TIRADENTES, O HERÓI DA LIBERDADE
“Eu sou o Brasil; sou a revolução!
O meu corpo será destruído, mas minha idéia viverá, ressurgirá noutros heróis,
amadurecerá, até que um dia os brasileiros possam recolher os seus frutos”.
No final do século XVII, o ideal
de independência animava corações e mentes de brasileiros. O Alferes Silva
Xavier, em constante contato com o povo nas Capitanias de Minas Gerais, Rio de
Janeiro, São Paulo e Bahia, conhecia bem a realidade nacional e comungava dos
anseios de liberdade, soberania e progresso das populações rurais e urbanas da
colônia. Revoltavam-lhe o drama vivido por seus irmãos e a sangria de recursos
que o colonizador infligia à Nação.
Aliado a esta revolta o ideário
liberal-republicano, que aportava no País naquele final de século, normalmente
através de Irmãos Maçons, Tiradentes torna-se um revolucionário.
A SENTENÇA DE TIRADENTES
“Portanto, condenam o réu Joaquim
José da Silva Xavier, por alcunha o Tiradentes, alferes que foi da tropa paga
da Capitania de Minas Gerais, a que com baraço e pregão seja conduzido pelas
ruas públicas ao lugar da forca e nela morra de morte natural para sempre e que
depois de morto lhe seja cortada a cabeça e levada à Vila Rica, onde em lugar
mais público seja pregado em um poste alto até que o tempo a consuma; o seu
corpo será dividido em quatro quartos e pregado em postes pelo caminho de
Minas, no sítio da Varginha e de Sebolas, onde o réu teve as suas infames
práticas, e os mais nos sítios de maiores povoações até que o tempo também os
consuma. Declaramos o réu infame, e infames seus filhos e netos, tendo-os, e
seus bens aplicam para o fisco e Câmara Real, e a casa em que vivia em Vila
Rica será arrasada e salgada e que nunca mais no chão se edifique; e que não
sendo própria, será avaliada e paga ao seu dono, pelos bens confiscados, e no
mesmo chão se levantará um padrão pela qual se conserve em memória a infâmia
deste abominável réu”.
A leitura da sentença de morte de
Tiradentes permite inferir sobre o temor que sua liderança e suas idéias
causavam, daí a violência do libelo. Durante várias décadas, este temor, bem
como, influência de historiadores
lusitanos fizeram relegar a um plano secundário o significado da Inconfidência
Mineira na História da Pátria e o papel de Tiradentes no movimento.
O alferes foi a alma da
Inconfidência Mineira e seu líder inconteste. Sua palavra, eivada de fé,
idealismo e fervor cívico, entusiasmou a Nação e plantou a semente da
independência. Mesmo após sua morte, foi a chama que manteve aceso o ideal que
viria a se materializar em 7 de setembro de 1822.
TIRADENTES NUNCA USOU BARBA
Descobriu-se depois de 200 anos
da morte de Joaquim José da Silva Xavier
que ele nunca usou barba, como é retratado em esculturas, pinturas e nos livros
de história do Brasil. Segundo o secretário-geral do Instituto Histórico de Minas
Gerais, professor Herbert Sardinha Pinto, decidiram que seria conveniente que o
mineiro enforcado em 1792 fosse lembrado à imagem e semelhança de Cristo.
“Assim como Jesus foi crucificado para redimir os pecados da humanidade,
Tiradentes foi enforcado para remissão do povo brasileiro”.
TIRADENTES FOI MAÇOM?
A única documentação realmente
válida para o estudo da conjura, é representado pelos autos da devassa cujos
originais estão na Biblioteca Nacional, tendo sido enfeixados em sete volumes
de uma publicação do Ministério da Educação, em 1936. Fora disso, só existem
depoimentos orais dos contemporâneos do movimento, relatados por
historiógrafos, que se ocuparam do assunto, que não pode ser confirmada.
