Autor: José Amâncio de Lima
“Scribitur ad narrandum, non ad probandum.” (Quintiliano)
O tema, o que passo a desenvolver, possui em seu conjunto milhares de interpretações com relação ao seu significado. Por isso, apresento abaixo, vários conceitos e definições da palavra Símbolo:
É aquilo que, por um princípio de analogia, representa ou substitui outra coisa; vem do grego sumbolon, sinal de reconhecimento formado pelas duas metades de um objeto quebrado que tornam a se juntar; por extensão, essa palavra significa uma representação analógica relacionada com o objeto considerado; vem do latim symbolum, igual (sinal, emblema), é a figura, a marca, ou qualquer objeto que tenha significação convencional, ou seja, que quando visto já sugere um significado consagrado pela tradição e pelo uso.
É como um sensível, com consistência própria, mas através do qual se pode perceber uma relação de significação. Antes de significar, ele já possui, em seu poder, sua natureza própria. Ele se apresenta primeiro com um ser conhecido por ele mesmo, depois apenas com um ser que tem uma relação de significação em outro termo.
É imagem, é pensamento… Ele nos faz captar, entre o mundo e nós, algumas dessas afinidades secretas e dessas leis obscuras que podem muito bem ir além do alcance da ciência, mas que por isso são menos certas. Todo símbolo é nesse sentido, uma espécie de revelação.
O símbolo difere do emblema, por ser mais amplo, mais extenso, e sua compreensão relaciona-se intimamente com os conhecimentos já adquiridos por quem o estuda.
É o objeto físico ao qual se empresta uma significação moral fundada em relação natural.
Os símbolos são então, ferramentas do pensamento. São modos diferentes de se encarar a realidade, de percebê-la e integrá-la em nós. As vezes, esquecemo-nos de que todas as unidades de medidas começaram com o corpo humano. Uma polegada (a largura de um polegar); uma braça (a extensão dos braços abertos); um palmo; um codo (um cotovelo); um passo etc.
Fechando a síntese da compilação sobre o símbolo, direcionado ao seu campo geral, passo agora a detalhá-la no âmbito da Maçonaria.
Símbolo maçônico
O Símbolo na Maçonaria é constante e latente em todas as suas partes. É preciso, portanto, penetrar pacientemente no seu significado. Somente pelo estudo dos símbolos é que se pode chegar ao esoterismo.
Na Maçonaria, todos os símbolos são ligados à arte de construir, desde os projetos da construção, até ao exercício do ofício do pedreiro. Todavia, como a Ordem Maçônica é uma instituição iniciática, com alto conteúdo moral, espiritual e místico, os símbolos possuem, para os maçons, dois significados: um exotérico e outro esotérico.
EXOTÉRICO (do grego, exoterikós; pelo latim, exotericus = comum, trivial), em filosofia, é aquilo relativo à doutrina ensinada publicamente; figuradamente, significa exterior, comum, vulgar, ordinário. É, então, aquilo que pode ser de conhecimento público e não só dos iniciados.
ESOTÉRICO (do grego esoterikós = reservado apenas aos iniciados) É relativo à linguagem e aos ensinamentos somente aos iniciados. São incompreensíveis aos não iniciados.
Assim, em Maçonaria, o significado esotérico dos símbolos, sempre de alto valor espiritual e místico, não pode ser revelado aos profanos.
Pode-se ainda dividir os símbolos maçônicos em cinco classes principais, levando- se em conta as várias origens e procedências:
Místicos e Religiosos;
Da Arte da Construção (Operativos);
Herméticos e Alquímicos;
De caráter particular;
Tradicionais.
Lembro aqui também, que todo símbolo possui duas partes:
SIGNIFICANTE – É a visível, objetiva; e
SIGNIFICADO – É a invisível, inefável, interpretável conforme nossas verdades internas, projeções de nossa essência que poderão refletir em nossa existência a medida que nossa inconsciência permitir uma transparência suficiente para tal.
Simbolismo e suas várias definições
É o conteúdo ou interpretação dos símbolos;
É um sistema de símbolos que expressa fatos ou crenças de um povo;
É um sistema de signos escritos cuja articulação se dá segundo regras, e que traduz visualmente a formação de um raciocínio;
Como efeito, é uma verdadeira ciência que tem suas regras precisas e cujos princípios emanam do mundo dos Arquétipos;
É expressão ou interpretação por meio de símbolos; e
É um poderoso meio que pode nos levar ao conhecimento.
Mostrado o conceito geral do simbolismo, passo a defini-lo no âmbito da Maçonaria.
Simbolismo maçônico
O Simbolismo é, pois, tudo que tenha natureza sensível. É, sem dúvida, a chave de uma sabedoria maior que se revela tanto pela lógica como pela percepção e intuição.
A Maçonaria tem como herança, a guarda desta chave que abre as portas para o iniciado penetrar na essência das verdades veladas, de uma realidade que explica os PORQUÊS e a própria existência do que é visível (concreto) e do invisível, bem como do inefável.
A começar pelo Templo Maçônico, que é a representação fiel do Universo. É o Yang e o Ying do TAO, isto é, a Terra e o Céu, as polaridades inversas, porém complementares entre si. Recordemos o que está escrito na famosa “Tábua de Esmeralda”, atribuída ao lendário Hermes Trimegisto (Três Vezes Grande), que diz:
“TUDO QUE ESTÁ AQUI EMBAIXO TAMBÉM ESTÁ NO ALTO; TAMBÉM NO ALTO ESTÁ O QUE AQUI ESTÁ EMBAIXO; POIS TUDO É OBRA DE UMA SÓ COISA”.
