HISTÓRIA DE DUAS PRÁTICAS RITUALÍSTICAS NO REAA
(republicação)
Em 18/05/2017 o Respeitável Irmão Weber Koiti
Yagui, REAA, Loja Amor e Liberdade, GOB-PR, Oriente de Ivaiporã, Estado do
Paraná, formula através do meu blog http://pedro-juk.blogspot.com.br, as questões seguintes:
1) Gostaria de saber qual a razão histórica
para quando o Venerável pede para o 1º Vigilante “Podeis fechar a loja”?
2) Qual a história e a razão da liturgia da
transmissão da Palavra e o porquê da sua existência?
CONSIDERAÇÕES:
Essas são reminiscências dos nossos
ancestrais operativos que são lembradas na liturgia da Moderna Maçonaria dos
Aceitos.
As duas questões podem ser respondidas de uma
só vez, já que entre ambas existe relação.
A origem da Transmissão da Palavra como a
prática aplicada na liturgia do simbolismo do REAA.'. relembra o Ofício no
passado, e nela a demarcação, conferência, nivelamento e aprumada dos cantos da
construção.
Sinteticamente o que se poderia comentar
seria o seguinte:
Nos canteiros da Idade Média, durante o
início da jornada de uma etapa de trabalho, o Mestre da Obra solicitava aos
seus auxiliares imediatos, os antigos wardens (zeladores), atuais
Vigilantes da Moderna Maçonaria, que antes de se dar início aos trabalhos no
canteiro (hoje a Loja), os mesmos fizessem a verificação acurada dos cantos
erguidos para o fechamento com qualidade das paredes conferindo neles a
aprumada e o nivelamento. Munidos do nível e do prumo e auxiliados pelos
antigos oficiais de chão mensageiros (hoje os Diáconos), eles então percorriam
a imensidão da obra (construção de uma catedral, por exemplo) e faziam
meticulosa conferência. Concluída esta e estando tudo nos conformes, os
mensageiros eram enviados para comunicar ao Mestre da Obra que tudo estava “justo
e perfeito”, oportunidade na qual o Mestre ordenava que imediatamente
fossem iniciados os trabalhos.
Concluída aquela etapa da obra, o Mestre da
Obra então determinava novamente aos seus auxiliares que os mesmos conferissem
os trabalhos realizados, verificando se a sua qualidade estava a contento.
Assim, munidos dos seus instrumentos de trabalho, novamente os wardens,
auxiliados pelos oficiais de chão, conferiam o nivelamento e a aprumada das
paredes que haviam sido construídas naquela fase. Em estando nela tudo a
contento, o Mestre era informado que os trabalhos estavam “justos e
perfeitos”. Ao receber essa afirmativa ele então declarava encerrada aquela
etapa da obra e mandava o seu primeiro warden (hoje o Primeiro
Vigilante) fechar a Loja, pagar os operários e despedi-los contentes e satisfeitos,
não sem antes recomendar a todos o retorno ao canteiro depois de merecido
descanso para dar início à outra etapa da obra.
Na verdade o canteiro de obras era fechado no
solstício de inverno no hemisfério norte e assim permanecia por toda essa estação
graças às dificuldades trazidas pelas intempéries tão comuns ao ciclo natural
do inverno - excesso de frio, noites longas e dias curtos (a Terra fica viúva
do Sol), levando-se em conta também os obstáculos operacionais comuns àquele
período da história.
Há que se considerar igualmente que os nossos
ancestrais construtores atuavam no hemisfério Norte, em cujas latitudes sempre
ocorrem invernos rigorosos, a despeito de que foi principalmente nessa região
que a Francomaçonaria floresceu.
Em síntese essa era uma pequena parte do teatro
natural onde se desenvolviam os trabalhos nos canteiros de obras medievais,
sendo também apropriado lembrar-se da complexidade que envolvia as construções
de pedra no passado, principalmente em se tratando da edificação de igrejas,
monastérios, obras públicas e catedrais.
Foi relembrando as práticas dessa época que a
Moderna Maçonaria, especificamente o REAA.'. durante a evolução dos seus rituais desde meados do século XIX e início do XX,
manteve essa tradição na sua liturgia, a despeito de que de modo especulativo
os maçons da atualidade não trabalham mais literalmente na construção de
catedrais, porém se dedicam, por um método de aperfeiçoamento moral, a
construir simbolicamente um Templo à Virtude Universal.
Assim, simbolicamente a estrutura dialética
do ritual através das suas práticas litúrgicas faz lembrar o passado distante,
não mais literalmente aprumando e nivelando os cantos de uma construção, mas de
modo prático, comparam aquelas atividades de antanho à transmissão atual de uma
Palavra envolvendo os personagens do Venerável Mestre (o Mestre da Obra do
passado), dos Vigilantes (os wardens do passado) e dos Diáconos (os
antigos oficiais de chão). Toda essa alegoria representa o aprimoramento do
Homem como um elemento primário apropriado para fazer parte da edificação simbólica.
A Palavra estando correta e transmitida nos conformes, isto é justa e
perfeita ao Meio-Dia o Venerável declara a Loja aberta. Do mesmo modo, ao
final da jornada, estando tudo justo e perfeito, os trabalhos são
encerrados à Meia-Noite e o Primeiro Vigilante declara a Loja fechada – observe
o que exara o ritual: o Venerável abre a Loja e o Primeiro Vigilante a encerra.
Concluindo, não é por acaso que as joias dos
Vigilantes se constituem pelo Nível e pelo Prumo respectivamente. Do mesmo modo
essa também é a razão de existir a expressão maçônica: “justo e perfeito em
ambas as Colunas” como condicionante para que os trabalhos da Loja possam
ser abertos e encerrados regularmente.
T.F.A.
PEDRO JUK
jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br
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