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sexta-feira, 21 de abril de 2017

TIRADENTES, O HERÓI DA LIBERDADE

TIRADENTES, O HERÓI DA LIBERDADE

“Eu sou o Brasil; sou a revolução! O meu corpo será destruído, mas minha idéia viverá, ressurgirá noutros heróis, amadurecerá, até que um dia os brasileiros possam recolher os seus frutos”.

No final do século XVII, o ideal de independência animava corações e mentes de brasileiros. O Alferes Silva Xavier, em constante contato com o povo nas Capitanias de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia, conhecia bem a realidade nacional e comungava dos anseios de liberdade, soberania e progresso das populações rurais e urbanas da colônia. Revoltavam-lhe o drama vivido por seus irmãos e a sangria de recursos que o colonizador infligia à Nação.

Aliado a esta revolta o ideário liberal-republicano, que aportava no País naquele final de século, normalmente através de Irmãos Maçons, Tiradentes torna-se um revolucionário.


A SENTENÇA DE TIRADENTES
“Portanto, condenam o réu Joaquim José da Silva Xavier, por alcunha o Tiradentes, alferes que foi da tropa paga da Capitania de Minas Gerais, a que com baraço e pregão seja conduzido pelas ruas públicas ao lugar da forca e nela morra de morte natural para sempre e que depois de morto lhe seja cortada a cabeça e levada à Vila Rica, onde em lugar mais público seja pregado em um poste alto até que o tempo a consuma; o seu corpo será dividido em quatro quartos e pregado em postes pelo caminho de Minas, no sítio da Varginha e de Sebolas, onde o réu teve as suas infames práticas, e os mais nos sítios de maiores povoações até que o tempo também os consuma. Declaramos o réu infame, e infames seus filhos e netos, tendo-os, e seus bens aplicam para o fisco e Câmara Real, e a casa em que vivia em Vila Rica será arrasada e salgada e que nunca mais no chão se edifique; e que não sendo própria, será avaliada e paga ao seu dono, pelos bens confiscados, e no mesmo chão se levantará um padrão pela qual se conserve em memória a infâmia deste abominável réu”.

A leitura da sentença de morte de Tiradentes permite inferir sobre o temor que sua liderança e suas idéias causavam, daí a violência do libelo. Durante várias décadas, este temor, bem como,  influência de historiadores lusitanos fizeram relegar a um plano secundário o significado da Inconfidência Mineira na História da Pátria e o papel de Tiradentes no movimento.

O alferes foi a alma da Inconfidência Mineira e seu líder inconteste. Sua palavra, eivada de fé, idealismo e fervor cívico, entusiasmou a Nação e plantou a semente da independência. Mesmo após sua morte, foi a chama que manteve aceso o ideal que viria a se materializar em 7 de setembro de 1822.

TIRADENTES NUNCA USOU BARBA
Descobriu-se depois de 200 anos da morte de  Joaquim José da Silva Xavier que ele nunca usou barba, como é retratado em esculturas, pinturas e nos livros de história do Brasil. Segundo o secretário-geral do Instituto Histórico de Minas Gerais, professor Herbert Sardinha Pinto, decidiram que seria conveniente que o mineiro enforcado em 1792 fosse lembrado à imagem e semelhança de Cristo. “Assim como Jesus foi crucificado para redimir os pecados da humanidade, Tiradentes foi enforcado para remissão do povo brasileiro”.

TIRADENTES FOI MAÇOM?
A única documentação realmente válida para o estudo da conjura, é representado pelos autos da devassa cujos originais estão na Biblioteca Nacional, tendo sido enfeixados em sete volumes de uma publicação do Ministério da Educação, em 1936. Fora disso, só existem depoimentos orais dos contemporâneos do movimento, relatados por historiógrafos, que se ocuparam do assunto, que não pode ser confirmada.

Alguns autores dizem que Tiradentes foi Maçom, como Joaquim Norberto e Joaquim Felício dos Santos na obra “Memórias do Distrito Diamantino”, escrita em 1861, no Serro Frio, hoje Diamantina. Quem teve o privilégio de embaralhar a verdadeira história maçônica do Brasil, foram os Ir.'. Tenório D’Albuquerque e o profano Tito Livio Ferreira, que lançaram seus livros “maçônicos” a partir de 1953/54. Devotado aos livros, vivendo para eles, e deles, pois que “os direitos autorais que recebo para a inveja de muitos garantem-me a subsistência de minha família, e me permitem todos os anos, uma viagem ao estrangeiro”.

Era esse, portanto, o seu ideal de escritos maçônicos e profano, como ainda hoje o é de seus usufrutuários e de seus imitadores.

De acordo com os registros encontrados, não há possibilidade de Tiradentes ser Maçom, pois naquela época não existia loja regular sendo a primeira em 1801 no Rio de Janeiro, loja “reunião”, filiada ao Oriente da Ilha de França. Há alguns autores que concordam com a existência de lojas regulares na época, mas na província de Pernambuco e Paraíba, em 1796.

Sabe-se que Tiradentes nasceu em Minas Gerais e esteve no Rio tornando impossível que tenha sido Maçon, de acordo com os registros existentes. Há alguns autores que concordam com a inexistência de lojas regulares na época e terminam em dizer que os conjurados eram todos maçons “pois naquele tempo era costume de se dar título de maçon por comunicação sem as provas iniciáticas em Loja Composta”.

Ora isso não é verdade, pois tanto de acordo com os Artigos obrigações gerais de 1721, das Constituições de Anderson, quando com todas as classificações de Landmarques nem o Grão-Mestre tem a prerrogativa de criar maçons por comunicação. O oitavo landmarques da classificação de Mackey (que é a única que aborda o caso), diz que uma das prerrogativas do Grão-Mestre é “fazer maçons à vista”, todavia, não significando que isso possa ser feito em qualquer lugar, pois deve o Grão-Mestre, convocar pelo menos seis mestres, reunindo-os em loja, com candidato à vista.

Que o motivo de caráter autonomista, surgido em Vila Rica foi inspiração maçônica, não há a menor dúvida, pois a idéia da revolta foi trazida ao Brasil por estudantes mineiros, que se encontravam na Europa e que lá foram iniciados na maçonaria. Sendo eles José Alves Maciel, José Joaquim de Meira e Domingos Vidal Barbosa.

Quanto a Tiradentes é claro que foi um grande patriota, inflamado, exaltado na defesa de seus ideiais, altruísta, inteligente, ou seja, enfim, um grande homem e um nome brilhante na História do Brasil.

Para encerrar, é preciso que se destaque, à bem da verdade histórica, que o verdadeiro líder da inconfidência mineira foi, realmente, um maçom: José Álvares Maciel, que só não tem, em nossa história o mesmo brilho que Tiradentes, porque somente este, assumindo toda a culpa pela revolta, foi executado, tornando-se o proto-mártir da independência.

A SUBSTITUIÇÃO DO CORPO DE TIRADENTES
Há uma outra corrente que afirma que realmente Tiradentes era Maçom e que o “poder invisível” da Maçonaria da época teria conseguido substituir o corpo do Irmão Tiradentes antes de ser degolado e dividido em quartos. Lembro, entretanto que não se pode confirmar esse dado.

O LOCAL DA EXECUÇÃO
Tiradentes foi executado no Rio de Janeiro e o corpo dividido foi levado à cavalo para Minas Gerais, onde só chegou após 22 dias.

Ir.'. Arlindo Gomes
Loja XV de Novembro nº 50
Campo Grande (MS)

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