SESSÃO MAÇÔNICA MOTIVADORA
Charles Evaldo Boller
Sinopse: Considerações a respeito promoção de
sessões maçônicas motivadoras imprescindíveis para a sobrevivência da
Maçonaria.
O objetivo do maçom em loja é participar de sessão maçônica motivadora
para realimentar sua alma na vivência do dia-a-dia. Sessões com assuntos
administrativos reduzidos ao mínimo para sobrar mais tempo para degustar bons
pensamentos em animadas atividades que visam o crescimento e a autoeducação. O
tempo de instrução e estudos é a alma da sessão maçônica!
Cabe apenas aos aprendizes e companheiros maçons a tarefa de manterem
acesa a chama do pensamento maçônico? Aprendizes e companheiros são pessoas
sedentas de informações e conhecimentos ou os instrutores nas sessões?
Instrução é dever do mestre maçom! Ultimamente os aprendizes e companheiros, e
só estes, por obrigação regimental, apresentam peças de arquitetura, trabalhos
de cunho intelectual visando aumento de salário. Por que os mestres maçons não
se encontram motivados para tal? Faltam provocações! Carecem de debates e
conversas informais dos assuntos da Maçonaria dentro e fora da loja.
Tristemente, são comuns os aprendizes e companheiros ensinarem de forma
proativa enquanto os mestres maçons dormem! Como aconteceu isto? Porque o
mestre maçom está tão desmotivado? São as sessões maçônicas desmotivadoras! Ou
o mestre desce do pedestal em que ele foi colocado em resultado de sessões
monótonas ou deixa de ser o eterno e motivado aprendiz ou deixa a ordem
maçônica! Esta última é a realidade universal!
Mestre motivador e motivado nasce do atrito com os outros intelectos que
o acompanham numa sessão maçônica, daí a importância de debates. A tarefa dos
embates por pensamentos em animadas argumentações é arrancar lascas de
imperfeição das pedras uns dos outros, o polimento exige trabalho, atividade em
equipe - não é assim que são formadas as pedras roladas dos fundos de rios? Uma
pedra vai batendo na outra até que todas adquirem formas harmoniosas, quase
lisas, nunca perfeitas, apenas aperfeiçoadas. São pancadas ora suaves ora
bruscas, mas continuas! O resultado são pedras diferentes umas das outras:
grandes, pequenas, achatadas, ovais, arredondadas, mas nunca perfeitas. Cada
pedra mantém sua forma própria e reflete a luz com maior ou menor intensidade,
dependendo de quanto ela rolou em contado com outras pedras maiores e menores,
até com pedras tão pequenas como grãos de areia. Todas se modificam pelo atrito
constante. Não há necessidade de erudição elevada, apenas conhecimento médio já
é suficiente numa motivadora sessão maçônica, é semelhante à diversificação das
pedras do fundo dos rios. Em verdade, basta apenas uma mente sadia - qualquer
mente humana! O objetivo deve ser o canteiro de obras movimentado onde cada
obreiro é aprendiz, um eterno aprendiz, mesmo que seja apenas um grão de areia
em erudição ele vai influir no pensamento de seu irmão.
Promover debate em loja é retornar à prática da Maçonaria especulativa,
que preconiza o filosofar, o estudo teórico, o raciocínio abstrato e
investigativo, que usos e costumes deturparam a ponto de descaracterizar as
sessões maçônicas. Urge despertar nos irmãos a salutar capacidade em
desenvolver o pensamento em animadas discussões das coisas da sociedade e da
ordem maçônica. O propósito central das sessões motivadoras é eliminar o
inconformismo gerado pelo comparecimento semana após semana em loja apenas para
ouvir o som seco, duro, impessoal dos malhetes, em detrimento do trabalho no
polimento das pedras chocando-se umas nas outras no exercício do pensamento.
Sessões sem debate e instrução mecânicas revelam perda de tempo; são vazias e
sem propósito; devem ser defenestradas do templo. O obreiro da pedra deve
terminar seu dia em loja com algo novo e consistente dentro da mochila que ele
leva de volta para casa. Urge acabar com a mente desocupada, oca, vazia, cheia
de lacunas em resultado de atividade passiva e deixar a capacidade de pensar
fazer sua parte na construção do templo ideal da sociedade, onde cada homem é
apenas uma pedra. Atividades motivadoras em loja levantam a egrégora, um campo
de força do pensamento em uníssono e vibrante, algo revelado no brilho dos
olhos dos participantes. Como é possível ver os olhos do irmão que dorme o sono
dos anjos? O objetivo da Maçonaria é despertar o equilíbrio da razão, emoção e
espiritualidade - quando poderão fazer isto se suas mentes estão adormecidas
pelo enfadonho e repetitivo som monótono das mesmas ideias repetidas vez após
vez?
O obreiro deve voltar à prática do salutar e edificante afiar da espada,
a língua, e praticar o manuseio do maço e do cinzel, dar tratos à capacidade de
pensar, que há muito foi substituído por outras atividades nada motivadoras;
mesmices, tão entediantes que apenas embalam o sono dos ouvintes passivos. Urge
incrementar a qualidade das sessões maçônicas de modo a torna-las motivadores
de tal forma que estabeleçam contágio para edificantes conversas entre irmãos,
o que é de fato o real objetivo da Maçonaria especulativa com sua filosofia e
liturgia.
Mestres maçons devem ser compelidos na confecção de peças de
arquitetura? Não! Ninguém é obrigado a fazer nada além do determinado pelas
leis que regem a loja. O mestre maçom só confeccionará peças de arquitetura
quando estiver inspirado para isto. Tais construções surgem no canteiro de
obras principalmente se esta for a sua vontade e depois do obreiro se ver
provocado por novas inspirações provindas em loja dos irmãos, das outras
pedras, pedriscos e grãos de areia.
O salão é o mesmo, as músicas e o ritmo é que devem mudar. O baile será
alegre e trará prazer aos dançarinos se a sessão for motivadora e entusiasta! O
que interessa é cada músico dar o que tem de bom em si e animar o baile ao
sabor de seus pensamentos temperados com alegria. O que se objetiva é alimentar
com o sadio, construtivo e consistente alimento da filosofia maçônica. A sede
de conhecimento maçônico deve ser aplacada para que o homem produza frutos. O
gênio da motivação vem do ritmo impelido pelos músicos e maestro, onde todos
participam da orquestra e ao mesmo tempo dançam ao som de seus pensamentos,
sonhos e até devaneios. E assim, os dançarinos vão se movimentando na pista do
tempo construído à semelhança de um rio e onde cada pedra lustra a outra para
honra e à glória do Grande Arquiteto do Universo.
Bibliografia:
1.
DANTAS, Marcos André Malta, Do Aprendiz ao Mestre, Primeira edição, Editora
Maçônica a Trolha limitada, 248 páginas, Londrina, 2010;
2. PUSCH,
Jaime, ABC do Aprendiz, segunda edição, 146 páginas, Tubarão Santa Catarina,
1982;
3.
RODRIGUES, Raimundo, A Filosofia da Maçonaria Simbólica, Coleção Biblioteca do
Maçom, Volume 04, ISBN 978-85-7252-233-5, primeira edição, Editora Maçônica a
Trolha limitada., 172 páginas, Londrina, 2007.
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