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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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domingo, 5 de agosto de 2018

SEGUNDO DIÁCONO

SEGUNDO DIÁCONO
(republicação)

Questão que faz o Respeitável Irmão Lélio Geraldo Lopes da Silva, Loja Estrela de Bragança, 3.375, REAA, GOSP, GOB, Oriente de Bragança Paulista, Estado de São Paulo.
professorlelio@ig.com.br 

A função do Irmão Segundo Diácono é ser executor e transmissor das palavras do Venerável Mestre e zelar para que os Irmãos se conservem nas Colunas com respeito, disciplina e ordem (Pág. 46, Ritual Aprendiz-Maçom REAA). Assim, como estudioso de ritualística, dirijo-me ao grande conhecedor para saber qual o procedimento do Irmão Segundo Diácono, caso necessário seja a sua intervenção.

CONSIDERAÇÕES:

Esse diálogo apenas é mantido no Ritual por manutenção de tradição e nunca como prática ritualística própria no Rito Escocês Antigo e Aceito. 

A origem do cargo de Diáconos está presa aos antigos oficiais de chão da Maçonaria Operativa. Esses oficiais eram mensageiros do Mestre da Obra nos canteiros medievais. Geralmente eles levavam a ordem do Mestre aos seus auxiliares imediatos, ou “wardens” (zeladores) originários mais tarde na figura dos Vigilantes da Loja. 

No início dos trabalhos da obra, para o esquadrejamento dos cantos, nivelamento e aprumada os oficiais de chão acompanhavam os auxiliares imediatos na marcação e posteriormente informavam ao Mestre da Obra que o intento fora obtido. 

Tudo pronto e apropriado para o início dos trabalhos havia a informação de que tudo estava justo e perfeito, fato que assim sendo o Mestre determinava o início dos trabalhos operativos. 

Ao término de uma fase dos trabalhos, os mesmos oficiais de chão percorriam junto com os “wardens” para a conferência do que até então havia sido construído. Estando tudo nos conformes, transmitia-se ao Mestre da Obra que tudo estava justo e perfeito. 

O Mestre então determinava o encerramento e que os operários fossem pagos e despedidos contentes e satisfeitos. 

Geralmente essas fases da obra eram conferidas no início na Primavera e encerradas no Outono enquanto que o retorno ao labor ficaria para a próxima primavera – no Inverno geralmente os trabalhos eram paralisados. 

Considere-se a ação sob o ponto de vista do Hemisfério Norte, latitude onde se proliferaram as confrarias da Franco-Maçonaria, ou a Maçonaria Operativa. É também sob esse prisma que surge a observação dos ciclos naturais balizados pelos solstícios e equinócios também como alegoria na Maçonaria. 

Por influência da Igreja-Estado esses antigos oficiais de chão seriam denominados Diáconos, igualmente na etapa histórica em que os zeladores se tornariam os Vigilantes da Loja. 

Com o advento da Maçonaria Especulativa e, por conseguinte da Moderna Maçonaria, esses títulos e costumes ingressariam nos rituais e trabalhos maçônicos como tradição por conta da sua origem, principalmente a partir do Século XVIII. 

O Rito Escocês Antigo e Aceito, embora de origem francesa, revive pelo seu próprio título “antigo” essa antiga tradição simbolizada pela prática da transmissão da Palavra que, estando ela correta, obtém-se a expressão “Justo e Perfeito”. 

Dada a salutar compreensão de que a Loja é a representação simbólica do espaço dos antigos canteiros de obras, obviamente não existe um literal nivelamento e aprumada, já que no Especulativo é o Homem que é passível de aperfeiçoamento (pelo Nível e pelo Prumo) enquanto representa a pedra calcária, matéria prima com as quais se elevavam as construções e obras de arte no passado. 

Nesse particular a obra de aperfeiçoamento está em aprimorar o elemento humano, cuja aprumada e nivelamento é simbolicamente representada pela alegoria da transmissão de uma Palavra em cujos (Graus) ela se altera conforme a evolução. 