Toda esta sabedoria pode ser resumida na afirmação de que, os Microcosmos e os Macrocosmos são reflexos um do outro.
O Simbolismo não tem e nem pode ter regras fixas e inalteráveis. Nele prevalece sempre a ideia, a interpretação e o significado que se pretende aplicar ao símbolo e, para que isso seja plenamente possível há necessidade de conceituá-lo.
O Simbolismo, também foi um movimento que surgiu na França aproximadamente em 1.885. Este movimento agrupava poetas que reagiam contra o ideal estático da “Arte pela Arte”, e do positivismo da literatura naturalista.
Na atualidade o Simbolismo Maçônico quase inexiste, porque a nossa imagem arquétipa está à beira de se apagar, tal como uma bateria elétrica que já prestou bons serviços e agora se encontra quase vencida pelo desgaste. Há muito não se realiza SIMBOLISMO na Ordem, ao contrário se pratica um intenso ALEGORISMO.
Assim cabe a pergunta: Será nossa atual condição, a de sociedade iniciática?
Haja vista que o processo iniciático como o próprio nome diz, do latim INITIUMque tem a mesma equivalência de RELIGAR, ou seja, ligar o HOMEM a DEUS, não está hoje ensinando praticamente nada sobre isso. Não obstante a iniciação tem ensinamentos profundos, que não recebem a devida atenção do ponto de vista de estudos e pesquisas por parte da Ordem, bem como por outro lado, tem se motivado muito pouco este tipo de ação.
A Maçonaria apresenta em seu simbolismo vários conceitos
É a ciência da moral, revelada por meio de alegorias e ilustrada por símbolos. Significa o conhecimento dos três primeiros graus, que constituem a base e fundamento da Maçonaria;
É a corrente iniciática da Maçonaria regular e pertence às Grandes Lojas Simbólicas, e que, pela qual, mantêm-se com a Maçonaria Filosófica tratados de paz e harmonia; e
Teve origem no período especulativo, sendo que uma das razões estava na necessidade de se redescobrir os símbolos do passado e que tiveram seu conteúdo doutrinário e iniciático deturpado, desfigurado e velado pela ignorância (proposital ou não) da eclesiástica medieval e pelos sofismas dos doutores escolásticos.
Ilustrações de símbolos gerais
Símbolos usados desde tempos muito antigos até a Idade Média -, recolhidos por Rudolph Kock e por aqueles que pesquisam gravuras, inscrições e manuscritos:
O Ponto é a origem de todos os sinais e é também sua essência mais íntima. Era com esta ideia que as Lojas Maçônicas de outrora expressavam os segredos de suas guildas por meio do ponto.
O traço vertical representa a unidade de Deus, ou a Divindade, de modo geral; ele também simboliza o poder que desce do alto sobre a humanidade por coisas elevadas. Por outro lado, no traço horizontal vemos a Terra, onde a vida flui e tudo se move no mesmo plano.
O ângulo, ou o encontro do celestial e do terrestre. Como não possuem nada em comum, eles se tocam, mas não se cruzam. Este símbolo representa a reciprocidade entre Deus e o Mundo. Nas Lojas Maçônicas da Idade Média, o ângulo reto – o “Esquadro” – era o símbolo da Justiça e da integridade.
O Chrismon mais generalizado e conhecido. Segundo a lenda, o Chrismon apareceu em sonho ao Imperador Constantino, acompanhado de uma voz que dizia: “In Hoc Signo Vinces” – “Com este sinal vencerás”. Assim, ele mandou adornar seu estandarte de guerra com este símbolo. Esta bandeira é chamada “Lábaro”. “In Hoc Signo Vinces” foi a divisa do Império do Brasil. Ele é também chamado de “Signum Dei”.
A Cruz Grega, “CRUX IMMISSA QUADRATA”. No sinal da Cruz, Deus e a Terra estão combinados e em harmonia. De duas linhas simples nasceu um símbolo completo. A Cruz é certamente um dos mais antigos símbolos; encontrava-se por toda parte, sem ter qualquer relação com a concepção de Cristandade.
A Cruz de Santo André, Cruz na qual André foi martirizado. Também chamada “Crux decussata”. Era a marca de fronteira dos romanos, derivada da cruz por eles usada como barreira. Na heráldica chama-se aspa, e é símbolo da Escócia e da Rússia.
Sem termos de comparação, o maior número de símbolos do mundo ocidental é baseado na forma ou em parte da forma da Cruz, sejam eles monogramas imperiais, sinais maçônicos, sinais de família, símbolos químicos ou marcas registradas.
Conclusão
Neste trabalho, limitei-me a enumerar várias definições do tema proposto em seu título. Com intuito de oferecer subsídios de um conhecimento, que nos habilite a entender o Simbolismo Maçônico – uma vez que hoje são poucos os Maçons que conhecem os ensinamentos contidos nos Rituais e Símbolos adotados pela Ordem.
“Quod scripsi, scripsi.” (João, l9, 22)
Bibliografia
CARVALHO, Francisco de Assis. Caderno de Pesquisas Maçônicas Nº 8 – A Tolha. BOUCHER, Jules. A Simbólica Maçonaria. ZELDIS, Leon. Estudos Maçônicos – Simbolismos. OLIVEIRA, Welington, B. Um Conceito de Maçonaria. CORRÊA, Oneas D’Assunção; PERTENCE, Arnaldo. Ritualística e Procedimentos Maçônicos. CASTELLENI, José. Dicionário de Temas Maçônicos. Dicionário Aurélio. Dicionário Koogan Larousse
Outros autores consultados
Jean C. M. Travers; Brunetière; Leon Zeldis.
Fonte: https://opontodentrocirculo.com
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