana Grande Loja da Paraíba de Maçons Antigos Livres e Aceitos (era assim o seu nome original) fundou e outorgou carta constitutiva à Soberana Grande Loja de Pernambuco de Maçons Antigos Livres e Aceitos (fundada em 6 de outubro de 1932) e a Grande Loja Maçônica do Estado do Rio Grande do Norte (fundada em 23 de junho de 1974).

E quando estamos a tratar de Corpo Maçônico, Oficina Chefe de Rito, vamos abrir um parêntesis para esclarecer a diferença entre Grande Loja e Grande Oriente.

Grande loja & Grande Oriente.

Originalmente se designava por Grande Oriente uma federação de ritos (exemplos: Grande Oriente de França e Grande Oriente d´Itália) que abrigam lojas simbólicas de ritos diversos (Emulação, Escocês, Francês, Heredom, Misraim, etc) enquanto que Grande Loja designava uma federação de lojas adotando um único rito (exemplos eram as Grande Lojas Americanas, que adotavam o Rito baseado na forma estabelecida por Thomas Smith Web com pequenas variações. E as Grandes Lojas Brasileiras, que adotavam o Rito Escocês). Hoje essa distinção tende a desaparecer porque muitos Corpos Maçônicos congregam lojas simbólicas de mais de um rito, isto é, muitas Grandes Lojas (nominais) são, de fato, Grandes Orientes (federação de ritos).

A Hegemonia do Rito Escocês.

As Grandes Lojas do Brasil adotam majoritariamente o Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA), tanto no tocante ao número de Grandes Lojas que o adotam com exclusividade, como entre aquelas que admitem outros ritos. Sem medo de errar podemos afirmar que, no âmbito das confederadas da CMSB – Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil o Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA) é praticado por mais de noventa e cinco por cento (95%) por cento dos seus filiados. Porque, a par de dezenove (19) Grandes Lojas brasileiras adotarem com exclusividade o Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA), as demais tem suas lojas trabalhando em percentuais (estimados) de noventa por cento, nesse rito.

Atualmente confederadas à CMSB adotam com exclusividade o Rito Escocês Antigo e Aceito: (1) a Grande Loja Maçônica do Estado do Acre; (2) Grande Loja do Estado de Alagoas; (3) a Grande Loja Maçônica do Amapá; (4) a Grande Loja Maçônica do Amazonas; (5) Grande Loja Maçônica do Estado da Bahia; (6) a Grande Loja Maçônica do Estado de Espírito Santo; (7) Grande Loja Maçônica do Estado de Goiás; (8) Grande Loja Maçônica do Estado do Maranhão; (9) Grande Loja Maçônica do Estado do Mato Grosso; (10) Grande Loja Maçônica do Estado do Mato Grosso do Sul; (11) a Grande Loja Maçônica de Pernambuco; (13) a Grande Loja Maçônica do Piauí; (13) Grande Loja Maçônica do Estado do Rio Grande do Norte; (14) Grande Loja Maçônica do Estado de Rondônia; (15) Grande Loja Maçônica do Estado de Roraima; (16) Grande Loja de Santa Catarina; (17) Grande Loja do Estado de Sergipe; !8) Grande Loja Maçônica do Estado de Tocantins adotam exclusivamente o Rito Escocês Antigo e Aceito (List of Lodges Masonic, Pantagraph Printing & Co., Edition 2000, pp. 153-178 e informação das Grandes Secretarias).

Todavia, como disse no início, trata-se de minha opinião pessoal, a qual, hoje na nossa jurisdição é plenamente majoritária, havendo o nosso Grão Mestre, Irm∴ Dimas Carvalho declarado o seu intento de levar a jurisdição a formalizar o que já é consenso, a exclusividade do Rito Escocês Antigo e Aceito na âmbito da Grande Loja de Pernambuco.

Dizemos formalizar porque hoje todas as nossas oficinas trabalham exclusivamente nesse Rito.

Estudamos outros Ritos, mas academicamente, como fonte de conhecimento.

Cabe destaque, ainda,  o fato de que algumas Grandes Lojas do Brasil tem adotado uma solução sui generis. Enquanto permitem que oficinas trabalhem em outros ritos, admitem que esses irmãos sejam membros de uma loja do Rito Escocês Antigo e Aceito (dupla filiação).

Orgulhosos herdeiros do legado de Mário Bhering, irmanemo-nos com o seu digno sucesso, o Soberano Grande Comendador, Ir∴Luiz Fernando Rodrigues Torres, na tarefa de estudar e difundir o Rito Escocês Antigo e Aceito em todo o território da pátria e dentro da melhor tradição brasileira.

Publicado na Revistra “ASTRÉA”, nº 11, MAR 2002 – JUN 2002, pág. 9-11

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