Alguns autores dizem que
Tiradentes foi Maçom, como Joaquim Norberto e Joaquim Felício dos Santos na
obra “Memórias do Distrito Diamantino”, escrita em 1861, no Serro Frio, hoje
Diamantina. Quem teve o privilégio de embaralhar a verdadeira história maçônica
do Brasil, foram os Ir.'. Tenório D’Albuquerque e o profano Tito Livio Ferreira,
que lançaram seus livros “maçônicos” a partir de 1953/54. Devotado aos livros,
vivendo para eles, e deles, pois que “os direitos autorais que recebo para a
inveja de muitos garantem-me a subsistência de minha família, e me permitem
todos os anos, uma viagem ao estrangeiro”.
Era esse, portanto, o seu ideal
de escritos maçônicos e profano, como ainda hoje o é de seus usufrutuários e de
seus imitadores.
De acordo com os registros
encontrados, não há possibilidade de Tiradentes ser Maçom, pois naquela época
não existia loja regular sendo a primeira em 1801 no Rio de Janeiro, loja
“reunião”, filiada ao Oriente da Ilha de França. Há alguns autores que
concordam com a existência de lojas regulares na época, mas na província de
Pernambuco e Paraíba, em 1796.
Sabe-se que Tiradentes nasceu em
Minas Gerais e esteve no Rio tornando impossível que tenha sido Maçon, de
acordo com os registros existentes. Há alguns autores que concordam com a
inexistência de lojas regulares na época e terminam em dizer que os conjurados
eram todos maçons “pois naquele tempo era costume de se dar título de maçon por
comunicação sem as provas iniciáticas em Loja Composta”.
Ora isso não é verdade, pois
tanto de acordo com os Artigos obrigações gerais de 1721, das Constituições de
Anderson, quando com todas as classificações de Landmarques nem o Grão-Mestre
tem a prerrogativa de criar maçons por comunicação. O oitavo landmarques da
classificação de Mackey (que é a única que aborda o caso), diz que uma das
prerrogativas do Grão-Mestre é “fazer maçons à vista”, todavia, não
significando que isso possa ser feito em qualquer lugar, pois deve o
Grão-Mestre, convocar pelo menos seis mestres, reunindo-os em loja, com
candidato à vista.
Que o motivo de caráter
autonomista, surgido em Vila Rica foi inspiração maçônica, não há a menor
dúvida, pois a idéia da revolta foi trazida ao Brasil por estudantes mineiros,
que se encontravam na Europa e que lá foram iniciados na maçonaria. Sendo eles
José Alves Maciel, José Joaquim de Meira e Domingos Vidal Barbosa.
Quanto a Tiradentes é claro que
foi um grande patriota, inflamado, exaltado na defesa de seus ideiais,
altruísta, inteligente, ou seja, enfim, um grande homem e um nome brilhante na
História do Brasil.
Para encerrar, é preciso que se
destaque, à bem da verdade histórica, que o verdadeiro líder da inconfidência
mineira foi, realmente, um maçom: José Álvares Maciel, que só não tem, em nossa
história o mesmo brilho que Tiradentes, porque somente este, assumindo toda a
culpa pela revolta, foi executado, tornando-se o proto-mártir da independência.
A SUBSTITUIÇÃO DO CORPO DE
TIRADENTES
Há uma outra corrente que afirma
que realmente Tiradentes era Maçom e que o “poder invisível” da Maçonaria da
época teria conseguido substituir o corpo do Irmão Tiradentes antes de ser
degolado e dividido em quartos. Lembro, entretanto que não se pode confirmar
esse dado.
O LOCAL DA EXECUÇÃO
Tiradentes foi executado no Rio
de Janeiro e o corpo dividido foi levado à cavalo para Minas Gerais, onde só
chegou após 22 dias.
Ir.'. Arlindo Gomes
Loja XV de Novembro nº 50
Campo Grande (MS)
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