Daí os mensageiros Diáconos trabalham em consorte com os Vigilantes na abertura e encerramento dos trabalhos de uma Loja Maçônica no caso do Rito Escocês Antigo e Aceito. Os Diáconos como mensageiros (pomba) e os Vigilantes como utentes do Nível e do Prumo (suas joias distintivas). 

A origem francesa do Rito em questão, fora aqui apontada, devido ao relato histórico da Ordem, onde duas vertentes se solidificariam – a dos Modernos, oriundos da Primeira Grande Loja de 1.717 na Inglaterra, cujo formato serviria também de base para a Maçonaria francesa e a dos Antigos, oriundos da Segunda Grande Loja inglesa de 1.751, alicerce principal do Craft, ou Maçonaria Inglesa atual. 

Assim, o Rito Escocês, mesmo sendo filho espiritual da França, manteve sua corrente anglo-saxônica em grande parte dos costumes no Rito. 

É exatamente nessa particularidade que permaneceu a dialética ancestral apenas como ato de rememorar um antigo costume, todavia como prática ritualística mesmo, apenas no ato simbólico que compõe a alegoria da transmissão da Palavra, objetivando assim simbolizar a qualidade de estar o Canteiro pronto para o início dos trabalhos, bem como propício para o seu encerramento. 

Destarte, no simbolismo do Rito Escocês Antigo e Aceito, a dialética relativa aos Diáconos no tocante à transmissão de ordens, o zelo pelo respeito e disciplina, etc., são remanescentes dos antigos costumes para simplesmente relembrar simbolicamente práticas hauridas do nosso passado histórico, não se tratando de um ato literal na sua execução ritualística. 

Dessa maneira o ritual não aponta em oportunidade alguma, senão a transmissão da Palavra, prática específica desses caráteres. 

Ainda no que tange ao Rito em questão, os Diáconos exortam o simbolismo dos mensageiros do passado, todavia, essa prática é restrita apenas e tão somente à transmissão da Palavra, nunca aquela do Diácono transportar textos, livros, bilhetes e outros afins do gênero, ato que é comumente confundido por alguns Veneráveis, talvez por ter ao seu lado, imediatamente abaixo do sólio o Primeiro Diácono – não existe qualquer relação entre esses procedimentos e a dialética dos Diáconos. O auxiliar dessas outras obrigações é sim ofício do Mestre de Cerimônias. 

Finalizando, deixo aqui ainda cinco últimas considerações:

a) O Cargo de Diácono não privativo do Rito Escocês Antigo e Aceito. 

b) No Rito Escocês, Diáconos não portam bastão. 

c) Em linhas gerais a transmissão da Palavra é própria apenas do Rito Escocês Antigo e Aceito, ou de outro rito que porventura o copie. 

d) No Craft inglês e, por extensão no norte americano, eles portam “varas”. Tomando como exemplo nesse caso o Trabalho Emulação (equivocadamente chamado do Brasil de Rito de York), embora não exista nesse costume a transmissão da Palavra, os Diáconos são os principais auxiliares nas cerimônias de Iniciação, Passagem e Elevação, cujo ofício ritualístico faz também na oportunidade manter a organização, a disciplina e a ordem para que os trabalhos se executem com ordem e perfeição. Nessas cerimônias os Diáconos são também considerados como integrantes dos principais Oficiais. 

e) Para melhor compreensão desses fatos, se faz cogente a compreensão de que um só rito não é a Maçonaria como um todo, entretanto um rito é dela parte integrante. 

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com 
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.134 - Florianópolis (SC) – quinta-feira, 10 de outubro de 2013

3 comentários:

  1. Parabéns pelo trabalho Ir.'. Pedro Juk. Muito bem elaborado e esclarecedor. T.'.F.'.A.'. - Wagner Santana

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  2. muito elucidativo o post acima! Obrigado T.F.A.

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  3. Boa noite. Porque as jóias dos Diáconos no Rito de York são o sol e a lua?
    TFA.

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